Damos início à apresentação do texto
condensado da obra “A Crise da Morte”,
de Ernesto Bozzano, conforme tradução de
Guillon Ribeiro publicada em 1926 pela
editora da Federação Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Que método Bozzano adotou para elaborar esta obra?
R.:
Ernesto Bozzano diz ter aplicado os
processos da análise comparada ao conjunto
de “revelações transcendentais” que
lhe chegaram às mãos, cujo valor teórico
havia sido reconhecido por pesquisadores
eminentes, como o professor Oliver Lodge. (A
Crise da Morte, pp.
11 a
18.)
B. Qual era a opinião do professor Hyslop acerca das chamadas “revelações
transcendentais”?
R.:
O professor Hyslop disse, a respeito das
revelações sobre o Além, que nada há de
impossível nas informações que ditas
mensagens contêm. Afirmou Hyslop: “Em
suma, os livros desta espécie são
importantes, pois que nos dão uma primeira
idéia sobre o mundo espiritual,
oferecendo-nos assim oportunidade de
comparar os detalhes contidos nas diferentes
revelações obtidas”. Para o professor
Hyslop há um meio de verificar as afirmações
pertinentes à existência espiritual:
experimentar com um número suficiente de médiuns,
para comparar em seguida os resultados. “É
evidente que, nessas condições, uma
concordância de informações fundamentais,
repetindo-se com uma centena de indivíduos
diferentes, teria valor bastante grande a
favor da demonstração da existência real
de um mundo espiritual análogo ao que fora
revelado.” (Obra
citada, pp. 18 e 19.)
C. De onde foram extraídos os fatos que compõem este livro?
R.:
Todos os fatos citados neste livro foram
extraídos de coleções de “revelações
transcendentais” publicadas na Inglaterra
e nos Estados Unidos. O motivo alegado por
Bozzano foi que não haviam sido publicadas
em outros países como França, Itália,
Alemanha, Portugal e Espanha coleções de
“revelações transcendentais” sob a
forma de narrativas continuadas, orgânicas,
ditadas por uma só personalidade mediúnica
e confirmadas por provas excelentes de
identidade dos defuntos que se comunicaram.
Uma exceção seria o livro “O Céu e o
Inferno”, de Kardec, no qual podem se ler
três ou quatro episódios dessa espécie,
mas eles seriam, na opinião de Bozzano, de
natureza muito vaga e geral para poderem ser
tomados em consideração numa obra de análise
comparada. (Obra
citada, pp.
19 a
23.)
D. A quem se refere o primeiro caso e o que ele nos revela?
R.:
Este caso foi extraído da obra
Letters and Tracts on Spiritualism,
que contém artigos e monografias publicados
de
1854 a
1874 pelo juiz Edmonds, que foi notável médium
psicógrafo, falante e vidente. Trata-se de
mensagem ditada pelo juiz Peckam, que
relatou ao seu amigo, meses depois de seu
falecimento, como foi espiritualmente
resgatado por sua mãe, após haver perecido
em virtude de afogamento. (Obra
citada, pp.
23 a
26.)
Texto para leitura
1. Guillon Ribeiro, reportando-se às
mensagens do Além sobre que Bozzano
assentou o seu estudo, afirma que tais
comunicações,
dispersas, só muito relativo valor
teriam, se o notável escritor italiano não
as houvesse submetido ao processo científico
da análise comparada, do que resultou um
conjunto de revelações de irrecusável
veracidade. (P. 11)
2.
Bozzano diz ter aplicado a esse conjunto de
“revelações transcendentais” os
processos da análise comparada, obtendo
resultados inesperados e importantes em
torno da morte. Provou ele que numerosíssimas
informações obtidas mediunicamente, a
respeito do meio espiritual, concordam
admiravelmente entre si, no que concerne às
indicações de natureza geral, e suas
discordâncias aparentes provêm de causas múltiplas,
fáceis de serem apreendidas e justificáveis.
(P. 15)
3.
O autor afirma ter adquirido, com suas
pesquisas, a certeza de que, em futuro não
distante, a seção metapsíquica das
“revelações transcendentais” alcançará
grande valor científico e constituirá,
portanto, o ramo mais importante das
disciplinas metapsíquicas. (P. 16)
4.
Se antes ele mesmo as desprezava, Bozzano não
hesita em declarar ter mudado de parecer,
relativamente ao valor teórico das
“revelações transcendentais”, citando
pesquisadores eminentes, como
o professor Oliver Lodge, que não
hesitaram em publicar declarações análogas.
(P. 17)
5.
Lodge, por exemplo, afirma que tudo
contribui para se supor que a prova real da
sobrevivência dependerá do estudo e da
comparação dessas “narrações de
exploradores espirituais”, mais do que das
provas resultantes das informações
pessoais fornecidas acerca do passado. (PP.
17 e 18)
6.
Bozzano refere-se também ao professor
Hyslop, que ponderou, a respeito de duas
coleções de revelações sobre o Além,
que nada há de impossível nas informações
que ditas mensagens contêm. Diz Hyslop:
“Em suma, os livros desta espécie são
importantes, pois que nos dão uma primeira
idéia sobre o mundo espiritual,
oferecendo-nos assim oportunidade de
comparar os detalhes contidos nas diferentes
revelações obtidas”. (P. 18)
7.
Para o professor Hyslop existe um meio de
verificar as afirmações pertinentes à
existência espiritual: experimentar com um
número suficiente de médiuns, para
comparar em seguida os resultados. “É
evidente que, nessas condições – diz ele
– uma concordância de informações
fundamentais, repetindo-se com uma centena
de indivíduos diferentes, teria valor
bastante grande a favor da demonstração da
existência real de um mundo espiritual análogo
ao que fora revelado.” (P. 19)
8.
O método de pesquisa proposto pelo
professor Hyslop é, em suma, o adotado por
Bozzano, que se valeu, para isso, do
material imenso que se acumulara nos últimos
anos, relativamente às “revelações
transcendentais”. (P. 19)
9.
Como o material classificado e comentado
assumia proporções tais que impediriam a
sua publicação em livro, Bozzano resolveu
suspender temporariamente as pesquisas, para
consagrar algumas monografias de ensaios aos
resultados já obtidos. Este livro é uma
dessas monografias.(P. 20)
10.
Todos os fatos por ele citados foram tirados
de coleções de “revelações
transcendentais” publicadas na Inglaterra
e nos Estados Unidos. O motivo é simples: não
havia na França, Itália, Alemanha,
Portugal e Espanha coleções de “revelações
transcendentais” sob a forma de narrativas
continuadas, orgânicas, ditadas por uma só
personalidade mediúnica e confirmadas por
provas excelentes de identidade dos defuntos
que se comunicaram. (P. 21)
11.
Nas poucas coleções que têm aparecido nos
países referidos não se encontram episódios
concernentes à crise da morte, salvo o
livro “O Céu e o Inferno”, no qual
podem se ler três ou quatro episódios
dessa espécie; mas eles são de natureza
muito vaga e geral, para poderem ser tomados
em consideração numa obra de análise
comparada. (PP. 21 e 22)
12.
O autor ressalta, preliminarmente, que desde
o começo do movimento espírita se
obtiveram mensagens mediúnicas em que a
existência e o meio espirituais são
descritos em termos idênticos aos das
mensagens obtidas atualmente, embora a
mentalidade dos médiuns fosse, então,
dominada pelas concepções tradicionais
referentes ao paraíso e ao inferno e, por
conseguinte, pouco preparada para receber
mensagens de defuntos. (PP. 22 e 23)
13.
O primeiro caso focalizado por Bozzano foi
extraído da obra
Letters and Tracts on Spiritualism,
que contém artigos e monografias publicados
de
1854 a
1874 pelo juiz Edmonds, que foi notável médium
psicógrafo, falante e vidente. (P. 23)
14.
Meses depois de sua morte, o juiz Peckam, a
quem Edmonds muito estimava, ditou-lhe
expressiva mensagem em que conta que, no
momento em que mergulhou no mar, apareceram
seu pai e sua mãe, e foi esta quem o tirou
da água, mostrando uma energia incomum. (P.
23)
15.
Bozzano, após transcrever a mensagem,
lembra que só em casos excepcionais de
mortes imprevistas, sem sofrimento e
com estado sereno d’alma,
é possível ao Espírito escapar
à
necessidade do sono reparador,
como se deu com o juiz Peckam. (PP.
23 a
25)
16.
Em seguida, ele relaciona os detalhes
contidos na mensagem, os quais serão depois
confirmados em todas as revelações do
mesmo gênero: a) o fato de o desencarnado não
perceber, ou quase não perceber, que se
separara do corpo e, ainda menos, que se
achava num meio espiritual; b) o Espírito
se encontrar com uma forma humana e se ver
cercado de um meio terrestre, ou quase
terrestre; c) o comunicante pensar que se
exprime de viva voz como antes e ouve, como
antes, as palavras dos demais; d) o
encontro, no limiar da nova existência, com
outros Espíritos de mortos, que são
geralmente parentes mais próximos, mas
podem ser também amigos ou Espíritos-guias;
e) o morto afirmar ter passado pela experiência
da “visão panorâmica” dos atos de sua
existência terrena ora finda. (PP. 25 e 26)
(Continua
no próximo número.)