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Editorial
Ano 1 - N° 10 - 20 de Junho de 2007
 

A passagem da vida para a morte, na
visão de Hipócrates

Diante do litoral da Ásia Menor, na ilha de Cós, cerca de 460 anos antes de Cristo, nasceu Hipócrates, chamado o pai da medicina porque ensinou aos seus discípulos a necessidade de estudar os sintomas de uma enfermidade antes de tentar a sua cura.

Os gregos consideravam Hipócrates descendente de um deus. Ele foi, de fato, uma espécie de médico-sacerdote, ou sacerdote-médico, como haviam sido antes dele diversos membros de sua família, que vinham já, durante muitas gerações, praticando a medicina. Dizem os especialistas que foi ele quem separou a medicina das práticas religiosas do seu tempo.

Quando alguém ficava doente, Hipócrates observava atentamente o curso da enfermidade e buscava saber se todas as pessoas que sofriam de doença similar eram afetadas da mesma maneira.

Em seguida, conhecendo o curso comum da enfermidade, podia prever o que iria acontecer e tomar as precauções necessárias para enfrentar os sintomas que dali adviriam e, assim, lutar com maior eficácia contra o mal.

Não é difícil compreender a importância desse sistema numa época em que os médicos nada sabiam sobre as enfermidades e tratavam os doentes como se a doença de cada dia não tivesse relação com a doença do dia anterior.

Hipócrates tornou os médicos observadores e experimentadores e, embora seu sistema nada tivesse de notável, constituiu uma etapa grandiosa na história da medicina experimental.

Por causa disso, em torno dele agruparam-se numerosos discípulos sequiosos de aprender seus métodos e aplicar suas observações e princípios. Hipócrates fez com que todos eles jurassem solenemente obedecer ao mestre, compartilhar generosamente com os companheiros os conhecimentos que adquirissem, manter uma conduta de absoluta honorabilidade, e jamais divulgar qualquer segredo obtido na sala de consultas.

Os escritos de Hipócrates, cuja obra teve continuadores na grande escola de Alexandria, constituem até hoje um patrimônio da humanidade, conquanto alguns anos depois os médicos se tenham afastado dos princípios por ele ensinados, entregando-se a toda espécie de extravagâncias e loucuras, até o surgimento de Galeno, o sábio grego que nasceu em Pérgamo, no ano 130 depois de Cristo.

Com relação à morte, um dos temas fundamentais do Espiritismo, o pensamento do grande médico grego não difere na essência do que Allan Kardec nos ensinou.

"A passagem da vida para a morte – entendia Hipócrates – não pode ser tão ameaçadora, porque todos nós vamos morrer um dia."

O grande sábio tem razão. A morte nada mais é que um capítulo de uma existência corpórea, mas diz respeito tão-somente ao corpo físico. A alma não morre, a alma desencarna e, livre dos despojos carnais, prossegue em sua trajetória inextinguível, aprendendo e progredindo sempre, na sucessão dos evos.

Não fosse assim, não haveria nenhuma explicação para a genialidade de vultos como Hipócrates, o grande mestre de todos aqueles que se dedicam à arte de curar pessoas.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita