Diante do
litoral da Ásia Menor, na ilha de
Cós, cerca de 460 anos antes de
Cristo, nasceu Hipócrates,
chamado o pai da medicina porque
ensinou aos seus discípulos a
necessidade de estudar os sintomas
de uma enfermidade antes de tentar
a sua cura.
Os gregos
consideravam Hipócrates
descendente de um deus. Ele foi,
de fato, uma espécie de
médico-sacerdote, ou
sacerdote-médico, como haviam
sido antes dele diversos membros
de sua família, que vinham já,
durante muitas gerações,
praticando a medicina. Dizem os
especialistas que foi ele quem
separou a medicina das práticas
religiosas do seu tempo.
Quando alguém
ficava doente, Hipócrates
observava atentamente o curso da
enfermidade e buscava saber se
todas as pessoas que sofriam de
doença similar eram afetadas da
mesma maneira.
Em seguida,
conhecendo o curso comum da
enfermidade, podia prever o que
iria acontecer e tomar as
precauções necessárias para
enfrentar os sintomas que dali
adviriam e, assim, lutar com maior
eficácia contra o mal.
Não é
difícil compreender a
importância desse sistema numa
época em que os médicos nada
sabiam sobre as enfermidades e
tratavam os doentes como se a
doença de cada dia não tivesse
relação com a doença do dia
anterior.
Hipócrates
tornou os médicos observadores e
experimentadores e, embora seu
sistema nada tivesse de notável,
constituiu uma etapa grandiosa na
história da medicina
experimental.
Por causa
disso, em torno dele agruparam-se
numerosos discípulos sequiosos de
aprender seus métodos e aplicar
suas observações e princípios.
Hipócrates fez com que todos eles
jurassem solenemente obedecer ao
mestre, compartilhar generosamente
com os companheiros os
conhecimentos que adquirissem,
manter uma conduta de absoluta
honorabilidade, e jamais divulgar
qualquer segredo obtido na sala de
consultas.
Os escritos de
Hipócrates, cuja obra teve
continuadores na grande escola de
Alexandria, constituem até hoje
um patrimônio da humanidade,
conquanto alguns anos depois os
médicos se tenham afastado dos
princípios por ele ensinados,
entregando-se a toda espécie de
extravagâncias e loucuras, até o
surgimento de Galeno, o sábio
grego que nasceu em Pérgamo, no
ano 130 depois de Cristo.
Com relação
à morte, um dos temas
fundamentais do Espiritismo, o
pensamento do grande médico grego
não difere na essência do que
Allan Kardec nos ensinou.
"A
passagem da vida para a morte –
entendia Hipócrates – não pode
ser tão ameaçadora, porque todos
nós vamos morrer um dia."
O grande sábio
tem razão. A morte nada mais é
que um capítulo de uma
existência corpórea, mas diz
respeito tão-somente ao corpo
físico. A alma não morre, a alma
desencarna e, livre dos despojos
carnais, prossegue em sua
trajetória inextinguível,
aprendendo e progredindo sempre,
na sucessão dos evos.
Não fosse
assim, não haveria nenhuma
explicação para a genialidade de
vultos como Hipócrates, o grande
mestre de todos aqueles que se
dedicam à arte de curar pessoas.