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Entrevista
Ano 1 - N° 10 - 20 de Junho de 2007
JENAI OLIVEIRA CAZETTA
jenai@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


Carlos Augusto de São José:
"O passe é uma dádiva divina e tem que ser dado essencialmente com amor..."

 

As palavras que servem de título a esta matéria são de Carlos Augusto de São José, confrade ora radicado na Capital do Paraná. Estudioso do Espiritismo há 40 anos, Carlos Augusto tem proferido palestras em toda a região do Norte do Paraná e também em outros Estados. Em entrevista concedida ao programa Reflexão Espírita, que é apresentado aos sábados pela TV Antares de Londrina, o confrade examinou o tema "O Passe", em uma interessante entrevista que é reproduzida a seguir, na íntegra.

– O passe é uma criação espírita?

Carlos Augusto – Em absoluto. Ele está na história da humanidade desde a mais remota antiguidade. No início do século passado, arqueólogos ingleses, escavando lá no norte do Egito, encontraram nas ruínas dos templos de Ísis e Osíris restos de paredes com pictografias mostrando sacerdotes aplicando a magnetização - que é o nosso passe -, em que se vê, nitidamente, pessoas adoentadas  deitadas  sobre  camas  de  pedras e a aplicação dessas forças que

saíam em forma de raios. Hipócrates, já há 5 séculos antes do Cristo, admitia como uma coisa natural a cura pela imposição das mãos, ele que foi e é, ainda, considerado o Pai da Medicina. Posteriormente, o Cristo sacramentou a realidade das curas através da imposição das mãos, quando ele restituiu a luz aos cegos em Jericó, lá na Galiléia. Depois ele curou a filha de Jairo, que era um dos principais da sinagoga de Cafarnaum, e, no inesquecível Sermão do Monte, após concluí-lo com inefável beleza, um leproso recorre-se a ele implorando sua piedade e, da mesma forma,  pela  imposição  de  mãos,  Jesus  lhe

restitui a saúde. Posteriormente, encontramos em Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, Pedro procedendo da mesma forma, curando pela imposição de mãos, restituindo os plenos movimentos daquele coxo diante da porta formosa do Templo de Salomão, em Jerusalém. O próprio apóstolo Paulo falou, na sua segunda carta aos Coríntios, a respeito dos dons espirituais, entre eles o de curar pela imposição de mãos. Ele, enquanto Saulo, depois que ficou cego na estrada de Damasco, entrou na cidade por solicitação do próprio Cristo e ficou hospedado no hotel de Judas. Ananias o socorreu - está explícito nos Atos dos Apóstolos - com um passe, ou seja, com imposição de mãos, retirando as escamas fluídicas dos olhos de Saulo, que então passou a enxergar de novo.

Então, o passe seria uma transfusão de energias em que a mão é utilizada como instrumento de transmissão?

Carlos Augusto – Perfeito! O passe é um processo mecânico de transfusão de energia fisiopsíquica, ou seja, é uma transfusão de forças que possui teor eletromagnético e que precisa, obviamente, nessa mecanicidade de transferência dessas forças, daqueles dispositivos ligados a outros fatores, mais de ordem espiritual, para que se abram os condutos do amor em quem aplica, e para que quem necessita possa receber com certa eficiência.

Existe prova dessa energia em nós?

Carlos Augusto – Existe. Já há muitos séculos esse processo vem sendo pesquisado desde os tempos de Franz Anton Mesmer, que foi um famoso médico alemão que se formou na Áustria e viveu na França, e que lançou o Tratado do Magnetismo Animal em 1779, onde ele mostrava a eficiência desse magnetismo em nós. Essas pesquisas continuaram depois com o médico, também famoso, James Braid, o inglês, e isso, hoje, a gente vê francamente aplicado nos fenômenos de telepatia, de hipnose, que dependem exatamente desse processo de transmissão do pensamento, que é, substancialmente, semimaterial. Não é mais aquela coisa abstrata, que até então se supunha. Isso foi provado no início da década de 50, nos Estados Unidos, com as pesquisas do professor Jules Eisenbud, da Universidade do Colorado, quando ele conseguiu fotografar o pensamento do carroceiro grego, naturalizado americano, Ted Serios. Essa experiência está numa obra que ele escreveu: No Mundo de Ted Serios – The World of Ted Serios – que foi best-seller na época, com o respaldo de cerca de 30 pesquisadores da mais alta idoneidade científica. Então, ele conseguiu com essas experiências mostrar que efetivamente o pensamento é força e que é uma força que pode se irradiar. Nós temos os elétrons do coração, do encéfalo, onde, através das pulsações eletromagnéticas, os médicos conseguem saber se há, ou não, algum tipo de doença que precisa ser debelada pelo remédio. Mas, se não fossem essas cargas eletromagnéticas existentes nos organismos, esses fenômenos do elétron não seriam possíveis de serem detectados com as contrações musculares do coração ou com as manifestações dos movimentos dos neurônios cerebrais. Um outro fenômeno que claramente prova a existência dessa energia em nós é quando a gente coloca a mão numa antena de televisão e imediatamente obtém uma melhora na imagem; quando você pega um rádio de pilha cansada e você coloca a mão, o volume aumenta automaticamente... É a prova cabal dessa energia em nós.

O passe sempre traz resultados positivos? Essa transmissão de energia, ou transfusão de energia, sempre dá certo, ou existe algum tipo de contra-indicação?

Carlos Augusto – É necessário que haja aquelas condições básicas. Do ponto de vista do passista, é importante que ele não beba, que ele não fume, que ele não jogue, que ele não viva debaixo de descontroles emocionais. Ele precisa ter algum conhecimento da técnica do passe. Ele precisa ter equilíbrio espiritual, e, acima de tudo, uma vontade muito grande de servir pelas vias do amor. O necessitado, por sua vez, precisa estar mentalmente receptivo para que ele possa abrir os fulcros cerebrais por onde essas energias naturalmente penetram.

– Por exemplo, aquele que está recebendo o passe, sabendo que há uma transfusão de energia, não ficaria sugestionado a acreditar que "aquilo lá" faz bem e isto acabaria tendo algum tipo de efeito sobre ele?

Carlos Augusto – A sugestão, de alguma forma, é um processo de crença. Não deixa de ser uma forma de fé. É importante, mas não é tudo. Haja vista o fato de que a água, para chegar à torneira, precisa do cano, mas, se a válvula estiver fechada, essa água não chega ao copo. A eletricidade, para chegar à lâmpada, precisa do fio, mas, se o fio estiver quebrado, a lâmpada não se acende. Da mesma forma, o papel fotográfico, que pode ser da melhor qualidade, mas, se ele não estiver quimicamente impregnado com a substância desejada, os flashes de luz que passam a imagem não serão recepcionados, conseqüentemente, você não obtém o fenômeno da foto. Assim também, o passe precisa ter esse estado de convicção, que é um processo físico, praticamente, da mesma forma que em Medicina: o médico socorre o doente, descobre a doença, administra o remédio, no entanto, é preciso que o doente abra a boca para tomar o remédio que lhe foi receitado, caso contrário, nada feito.

Qualquer pessoa pode tomar passe?

Carlos Augusto – Sim. Não há nenhuma exigência formal, não há nenhum pré-requisito. O importante apenas é que haja uma predisposição psíquica, ou seja, que a pessoa esteja com a mente positivada.

Isto vai facilitar essa transmissão de energia, vai trazer resultados mais benéficos para a pessoa?

Carlos Augusto – Com certeza, porque, quando ela ativa a mente no Bem, quando ela se põe predisposta psiquicamente, criando a tensão favorável que é exigível neste caso, ela abre os fulcros cerebrais, ela ativa os neurônios desta região específica do cérebro por onde essas energias, que são passadas pelo passista, penetram com mais facilidade, atingindo, assim, o objetivo, e permitindo que se obtenham os resultados com a eficiência desejada.

Quem não está tão predisposto a receber o passe pode, mesmo assim, obter algum tipo de benefício dessa energia que lhe é dada?

Carlos Augusto – Se a pessoa não estiver predisposta psiquicamente, do ponto de vista mental, ou seja, positivada interiormente, ela certamente vai rechaçar mecanicamente no campo mental o processo de ingresso dessas energias. Ela não vai recepcioná-las. E essas energias precisam ser recepcionadas para atingirem o objetivo, indo até onde está o órgão adoentado.

Existe uma ação espiritual no passe? Os Espíritos auxiliam de alguma forma essa transfusão, essa transmissão de energia?

Carlos Augusto – Com certeza!  Existe uma diferença  entre  o  magnetizador

comum (como se concebe normalmente, que usa apenas a sua própria técnica pessoal e as suas energias físicas) e o do passe onde, diferentemente, além das energias do médium passista, existem as energias dos benfeitores espirituais que estão ali assessorando o processo. E nós também sabemos que eles retiram da natureza próxima as substâncias medicamentosas  de  que  se valem  para

ministrar o  passe  com  mais  eficiência ainda, como já é do conhecimento, tal como consta na literatura espírita.

Quer dizer que o passe tem um efeito terapêutico e pode ter mesmo um efeito de cura em alguns casos?

Carlos Augusto – Naturalmente ele é dado como um bem. Ele funciona como elemento de pacificação da alma, de tranqüilização nervosa, mas ele tem o poder de curar, ele pode ir mais à frente, dependendo, obviamente, dos méritos da pessoa que busca a intimidade de uma cabine para receber os passes.

Por que as religiões mais tradicionais não utilizavam o passe?

Carlos Augusto – Na verdade, as religiões tradicionais se utilizavam do passe também, mas sob outros nomes e através de outras formas. A gente vê o Johrei na Seicho-No-Ie; os hindus energizando os corpos através do prana; na Igreja Católica, a água benta, que é um processo de fluidificação da água, que é também magnetização. Também na Igreja Católica, o padre, quando ministra o sacramento da hóstia, ele embala esta hóstia com magnetismo; o pastor, na Igreja Protestante, quando ele toca a cabeça do crente e ora, ele está, com imposição de mãos, aplicando esse passe. E essa é uma prática antiga. Nós encontramos registros lá em Números de Moisés, quando eles tratam da purificação da água através da magnetização.

Então, há vários exemplos na literatura, em várias religiões, mas o nome não é esse; porém, o efeito prático dessa transmissão de energia seria o mesmo?

Carlos Augusto – Exatamente. Os mecanismos são os mesmos, os nomes e as formas é que se diferenciam um pouco. É como o carro. Você tem de muitas marcas, mas todos eles atingem o objetivo que é o de chegar ao destino que o motorista pretende alcançar.

Como é que a gente poderia encarar a idéia do passe cobrado? Por que o passe, nos Centros Espíritas, é ministrado gratuitamente? Qualquer pessoa que procurar um Centro Espírita para ouvir uma palestra, ouvir os ensinamentos de Jesus, tem a possibilidade de depois, ao final da reunião, receber o passe. Existem locais que cobram por isso?

Carlos Augusto – Existem essas práticas em alguns núcleos da Europa, em especial na Inglaterra, o que eu considero um absurdo, porque o passe é uma dádiva divina, é um bem que a Espiritualidade nos concede e ele tem que ser dado essencialmente com amor... e quem ama não cobra! Quando cobram, estão violentando um princípio básico, elementar, das noções evangélicas trazidas pelo Cristo, que é o de dar de graça aquilo que de graça nós recebemos. Além do mais, levanta suspeita, porque nós nunca saberemos se a pessoa está aplicando passe para ser útil ou para auferir vantagens. Isto, então, obviamente vai deixar a pessoa debaixo de um estado de indecisão que pode prejudicar a ministração dele. E a gente entende que, acima de tudo, o passe tem que ser dado de graça, porque ele é essencialmente uma manifestação de amor.

Que tipo de idéias, de pensamentos, uma pessoa que entra numa cabine de passe, para receber essa transmissão de energia, deve cultivar para que o passe faça, de fato, o efeito mais eficiente?

Carlos Augusto – Ela precisa positivar a mente pensando no Bem. E, ao longo da vida, também não só pensar, mas agir no Bem: um sorriso, um abraço amigo, uma manifestação afetuosa de carinho. E hoje nós vemos tanta fome no mundo. Recentemente a ONU nos falou, através de seus boletins, tão acreditados no mundo, que há cerca de 1 bilhão de pessoas que se alimentam precariamente; o Unicef, que é uma divisão da ONU, nos informa que todas as noites aproximadamente 400 milhões de crianças vão para a cama sem comer. Então, essa é uma oportunidade excepcional que só merece nossa capacidade de agir, ajudando os outros. Eu costumo dizer que quando nós nos lembramos dos outros, Deus não nos esquece.

– Então, você quer dizer que cultivar esses pensamentos e poder praticar a caridade é um caminho?

Carlos Augusto – Com certeza, um caminho eficientíssimo de obtenção de sucesso na recepção do passe!
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita