A psicóloga
Lídia Weber, professora da
Universidade Federal do Paraná,
diz que bater nos filhos, além de
constituir um equívoco, não
resolve o problema do mau
comportamento e é, portanto, uma
medida não educativa. A
professora relacionou em um
interessante trabalho divulgado
pelo jornal Gazeta do Povo, de
Curitiba (PR), doze razões pelas
quais não se deve bater em
criança, ao qual acrescentou
cinco sugestões objetivas para
que os pais evitem, como é uma
prática generalizada, partir para
a violência contra os próprios
rebentos.
O pensamento da
psicóloga Lídia Weber está em
sintonia com a proposta espírita
e com as pesquisas mais recentes
feitas em torno do tema educação
e agressividade.
Lembremos, a
propósito disso, que segundo o
pesquisador americano Robert Blum,
da Universidade de Minnesota, a
principal causa de agressividade
da criança é a falta de amor.
A criança que
não se sente amada, querida e
cuidada pelos pais pode tornar-se
violenta, afirma Robert Blum, que
baseia sua tese em uma pesquisa
realizada com 12 mil meninos, a
pedido da Clínica Mayo, a qual
recebeu o apoio dos psicanalistas
Fritz Redl e David Wineman,
autores dos livros Crianças
Agressivas e O Tratamento de
Crianças Agressivas.
A tese é
igualmente aceita pelo conhecido
psiquiatra Haim Gruspun, de São
Paulo (SP), que diz: "Já
acreditei que bater desse
resultados". "Hoje digo
que não se deve bater nunca numa
criança."
Idêntica
conclusão se pode ler na tese que
a antropóloga brasileira Maria de
Fátima Fontes Lorenzo apresentou
à Universidade Autônoma de
Barcelona, na qual afirma que o
amor é a razão dos problemas do
mundo e também a solução para
eles.
Segundo ela, as
dificuldades em amar é que têm
provocado os principais males da
sociedade contemporânea, como o
uso de drogas, a depressão e até
mesmo os suicídios, problemas que
no fundo resultam da falta de
amor.
José Herculano
Pires, em sua extraordinária obra
Pedagogia Espírita (pp. 182 a
184), adverte que os dois
problemas – o da educação no
lar e o da educação na escola
– giram em torno de um mesmo
eixo. Os pais são os professores
no lar e os mestres são os pais
na escola.
Muito mais do
que um fenômeno biológico, a
paternidade e a maternidade
constituem uma relação psíquica
e portanto espiritual. A criança
já nasce com o acervo pessoal de
suas conquistas no processo
evolutivo. A tarefa dos pais, como
a dos mestres, é ajudá-la a
integrar-se na posse desse acervo
e enriquecê-lo ainda mais. Assim,
para que a educação se
desenvolva de maneira harmoniosa e
eficiente é necessária a
conjugação do lar com a escola,
dos pais com os mestres.
As crianças,
observa Herculano, necessitam de
afeto, de carinho, de atenção. A
natureza humana é diferente da
natureza animal. Não se pode nem
se deve querer domesticar uma
criança como se fosse um
cachorrinho, domá-la como se
fosse um potro. Cada criança é
uma inteligência despertando para
a vida, é uma consciência que
desabrocha.
Educar é amar,
porque a mecânica da educação
é a ajuda, o amparo, o estímulo.
A vara, o ponteiro, a palmatória,
as descomposturas e os gritos
pertencem à domesticação e não
à educação. A violência contra
a criança é um estímulo
negativo que desperta suas
reações inferiores, acorda a
fera do passado na criaturinha
vestida de inocência que Deus nos
enviou. Só o amor educa, só a
ternura faz as almas crescerem no
bem.