MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
Nosso
Lar
André Luiz
(Parte 12 e final)
Concluímos
hoje a publicação do texto
condensado do livro "Nosso
Lar", de André Luiz,
psicografado pelo médium
Francisco Cândido Xavier e
publicado pela editora da Federação
Espírita Brasileira, o qual deu
início à Série André Luiz. No
final do texto, apresentamos um apêndice
em que o leitor verá algumas
notas biográficas sobre o autor
espiritual da obra em foco.
Questões
preliminares
A. Por que a mãe
de André decidiu reencarnar tão
cedo?
R.: Ela
resolveu reencarnar para ajudar
Laerte, seu ex-esposo, que se
transformara num cético de coração
envenenado, mas não poderia
persistir em semelhante posição,
sob pena de mergulhar em abismos
mais profundos. Depois de estudar
o assunto, ela concluiu que, se não
podia trazer o inferior para o
superior, poderia fazer o contrário:
Laerte seria de novo seu marido, e
as entidades que o obsidiavam
seriam suas filhas. (Nosso Lar,
cap. 46, págs. 254 a 258.)
B. Que objetivo
teve a visita de Ricardo à casa
de Laura, sua ex-esposa?
R.: Ricardo,
que àquela época se encontrava
na fase de infância terrestre,
veio falar aos seus familiares
para informá-los dos planos que
os aguardavam a todos, no retorno
ao mundo corporal. Ele disse então
que Laura iria ter com ele em
breve, e que mais tarde todos eles
também iriam. (Obra citada,
cap. 48, págs. 264 a 269.)
C. Que é que
André descobriu ao visitar seu
lar terreno?
R.: André
encontrou, em sua visita aos
familiares, um lar inteiramente
modificado. Os móveis estavam
mudados, a filha mais nova já
estava em idade casadoura, e sua
esposa Zélia havia casado outra
vez. O choque sofrido por ele foi
muito forte, a ponto de ele próprio
haver escrito: "Um corisco não
me fulminaria com tamanha violência".
(Obra citada, cap. 49, págs.
270 a 272.)
D. Qual foi sua
conduta ante o sofrimento da
ex-esposa?
R.: Vencidas as dificuldades
iniciais, André procurou
abstrair-se do que ouvia em seu
lar, colocando acima de tudo o
amor divino, e foi à luta, para
auxiliar o restabelecimento do Dr.
Ernesto, o novo marido de Zélia,
então bastante enfermo. Seu auxílio,
secundado por Narcisa, produziu em
Ernesto extraordinária reação e
Zélia, antes extremamente
preocupada, ficou radiante.
Vigorosos laços de inferioridade
se haviam rompido dentro de André
Luiz, para sempre. (Obra
citada, cap. 50, págs. 276 a
280.)
Texto para
leitura
88. A volta
da mãe de André – Em
setembro de 1940, sua mãe – que
vez por outra o visitava –
comunicou-lhe o propósito de
voltar à Terra. André protestou.
Não entendia por que sua mãe
voltaria à carne agora, sem
necessidade imediata. Ela lhe
explicou então que Laerte, seu
ex-esposo, transformara-se num cético
de coração envenenado e que
todos os esforços que ela fez
para reerguê-lo haviam sido
improfícuos. Ora, Laerte não
poderia persistir em semelhante
posição, sob pena de mergulhar
em abismos mais profundos. E ela não
podia ficar a distância. Depois
de estudar detidamente o assunto,
concluiu que, se ela não podia
trazer o inferior para o superior,
poderia fazer o contrário: Laerte
seria de novo seu marido, e as
entidades que o obsidiavam seriam
suas filhas. Ele, por sinal, já
havia sido encaminhado à
reencarnação na semana anterior.
Revelando o desejo de fugir das
mulheres que ainda o subjugavam,
essa disposição foi aproveitada
para jungi-lo à nova situação.
Se não fosse a Proteção Divina
por intermédio de guardas
espirituais, talvez as infelizes
irmãs lhe subtraíssem a
oportunidade da nova encarnação.
André estranhou o fato e
perguntou se somos simples
joguetes em mãos inimigas. Sua mãe
respondeu-lhe: "Essas
interrogações, meu filho, devem
pairar em nossos corações e em
nossos lábios, antes de
contrairmos qualquer débito, e
antes de transformarmos irmãos em
adversários para o caminho. Não
tomes empréstimos à
maldade..." (Cap. 46, pp. 254
a 258)
89. A volta
de Laura – A mãe de Lísias
também se preparava para retornar
à Terra. Uma homenagem afetuosa
lhe foi feita na noite em que o
Departamento de Contas lhe
entregou a notificação do tempo
global de serviço na colônia.
Numerosas famílias foram saudar a
companheira prestes a regressar. A
encarnação teria início daí a
dois dias. Haviam terminado as
aplicações do Serviço de
Preparação, do Ministério do
Esclarecimento, mas Laura estava
triste e apreensiva. O Ministro
Genésio a estimulou a não pensar
em fracassos e a confiar na Providência
Divina e nos amigos que ficariam
à retaguarda. Laura expressou
seus receios pelo esquecimento
temporário em que todos se
precipitam ao reencarnar. Ela
entendia que na Terra nossa boa
intenção é como luz bruxuleante
num mar imenso de forças
agressivas. Genésio pediu-lhe que
repelisse tal pensamento. Não se
pode dar tamanha importância às
influências inferiores. Com as
palavras do Ministro, Laura ficou
mais confiante. Lísias
acrescentou que ele e as irmãs não
ficariam inativos em "Nosso
Lar". O otimismo voltou,
assim, a reinar na casa e todos
lembraram que a volta à Terra é
uma bendita oportunidade de
recapitular e aprender, para o
bem. (Cap. 47, pp. 259 a 263)
90. Visita
de Ricardo – Convidado por
Laura, André compareceu à reunião
em que a família receberia a
visita de Ricardo, pai de Lísias.
Na sala de jantar, pouco mais de
trinta pessoas se faziam presentes
quando Clarêncio deu início aos
trabalhos. A uma distância de
quatro metros, mais ou menos,
havia um globo cristalino de dois
metros de altura, envolvido na
parte inferior em longa série de
fios que se ligavam a pequeno
aparelho, idêntico aos nossos
alto-falantes. Ricardo
encontrava-se então na fase de
infância terrestre e viria falar
aos familiares naquela noite. O
globo cristalino, constituído de
material isolante, tinha a função
de protegê-lo das emoções
emitidas pelos familiares. Em dado
momento Lísias foi chamado ao
telefone por funcionários do
Ministério da Comunicação:
chegara o momento culminante. O
relógio da parede marcava 0h40.
Na Terra, os pais de Ricardo
dormiam... Clarêncio pediu a
todos homogeneidade de pensamentos
e fusão de sentimentos; depois,
orou. Lísias executou na cítara
uma canção harmoniosa. Em
seguida, a um sinal de Clarêncio,
Judite, Iolanda e Lísias, com o
auxílio do piano, da harpa e da cítara,
tendo ao lado Teresa e Eloísa,
cantaram uma melodia maravilhosa,
composta por eles mesmos. Quando a
música chegou ao fim, o globo se
cobriu, interiormente, de substância
leitoso-acinzentada, apresentando,
em seguida, a figura simpática de
um homem na idade madura. Era
Ricardo. A emoção foi geral
quando o visitante, dirigindo-se a
Laura e aos filhos, pediu que
repetissem a suave canção
filial, que ele ouviu banhado em lágrimas.
Depois, quando o esposo fazia sua
saudação, Laura chorava
discretamente e os filhos tinham
os olhos marejados de pranto.
Ricardo informou que Laura iria
ter com ele em breve, e que mais
tarde todos eles também iriam. A
essa altura, o choro era geral.
Quase à despedida, Ricardo deixou
bem claro que não desejava dispor
de facilidades na Terra. Finda a
comunicação, sua imagem se
desfez no globo e Clarêncio, com
uma oração, encerrou a reunião.
(Cap. 48, pp. 264 a 269).
91. A volta
ao lar – No mesmo dia em que
Laura partiu para reencarnar, André
Luiz teve permissão para visitar,
pela primeira vez, sua casa
terrestre. Laura denotava extrema
preocupação. André estava
embriagado de alegria. Clarêncio
abraçou-o e disse que ele teria
uma semana livre. O coração de
André batia descompassado à
medida que se aproximava do grande
portão de entrada. Em frente à
casa, ostentava-se, garbosa, a
palmeira que ele e Zélia
plantaram no primeiro aniversário
de casamento. A mudança dos móveis
e a ausência do retrato de família,
tudo o oprimia ansiosamente. Na
sala de jantar, a filha mais nova
já estava em idade casadoura. Ele
viu, então, Zélia saindo de um
quarto, acompanhado de um médico.
André gritou sua alegria, mas as
palavras não atingiam os ouvidos
dos circunstantes. Abraçou-se à
companheira, com o carinho de uma
saudade imensa, mas Zélia parecia
insensível àquele gesto de amor.
Percebeu, então, que ela havia
casado outra vez e que seu esposo
atual, Dr. Ernesto, encontrava-se
gravemente enfermo. "Um
corisco não me fulminaria com
tamanha violência",
registrou André Luiz. (Cap. 49,
pp. 270 a 272)
92. Difícil
testemunho – André se
assentou decepcionado e
acabrunhado, vendo Zélia entrar
no quarto e dele sair várias
vezes, acariciando o enfermo com a
ternura que lhe coubera noutros
tempos, e, depois de algumas horas
de amarga observação e meditação,
voltou, cambaleante, à sala de
jantar, onde encontrou as filhas
conversando. A mais velha se
casara e tinha um filhinho ao
colo. Ela viera ter notícias do
Dr. Ernesto, mas dizia que,
naquele dia, tivera singulares
saudades de seu pai. Não chegou a
terminar. Lágrimas abundantes
encheram seus olhos. Zélia a
repreendeu bruscamente. A filha
mais jovem também interveio:
"Desde que a pobre mana começou
a se interessar pelo maldito
Espiritismo, vive com essas
tolices na cachola. Onde já se
viu tal disparate? Essa história
dos mortos voltarem é o cúmulo
dos absurdos". (Cap. 49, pp.
272 e 273)
93. Lágrimas
amargas – André confortou a
filha chorosa, murmurando palavras
de coragem e consolo, que ela não
registrou auditivamente, mas
subjetivamente, sob a feição de
pensamentos confortadores. Ele
compreendia agora por que seus
verdadeiros amigos haviam
procrastinado tanto o seu retorno
ao lar terreno. As decepções e
angústias ali sucediam-se de
tropel. Sua casa pareceu-lhe um
patrimônio que os ladrões e os
vermes haviam transformado. Nem
haveres, nem títulos, nem afetos.
Somente uma filha permanecia de
sentinela ao seu velho e sincero
amor. Nem os longos anos de
sofrimento, nos primeiros dias de
além-túmulo, lhe haviam
proporcionado lágrimas tão
amargas. (Cap. 49, pp. 273 e 274)
94. O
lembrete de Clarêncio – No
dia seguinte André estava ainda
perplexo com aquela situação. De
tarde, Clarêncio foi visitá-lo e
percebeu o abatimento do pupilo.
"Compreendo suas mágoas e
rejubilo-me pela ótima
oportunidade deste
testemunho", disse-lhe o
Ministro, que, abstendo-se de dar
conselhos, lembrou apenas que a
recomendação de Jesus para que
amemos a Deus e ao próximo opera
sempre, quando seguida,
verdadeiros milagres de felicidade
e compreensão, em nossos
caminhos. André passou a refletir
com mais serenidade. Afinal de
contas, por que condenar Zélia?
Se fosse ele o viúvo na Terra,
teria por acaso suportado a solidão?
Dominado por novos sentimentos,
sentia que a linfa do amor começava
a brotar das feridas benéficas
que a realidade lhe abrira no coração.
(Cap. 49, pp. 274 e 275)
95. O amor
vence o egoísmo – André
lembrou-se dos conselhos de Laura
e dos exemplos que sua mãe e
tantos amigos em "Nosso
Lar" lhe proporcionaram, como
Veneranda, Narcisa e Hilda.
Procurou abstrair-se do que ouvia
em seu lar, colocando acima de
tudo o amor divino, e foi à luta,
para auxiliar o restabelecimento
do Dr. Ernesto. Zélia e o novo
esposo se amavam intensamente e
ele não tinha o direito de
interferir, a não ser para
auxiliar. Sentia-se porém sem
condições de afastar, sozinho,
os Espíritos infelizes que se
mantinham em estreita ligação
com o enfermo. Estava muito
abatido. Pediu então a ajuda de
Narcisa: concentrou-se em
fervorosa oração ao Pai e, nas
vibrações da prece, dirigiu-se a
Narcisa, encarecendo socorro.
Passados vinte minutos, mais ou
menos, alguém o tocou no ombro.
Era Narcisa. Antes de tudo, ela
aplicou passes de reconforto no
doente, isolando-o das formas
escuras, que se afastaram como por
encanto. Depois manipulou certa
substância com as emanações do
eucalipto e da mangueira e,
durante toda a noite, aplicaram o
remédio ao enfermo, através da
respiração comum e da absorção
pelos poros. Ernesto melhorou
sensivelmente. O médico que o
assistia disse: "Verificou-se
esta noite extraordinária reação!
Verdadeiro milagre da
Natureza!" Zélia estava
radiante. E André reconheceu que
vigorosos laços de inferioridade
se haviam rompido dentro de si,
para sempre. (Cap. 50, pp. 276 a
280)
96. Cidadão de "Nosso
Lar" – André voltou a
"Nosso Lar" em companhia
de Narcisa, experimentando pela
primeira vez a capacidade de
volitação, fato que
possibilitava ganhar grandes distâncias
em poucos minutos. Narcisa
esclareceu, então, que em
"Nosso Lar" grande parte
dos companheiros poderia dispensar
o aeróbus e transportar-se, à
vontade, nas áreas de seu domínio
vibratório, mas, visto a maioria
não ter adquirido essa faculdade,
eles se abstinham de exercê-la
nas vias públicas da colônia.
Nos dias seguintes, ele passou a
ir de "Nosso Lar" à sua
casa na Crosta, e vice-versa, sem
dificuldade de vulto,
intensificando o tratamento de
Ernesto, cujas melhoras se
firmaram, francas e rápidas. Clarêncio
o visitava diariamente,
mostrando-se satisfeito com o seu
trabalho. A alegria tornara aos cônjuges,
que André passou a estimar como
irmãos. Naqueles sete dias, ele
aprendera preciosas lições práticas
no culto vivo da compreensão e da
fraternidade. Uma surpresa, porém,
o aguardava. Quando retornou a
"Nosso Lar", findos os
sete dias da licença, mais de
duzentos companheiros vieram ao
seu encontro e todos o saudaram,
generosos e acolhedores. Lísias,
Lascínia, Narcisa, Silveira,
Tobias, Salústio e numerosos
companheiros das Câmaras ali
estavam. Foi então que Clarêncio,
surgido à frente de todos,
estendeu-lhe a destra e informou:
"Até hoje, André, você era
meu pupilo na cidade; mas,
doravante, em nome da Governadoria,
declaro-o cidadão de `Nosso
Lar’". André Luiz
atirou-se aos braços paternais do
venerável amigo e, chorando de
gratidão e alegria, abraçou-o
calorosamente. (Cap. 50, pp. 280 e
281)
Frases e
apontamentos importantes
CLXIV. Só é
verdadeiramente livre quem aprende
a obedecer. (Lísias, cap. 45, pág.
249)
CLXV. Os Espíritos
que amam, verdadeiramente, não se
limitam a estender as mãos de
longe. De que nos valeria toda a
riqueza material, se não pudéssemos
estendê-la aos entes amados? (Mãe
de André Luiz, cap. 46, pág.
255)
CLXVI. Há
reencarnações que funcionam como
drásticos. Ainda que o doente não
se sinta corajoso, existem amigos
que o ajudam a sorver o remédio
santo, embora muito amargo.
Relativamente à liberdade
irrestrita, a alma pode invocar
esse direito somente quando
compreenda o dever e o pratique.
Quanto ao mais, é indispensável
reconhecer que o devedor é
escravo do compromisso assumido.
Deus criou o livre-arbítrio, nós
criamos a fatalidade. (Mãe de
André Luiz, cap. 46, pág. 256)
CLXVII. Ninguém
ajuda eficientemente,
intensificando as forças contrárias,
como não se pode apagar na Terra
um incêndio com petróleo. É
indispensável amar, André. Os
que descrêem perdem o rumo
verdadeiro, peregrinando pelo
deserto; os que erram se desviam
da estrada real, mergulhando no pântano.
(Mãe de André Luiz, cap. 46, pág.
257)
CLXVIII.
Precisamos confiar na Proteção
Divina e em nós mesmos. O
manancial da Providência é
inesgotável. (...) O grande
perigo, ainda e sempre, é a
demora nas tentações complexas
do egoísmo. (Genésio, cap. 47,
pp. 260 e 261)
CLXIX. Toda luz
que acendermos, de fato, na Terra,
lá ficará para sempre, porque a
ventania das paixões humanas
jamais apagará uma só das luzes
de Deus. (Genésio, cap. 47, pág.
262)
CLXX. Dentro do
nosso mundo individual, cada idéia
é como se fora uma entidade à
parte... É necessário pensar
nisso. Nutrindo os elementos do
bem, progredirão eles para nossa
felicidade, constituirão nossos
exércitos de defesa; todavia,
alimentar quaisquer elementos do
mal é construir base segura para
os nossos inimigos verdugos. (Genésio,
cap. 47, pág. 262)
CLXXI. Nem
todos os encarnados se agrilhoam
ao solo da Terra. Como os
pombos-correio que vivem, por
vezes, longo tempo de serviço,
entre duas regiões, Espíritos há
que vivem por lá entre dois
mundos. (Nicolas, cap. 48, pág.
265)
CLXXII. Nossa
emotividade emite forças suscetíveis
de perturbar. Aquela pequena câmara
cristalina é constituída de
material isolante. Nossas energias
mentais não poderão atravessá-la.
(Nicolas, cap. 48, pág. 265)
CLXXIII.
Ricardo, pai de Lísias, exclamou,
quase à despedida: "Ah!
filhos meus, alguma coisa tenho a
pedir-lhes do fundo de minhalma!
roguem ao Senhor para que eu nunca
disponha de facilidades na Terra,
a fim de que a luz da gratidão e
do entendimento permaneça viva em
meu espírito!..." (André
Luiz, cap. 48, pág. 269)
CLXXIV. A
recomendação de Jesus para que
amemos a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a nós
mesmos, opera sempre, quando
seguida, verdadeiros milagres de
felicidade e compreensão, em
nossos caminhos. (Clarêncio, cap.
49, pág. 274)
CLXXV. Era
preciso lutar contra o egoísmo
feroz. Jesus conduzira-me a outras
fontes. Não podia proceder como
homem da Terra. Minha família não
era, apenas, uma esposa e três
filhos na Terra. (...) Dominado de
novos pensamentos, senti que a
linfa do verdadeiro amor começava
a brotar das feridas benéficas
que a realidade me abrira no coração.
(André Luiz, cap. 49, pág. 275)
CLXXVI. Toda
criatura, no testemunho, deve
proceder como a abelha,
acercando-se das flores da vida,
que são as almas nobres, no campo
das lembranças, extraindo de cada
uma a substância dos bons
exemplos, para adquirir o mel da
sabedoria. (Laura, cap. 50, pág.
276)
CLXXVII. Nada
existe de inútil na Casa de Nosso
Pai. Em toda parte, se há quem
necessite aprender, há quem
ensine; e onde aparece a
dificuldade, surge a Providência.
O único desventurado, na obra
divina, é o Espírito
imprevidente, que se condenou às
trevas da maldade. (Narcisa, cap.
50, pág. 279)
Apêndice
Notas
biográficas sobre André Luiz
1. Não se sabe
no meio espírita quem foi
efetivamente André Luiz em sua última
existência corpórea, exceto que
foi médico e que desencarnou
relativamente cedo, deixando
esposa – Zélia – e três
filhos: um rapaz e duas jovens.
André Luiz é um mero pseudônimo.
2. Tudo leva a
crer que é infundada a informação,
corrente entre os espíritas, de
que ele teria sido Osvaldo Cruz, médico
e sanitarista brasileiro nascido
em São Luís do Paraitinga (SP)
em 1872 e falecido em Petrópolis
(RJ) em 1917, aos 45 anos de
idade.
3. Osvaldo
Cruz, como se sabe, foi um ilustre
médico que se notabilizou por sua
dedicação à saúde pública, não
havendo registros de que tenha
também clinicado, salvo a partir
de 1909, quando deixou a direção
da Saúde Pública, oito anos
antes de desencarnar.
4. Duas
circunstâncias devem ter contribuído
para a crença de serem ambos uma
única pessoa. A primeira: Osvaldo
Cruz foi um autor de sucesso,
qualidade inegável revelada pelo
Espírito que escreveu "Nosso
Lar". A segunda: Existe uma
incrível semelhança entre a
fotografia de Osvaldo Cruz
constante da enciclopédia Delta
Larousse e o retrato de André
Luiz feito por um médium e
divulgado numa das edições do Anuário
Espírita de Araras (SP).
5. Chico Xavier
diz que desde fins de 1941 passou
a ver ao lado de Emmanuel um
"cavalheiro espiritual"
que depois se revelou como André
Luiz. Após algum tempo ele se
familiarizou com o novo amigo, que
participava de suas preces e lhe
contava histórias interessantes,
muitas delas relacionadas com o
Segundo Império. Não se deve
esquecer que Osvaldo Cruz contava
17 anos quando foi proclamada a
República. Um jovem dessa idade não
deve ter muito o que relatar com
referência à era de D. Pedro II.
6. O mesmo pode
ser dito com relação à informação
veiculada numa obra de Carlos A.
Baccelli de que André Luiz teria
sido, em sua última encarnação,
o cientista Carlos Chagas, assunto
tratado no artigo "André
Luiz: Cruz ou Chagas?", de Jáder
Sampaio, que integra esta mesma
edição.
7. Naquela
oportunidade, Emmanuel explicou ao
médium que André estava
treinando para se desincumbir de
uma tarefa importante, que teria
início com o livro "Nosso
Lar" em 1943, ano em que se
concluiu a psicografia da obra. O
prefácio, assinado por Emmanuel,
é de 3 de outubro de 1943, embora
a primeira edição tenha
circulado somente em 1944.
8. André Luiz
– esclarece Chico Xavier – não
agiu sozinho na produção de seus
livros. Certamente – informa o médium
–, ele representava, ao escrevê-los,
um círculo vasto de entidades
superiores, porquanto por mais de
uma vez Emmanuel e Bezerra de
Menezes foram vistos por Chico
associados ao autor de "Nosso
Lar", fiscalizando e
amparando o trabalho em curso.
9. Segundo
palavras de André, ele não fora
na última existência vinculado a
qualquer denominação religiosa e
seu objetivo na vida era a obtenção
de uma situação estável e de
tranqüilidade econômica, fato
que, aliás, é típico da
sociedade materialista em que
vivemos. Sem o necessário autodomínio
no trato com as pessoas e
excedendo-se nas bebidas e na
alimentação, foi isso que,
acrescido de suas leviandades na
área do comportamento sexual, o
levou a desencarnar mais cedo.
10. Na vida
espiritual descobriu que a mãe
habitava esferas mais altas,
enquanto o pai, Laerte, se
encontrava no Umbral, onde também
estavam as irmãs Priscila e
Clara, tal como se dera com ele próprio.
Apenas Luísa, desencarnada quando
André era pequeno, e sua mãe
reuniam condições de auxiliar os
familiares.
11. O livro
"Nosso Lar" surpreendeu
o mundo espírita no Brasil e
muitos combateram o médium com
certo rigor, opondo-se às idéias
contidas na obra, que consideravam
absurdas. Depois de "Nosso
Lar", publicado em 1944,
surgiram mais de vinte obras
assinadas por André Luiz, das
quais as principais, aqui listadas
segundo a ordem de publicação, são:
"Os Mensageiros",
"Missionários da Luz",
"Obreiros da Vida
Eterna", "No Mundo
Maior", "Agenda Cristã",
"Libertação",
"Entre a Terra e o Céu",
"Nos Domínios da Mediunidade",
"Ação e Reação",
"Evolução em Dois
Mundos", "Mecanismos da
Mediunidade", "Conduta
Espírita", "Sexo e
Destino", "Desobsessão",
"E a Vida Continua...",
"Sol nas Almas" e
"Sinal Verde".
12. Nada melhor que o tempo
para derrubar as falsidades e
confirmar as verdades perenes.
Pesquisa realizada pelas Organizações
Candeia sobre os melhores livros
espíritas publicados no século
XX apontou "Nosso Lar"
como o primeiro numa lista de dez.
Os pesquisadores ouviram
escritores, dirigentes e
estudiosos espíritas brasileiros,
incluindo os presidentes das
Federativas que integram o
Conselho Federativo Nacional. O médium
Chico Xavier aparece sete vezes na
lista e André Luiz, três vezes,
ao lado de autores consagrados
como Léon Denis, José Herculano
Pires, Emmanuel e Camilo Castelo
Branco. É preciso reconhecimento
maior do que esse?
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