RICARDO
BAESSO DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)
A Lição da Esperança
Manuel Bandeira, o respeitado poeta
brasileiro, se expressou de forma sincera:
“Como dói viver quando falta a
esperança”.
A falta de esperança predispõe ao suicídio.
Os deprimidos graves atentam contra a
própria vida pelo sentimento de
desesperança.
Dante Alighieri colocou os suicidas no
centro do inferno, por terem cometido o
maior de todos os pecados, a perda da
esperança.
Certo sacerdote católico nos disse que
considerava a esperança uma virtude maior do
que a fé. Justificou sua opinião assim:
“Muitos suicidas têm fé, pois em carta
endereçada aos pais falam em Deus e pedem
perdão. O que eles perderam é a esperança.”
O apóstolo Paulo, ao apresentar aos cristãos
de sua época as três virtudes que ele
considerava as mais importantes, colocou a
esperança ao lado da fé e da caridade.
O cristão sincero jamais desanima, combate a
desesperança e o tédio com rigor e não
aceita “entregar os pontos” ou “jogar a
toalha”.
A história das irmãs Mariana e Ana Maria de
Castro, de 26 anos, residentes em Manaus,
fala por si mesma. As gêmeas amazonenses
ficaram 24 anos sem andar e sem falar por
causa de uma doença neurológica que se
manifestou quando as duas tinham dois anos
de idade, após uma febre muito alta e
convulsão. Elas viveram, todos esses anos,
deitadas e para se comunicar com a mãe elas
piscavam os olhos. O diagnóstico feito à
época era de paralisia cerebral.
A família é humilde e mora num bairro pobre
de Manaus. Sobrevivem da aposentadoria de
uma delas. A mãe é analfabeta e lava roupa
para fora para ganhar um dinheiro extra que
serve para a manutenção da casa e compra de
alimentos.
Há dois anos, elas foram examinadas por uma
nova equipe de neurologistas e levantou-se
uma nova possibilidade diagnóstica, uma
doença caracterizada pela falta de dopamina
no cérebro. Elas foram então medicadas com
drogas usadas no tratamento da doença de
Parkinson, que agem aumentando os níveis
cerebrais de dopamina, e para surpresa geral
voltaram a falar e andar.
Dona Socorro, a mãe das meninas, declarou
que essa foi uma das maiores emoções de sua
vida, ver as filhas andando e se alimentando
sozinhas.
A ciência, às vezes, realiza também seus
milagres. Mas o maior de todos os milagres é
a disposição interior de confiança e
perseverança. Deus vela por nós e na hora
certa a sua presença se manifesta.