O livro, à semelhança de
todos os outros
recebidos por Baccelli,
tem forma impecável
quanto à língua
portuguesa, não se
detectando nem mesmo
erros de digitação. Mas,
o seu conteúdo apresenta
pontos que merecem
atenção especial do
leitor realmente
interessado em
informações consentâneas
com a Doutrina Espírita.
Em nosso trabalho,
transcreveremos os
trechos que nos chamaram
mais a atenção, em
itálico, fazendo em
seguida os comentários:
“Excetuando a mim,
evidentemente, eu não
sei o que seria dos
homens na Terra sem a
abnegação dos anônimos
seareiros da
Espiritualidade, sem uma
mãe ou um pai ou um
irmão que vença a
barreira das dimensões
diferentes e volte para
estender as mãos aos que
prosseguem lutando na
retaguarda!
Sinceramente, eu não sei
o que haveria de ser dos
próprios espíritas sem o
estímulo dos
companheiros que já
realizaram a Grande
Travessia!...”
(21)
Para que esses
anônimos seareiros da
Espiritualidade
possam comunicar-se é
necessário que seja por
via mediúnica. Mas como
poderá haver comunicação
confiável, se ele
próprio já fez as
seguintes acusações aos
médiuns do Sanatório que
dirigiu, conforme relata
na sua obra “Do Outro
lado do Espelho”: – O
médium me acolhe, me
agasalha, abre a boca e
só deixa passar o
que não conflita com os
seus pensamentos. Sendo
assim, o que vou fazer
lá? Passar raiva? Passar
raiva, eu passava na
condição de doutrinador,
de dirigente dos
trabalhos mediúnicos do
Sanatório, que fui por
mais de cinqüenta
anos... (159 / 160)
– Nós, os
consideramos mortos, em
matéria de mediunidade
temos que nos contentar
com percentagem: 30%
nossos, 70% do médium...
Quando, pelo menos, são
50% para cada lado, vá
lá... Raro o médium que
nos permite o empate.
Isso sem falarmos nos
médiuns que vivem
colocando palavras
inteiramente suas em
nossos lábios: é um tal
de termos dito, sem
termos dito nada...
(...) Os médiuns hoje
querem improvisar...
Quanta mistificação!...
(160)
“... poucos são os
medianeiros com os
quais, efetivamente,
podemos contar no
serviço de
esclarecimento: a
maioria trabalha
atendendo aos próprios
interesses e às suas
ambições pessoais.”
(19 - 20)
O ataque aos médiuns tem
sido uma constante nas
obras do Dr. Inácio
Ferreira. Já que esse
Espírito quer alertar,
por que fica só na
crítica? Por que não faz
como André Luiz que nos
mandou advertências mas
também orientações?
Algumas obras tratam
especificamente de
mediunidade, como:
“Desobsessão”, “Nos
Domínios da
Mediunidade”, além de
outras, onde há
referências, sempre no
sentido de orientar e
não simplesmente
criticar. Limitamos
nosso comentário às
obras recebidas por
Chico Xavier, por ser
ele o único médium a que
o Dr. Inácio se refere.
“Mesmo dentre os que
residem em nossas
cidades de além-túmulo
raros os que revelam
certa preocupação com o
futuro: continuam
vivendo como se quase
nada se lhes tivesse
alterado ao redor e
pouco se interessam pelo
que ficou para trás,
inclusive suas relações
de afeto. Pode lhes
parecer estranho o que
dizemos, mas assim é: em
muitos espíritos, a
morte do corpo só faz
acentuar a indiferença
de seus sentimentos.”
(21)
Essa afirmativa
contraria frontalmente o
que ensinam os Espíritos
através de outros
médiuns, a começar por
Francisco Cândido
Xavier. As obras de
André Luiz mostram
exatamente o contrário:
o trabalho que deve ser
feito com os
recém-desencarnados, no
sentido de que não
voltem imediatamente aos
locais onde passaram
seus dias e também que
adiem o encontro com
familiares e outras
afeições.
“Eu já me havia
habituado a circular por
ali e, portanto, o fazia
sem qualquer receio,
mesmo quando o Manoel
Roberto ou um outro
auxiliar não me
estivesse acompanhando.”
(22)
Será que haveria o
perigo de ataque da
parte de algum interno?
Ou será que o Dr. Inácio
busca pôr em relevo a
sua coragem, como sempre
o faz? Em “Nosso Lar”,
aprendemos que os
Espíritos
desequilibrados,
recolhidos às Câmaras de
Retificação, ficam em
suas enfermarias, não se
registrando casos de
risco para alguém que
circule pelos
corredores. Alguém
poderá argumentar,
dizendo que os
internados em Nosso Lar
são menos agressivos,
mas, nesse caso, os
pacientes do Dr. Inácio
deveriam – por questão
de bom-senso e ordem,
sempre presentes em
instituições organizadas
no Bem – ficar
confinados, de modo a
não oferecerem risco a
ninguém, nem obrigarem
os médicos a se fazerem
acompanhar de
guarda-costas.
“O silêncio era quase
total, só interrompido
pelo serviço de
enfermagem que velava
pelos internos da
instituição que eu fora
chamado a dirigir.”
(22)
Não só nesta obra, mas
também em outras,
nota-se o desejo claro
de mostrar-se sempre
como dirigente, embora,
noutras ocasiões,
aparente modéstia.
“Comigo nunca
precisará se desculpar;
o senhor é um dos poucos
que me inspiram respeito
e em cuja presença me
sinto aliviado..”.
(23)
“ — Nunca mantive com
alguém um diálogo assim;
não me julgava capaz...
Eu vivia me escondendo,
a sós com minhas vozes e
visões...”
(29)
“Ora, Inácio –
respondeu-me com
intimidade –, eu jamais
me aborreceria com você.
Afinal, o seu coração
não tem tamanho!... Sei
que você sempre age
levado pelo impulso de
ajuda.
(262)
Ao longo do livro, o
Autor transcreve sempre
referências elogiosas à
sua pessoa.
“Acordando mal-humorado,
respondi ao cumprimento
de Manoel Roberto com um
simples muxoxo e fui
direto para o meu
gabinete.”
(30)
É difícil crer que
alguém que foi colocado
por Eurípedes Barsanulfo
à frente de um hospital
psiquiátrico no Mundo
Espiritual ainda tenha
crises de mau-humor.
“ — Pior que isso,
Manoel – creio que o
Odilon concordará –, é
quando nos desfiguram os
comunicados...
Infelizmente, eu já tive
que deixar médium
falando sozinho! Muitos,
à minha revelia,
colocaram palavras nos
meus lábios...”
(42 - 43)
O trabalho, ora sutil,
ora escancarado de
desacreditar a
mediunidade é facilmente
detectável. Em todas as
obras, o Dr. Inácio
ataca os médiuns. É de
se observar o subsídio
que esse Autor fornece
àqueles que procuram
desacreditar o fenômeno
mediúnico. Se um
Espírito esclarecido, a
ponto de ser diretor de
um hospital no Mundo
Maior, não é capaz de
verificar,
antecipadamente, através
de que categoria de
médium vai comunicar-se,
sendo compelido a deixar
sua mensagem a meio...
“ — Concordo em gênero,
número e grau – afirmei,
não contendo a própria
indignação.”
(61)
“ —A pretexto de se
lutar contra o
terrorismo internacional
– opinei indignado –,
mais uma guerra que o
homem trava em nome de
Deus; hegemonia
política, fanatismo
religioso...”
(63)
Onde a serenidade de um
diretor de hospital
psiquiátrico? Sempre
indignado!
“Talvez os nossos
companheiros no corpo
estranhem, mas o fato é
que nem todos os
espíritos que nos rondam
a instituição se revelam
em condições de serem
amparados por nós, sendo
que muitos simplesmente
recusam se internarem em
um nosocômio de
orientação espírita; o
preconceito e o
fanatismo, como tantas
outras mazelas do ser
humano, igualmente
sobrevivem à morte e
prosseguem lhes
entravando o
progresso...”
(69 - 70)
Causa estranheza a
localização desse
hospital, que parece não
estar situado numa
colônia espiritual, mas
em plena zona de
sofrimento, como unidade
isolada, com espíritos
desequilibrados a
rondá-lo. É estranho,
também, o fato de ser um
hospital espírita. Quais
as características que o
distinguiriam de outros
hospitais citados na
literatura mediúnica de
vários autores? Sabemos
que há comunidades
sectárias, que assim
permanecem exatamente
pela falta dos
esclarecimentos que a
Doutrina Espírita
propicia à criatura,
alargando-lhe os
conceitos de filiação a
um único Deus e,
conseqüentemente,
ampliando-lhe os
horizontes de
fraternidade.
Teria Eurípedes
Barsanulfo fundado um
hospital rotulado
sectariamente de
espírita, a pondo de se
tornar conhecido até em
zonas inferiores?
“Aos poucos, fui
acompanhando meu
declínio físico e
intelectual... O
enfisema pulmonar
crônico me fazia esperar
pela morte todos
os dias; de forma que,
de maneira providencial,
gradualmente fui me
desapegando de tudo,
inclusive do corpo
desfigurado pelo tempo.”
(83)
Como conciliar esse
desapego acima citado
com o que o mesmo
Espírito disse na obra
“Na Próxima Dimensão”?
(12):
“Ainda lutando para me
adequar à nova
realidade, quando vi que
a minha biblioteca
estava sendo desfeita –
o recanto em que eu
passava a maior parte do
meu tempo ocioso –,
provoquei um encontro
espiritual com Chico
Xavier e, por via
mediúnica, solicitei
àquela que fora minha
esposa no mundo que não
continuasse dispersando
meus livros: eu ainda
necessitava deles, não
para compulsá-los, mas é
que, depois de perder o
corpo, a sensação de
perda que nos acomete é
muito grande, para que
nos conformemos em
perder mais alguma
coisa.”
Diante de tal
afirmativa, fizemos,
quando analisamos o
livro citado, o seguinte
comentário: É
estranho, também, o fato
de um Espírito em quem
seria natural
presumir-se equilíbrio e
desapego, ter acesso à
mediunidade e ter
ocupado o tempo de Chico
Xavier para dar um
recado de sua
preocupação com a
biblioteca que deixara
na Terra. Estava no
Mundo Espiritual ou
ficara agarrado às
coisas materiais?
Note-se que se trata de
um psiquiatra que
estudou Espiritismo
durante décadas.
E isso na boca de um
diretor de hospital
psiquiátrico situado no
Mundo Maior!
“ — Para aparecer alguém
e colocar tudo a perder,
não é, Modesta? Eu não
sei o que o Odilon tem a
dizer, mas, no que me
compete, eu o mandaria
às favas... O
Espiritismo não tem dono
e a mediunidade também
não! Se, na condição de
espírita, eu tivesse que
prestar obediência a
alguém, eu não seria
espírita! Vocês me
conhecem, e neste ponto,
sou radical.”
(94)
Observe-se o palavreado
pouco próprio de quem se
diz um Trabalhador do
Bem. Assemelha-se mais à
fanfarronice própria
daqueles que não
procuram cultivar a
sobriedade, sobriedade
que deve ser a marca
distintiva das palavras
de um médico de almas.
Pelo contrário, temos
lições claras de
incitação à rebeldia.
Será que esse Espírito
não vê diferença entre
obediência
empregado/patrão e a
disciplina necessária a
ser vivenciada entre
dois irmãos que
trabalham na seara do
Cristo, onde um orienta
e o outro deve
seguir-lhe as
recomendações, a fim de
que o trabalho se
desenvolva com
eficiência?
“O espírito obsessor a
gente sabe que é
obsessor; o adversário
da Causa a gente sabe
que é adversário; mas o
espírita que, a pretexto
de defender a pureza
doutrinária, é um lobo
em pele de cordeiro...
Por esse motivo é que eu
não aceitava ingerência
no Sanatório; se tivesse
fraquejado, eles não
teriam esperado que
desencarnasse, a fim de
me colocarem para
fora!...”
(95)
O Dr. Inácio aqui está
advogando em causa
própria, pois as suas
obras atuais não
resistiriam a um exame
de Kardec. É fácil
acusar de lobo em
pele de cordeiro
aqueles que lhe analisam
a obra. Esse Espírito
não aceita, de forma
alguma, que alguém
avalie o que ele
escreve, nem como
escreve. Recrimina
qualquer apreciação que
lhe seja desfavorável,
em ataques em que, quase
sempre generaliza.
“— A verdade é que todos
ainda não passamos de um
bando de insanos – esta
é a minha opinião. — À
custa de censurar os
outros, apontando-lhes
os erros e mazelas,
disputamos a Preferência
Divina, querendo, a
qualquer preço, chegar
primeiro ao ponto que
nos compete: agimos
quais se fôssemos
“espermatozóides
pensantes”, em disputa
para, finalmente,
alcançar o “óvulo” e
fecundá-lo. Que morram
os demais! Não são
problema nosso! Não
procuramos, aos olhos de
Deus, nos destacar pelo
próprio valor, mas, sim,
desmerecendo os
“concorrentes”; somos
filhos tão
personalistas, que
queremos o colo do Pai
só para nós, mesmo que,
para tanto, tenhamos que
atentar contra o direito
dos nossos irmãos...”
(96)
Começando por essa
comparação esdrúxula, o
Dr. Inácio faz um
discurso pessimista,
doentio, altamente
destrutivo, no qual ele
falsamente se inclui,
querendo mostrar que os
espíritas estão a se
combaterem numa luta
pela conquista de um céu
fácil. Se os espíritas
agissem assim, o
Espiritismo não teria
conquistado o espaço que
tem, nem o respeito da
sociedade brasileira.
Esse Espírito faz
questão de ignorar o
quanto os espíritas têm
feito, apesar de alguns
derrotistas como ele. É
visão equivocada de quem
não quer ver o imenso
número daqueles que se
entregam, com abnegação
e denodo, ao trabalho de
evangelização de
crianças, de jovens e de
adultos, conquistando,
pela seriedade e
segurança de seu
trabalho, cada vez mais
a admiração da
sociedade. Não quer ver
o imenso trabalho de
assistência a
necessitados, do corpo e
da alma, que é
desenvolvido pelos
espíritas.
“Espiritualmente,
americanos e ingleses
estarão sendo amparados?
Contam com a retaguarda
dos espíritos que lhes
são afins?”
(121)
Será que o Autor não leu
a obra “Os Mensageiros”
que, no capítulo 18,
revela o trabalho de
amparo espiritual
propiciado
indiscriminadamente aos
combatentes
desencarnados?
“— Acusam-me de
“humanizar” em excesso
os espíritos, mas, se
existe, a diferença
entre espírito e matéria
é tão tênue... Para onde
olho, eu só vejo
matéria! Para mim,
inclusive, Deus é
matéria!”
(124)
Vê-se, aí, o desejo de
confundir, ao tratar de
maneira tão leviana um
assunto que foi
discutido com seriedade
pelo Codificador.
Além disso, nunca se viu
na literatura mediúnica,
um Espírito usar tanto
as páginas de um livro
para defender-se daquilo
que chama de acusações.
No livro “Fala, Dr.
Inácio!” (80),
queixou-se de um
espírita que contou as
25 vezes em que ele se
referiu ao cigarro:
“— Outro chegou a
contar o número de vezes
que, em “Sob as Cinzas
do Tempo”, se refere ao
cigarro...”
Corpos dilacerados
voaram a grande
distância e, então, um
fato inesperado
aconteceu: o espírito de
uma jovenzinha, não
aparentando mais que
treze anos de idade, com
o abalo da explosão
teve, instantaneamente,
as faculdades psíquicas
dilatadas e pôde ver-nos
com nitidez. A sua casa
fizera-se em pedaços e
os seus familiares
simplesmente haviam
desaparecido na
poeira...
Fixando-se em Odilon
que, com certeza, de nós
quatro fora quem mais
lhe chamara a atenção, a
adolescente, trêmula e
em pranto convulsivo,
correu em sua direção e
se lhe atirou aos braços
paternais,
enlaçando-se-lhe ao
pescoço.
(181)
A cena acima se passa
numa região de conflito
no Iraque. É de se
estranhar que um
Espírito, subitamente
libertado do corpo
físico por efeito de uma
explosão, já goze de
tanta desenvoltura e
lucidez. E o cordão
fluídico, que só foi
cortado horas após a
desencarnação, no caso
de Dimas e Fábio, em
Obreiros da Vida Eterna;
de Jacó, em Voltei;
de Otília, em Além da
Morte; e dos cinco
jovens acidentados em
Nas Fronteiras da
Loucura? Poder-se-ia
argumentar dizendo que
isso não seria
impossível para um
Espírito altamente
evoluído. Mas, um outro
argumento se impõe: será
que um Espírito de tal
elevação, a ponto de não
sofrer os efeitos de uma
desencarnação
violentíssima, iria
procurar, como criança
indefesa, abrigo nos
braços do Dr. Odilon?
Estaria essa jovenzinha
mais preparada para a
desencarnação do que
Paulo? É interessante
compararmos a situação
do Apóstolo com a da
jovem Jamile, logo após
o golpe mortal: “O
valoroso discípulo do
Evangelho sentia a
angústia das derradeiras
repercussões físicas;
mas, aos poucos,
experimentava uma
sensação branda de
alívio reparador. Mãos
carinhosas e solícitas
pareciam tocá-lo de
leve, como se
arrancassem, tão só
nesse contato divino, as
terríveis impressões dos
seus amargurosos
padecimentos. (...)
Tentou levantar-se,
abrir os olhos,
identificar a paisagem.
Impossível! Sentia-se
fraco, qual
convalescente de
moléstia prolongada e
gravíssima.” Paulo e
Estêvão (549).
“A cena era comovedora
e, confesso, não
consegui conter as
lágrimas, que escorreram
silenciosas, pelo meu
rosto coberto de pó.”
(181)
Como é que um Espírito
desencarnado fica com o
rosto coberto de pó?
“— Qual é o seu nome,
minha filha? – perguntou
Odilon, com inexcedível
ternura.
— Jamile, meu nome é
Jamile, senhor! Por
favor, não deixem que os
soldados me peguem!...
Eu morava com minha mãe,
minha avó e um irmão
menor; o meu pai foi
morto antes de a guerra
começar... Eu não tenho
mais ninguém, por favor,
leve-me daqui!...”
(182)
Não há nenhuma
indicação, na obra, de
que a equipe falava
árabe, ou algum dialeto
daquela região. Como
conciliar essa
facilidade de
comunicação, diante do
relato do socorro a
desencarnados em campos
de batalha, contido no
livro “Os Mensageiros”?
Pela palavra de Alfredo,
fica-se sabendo que no
socorro, nesses casos,
“para cada grupo de
cinqüenta infelizes, as
colônias do Velho Mundo
fornecem um
enfermeiro-instrutor,
com quem nos possamos
entender, de modo
direto.” (99) No
livro “Esperanto como
Revelação”, lê-se:
“Na esfera imediata à
moradia humana, porém, o
problema da linguagem é
daqueles que mais nos
afligem o senso íntimo.
Ainda aqui, aos milhões,
não obstante se nos
descerrem horizontes
renovadores, achamo-nos
separados pela barreira
lingüística.” (134)
E na obra “Voltei”,
Jacob, chegando à
Califórnia, onde
visitaria Thomas Edison,
diz: “Passei a usar o
inglês para melhor
entender-me.” (136)
"— Doutor, não me deixe
morrer! O que houve com
os meus braços, que não
consigo senti-los? Onde
estão o meu pai e a
minha mãe, a minha avó e
os meus primos? Está
doendo muito,
Doutor!...”
(186)
O menino, sem os dois
braços e com o corpo
queimado, conseguia
vê-lo e saber que se
tratava de um “Doutor”,
e ainda se comunicava
com ele... Mas em que
língua?
“A uns duzentos metros
do local, um camelo
atingido por tiros de
metralhadora agonizava e
observei que, de sua
boca e narinas, escorria
uma substância
esbranquiçada.
— O “plasma” daquele
pobre animal nos
servirá. Teça com ele
uma espécie de manta...
Não temos tempo a
perder!”
(186)
O Dr. Inácio fez esse
pedido a um companheiro
de equipe, e continuou
ouvindo o menino:
“— Doutor – voltou a
falar-me o menino, cujo
espírito eu podia ver
quase a destacar-se do
organismo físico em
lastimável condição – ,
onde estão os meus
braços? Eu queria ser
médico como o senhor,
mas... e agora? O que
farei sem minhas mãos?”
(187)
É impressionante que uma
criança que teve os dois
braços arrancados por
uma explosão, e está se
esvaindo em sangue,
possa falar com tanta
tranqüilidade e ainda
comentar os planos que
tinha para o futuro...
Ainda mais com um
Espírito desencarnado...
“Eu dialogava com o
garoto, procurando
mantê-lo consciente, até
que Manoel Roberto
retornasse e o socorro
de uma equipe médica nas
imediações o conduzisse
a um dos poucos
hospitais que haviam
ficado de pé em Bagdá!
— Eis, doutor, o que
pude fazer – disse-me o
amigo, estendendo-me uma
manta de gaze
tenuíssima, com a qual
envolvi o corpo de
Ismail, também com o
propósito de aquecê-lo.”
(187)
No livro “Missionários
da Luz”, aprendemos que,
nos matadouros,
espíritos infelizes
“sugam as forças do
plasma sanguíneo dos
animais.” (135)
Entretanto, seria de
perguntar: se esse
recurso é viável, por
que os Espíritos,
trabalhadores do Bem,
não se valem dele para
socorro aos encarnados
no trabalho regular que
fazem a benefício de
encarnados?
“Acompanhando meu
pequeno paciente até ao
veículo à guisa de
ambulância, depositei em
sua fronte o meu ósculo
paternal e não consegui
conter as lágrimas, que
viraram lama ao se
confundirem com o pó!”
(188)
Novamente, o corpo
espiritual do Dr. Inácio
sendo empoeirado pela
matéria física...
“Nesse instante,
Aldroaldo, que se
conservara ao lado de
Odilon, se aproximou e
disse-me que
precisávamos partir; não
nos convinha permanecer
por mais tempo, pois a
onda de saques que
começava na capital
iraquiana dava ensejo a
que outras entidades
que, até então, se
mantinham escondidas,
entrassem em cena,
ameaçando-nos a
segurança.”
(188)
Como é que pode uma
equipe que trabalha no
Bem temer Espíritos
infelizes? Não
aprendemos, em dezenas
de obras mediúnicas, que
os Espíritos inferiores
não vêem aqueles que
lhes são superiores, a
não ser quando estes
desejam ser vistos?
“— A questão, meus
amigos – ponderou Odilon
–, começa com o descaso
dos dirigentes espíritas
no que se refere à
evangelização
infanto-juvenil; as
nossas crianças e
adolescentes não têm o
incentivo de freqüentar
a casa espírita e,
conseqüentemente, não
são educados à luz da
Doutrina... Os
evangelizadores não têm
o apoio de que
necessitam para levarem
adiante a sublime
empreitada.”
(215)
Realmente, é muito pouca
a ênfase dada ao
trabalho de
evangelização da
infância e da juventude,
da parte de muitos
centros. Mas, a FEB e as
Organizações Estaduais e
Municipais têm programas
para o trabalho. Há,
sim, necessidade de um
despertamento maior da
parte dos Centros
Espíritas. Entretanto, o
ataque acima é
generalizado, o que não
é justo...
"Valendo-me do tumulto
que se estabelecera no
salão da boate,
começamos a nos afastar,
todavia, vendo um toco
de cigarro aceso no
chão, apanhei-o e,
pedindo a Deus que me
perdoasse, sendo o
último da fila,
retrocedi, sem que os
amigos percebessem e,
confesso, não resisti à
tentação: adentrei o
recinto do laboratório
instalado no interior da
caverna e, com um
bastão, derrubei todos
os líquidos de natureza
inflamável de sobre a
mesa, que escorreram em
direção a diversas
caixas ali depositadas,
soprei, para avivar a
brasa do guimba de
cigarro que recolhera e,
sem pensar duas vezes,
lancei-o sobre aquela
mistura diabólica e,
em fração de segundo, o
fogaréu se fez,
espalhando-se com
rapidez...”
(254)
Esse, o desfecho da
visita feita por uma
equipe de Espíritos,
guiados por um
ex-policial, a uma
região das Trevas.
(caps. 32 e 33) Se se
tratava de simples
observação – e o
incêndio do Dr. Inácio
não estava no programa –
por que não se valeram
da condição de
invisibilidade própria
dos Espíritos
trabalhadores na seara
do Bem, conforme se lê
em várias ocasiões em
obras de André Luiz?
Qual o proveito dessas
descrições minuciosas de
zonas de desequilíbrio?
Parece que essa onda de
terrorismo via mediúnica
começou com o livro “O
Abismo”, de Rafael
Américo Ranieri, que
relata, ao longo da obra
toda, zonas tenebrosas,
com minúcias
completamente
desnecessárias, numa
ânsia doentia, criando
quadros negativos nas
mentes fracas, ao invés
de dar ensinamentos
proveitosos.
No livro “Libertação”
(54), há o relato de uma
visita de Gúbio e André
Luiz a uma região
semelhante a essa que o
grupo em questão teria
visitado, mas Gúbio e
André Luiz tiveram uma
finalidade além da
simples observação, qual
seja a de entrar em
contato com Gregório,
objetivando um trabalho
aqui na face da Terra.
Como eles tinham
necessidade de conversar
com esse Espírito,
fizeram-se visíveis,
através de um processo,
incômodo e relativamente
demorado, de adensamento
do corpo espiritual.
Pasmem comigo os
prezados leitores, mas o
fato é que, em
determinado local, fomos
abordados por um homem
alto, de chapéu na
cabeça e surrado
sobretudo, que,
aproximando-se, puxou
conversa e quis
negociar – é isto
mesmo o que vocês estão
lendo – quis negociar a
nossa reencarnação,
dizendo-nos:
— Posso conseguir para
vocês o que
pretendem...Conheço toda
a gente que mora nas
imediações e, talvez, se
fizerem questão, os dois
podem ir juntos... O meu
preço é razoável: se
puderem pagar e não
forem exigentes em
demasia... Hoje, com a
disseminação do hábito
de beber e do uso de
drogas por parte dos
jovens, coisas assim
ficaram mais fáceis de
se obter. O que vocês
têm para me dar em
troca? Deixarão para
trás algum bem que lhes
pertença?”
(271 – 272)
Estavam, o Dr. Odilon e
o Dr. Inácio,
providenciando a
reencarnação de um
matador impenitente que
estava internado no
hospital, quando
encontraram essa
estranha criatura acima
descrita. Será que
reencarnações podem
ocorrer desse modo?
Espírito desocupado,
agindo à margem da Lei,
poderia oferecer
reencarnação, como se
estivesse ao seu
alvitre, como um
agenciador?
Além do mais, por que
dois Espíritos ligados à
psiquiatria estariam
encarregados de promover
a reencarnação de um
Espírito, quando se sabe
que há trabalhadores
especializados em
reencarnações?
“Não tivemos que esperar
muito. Curtindo tremenda
ressaca, o casal se
despiu dos trajes mais
íntimos e, com certeza,
o resto os nossos irmãos
nos dispensarão de
relatar. Digo-lhes
somente que fiquei sem
entender quando, após
terem atingido o
orgasmo, Flávio foi
praticamente sugado
dos meus braços e, como
se o perispírito ainda
mais se lhe
restringisse,
atravessando a barreira
das dimensões
diferentes, encolheu-se
feito um filhote de
pássaro no ninho.”
(282)
No livro “Missionários
da Luz” (207), o
instrutor Alexandre,
diante da preocupação de
André Luiz quanto à
possível violação da
intimidade do casal, diz
o seguinte: “Não é
necessária nossa
presença ao ato de união
celular. Semelhantes
momentos do tálamo
conjugal são sublimes e
invioláveis nos lares em
bases retas. Você sabe
que a fecundação do
óvulo materno somente se
verifica algumas horas
depois da união
genésica. O elemento
masculino deve fazer
extensa viagem, antes de
atingir o seu objetivo.”
Seria lícita a presença
dos dois Espíritos no
momento íntimo do casal?
Poder-se-ia argumentar,
dizendo que não
constituíam um lar em
bases retas, mas,
por isso, dois
trabalhadores do Bem
iriam se prevalecer
dessa condição de
inferioridade moral dos
dois para violar-lhes a
intimidade? Será que a
ética varia de acordo
com o nível moral do
ambiente ou da pessoa
com a qual se interage,
ou ela deve ser
absolutamente invariável
nas almas bem formadas.
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