Os
Mensageiros
André Luiz
(Parte 11)
Continuamos a apresentar
o texto condensado da
obra
Os Mensageiros,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e publicada pela editora
da Federação Espírita
Brasileira, a qual dá
seqüência à série
iniciada com o livro
Nosso Lar.
Questões preliminares
A. Que cuidados tiveram
os mentores espirituais
nos preparativos da
reunião realizada na
casa de Isabel?
R.: Os preparativos da
reunião, que foram
feitos bem antes do
início da sessão, foram
intensos. Irmãos
dividiram a sala de modo
singular, utilizando
longas faixas fluídicas,
destinadas a limitar a
zona de influenciação
dos sofredores que
seriam trazidos à
reunião. O ar foi
magnetizado pelos
Espíritos, impregnando o
ambiente de elementos
espirituais necessários
ao êxito do trabalho, e
vigilantes se espalharam
em derredor da moradia
singela. (Os
Mensageiros, cap. 43,
págs. 224 a 226.)
B. Os enfermos
desencarnados atendidos
com passes magnéticos
foram igualmente
beneficiados?
R.: Os passes de
reconforto aos enfermos
desencarnados deram
início aos atendimentos,
mas Aniceto explicou,
quanto aos resultados,
que alguns se sentiriam
curados, outros
acusariam melhoras, mas
a maioria continuaria
impermeável ao serviço
de auxílio. O que nos
deve interessar,
portanto, é a semeadura
do bem; os resultados
pertencem ao Senhor –
acrescentou o instrutor
espiritual. (Obra
citada, cap. 44, págs.
229 a 233.)
C. Que lição podemos
extrair do caso Fidélis?
R.: Reportando-se ao
caso, Aniceto disse que
há muitas pessoas assim.
São pesquisadores de
superfície que tudo
esperam dos outros, sem
nenhum esforço próprio,
sem se dar ao trabalho
das obras, sem atender à
responsabilidade.
Vivendo no torvelinho
das libações, agarrados
aos interesses
inferiores e à
satisfação dos sentidos
físicos, eles ainda
aguardam mensagens
espirituais. (Obra
citada, cap. 45, págs.
234 a 238.)
D. Quantos desencarnados
assistiram à preleção da
noite?
R.: Havia no recinto 35
encarnados, mas o número
total de necessitados
excedia de duas
centenas, porque o grupo
estava, então, acrescido
de muitas entidades
desencarnadas que
formavam o séquito
perturbador da maioria
dos encarnados
presentes. Aniceto
esclareceu o fato
dizendo que grande
número de criaturas, na
passagem para o mundo
espiritual, sentem-se
possuídas de "doentia
saudade do agrupamento",
como acontece aos
animais, quando sentem a
mortal "saudade do
rebanho". (Obra
citada, cap. 46, pp. 239
e 240, cap. 48, págs.
248 a 250.)
Texto para leitura
70. Preparativos
da reunião - Um
pouco antes das dezoito
horas, o salão da casa
de Isabel já estava
repleto de trabalhadores
espirituais. Os
preparativos da reunião
eram intensos. Irmãos
dividiam a sala de modo
singular, utilizando
longas faixas fluídicas,
destinadas a limitar a
zona de influenciação
dos sofredores que
seriam trazidos à
reunião. O próprio ar
era magnetizado pelos
Espíritos, impregnando o
ambiente de elementos
espirituais necessários
ao êxito do trabalho.
Isabel e Joaninha
limparam o recinto e
puseram uma toalha muito
alva sobre a mesa, além
de pequenos recipientes
de água pura. Vigilantes
se espalharam em
derredor da moradia
singela. Pouco depois
começaram a chegar os
necessitados
desencarnados. Rostos
esqueléticos causavam
compaixão; pareciam
cadáveres erguidos do
túmulo. As entidades
chegavam seguidas de
orientadores fraternais.
Muitos estampavam no
rosto profunda angústia.
Senhoras em pranto eram
numerosas. Alguns
mantinham as mãos no
ventre, calcando regiões
feridas. Não eram poucas
as que traziam ataduras
e faixas. Diante dos
olhos tinha-se uma
autêntica reunião de
"coxos e estropiados",
conforme a alusão
evangélica. O quadro
consternava. Aniceto
explicou então que não
seriam admitidas no
recinto entidades
perversas, porque a casa
de Isabel e Isidoro não
estava preparada para
atendê-las. (Cap. 43,
págs. 224 a 226)
71. Passes de
reconforto - O
cenário lembrava o
ambiente das Câmaras de
Retificação da colônia
"Nosso Lar". Começam
então os passes de
reconforto aos enfermos
desencarnados. André é
conclamado a esse
serviço pela primeira
vez. Aniceto deixa aos
seus cuidados um grupo
de seis enfermos. Uma
senhora profundamente
abatida e cega foi a
primeira a ser atendida
por André Luiz. O
tracoma tirara-lhe a
visão. (N.R.: Tracoma
é doença contagiosa que
se assenta, de
preferência, na
conjuntiva palpebral e
atinge também a córnea.)
À medida que André se
dispôs ao serviço do
passe, uma claridade
diferente começou a
iluminar e a aquecer-lhe
a fronte. Reparou então
que enorme placa de
sombra pesava sobre a
fronte da mulher.
Pronunciando palavras de
animação, às quais
ligava a melhor essência
de suas intenções,
concentrou suas
possibilidades
magnéticas de auxílio
naquela zona perturbada.
Em poucos instantes, a
enferma desencarnada
desferiu um grito de
alegria: "Vejo, vejo –
grande Deus! grande
Deus!" E ajoelhando-se,
dirigiu-se feliz a
André, que não
conseguia, por sua vez,
dominar as próprias
emoções. A luz daquela
dádiva mostrava-lhe mais
fortemente o fundo
escuro de suas
imperfeições e o pranto
inundou-lhe as faces,
até que Aniceto
aproximou-se
delicadamente e disse,
em voz baixa, que a
excessiva contemplação
dos resultados pode
prejudicar o
trabalhador. (Cap. 44,
págs. 229 a 232)
72. Resultados dos
passes - Aniceto
lembrou a André que todo
o bem procede do Senhor
e que nós somos apenas
seus instrumentos nas
tarefas do amor. André
recomendou então à
enferma que não se
impressionasse em
demasia com a visão dos
aspectos exteriores e
voltasse o poder visual
para dentro de si mesma,
a fim de consagrar ao
Senhor da Vida os
sublimes dons da visão,
e passou a atender a um
irmão que falecera
vitimado pelo câncer.
Depois, atendeu dois
ex-tuberculosos, uma
senhora que desencarnara
em conseqüência de um
tumor maligno e um rapaz
que falecera num choque
operatório. Nenhum dos
quatro últimos
manifestou, porém,
qualquer alívio.
Persistiam neles as
mesmas indisposições
orgânicas e os mesmos
fenômenos psíquicos de
sofrimento. Aniceto
esclareceu que as
atividades de
assistência se processam
assim: alguns se sentem
curados, outros acusam
melhoras, mas a maioria
parece continuar
impermeável ao serviço
de auxílio. O que nos
deve interessar,
portanto, é a semeadura
do bem; os resultados
pertencem ao Senhor –
acrescentou o instrutor
espiritual. Vicente
estranhou o número de
entidades perturbadas.
Aniceto informou que
esmagadora percentagem
desses padecimentos se
deve à falta de educação
religiosa – essa
educação íntima e
profunda que o homem
nega sistematicamente a
si mesmo. (Cap. 44,
págs. 232 e 233)
73. Uma mente
enferma - A
reunião se destinava
também aos encarnados.
Um deles, pessoa
aprumada e bem posta,
mantinha-se em conversa
com o senhor Bentes,
doutrinador do grupo.
Era Dr. Fidélis, um
cavalheiro rodeado de
sombra – pequenas
nuvens – ao longo do
cérebro. Cético, ele se
dizia desalentado porque
há muito que procurava,
nas reuniões espíritas,
algo que o satisfizesse.
Para ele, a Metapsíquica
havia reduzido o
mediunismo em suas
proporções, e aludia,
ainda, às fraudes
produzidas por médiuns
na Europa e na América.
A tudo, Bentes respondia
com serenidade,
explicando que o
Espiritismo se dirige,
sobretudo, ao coração
dos homens e que a
revelação não compactua
com as leis de menor
esforço, sendo preciso
que cada um busque nessa
fonte sublime e pura a
água da renovação
própria. Fidélis
replicou dizendo esperar
ainda a mensagem dos
seus familiares com os
sinais iniludíveis da
sobrevivência após a
morte. Os comentários de
Aniceto a respeito do
caso não se fizeram
esperar. Há muitas
pessoas assim, disse o
instrutor. São
pesquisadores de
superfície que tudo
esperam dos outros, sem
nenhum esforço próprio,
sem se dar ao trabalho
das obras, sem atender à
responsabilidade.
Vivendo no torvelinho
das libações, agarrados
aos interesses
inferiores e à
satisfação dos sentidos
físicos, eles ainda
aguardam mensagens
espirituais... (Cap. 45,
págs. 234 a 238)
74. A
assembléia invisível
-
A preleção evangélica da
noite foi feita por
Bentes, colaborador de
Isabel naquele trabalho.
A assembléia visível aos
olhos humanos era
formada por 35 pessoas;
no entanto, o número de
necessitados excedia de
duas centenas, porque,
agora, o grupo estava
acrescido de muitas
entidades desencarnadas
que formavam o séquito
perturbador da maioria
dos encarnados ali
presentes. Para tais
entidades organizou-se
uma divisão especial,
que pareceu a André
constituída por
elementos de maior
vigilância. Num ângulo
da mesa havia numerosas
indicações de
receituário e
assistência. Muitos
nomes ali se
enfileiravam. Pessoas
pediam conselhos
médicos, orientação,
assistência e passes.
Quatro médicos
desencarnados se moviam
diligentes e,
secundando-lhes o
esforço, quarenta
cooperadores diretos iam
e vinham, recolhendo
informações e
enriquecendo pormenores.
Vicente pergunta se
todas as pessoas
nominadas receberão o
que solicitam. Aniceto
informa que receberão
aquilo de que precisam.
Quanto aos que pedem a
cura do corpo, os
mentores estudam até que
ponto lhes podem ser
úteis, no particularismo
dos seus desejos. Outros
pedem orientações
diversas, e os Espíritos
têm todo o cuidado para
não lhes tolher a
liberdade individual.
Nesse sentido, a maior
parte dos pedidos são
desassisados. (Cap. 46,
págs. 239 e 240)
Frases e apontamentos
importantes
143. Realizar uma sessão
de trabalhos espirituais
eficientes não é coisa
tão simples. Quando
encontramos companheiros
encarnados, entregues ao
serviço com devotamento
e bom ânimo, isentos de
preocupação, de
experiências malsãs e
inquietações
injustificáveis,
mobilizamos grandes
recursos a favor do
êxito necessário.
(Aniceto, cap. 43, pág.
224)
144. Quem não deseje
cuidar de semelhantes
obrigações, com a
seriedade devida, poderá
esperar fatalmente pelos
espíritos menos sérios,
porquanto a morte física
não significa renovação
para quem não procurou
renovar-se. Onde se
reúnam almas levianas,
aí estará igualmente a
leviandade. (Aniceto,
cap. 43, pág. 224)
145. Em todos os setores
evolutivos, é natural
que o trabalhador
sincero e eficiente
receba recursos sempre
mais vastos. Onde se
encontre a atividade do
bem, permanecerá a
colaboração espiritual
de ordem superior.
(Aniceto, cap. 43, págs.
224 e 225)
146. Já os sacerdotes do
antigo Egito não
ignoravam que, para
atingir determinados
efeitos, é indispensável
impregnar a atmosfera de
elementos espirituais,
saturando-a de valores
positivos da nossa
vontade. Para disseminar
as luzes evangélicas aos
desencarnados, são
precisas providências
variadas e complexas,
sem o que, tudo
redundaria em aumento de
perturbações. (Aniceto,
cap. 43, pág. 225)
147. Se fosse concedida
à criatura vulgar uma
vista de olhos, ainda
que ligeira, sobre uma
assembléia de espíritos
desencarnados, em
perturbação e
sofrimento, muito se
lhes modificariam as
atitudes na vida normal.
Nessa afirmativa,
devemos incluir,
igualmente, a maioria
dos próprios
espiritistas, que
freqüentam as reuniões
doutrinárias, alheios ao
esforço auto-educativo,
guardando da
espiritualidade uma vaga
idéia, na preocupação de
atender ao egoísmo
habitual. (André Luiz,
cap. 43, pág. 226)
148. Demoramo-nos todos
a escapar da velha
concha do
individualismo. A visão
da universalidade custa
preço alto e nem sempre
estamos dispostos a
pagá-lo. Não queremos
renunciar ao gosto
antigo, fugimos aos
sacrifícios louváveis.
Nessas circunstâncias, o
mundo que prevalece para
a alma desencarnada, por
longo tempo, é o reino
pessoal de nossas
criações inferiores.
(Aniceto, cap. 43, pág.
227)
149. Toda competência e
especialização no mundo,
nos setores de serviço,
constituem o
desenvolvimento da boa
vontade. Bastam o
sincero propósito de
cooperação e a noção de
responsabilidade para
que sejamos iniciados,
com êxito, em qualquer
trabalho novo. (Aniceto,
cap. 44, pág. 229)
150. Nunca te negues,
quanto possível, a
auxiliar os que sofrem.
Ao pé dos enfermos, não
olvides que o melhor
remédio é a renovação da
esperança; se
encontrares os falidos e
os derrotados da sorte,
fala-lhes do divino
ensejo do futuro; se
fores procurado, algum
dia, pelos espíritos
desviados e criminosos,
não profiras palavras de
maldição. Anima, eleva,
educa, desperta, sem
ferir os que ainda
dormem. Deus opera
maravilhas por
intermédio do trabalho
de boa vontade.
(Narcisa, cap. 44, págs.
229 e 230)
151. A excessiva
contemplação dos
resultados pode
prejudicar o
trabalhador. Em ocasiões
como esta, a vaidade
costuma acordar dentro
de nós, fazendo-nos
esquecer o Senhor. Não
olvides que todo o bem
procede d'Ele, que é a
luz de nossos corações.
Somos seus instrumentos
nas tarefas de amor. O
servo fiel não é aquele
que se inquieta pelos
resultados, nem o que
permanece enlevado na
contemplação deles, mas
justamente o que cumpre
a vontade divina do
Senhor e passa adiante.
(Aniceto, cap. 44, págs.
231 e 232)
152. As atividades de
assistência se processam
conforme observam aqui.
Alguns se sentem
curados, outros acusam
melhoras, e a maioria
parece continuar
impermeável ao serviço
de auxílio. O que nos
deve interessar,
todavia, é a semeadura
do bem. A germinação, o
desenvolvimento, a flor
e o fruto pertencem ao
Senhor. (Aniceto, cap.
44, pág. 233)
153. Devemos esmagadora
percentagem desses
padecimentos à falta de
educação religiosa. Não
me refiro, porém, àquela
que vem do sacerdócio ou
que parte da boca de uma
criatura para os ouvidos
de outra. Refiro-me à
educação religiosa,
íntima e profunda, que o
homem nega
sistematicamente a si
mesmo. (Aniceto, cap.
44, pág. 233)
154. Concordo em que o
Espiritismo não deva
fugir a toda espécie de
considerações sérias;
contudo, creio que a
doutrina é um conjunto
de verdades sublimes,
que se dirigem, de
preferência, ao coração
humano. É impossível
auscultar-lhe a grandeza
divina com a nossa
imperfeita faculdade de
observação, ou
recolher-lhe as águas
puras com o vaso sujo
dos nossos raciocínios
viciados nos erros de
muitos milênios. Ao
demais, temos aprendido
que a revelação de ordem
divina não é trabalho
mecânico em leis de
menor esforço. (Bentes,
cap. 45, pág. 235)
155. Primeiramente,
devemos construir o
receptáculo; em seguida,
alcançaremos a bênção. A
Bíblia, sagrado livro
dos cristãos, é o
encontro da experiência
humana, cheia de suor e
lágrimas,
consubstanciada no Velho
Testamento, com a
resposta celestial,
sublime e pura, no
Evangelho de Nosso
Senhor. (Bentes, cap.
45, pág. 235)
156. Estaríamos
laborando em erro grave,
se colocássemos toda a
responsabilidade
doutrinária nas
organizações mediúnicas.
Os médiuns são simples
colaboradores do
trabalho de
espiritualização. Cada
um responderá pelo que
fez das possibilidades
recebidas, como também
nós seremos compelidos a
contas necessárias,
algum dia. (...) A
doutrina é uma fonte
sublime e pura,
inacessível aos pruridos
individualistas de
qualquer de nós, fonte
na qual cada companheiro
deve beber a água da
renovação própria.
(Bentes, cap. 45, pág.
237)
157. Muitos solicitam a
cura do corpo, mas somos
forçados a estudar até
que ponto lhes podemos
ser úteis, no
particularismo dos seus
desejos; outros reclamam
orientações várias,
obrigando-nos a
equilibrar nossa
cooperação, de modo a
lhes não tolher a
liberdade individual.
(Aniceto, cap. 46, pág.
240)
158. A existência
terrestre é um curso
ativo de preparação
espiritual e, quase
sempre, não faltam na
escola os alunos
ociosos, que perdem o
tempo ao invés de
aproveitá-lo, ansiosos
pelas realizações
mentirosas do menor
esforço. Desse modo, no
capítulo das
orientações, a maior
parte dos pedidos são
desassisados. (Aniceto,
cap. 46, pág. 240)
(Continua no próximo
número.)