Guilherme de Almeida
Quando uma nuvem nômade
destila
Gotas, roçando a crista
azul da serra,
Umas brincam na relva;
outras, tranqüila,
Serenamente entranham-se
na terra..
E a gente fala da
gotinha que erra
De folha em folha e,
trêmula, cintila,
Mas não se lembra da que
o solo encerra,
Da que ficou no coração
da argila!
Quanta gente, que zomba
do desgosto
Mudo, da angústia que
não molha o rosto
E que não tomba, em
gotas, pelo chão,
Havia de chorar, se
adivinhasse
Que há lágrimas que
correm pela face
E outras que rolam pelo
coração.