Espiritualidade
e Ciência
É possível entender uma
ligação entre
espiritualidade e
ciência? Quase sempre se
vê a religiosidade
ligada a uma religião,
porém nem sempre a
religião conduz a uma
religiosidade. Um olhar
para o passado nos leva
a perceber que, ao longo
da história da
humanidade, a religião
nem sempre caminhou ao
lado da religiosidade.
A religiosidade se
transubstancia em
espiritualidade quando o
patamar material é
deixado para trás,
ocorrendo uma
transcendência sobre a
certeza do que é
considerado real e
material, acreditando-se
mais no que não se vê do
que naquilo que se vê.
A ciência muitas vezes
também se comporta da
mesma forma. A
progressão evolutiva
seguiria pela ciência ou
pela moral? Ilustra-se,
a respeito dessa
questão, a necessidade
do intelecto estar a
frente, promovendo as
mudanças, impelindo o
exercício da mente,
decodificando a
percepção da própria
realidade, em muitos
casos ainda limitada.
O que pode alterar a
percepção de realidade?
O conhecimento altera a
percepção da realidade e
ensina a transcender
valores e crenças que,
até então, eram entraves
da visão, tato, paladar,
olfato e audição.
A ciência já explica
como transcender da
matéria para energia,
logo, do material para o
imaterial. O indivíduo,
de acordo com este
conceito científico, não
é apenas algo sólido,
finito, pois é formado
de partículas e
subpartículas e essas,
ainda, formadas por
“cordas” de energia
vibrando, tudo em
obediência a uma escala
infinitamente pequena. O
que não se vê e não se
toca torna-se real, indo
além de uma realidade
tangível, definida pelos
próprios sentidos,
sabidos limitados para
entender a realidade de
acordo com os novos
parâmetros da ciência.
Depois do advento da
ciência atômica, o que
parecia determinado a
ser finito passa a ser
entendido em função de
possibilidades de
infinitas dimensões.
Desse modo, a física
quântica vem movimentar
crenças sobre os valores
da matéria e energia e
os conceitos da
dualidade partícula e
onda. A ciência promove
a incerteza como um dos
princípios da realidade,
desafiando uma mente
brilhante, que afirma:
“... Deus não joga
dados!”. A física
quântica declara que há
necessidade de um
observador para que
ocorra o que chama de
colapso de onda para
definir o “real”. Ou
seja, ela declara que a
realidade depende do
observador e que a
realidade é um efeito
causal. E alguns físicos
concluem que tudo que
conhecemos é causalidade
de um observador
cósmico.
Será que já estamos
preparados para aceitar
a ciência explicando
Deus? Ela poderia já
conhecer estas
respostas? Outrossim,
como será acessar o
nosso acervo mental, a
nossa reserva total
relativa a um conteúdo
compilado ao longo das
várias encarnações? E
quanto nós já evoluímos?
Acumulamos mais
intelecto cientifico ou
conteúdo moral?
O psiquiatra Carl Gustav
Jung denomina
inconsciente coletivo o
que nós, auxiliados pelo
Espírito Joanna de
Ângelis, chamamos de
inconsciente
transpessoal. Este
último possibilita que
os acervos de
experiências, registros
do passado, de
informações sobre nós
mesmos, embora pareçam a
princípio estáticos,
continuem, na verdade, a
ser processados de forma
independente, o que
permite a ocorrência da
interatividade com as
demais existências.
É possível entender que
vivemos constantemente
em processos
interdependentes e
interativos, ou seja,
além das trocas com os
outros, também vivemos
mergulhados em nós
mesmos, segundo um
contínuo aprimoramento,
e tais processos
influenciam na
construção de páginas de
um mesmo livro, formando
o acervo do
protagonista. E cada
capítulo a ser escrito
depende dos anteriores,
sendo o final sempre
passível de ser sempre
alterado.
Logo, passado, presente
e futuro se
inter-relacionam. Dessa
maneira, uma resolução
relativa a uma questão
do passado,
automaticamente gera
boas conseqüências no
futuro e isso
exemplifica uma visão
conceitual sobre o
paralelismo dos
universos.
O conteúdo transpessoal
não pode ser acessado
todo de uma vez,
sobretudo pela
necessidade do treino da
moralidade e da busca do
equilíbrio. Os mentores
nos acompanham e, como
grandes observadores e
mestres que são,
supervisionam e inspiram
quanto às intuições,
selecionando-as muitas
vezes. Conteúdo
disponível, mas não
acessível.
Dessa maneira, o que
seria real, se o que é
registrado em maior
parte está no
inconsciente e não no
consciente? O
inconsciente registra e
processa bilhões de
informações, enquanto o
consciente codifica
apenas milhares. Vivemos
e percebemos por meio
dessa pequena parte
codificada, o que
implica uma realidade
muito limitada.
Igualmente, o corpo
material também é uma
limitação, pois abafa os
sentidos do Espírito
pela densidade material.
O intelecto fica à
frente e é moldado pela
moral, o que explica a
condição de homens
simplórios, mas com
exuberante conhecimento
do sagrado e que, por
isso, vivem a
espiritualidade sem o
entrave intelectivo.
De outro lado, não
olvidemos que a potência
sem controle não é nada!
Freqüentemente, as
ocorrências anímicas são
interpretadas sem a
devida educação ou o
estudo mediúnico
correto, isto é,
meramente como
assistência espiritual.
Felizmente, para o bem
da sociedade,
Espiritualidade e
ciência caminham para o
entendimento e sujeitas
à previsão de que os
doutos em ciência
concluirão como os
rabis, os mestres e os
santos.
A ciência, por sua vez,
abre mão da sua sisudez
diante do universo do
microcosmo e busca as
fórmulas matemáticas
para explicar o
invisível e apela para
filosofia para exercitar
seu ego enferrujado.
Dessa forma, enquanto a
espiritualidade promove
a transcendência
material, cabe à ciência
microcósmica, com maior
intensidade e após o
advento da física
quântica, promover
igualmente tal
transcendência, unindo o
místico e o racional na
insubstância das coisas.
Se, de um lado, a
perfeição categórica
participa dos atributos
de Deus, de outro,
buscar o estado de
perfeição sugere para a
sociedade a procura do
equilíbrio entre as duas
grandes forças da
humanidade, a ciência e
a religião, pois isso
significa um caminhar
rumo à felicidade.
Uma última questão: o
que é o Espírito?
Sabemos que a substância
divina existe desde
sempre e, ainda, nem a
ciência nem a
espiritualidade explicam
sua existência. Contudo,
embora estejamos
impedidos de conhecer a
essência de Deus, cabe a
nós tão-somente
reconhecer a grandeza da
causa suprema, pois,
para Deus tudo é
possível e nos resta
apenas caminhar.