José Passini:
“A
Doutrina
Espírita é a
bússola que
me orienta no
estabelecimento
da rota da minha
vida”
Integrante do
Conselho
Editorial desta
revista, José
Passini
(foto) é
natural de Nova
Itapirema,
interior de São
Paulo, mas
reside há muito
tempo na cidade
mineira de Juiz
de Fora.
Espírita desde a
infância,
Passini
considera a
Doutrina
codificada por
Kardec como uma
bússola em sua
vida, assim como
ele mesmo diz.
Segundo ele, o
Espiritismo pode
ser comparado a
um farol que
ilumina seus
caminhos.
“Ele
me faz
assumir,
|
|
cada
vez
mais,
a
minha
condição de
espírito
imortal,
temporariamente
encarnado, isto
é,
conscientizando-me
da minha
cidadania
espiritual.” |
Esperantista
conhecido
internacionalmente,
Passini foi
reitor da
Universidade
Federal de Juiz
de Fora. Doutor
em Lingüística,
seu extenso
currículo revela
a ocupação de
diversos cargos
em casas
espíritas.
Atualmente ele
faz parte da
equipe do
programa Opinião
Espírita (rádio
e TV) e do
Departamento de
Evangelização da
Criança da
Aliança
Municipal
Espírita de Juiz
de Fora.
Nesta
entrevista, ele
manifesta sua
opinião sobre
diversos
assuntos
relevantes e do
interesse da
comunidade
espírita e
não-espírita.
Diz ele que,
quando apresenta
a Doutrina
Espírita aos
leigos, procura
fazê-lo com
clareza,
mostrando-a como
uma religião
singular, a ser
vivenciada fora
dos templos, no
serviço a Deus,
na pessoa do
próximo.
“Enalteço a sua
feição
consoladora,
pela certeza da
imortalidade da
alma, ao tempo
em que liberta a
criatura humana
do temor do
inferno,
resgatando as
lições de Jesus
no tocante à
Misericórdia
Divina. Enfatizo
sempre que o
Espiritismo não
trouxe nada de
novo, pois suas
propostas estão
todas contidas
no Novo
Testamento.
Todas.”
O Consolador:
Havendo nascido
no estado de São
Paulo, que fato
o levou a morar
em Juiz de Fora?
Passini:
Meus pais se
transferiram
para Lins,
quando eu
contava com 3
anos de idade.
Lá morei até os
19. Transferi-me
para São Paulo,
onde residi por
quatro anos.
Deixando São
Paulo, fixei-me
definitivamente
em Juiz de Fora,
em função de
emprego que me
foi oferecido.
O Consolador:
Qual a sua
formação?
Passini:
Licenciatura em
Letras, Mestrado
em Língua
Portuguesa e
Doutorado em
Lingüística.
O Consolador:
Que cargos ou
funções você já
exerceu no
movimento
espírita?
Passini:
Presidente do
Instituto Jesus,
obra de amparo
ao menor
carenciado;
presidente da
Aliança
Municipal
Espírita, por
duas vezes;
presidente do
Centro Espírita
União, Humildade
e Caridade.
O Consolador:
Que tarefas
desempenha
atualmente no
meio espírita?
Passini:
Membro da equipe
do programa
Opinião Espírita
(Rádio e
Televisão) e do
Departamento de
Evangelização da
Criança da
Aliança
Municipal
Espírita de Juiz
de Fora.
O Consolador:
Quando você teve
contato com o
Espiritismo?
Houve algum fato
ou circunstância
especial que
tenha propiciado
esse contato
inicial?
Passini:
Minha família
tornou-se
espírita quando
eu tinha uns 4
anos de idade. A
família toda é
espírita.
O Consolador:
Dos três
aspectos do
Espiritismo –
científico,
filosófico e
religioso – qual
é o que mais o
atrai?
Passini:
Os três, na
seguinte ordem:
religioso,
filosófico e
científico.
O Consolador:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
Passini:
Kardec, Léon
Denis, Emmanuel,
André Luiz.
O Consolador:
Que livros
espíritas você
considera de
leitura
indispensável
aos confrades
iniciantes?
Passini:
A Codificação e
as obras de
Francisco
Cândido Xavier,
notadamente as
escritas por
Emmanuel e André
Luiz.
O Consolador: Se
você fosse
passar alguns
anos num lugar
remoto, com
acesso restrito
às atividades e
trabalhos
espíritas, que
livros
pertinentes à
Doutrina
Espírita, você
levaria?
Passini:
Os acima
citados.
O Consolador: As
divergências
doutrinárias em
nosso meio
reduzem-se a
poucos assuntos.
Um deles diz
respeito ao
chamado
Espiritismo
laico. Para
você, o
Espiritismo é
uma religião?
Passini:
Depende do que
se conceitua
como religião.
Se o Espiritismo
não é religião,
Jesus não trouxe
religião alguma
à Terra. Acho
que é mais uma
questão de
palavras que,
infelizmente,
provoca muita
discussão capaz
de tirar muita
gente do
trabalho
produtivo.
O Consolador:
Outro tema que
suscita
geralmente
debates
acalorados, diz
respeito à obra
publicada na
França por J. B.
Roustaing. Qual
é sua apreciação
dessa obra?
Passini:
Creio que
Roustaing é um
dos Espíritos da
equipe de
Kardec, mas que
se desviou,
pretendendo
ombrear com o
Codificador,
produzindo uma
obra
completamente
equivocada. Nas
equipes dos
grandes
missionários há
sempre algum que
falha...
O Consolador: O
terceiro assunto
em que a prática
espírita às
vezes diverge
está relacionado
com os chamados
passes
padronizados,
propostos na
obra de Edgard
Armond. Embora
saibamos que no
Paraná a opção
já definida pela
Federação seja
tão-somente a
imposição das
mãos tal como
recomenda J.
Herculano Pires,
qual é sua
opinião a
respeito?
Passini:
Creio que há
pessoas que
sempre querem
dar um toque
pessoal em tudo,
chegando a
atitudes
infelizes. Jesus
foi muito
simples na
imposição de
mãos,
praticando-a com
naturalidade e
recomendando que
o imitássemos. O
essencial para o
passe é o
esforço do
passista em
manter-se
equilibrado,
vivendo dentro
dos parâmetros
do Evangelho de
Jesus. Menos
técnica e mais
Evangelho!
O Consolador:
Como você vê a
discussão em
torno do aborto?
No seu modo de
ver as coisas,
os espíritas
deveriam ser
mais ousados na
defesa da vida
como tem feito a
Igreja?
Passini:
O trabalho
espírita tem
sido
desenvolvido no
sentido de
esclarecer, com
muita firmeza,
sem campanhas
ruidosas.
O Consolador: A
eutanásia, como
sabemos, é uma
prática que não
tem o apoio da
Doutrina
Espírita. Kardec
e outros
autores, como
Joanna de
Ângelis, já se
posicionaram
sobre esse tema.
Surgiu, no
entanto,
ultimamente a
idéia da
ortotanásia,
defendida até
mesmo por
médicos
espíritas. Qual
a sua opinião a
respeito?
Passini:
Quem lê
atentamente
André Luiz não
tem dúvidas
quanto ao
assunto. No
livro “Obreiros
da Vida Eterna”,
vemos o caso de
Cavalcanti e de
Dimas. A
respeito deste
último, há uma
frase que
esclarece bem o
assunto:
“Estamos
autorizados a
aliviá-lo, o que
faremos hoje,
alijando-lhe o
fardo pesado de
matéria densa”
(cap. 13). Ora,
se os Espíritos
recebem ordem do
Alto para o
desligamento –
ou libertação,
conforme dizem
às vezes –, nós,
que não
enxergamos a
vida espiritual,
é que vamos
tomar
iniciativas?
O Consolador: O
movimento
espírita em
nosso país lhe
agrada ou falta
algo nele que
favoreça uma
melhor
divulgação da
Doutrina?
Passini:
Acho que a
Doutrina está
sendo muito bem
divulgada.
Talvez não a
gosto daqueles
que apreciam
grandes
espetáculos. A
maior
divulgação, a
mais eficaz, é
aquela feita
pela nossa
exemplificação
pessoal.
Portanto, a
questão não é
divulgação, mas
exemplificação,
conforme o
pensamento de
Guillon Ribeiro,
manifestado ao
irmão Jacob, no
livro “Voltei”:
“Daí continuar
acreditando que
o maior serviço
prestado à
Doutrina é,
ainda, o da
própria
conversão ao
Infinito Bem”.
O Consolador:
Como você vê o
nível da
criminalidade e
da violência que
parece aumentar
em todo o país e
como nós,
espíritas,
podemos cooperar
para que essa
situação seja
revertida?
Passini:
Estamos vivendo
aquilo que se
denomina “Fim
dos Tempos”. O
quadro vai
mudar, sem
dúvida. Basta
lembrarmos de
Jesus, quando
asseverou, no
Sermão da
Montanha: “...
os mansos
herdarão a
Terra”. Kardec
fala a mesma
coisa em “A
Gênese” e
Emmanuel em “A
Caminho da Luz”.
O Consolador: A
preparação do
advento do mundo
de regeneração
em nosso planeta
já deu, como
sabemos, seus
primeiros
passos. Daqui a
quantos anos
você acredita
que a Terra
deixará de ser
um mundo de
provas e
expiações,
passando
plenamente à
condição de um
mundo de
regeneração, em
que, segundo
Santo Agostinho,
a palavra “amor”
estará escrita
em todas as
frontes e uma
equidade
perfeita
regulará as
relações
sociais?
Passini:
Tenho certeza
absoluta de que
vai acontecer,
mas fixar datas
é um tanto
temerário...
O Consolador: Em
face dos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando,
qual deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita no
Brasil e no
mundo?
Passini:
Indubitavelmente
a evangelização
da Humanidade, a
começar, com
prioridade
absoluta, pela
criança. Creio
que o Movimento
Espírita ainda
não se
conscientizou
plenamente do
alcance do
trabalho de
evangelização
começado na
infância. Há uma
desproporção
muito grande
entre o tempo
empregado com a
mediunidade e
com a
evangelização da
criança. A
mediunidade
trata do mal já
instalado: a
evangelização da
infância aplica
preventivamente
a vacina contra
o mal.
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