EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A fortuna da
prece
Vinde, todos vós
que desejais
crer: acorrem os
Espíritos
celestes e vêm
anunciar-vos
grandes coisas!
Deus, meus
filhos, abre os
seus tesouros,
para vos
distribuir os
seus benefícios.
Homens
incrédulos! Se
soubésseis como
a fé beneficia o
coração e leva a
alma ao
arrependimento e
à prece! A
prece! Ah! Como
são tocantes as
palavras que se
desprendem dos
lábios na hora
da prece!
(Santo
Agostinho)
Em nossas vidas
há momentos de
contentamento e
satisfação, mas
também há
aqueles de dor e
dilaceração. É a
existência
marcada por seus
inúmeros
desafios e
obstáculos. Não
duvidamos disso,
pois a mudança é
inerente à nossa
condição de ser
ajustado à lei
do progresso.
Diante da dor e
da alegria,
devemos manter
nossa vigilância
contra o
estabelecimento
do
desequilíbrio,
que produz o
enfraquecimento
da coragem ou da
vontade, em
desacordo com o
entendimento
seguro de que
não estamos
abandonados,
pois somos
filhos de Deus.
Mesmo para o
homem
contemporâneo, é
no coração que
residem os
princípios que
regulam a
existência. E
isso origina a
inclinação para
a construção da
integridade
pessoal, no
encalço da
harmonização
entre as ações
externas e as
razões de ordem
interior, no
enlace com as
necessidades de
melhora do
Espírito, que
está novamente
encarnado para
praticar o bem e
expandir as
qualidades
albergadas pela
lei do amor e da
caridade, num
claro combate
aos vícios do
personalismo.
Desse modo, a
atitude do
recolhimento
causa no
praticante a
experiência no
qual ele aprende
que eu e o
Pai somos um,
o ponto de
partida
cotidiano para a
florescência do
fortalecimento
espiritual,
responsável pela
boa gerência da
vida em todas as
suas
manifestações,
mesmo aquelas
que reclamam
nossa coragem ou
resignação.
Desse modo, o
instante da
prece ilumina o
intervalo para o
diálogo com os
Bons Espíritos
e, com isso,
somos abrigados
pelo contato com
os amigos
espirituais,
fortalecidos
pelo intercâmbio
do amor e da
bênção, que nos
inspirará o
cumprimento dos
compromissos
rotineiros
pautados na
esperança e
otimismo.
Em realidade,
toda pessoa
precisa
colocar-se em
relação com o
ser a que se
dirige para
rogar, agradecer
ou louvar, pois,
a partir disso,
vivenciará a
ação que gera o
benefício da paz
interior e,
dessa maneira,
conseguirá
prosseguir
animado para
superar com
êxito seus
desafios.
A reverência ao
hábito da prece
está a serviço
da nutrição das
boas qualidades
do Espírito
humano – tais
como amor,
capacidade de
arrepender-se,
perdoar e
tolerar, ou
seja, o
despertar para o
agir cristão,
que é indulgente
e compassivo,
segundo os
princípios
expressados por
Jesus.
Nos seus
Solilóquios,
numa parte da
obra chamada
A oração a Deus,
Agostinho dizia:
“só a ti estou
disposto a
servir”. Ora,
embora saibamos
que o
Espiritismo
exige muito mais
do que uma
atitude
contemplativa,
pois o
compromisso do
espírita é
cooperar com a
transformação do
mundo, do
estabelecimento
da razão e da
semeadura do
amor, estar
disposto a
servir a Deus
implica também,
no plano íntimo
de cada
criatura, o
cuidado com a
prece, pois o
orar nos
estimula o
cultivo do
sereno viver e
conviver.
A serenidade e a
paz interna são
mantidas pela
prática diária
da nossa entrega
ao Pai, aos Bons
Espíritos, ao
Anjo Guardião,
que nos trazem
alívio e
inspiração
salutar, pois o
hábito da prece
obedece à
valiosa
prescrição do
Mestre Jesus:
“Orai e
vigiai”.
Fontes:
Kardec, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Tradução de J.
Herculano Pires.
14 ed. São
Paulo: FEESP,
1998, Capítulo
XXVII, Item 23.
Santo Agostinho.
Solilóquios.
Tradução de Irmã
Nair de
Oliveira. São
Paulo: Paulinas,
1993, p. 30.