LEONARDO
MACHADO
leo@leonardomachado.com.br
e
www.leonardomachado.com.br
Recife,
Pernambuco
(Brasil)
Esquizofrenia
Embora seja
discutida como
se fosse uma
doença única, a
esquizofrenia
pode ser
considerada como
uma síndrome
heterogênea, ou
ainda, como um
grupo de
transtornos com
causas
heterogêneas. A
sua pode ser
considerada a
história da
própria
psiquiatria, uma
vez que a
quantidade de
estudiosos desta
enfermidade é
vasta. Neste
contexto, o
psiquiatra
francês Benedict
Morel
(1809-1873) foi
quem primeiro se
utilizou do
termo démense
precoce, o
qual seria
latinizado, mais
tarde, por Emil
Kraepelin
(1856-1926) como
dementia
precox.
Caberia, porém,
ao suíço Eugen
Bleuer, em 1911,
a criação do
termo
“esquizofrenia”
que indica a
presença de um
cisma entre
pensamento,
emoção e
comportamento (esquizo
= cisão,
frenia =
mente).
Muito embora se
considere a
esquizofrenia um
achado raro,
atualmente se
sabe que a sua
prevalência é
algo em torno de
1% em todo
mundo;
entretanto,
apenas uma
pequena parcela
desta população
recebe o
tratamento
adequado.
Não há
características
patognomônicas
da doença, ou
seja, os sinais
e os sintomas
não são
exclusivos da
esquizofrenia,
podendo-se,
assim,
encontrá-los em
outros
distúrbios
psiquiátricos
e/ou
neurológicos.
Dessa maneira, a
sintomatologia
esquizofrênica
se apresenta
demasiada
abrangente. É
interessante
notar, no
entanto, a
presença
importante das
alucinações e
dos delírios.
Ainda, pela
complexidade do
distúrbio, foram
diferenciados
vários tipos de
esquizofrenias,
sendo estes os
principais
subgrupos:
paranóide –
caracterizada,
fundamentalmente,
pela presença de
delírios de
perseguição ou
de grandeza;
desorganizada ou
hebefrênica –
caracterizada,
principalmente,
por uma
regressão
acentuada a um
comportamento
primitivo;
catatônica –
caracterizada
por uma
acentuada
perturbação
psicomotora;
indiferenciada –
nesta
modalidade,
pacientes
dificilmente se
encaixam em um
dos outros
tipos; residual
– em que os
delírios e/ou
alucinações são
pobres.
Mas, apesar
destas diversas
nomenclaturas, a
sua causa, para
a medicina
oficial, é ainda
desconhecida.
Nada obstante,
no aspecto
bioquímico,
observou-se que
a atividade
dopaminérgica é
muito elevada
nos indivíduos
esquizofrênicos.
E, na
atualidade,
outros
neurotransmissores
vêm sendo
colocados na
implicação da
fisiopatologia
desta doença,
tais como a
serotonina, a
noradrenalina e
o GABA.
Neuropatologicamente
falando, o
sistema límbico,
que exerce
importante papel
no controle das
emoções, em
pacientes
portadores de
tal síndrome,
apresenta,
conforme foi
observado,
diminuição no
tamanho da
região que
abrange a
amígdala, o
hipocampo e o
giro
para-hipocampal.
Apesar de este
sistema ser, de
acordo com os
estudiosos, a
base
fisiopatológica
da doença,
outras áreas
cerebrais
parecem estar
envolvidas, como
os núcleos
basais, já que
estão
relacionados com
o controle dos
movimentos, os
lobos frontais
do telencéfalo,
o tálamo e o
tronco cerebral.
Geneticamente,
observa-se que
há uma ligação
na presença de
distúrbios em
membros de uma
mesma família,
sendo esta tanto
mais forte
quanto maior for
o grau de
parentesco.
Modernamente,
ainda, os exames
sofisticados de
imagens
cerebrais, tais
como a
ressonância
magnética e a
tomografia por
emissão de
pósitrons, e os
eletroencefalográficos
vêm dando
maiores
subsídios para o
estudo.
Um modelo para
integração
destes fatores
etiológicos é o
de
estresse-diátese,
no qual há no
portador uma
vulnerabilidade
específica, ou
diátese, a qual
deve ser
influenciada por
um estresse para
o surgimento da
sintomatologia.
De modo geral,
tanto o primeiro
quanto o segundo
podem ser
biológicos e/ou
ambientais.
Outrossim,
mecanismos ditos
epigenéticos,
como traumas e
drogas, podem
contribuir.
Percebe-se,
pois, que a
esquizofrenia é
uma síndrome com
grande
componente
fisiológico.
Além disso,
fatores
psicossociais
merecem grande
destaque. Neste
sentido,
diversas teorias
envolvendo o
paciente, a
família e os
aspectos sociais
foram
elaboradas. Como
exemplo, as
teorias
formuladas pela
psicanálise, não
só as relativas
a Freud, mas
também as de
Sullivan e as
descritas por
Margaret Mahler.
Há de se
considerar
sempre, no
entanto, a
complexidade
desta
enfermidade.
Sendo assim,
imperioso é
lembrar as
palavras de
Bleuler, quando
concluiu ser a
esquizofrenia
“uma afecção
fisiógena, mas
com ampla
estrutura
psicógena”.
Dessa forma, do
ponto de vista
fisiológico,
apesar das
grandes
descobertas já
realizadas até
aqui no campo
dos mecanismos
etiopatogênicos,
é preciso
considerar que o
arsenal ainda
não se esgotou.
Isso porque,
afora as
contribuições
psicossociais,
há que se levar
em consideração
o Espírito
imortal, agente
causal
fundamental.
Não é de se
espantar,
portanto, as
palavras do
sábio grego
Sócrates, quando
bem afirmou que
“se os médicos
são
malsucedidos,
tratando da
maior parte das
moléstias, é que
tratam do corpo,
sem tratarem da
alma. Ora, não
se achando o
todo em bom
estado,
impossível é que
uma parte dele
passe bem”.
A Doutrina
Espírita
identificando o
indivíduo real
como sendo o
Espírito, ser
pensante do
universo,
estudando
profundamente as
relações deste
com o corpo
material,
através do seu
envoltório, ou
perispírito, no
dizer de Allan
Kardec,
comprovando a
imortalidade da
alma, através
das comunicações
mediúnicas e a
capacidade que
os desencarnados
têm de
influenciar os
ditos vivos,
mostrando a
reencarnação e
explicando os
mecanismos
evolutivos da
lei de ação e
reação,
mostrando a
loucura por
outro prisma e
destrinchando os
mecanismos das
obsessões, abre
novos rumos ao
entendimento
desta importante
doença.
Desse modo, como
dissera o Dr.
Adolfo Bezerra
de Menezes,
nessa estrutura
psicógena,
falada pelo
eminente
psiquiatra suíço
supracitado,
situam-se,
igualmente, os
fatores
cármicos, de
procedência
anterior ao
berço. Isso
porque também o
paciente
esquizofrênico é
um Espírito
imortal em
processo de
evolução.
Neste contexto,
pois, observa-se
que a
esquizofrenia
guarda a sua
origem profunda
no Espírito que
delinqüiu. Este
fica atormentado
pela consciência
de culpa, devido
aos erros de
vidas
transladas, os
quais,
provavelmente,
passaram
despercebidos
pela justiça
terrena, mas não
foram capazes de
ludibriar as
leis do Criador,
porque inscritas
dentro do ser.
Conseqüentemente,
tal sentimento
impregna o
perispírito e,
mais cedo ou
mais tarde, em
uma nova vida,
vai trazer à
tona no corpo
físico, desde
antes da
concepção fetal,
os fatores
necessários para
a predisposição
à síndrome e
para a
necessária
reparação dos
crimes
cometidos.
Não se trata,
portanto, de uma
cisão do
pensamento,
conforme lhe
indica o nome,
mas de uma
dificuldade em
exteriorizá-lo
em face do
processo
complexo
supra-explicado
que constitui
para o
esquizofrênico
um impositivo
expiatório, uma
vez que em
outras
tentativas
provacionais, em
outras
existências, ele
fora
malsucedido.
Dessa maneira,
com as
contribuições da
ciência
espírita,
pode-se entender
a esquizofrenia
como sendo uma
síndrome que tem
no seu
fundamento um
transtorno
espiritual. Este
gera no corpo os
meios
fisiológicos
necessários à
sua
exteriorização,
sendo
influenciado por
diversos fatores
psicossociais.
Além disso, é
preciso levar em
conta a
influência
negativa,
através da
obsessão, gerada
pela(s)
antiga(s)
vítima(s) do
atual doente, o
que contribui
para o
agravamento do
quadro e para o
surgimento de
outras
disfunções
características
do transtorno.
Por isso mesmo,
é preciso vê-la
como sendo um
processo misto
de natureza
espiritual,
fisiológica,
obsessiva e com
fortes
influências
psicossociais.
Mister se faz
anotar, ainda,
que todas essas
etiologias
atualmente
explicadas pela
ciência são, na
verdade,
“causas-conseqüências”
e não as origens
reais, uma vez
que estas se
encontram no ser
causal e não na
sua cópia
material. Afora
isso, a
complexidade
sintomatológica
e causal está,
certa e
diretamente,
ligada às
intricadas e
complexas tramas
do Espírito e do
destino.
Outrossim,
aquilo que
muitos têm na
cota de
alucinações e de
delírios são, em
reiteradas
oportunidades,
contatos
mediúnicos; não
se ignorando,
entretanto, que
podem ser também
reflexos da
consciência em
turbilhão que
traz, de quando
em vez,
sensações do
passado ou ainda
originadas pela
desorganização
do soma.
Portanto, por se
tratar de uma
síndrome com
grandes
componentes
fisiológicos, o
tratamento
farmacológico
guiado pelos
antipsicóticos
propostos pela
psiquiatria se
faz urgente.
Tanto para
reprimir os
sintomas, quanto
para tratar
aquilo que
preferimos
chamar de
“causas-conseqüências”.
No entanto, não
se deve furtar
aos benefícios
das diversas
abordagens
psicoterápicas
vigentes para ir
além da
tratativa dos
sintomas.
Observando-se as
contribuições do
Espiritismo, que
vislumbra o ser
integral,
imprescindível
se faz, com o
objetivo de
remontar às
causas
fundamentais da
esquizofrenia,
não ignorar a
terapêutica
espiritual,
quais sejam a
desobsessão, a
fluidoterapia
pela imposição
das mãos e pela
água, a oração
e,
primordialmente,
a psicoterapia
oferecida pela
Doutrina
Espírita, que se
baseia nos
ensinos de Jesus
do amor e da
caridade, e que
um dia não muito
longínquo
impregnará os
conceitos das
academias.
Nada obstante,
não se devem
esperar
resultados
exageradamente
rápidos em se
tratando de tão
grave
enfermidade que
tem raízes
fincadas no
passado, próximo
ou milenar. Além
do mais, seres
imortais que
todos são, os
homens não devem
vislumbrar
apenas o momento
fugidio, mas,
sobretudo, o
relógio do
futuro.
Sendo assim,
como ser imortal
que vive no
presente
cuidando do
porvir, o
indivíduo,
Espírito que é,
deve procurar o
trabalho da
profilaxia. E,
neste contexto,
como se pode
deduzir, o
Evangelho de
Jesus é ainda, e
sempre será, a
melhor
alternativa. A
sua mensagem de
vida abundante
deve hoje, e
deverá amanhã,
penetrar as
vidas de todos
em busca da
saúde integral.
O amor,
terapêutico e
profilático, é,
e sempre será, o
divino remédio.
Neste sentido, a
relevância
oportuna das
palavras do
Mestre:
“reconciliai-vos
o mais depressa
possível com o
vosso
adversário,
enquanto estais
com ele a
caminho, para
que ele não vos
entregue ao
juiz, o juiz não
vos entregue ao
ministro da
justiça e não
sejais metidos
em prisão”. E
esta prisão,
muitas vezes,
vem em forma de
uma estrutura
nervosa
desajustada,
similar àquela
que ocorre em um
paciente
esquizofrênico.
Bibliografia:
-
Kaplan,
Harold I.
Sadock,
Benjamin J.
Grebb, Jack
A. trad.
Dayse
Batista.
Compêndio de
psiquiatria
: ciências
do
comportamento
e
psiquiatria
clínica.
7.ed. 6ª
reimpressão.
Porto Alegre
: Artmed,
1997, capt.13,
p.439-466.
-
Harrison
medicina
interna. Editores
Dennis L.
Kasper...[et
al.].
16.ed. Rio
de Janeiro:
McGraw-Hill
Interamericana
do Brasil
Ltda., 2006,
capt. 371,
p.2684-2865.
-
Franco,
Divaldo P.
pelo
Espírito
Manoel
Philomeno de
Miranda.
Entre os
dois mundos.
1.ed.
Bahia :
LEAL, 2005,
capt.13,
p.142-145.
-
Franco,
Divaldo P.
pelo
Espírito
Manoel
Philomeno de
Miranda.
Loucura e
obsessão.
1.ed.
Rio de
Janeiro :
FEB, 1988,
capt.4,
p.49-52.
-
Kardec,
Allan. O
Livro dos
Espíritos.
76.ed. Rio
de Janeiro :
FEB.
-
Kardec,
Allan. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
112.ed. Rio
de Janeiro :
FEB,
introdução,
ponto IV,
p.51.
-
São Matheus
5: 23 e 24.