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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 26 - 12 de Outubro de 2007

ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais (Brasil)


A alma após a morte

No terceiro capítulo, da parte segunda de O Livro dos Espíritos, Kardec trata da questão que mais tem preocupado os homens desde sempre: a morte. E o próprio título do capítulo, “da volta do espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual”, já deixa claro o que se deve pensar deste fato comum na vida das pessoas e que, entretanto, incompreensivelmente, é tão mal aceito pela maioria das pessoas.  

O que nos cabe, então, é buscar responder a grande questão humana: O que acontece conosco depois do advento da morte?

Para os materialistas, uma única evasiva resposta: simplesmente nada. A vida para eles é um mero aglomerado de células. Desfeita a aglomeração, a vida se acaba e tudo se extingue. Tudo se apaga.

Para os espiritualistas, a resposta ganha outra direção. Extinta a vida do corpo, a alma continua existindo, sujeita a destinos variados, de acordo com a fé de cada um.

Para certos espiritualistas, ela fica em estado de inconsciência plena, sujeitas ao sono profundo, até o momento em que se dá a chamada ao julgamento e os seus resultados: condenação ao sofrimento sem fim, ou premiação, segundo a felicidade eterna. Para outros, a alma retorna à fonte de onde saiu, reintegrando-se a ela com a perda total da individualidade.   A alma, nesse caso, seria tal qual uma gota d’água que, caindo sobre o oceano, nele se reintegrasse, perdendo a  identidade.

Há ainda outros espiritualistas que entendem que a alma é julgada imediatamente após a morte, recebendo a destinação que a sentença lhe indicar: felicidade ou sofrimento eternos.

 Nós, espíritas, temos uma maneira diferente de ver a questão. A morte, para nós, é apenas o ato de despojar-se a alma do corpo grosseiro de que se serviu durante a existência terrena, prosseguindo, em outra dimensão, uma vida mais intensa do que a que conheceu, quando de sua passagem pelo planeta Terra.  Assemelha-se a alguém que se livrasse de uma roupa velha para vestir roupa nova.  Para nós, a morte não mata a vida. Faz apenas com que voltemos a ter a vida que tínhamos antes de nascer e de que abrimos mão por algum tempo, para uma nova experiência no plano dos homens.

Por que pensamos assim?  Porque aqueles que morreram antes de nós, voltaram para nos dizer como as coisas acontecem. O que nós sabemos, colhemos dos inúmeros depoimentos daqueles que passaram por ela e voltaram para nos ensinar. Há milhares de testemunhos, absolutamente confiáveis, que tratam dessa matéria.  Tantos são os depoimentos que a aceitação de sua veracidade não está mais implicada a uma simples questão de crença, mas de conhecimento, de leitura, de estudo.

Livros há muitos sobre a matéria, mas dois deles merecem ser citados: ”A crise da morte”, de Ernesto Bozzano, pesquisador italiano de fama internacional e “Raymond”, do renomado cientista inglês Sir Oliver Lodge.

O livro de Bozzano analisa depoimentos diversos para pôr em evidência a unanimidade das informações, característica básica, segundo Kardec, para avaliação segura da mensagem recebida.

A obra de Oliver Lodge nasceu do sofrimento do pai que perdera o filho, na guerra de 1914, um piloto, cujo avião explodira no ar atingido pela força inimiga.  Entendendo que deviam enterrar o corpo do filho, ele e sua mulher saíram desesperados a procurar, sem sucesso, o corpo do seu indigitado Raymond. Finalmente, advindo do mundo espiritual, o filho reaparece e, valendo-se da mediunidade de várias senhoras inglesas, dá provas incontáveis de sua identidade e estabelece interessantes diálogos com o pai, fazendo surgir mais tarde o referido livro, que é tão importante.

A literatura mediúnica, sobretudo a coleção de André Luiz, é farta em instruções sobre o tema da morte, em absoluta concordância com o que Kardec já havia assinalado nas questões 149 a 165 do livro básico da doutrina espírita. Neste percurso, o leitor encontrará as questões cujas respostas todos gostariam de saber, tais como: Que acontece à alma no momento da morte? Após a morte, a alma conserva a sua individualidade? Como comprova a sua individualidade se não mais tem o corpo que a identificava? Dói quando a alma se separa do corpo? Como se opera essa separação? Instantaneamente, por brusca transição, ou devagar como quase tudo na natureza? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte? No momento da morte, costuma a alma entrever o mundo para onde vai de novo entrar? Que sensação experimenta a alma no momento em que reconhece estar no mundo dos Espíritos? Quem morreu encontra-se imediatamente com os que conheceu na Terra e que morreram antes dele? Nos casos de morte violenta e acidental, a separação da alma e a cessação da vida ocorrem ao mesmo tempo? A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo? A perturbação é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos?

Finalmente, o conhecimento do Espiritismo ajuda?
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita