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Entrevista
Ano 1 - N° 26 - 12 de Outubro de 2007
ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br

Matão, São Paulo (Brasil)

Jorge Herrera Lopes:

A experiência de um deficiente visual

 Com total deficiência visual desde os 6 anos de idade, a sensibilidade aguçada e o amor à música fazem do confrade paulista um artista que é preciso conhecer

O nome artístico é Cantor Rodrigo, mas seu nome civil é Jorge Herrera Lopes (foto). Tem 41 anos, reside em Bauru, São Paulo. Há alguns anos tornou-se espírita através do contato com parentes espíritas. Portador de total deficiência visual desde os 6 anos de idade, vive profissionalmente de apresentações musicais, mas também profere palestras espíritas   utilizando-se   de  sua   grande

sensibilidade musical e expressivo talento que precisa ser conhecido.

Conhecemo-nos há algum tempo. Desde os velhos tempos de Mineiros do Tietê, onde se apresentou. Também já esteve em Matão e é muito conhecido na região de Bauru, seja em eventos profissionais ou em eventos do movimento espírita. Convidamo-lo para uma entrevista, cujas respostas colocamos à disposição do leitor.

– Como surgiu o gosto pela música?

Jorge: Desde a infância, eu sempre gostei de ouvir músicas e cantar, e aos 16 anos de idade aprendi a tocar violão.

– Você é espírita desde criança?

Jorge: Não.

– Como tomou contato com o Espiritismo?

Jorge: Foi por meio de alguns parentes que já eram espíritas. No ano de 1982, comecei a freqüentar o Centro Espírita Antônio de Pádua na cidade de Bauru, São Paulo.

– Sua deficiência visual é total ou há alguma porcentagem de visão?

Jorge: Total, desde os seis anos de idade.

– Você chegou aprender o braile?

Jorge: Sim, fiz o curso de braille no Lar Escola Santa Luzia para Cegos, em Bauru mesmo.

– E as músicas, o manejo com o violão, como é o aprendizado?

Jorge: Aprendo as músicas ouvindo, e depois interpreto com o violão.

– Você vive profissionalmente da música?

Jorge: Sim, me apresento em festas ou em qualquer outro evento.

– E no movimento espírita, como é seu envolvimento da música com a atividade doutrinária?

Jorge: Faço palestras musicais, onde canto e falo algumas mensagens relacionadas com as músicas que apresento.

– Durante as apresentações, espíritas ou não, como você sente a platéia presente?

Jorge: Através da energia emanada pelas pessoas. Não posso vê-las com os olhos físicos, mas posso vê-las com os olhos do coração.

– E a presença dos Espíritos? Há algum relato a nos trazer?

Jorge: Nas palestras sinto que eles estão presentes me intuindo. São nossos amigos, estão sempre querendo nos ajudar basta que estejamos com bons pensamentos e atitudes, para que eles possam nos auxiliar naquilo que for possível.

– Atualmente com os mecanismos facilitadores da internet como o skype e os programas específicos para deficientes visuais, como você acha que ficou esse universo de comunicação para os que detêm dificuldades visuais?

Jorge: Melhorou muito. Eu tive a oportunidade de fazer um curso de informática, e estou muito feliz com a integração que isso me proporcionou.

– O conhecimento espírita é importante na superação dos obstáculos oriundos da deficiência visual?

Jorge: Sim, porque nos faz ver a vida por outro ângulo e percebermos que não há acasos.

– Qual a maior experiência de vida que um deficiente visual pode transmitir à sociedade?

Jorge: É a de conhecer a beleza das pessoas por dentro, e de sentir a sensibilidade de cada um.

– Você chega a enfrentar preconceitos?

Jorge: Não são preconceitos. Na realidade, é falta de conhecimento sobre a vida do deficiente.

– Que mensagem você deixaria para quem não tem deficiência visual?

Jorge: É preciso lembrar que temos mais quatro sentidos, e não devemos nos concentrar apenas no sentido da visão.

– E para os que vivem dificuldade idêntica à sua?

Jorge: Que tenham força de vontade, que é possível vencer  os obstáculos.  

Contatos com Rodrigo pelo e-mail rodrigocantor@itelefonica.com.br
ou pelo telefone (14) 3230-5997. 
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita