EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Os limites do
homem no mundo
Vivei com os
homens do vosso
tempo, como
devem viver os
homens:
sacrificai-vos
às necessidades,
e até mesmo às
frivolidades de
cada dia, mas
fazei-o com um
sentimento de
pureza que as
possa sacrificar.
(O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
Capítulo XVII,
Item 10 – Um
Espírito
Protetor.)
Num olhar
distraído, somos
capturados pelos
apelos de um
mundo que é
matéria,
sucesso, poder e
dinheiro. No
entanto, se
prestarmos
atenção,
sentiremos que,
perante isso,
tudo é pouco
expressivo, pois
tingido pela
marca da
impermanência.
Ciente desse
atributo
transitório,
caso haja o uso
da reflexão,
seria explicado
muito das
enfermidades e
das dificuldades
de viver dentro
de limites do
dever cristão.
Depois que
compreendemos o
roteiro dos
postulados
espíritas, logo
percebemos que
existe a fé à
procura da
inteligência e
também a
inteligência em
busca da fé.
“Deus está além
da razão, mas
não contra ela”,
dizia Pascal.
Portanto, nesse
itinerário,
espírita e
cristão, deve
haver o empenho
de direcionar a
vida, no mundo,
para o
aprimoramento
das dimensões
racional e moral
do ser humano,
que,
necessariamente,
depende da
aplicação
essencial do
amor e da
caridade.
Santo Agostinho
dizia que na
Igreja de seu
tempo muitas
pessoas portavam
o selo “cristão”
quando seu agir
não se ajustava,
de maneira
alguma, às
virtudes
encarnadas pelo
próprio Cristo.
Penso, no eco
agostiniano, que
aderir aos
exemplos de
Jesus não é uma
questão de
“etiqueta”, mas
de cuidado e
atitude.
Trata-se, pois,
de avançar na
jornada para
fazer o que for
essencial para a
realização da
reforma íntima e
da prática do
bem, embora isso
solicite
sacrifício e
disciplina, pois
todo aquele que
aspire a
comungar com as
lições do Mestre
toma para si o
dever de
melhorar-se e
servir à
sociedade, sem
desatender seus
talentos e
habilidades.
De outro
aspecto,
refletir os
limites do homem
no mundo também
sugere uma sadia
relação com os
bens que a
condição mundana
permite. O que
torna essa
dinâmica
salutar,
claramente, é o
reconhecimento
sincero que tudo
que nos é dado
pertence ao Pai,
o Senhor de
nossas dádivas e
nossas bênçãos.
Isso facilita
nosso viver e
nos faz
responsáveis
pelos nossos
pensamentos e
sentimentos, que
têm ressonância
direta em nossa
prática
cotidiana.
“Portanto, quer
comais, quer
bebais, quer
façais qualquer
outra coisa,
fazei tudo para
a glória de
Deus”, alertava
São Paulo, na
Primeira Carta
aos Coríntios.
Que toda ação
seja
manifestação do
Pai em nós e,
por isso, de
acordo com uma
vida com
propósito.
Ainda no mundo,
o ser humano
necessita
aprender a estar
com o Cristo. E
é este
aprendizado que
demarca seu
espaço de ação.
Passar do inútil
repertório para
uma vida ativa
no bem, na qual
o velho homem dê
lugar ao novo e,
dessa maneira,
passe ele mesmo
da vida
suportada
para a vida
escolhida:
no sono ou na
vigília, devemos
nos preencher da
tarefa de nos
tornar capazes
de instrução
(conhecimento) e
de moralidade
(ação no bem e
na caridade), as
duas asas
necessárias para
o vôo fecundo em
direção à Casa
do Pai, que nos
espera.
Sem dúvida, o
indivíduo que
pretenda
guiar-se pelos
princípios
cristãos precisa
aprimorar o
exercício da
atenção, pois,
ainda que
mergulhado nas
relações
mundanas,
ocupado com o
viver e
conviver,
impregnado pela
ação ou repouso,
não deve se
desviar de
Jesus, o
Bem-Amado. Além
disso, seremos
julgados na base
do amor, segundo
as obras
realizadas
durante o nosso
percurso na
Terra.