MARCELO HENRIQUE
PEREIRA
cellosc@floripa.com.br
Florianópolis,
Santa Catarina
(Brasil)
Misericórdia:
O
efeito conduz
à causa
“Sede
misericordiosos
como
misericordioso é
vosso Pai. Não
julgueis e não
sereis julgados.
Não condeneis e
não sereis
condenados.
Perdoai e sereis
perdoados. Dai e
vos será dado”.
Jesus (Lc;
6:36-38).
Uma das
principais
virtudes
“divinas”, a
Misericórdia,
foi-nos
solenemente
apresentada por
Jesus de Nazaré
em seus diálogos
e pregações.
Dizia ele que
somente o Pai
seria
infinitamente
justo, bom e
misericordioso.
O foco estaria
na possibilidade
(infinita) do
aprendizado, do
refazimento, da
reconstrução.
Nada seria
absoluto e
representaria
condenação ou
destruição e, do
contrário,
haveria sempre a
oportunidade de
à frente se
modificar o
panorama então
existente (no
aspecto
espiritual).
O passado, isto
é, o que fizemos
ou deixamos de
fazer, nunca
pode ser
alterado – não
obstante, em
muitas de nossas
fantasias
mentais,
desejássemos uma
máquina
fantástica (como
nos filmes de
ficção
científica) para
“voltar no
tempo”. Melhor a
nossa
concentração no
presente e, com
o que nele
fizermos,
endereçarmo-nos
para melhores
vivências (e
conseqüências)
no futuro.
A misericórdia,
então,
representa o
convite à paz.
Sendo
misericordiosos,
compreendemos o
outro – em seu
momento
existencial
próprio – e não
exigimos dele
qualquer atitude
“conforme” às
nossas
aspirações e
desejos. Do
contrário, com
um
posicionamento
indulgente,
aprendemos que
cada um é
herança de si
mesmo e reage ou
se manifesta de
acordo com sua
bagagem e
trajetória. Nem
mais, nem menos!
No padrão exato
da consciência
de si mesmo e da
disponibilidade
em traduzir em
atos e palavras
a expressão de
suas crenças e
ideologias.
Se respeitamos o
outro como ele
é, evitamos o
confronto e, por
conseguinte, o
embate. Isto não
significa,
entretanto, que
não possamos
discutir, isto
é, conversar em
clima sereno e
harmônico,
inclusive
perpassando as
possíveis
“diferenças” de
entendimento –
entre eu e o
outro. O debate
importa a
apresentação de
idéias e pontos
de vista que,
primariamente,
podem ser
distintos, mas
que poderão
representar,
mais à frente, o
nosso (e/ou o do
outro)
amadurecimento
ou revisão de
determinadas
visões e
interpretações,
de modo salutar,
na seqüência do
(natural)
caminho
evolutivo.
O que importa é
entender a
misericórdia
como a perene
disposição (e
disponibilidade)
ao “acerto de
contas”, ou
seja, ao perdão
das “ofensas” do
outro (ou
minhas,
vice-versa),
justamente por
entendermos que
a natureza
humana (ainda
imperfeita) nos
endereça às
reações que são
“naturais”
porque provêm de
nossa real
essência. Não
podemos reagir
de outro modo,
salvo pelo
esforço que
empreendermos na
vigilância e na
correção daquilo
que, antes,
tivermos
considerado
inoportuno ou
inadequado.
Como afiançam
alguns avatares,
o perdão das
ofensas é um
elemento
creditório em
relação a nós
mesmos, já que
não sabemos se à
frente, em
situações
similares,
também não
teremos agido de
modo indevido ou
censurável,
ocasião em que
também
“precisaremos”
da compreensão
dos outros.
Sê,
pois,
misericordioso
com teu
interlocutor
para que a
misericórdia
dele também te
alcance, quando
se fizer
necessário!