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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 27 - 19 de Outubro de 2007

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniamva@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A necessidade humana da misericórdia

Se teu coração te condena, Deus é maior do que teu próprio coração. (Jo, I, 3:21.)

Jesus, tal como o Pai, não se fixa no mal e isso não quer dizer que o ignore, mas onde os outros enxergam um ladrão, um traidor, um devedor, uma prostituta, Ele observa, com misericórdia, um ser humano em sofrimento.

Conhecedor do coração humano, o Mestre de Nazaré compreende os equívocos, as imperfeições. E, na parábola da mulher adúltera, Ele surpreende a massa humana que a condenaria com a morte pelo apedrejamento, segundo o antigo preceito da ordem social israelita, à medida que, no lugar da pena capital, dá a ela o eflúvio da misericórdia, que lhe consola com a oportunidade de absolvição e de recomeço.

A misericórdia, cujo termo composto agrega em sua raiz os vocábulos miseri (miséria, aflição) e cordia (coração), serve de base para a compreensão das situações difíceis ou dos enganos cometidos pelos outros. Nesse encalço, a misericórdia rebate a dureza do coração, pois ela se mistura, como um alento, à compaixão. Esta última é avivadora da esperança para aquele que cai em erro, que peca, que erra o alvo, caso utilizemos o ponto de vista etimológico da palavra pecado (hamartia).

E é essa dureza do coração que Jesus rechaça ao ensinar a urgência da compaixão e do esquecimento das ofensas aos enfermos e condenados de toda sorte e, pelo itinerário de seus exemplos, destaca a caridade e repele o ressentimento da vingança ou da desmedida condenação, dos quais ainda somos legatários em lembrança à dura lei de talião.

Infelizmente, ainda hoje, precisamos reconhecer que temos mais facilidade para julgar (e condenar) que amar. E por isso o aprendizado do perdão, da reconciliação, da compaixão, é tão imperativo para o nosso viver e conviver, segundo a essencial internalização das parábolas do bom samaritano, da mulher adúltera, entre outras, para nosso processo regenerador.

Cristo sabia da nossa fraqueza em amar e perdoar. Se não fossem nossos estados miseráveis de amor e caridade, enraizados nos vícios do orgulho e do egoísmo, não teria sentido Jesus vir à Terra, pois, na melhor das hipóteses, cada um de nós tem uma oscilante chama de amor. Com isso, sua paciência em nos ensinar o fim último de todas as lições: o viver no amor. O amor é prelúdio para toda espécie de entendimento. Desse modo, faz eco acalentador em nossos Espíritos quando Pedro nos diz que a misericórdia de Deus é abundante (I, 1:3), pois ela se derrama em toda parte.

Francesco Carnelutti, jurista italiano, pondera com sabedoria sobre a dificuldade humana em lidar com a misericórdia, de acordo com o efetivo esquecimento das ofensas: “A pena, se não mesmo sempre, nove vezes em dez não termina nunca. Quem em pecado está é perdido. Cristo perdoa, mas os homens não”.

Para nossa regeneração, Cristo nos legou uma série de lições e exemplos. Logo, como uma terapia de ajuda em benefício de nosso progresso, a parábola da adúltera pode nos ensinar a sondar nosso coração. Esta sondagem íntima pode nos conduzir ao aprendizado das leis divinas para o autoconhecimento e não para o uso inapropriado do julgamento alheio, pois quantos de nós descobriríamos, no uso da auto-reflexão, nossas covardias e atos inadequados – pensados ou praticados... No mínimo, uma visita ao nosso íntimo nos faria cientes da nossa comum situação de carentes da máxima: “Não julgueis, pois, para não serdes julgados.” (Mateus, VII: 1-2) 

Bibliografia:

Carnelutti, Francesco. As misérias do processo penal. Tradução de José Antonio Cardinalli, Campinas: Conan, 1995, p.77.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita