CRISTIAN MACEDO
cristianmacedo@potencial.net
Porto Alegre,
Rio Grande do
Sul (Brasil)
A gratidão
A ingratidão é
filha do egoísmo...
(1)
Estava lendo um
livro de Osho,
no qual ele
falava que a
gratidão é uma
prece. Falava
mesmo, pois ele
não escrevia.
Seus livros
resultam de
gravações das
palestras que
realizava.
A questão é:
como ser grato?
Rodeados de
ingratos...
Quando pensamos
em gratidão, nos
vem quase sempre
à cabeça aquilo
que desejamos
que os outros
nos fizessem em
troca de uma
“boa ação” que
realizamos.
Ao ajudar
alguém, o
“caridoso”
deseja ser
lembrado,
reverenciado por
toda a vida.
Tanto tem essa
necessidade que,
se não recebe as
lisonjas que
espera, diz que
nunca mais irá
fazer nada pelos
outros... Pois
os outros são
ingratos.
Muitas vezes a
pessoa que
recebeu a ajuda,
a ação boa, está
com saúde e
ânimo, está
ajudando outros.
Isso não basta.
A ajuda deve ser
lembrada todos
os dias e falada
aos quatro
ventos.
Além de bajular,
aquele que é
“grato” deve ser
garoto
propaganda do
seu benfeitor.
Talvez por
manter essa
visão de
gratidão, poucos
se acham gratos.
Poucos se
ajoelham diante
de Deus e o
bajulam com
palavras
recitadas. Não
têm tempo para
isso e se sentem
ingratos... Têm
culpa.
Reconceituando a
gratidão
Mas então o que
é ser grato?
É reconhecer as
graças
recebidas. É
fazer da vida
uma demonstração
de gratidão.
O trabalho bem
feito, sério e
construtivo, é
demonstração de
gratidão.
Os pais que, por
amor, educam seu
filho, ao
presenciarem o
seu êxito, o seu
sucesso como
pessoa, como
trabalhador,
como pai de
família,
percebem que o
filho é grato
por tudo que
recebeu, pois
está fazendo bom
uso de tudo.
Árvores, flores,
animais, todos
são gratos à
vida. Todos
vivem
plenamente. Dão
ao mundo seu
melhor, sua
beleza, sua
abundante vida.
Isso é gratidão.
As pessoas que
se dedicarem ao
bem,
aproveitando a
dádiva da vida,
da saúde, do
discernimento,
demonstram, sem
dúvida, uma
gratidão imensa.
O que dizer de
alguém que reza
a Deus
agradecendo, mas
age de forma
imoral no mundo?
O que dizer de
um filho que
bajula os pais,
mas passa a vida
à custa deles? O
que dizer de
alguém que
sempre nos
agradece, mas
não fez bom uso
do que lhe
oferecemos?
É uma gratidão
inútil. É uma
gratidão dos
lábios e não do
coração.
Ser grato nos
faz feliz
Quando
entendemos a
vida, quando
ampliamos nossa
consciência,
somos mais
alegres,
sorrimos mais,
nos tornamos
mais leves.
Ser grato por um
dom é usá-lo
bem. E isso nos
faz feliz: fazer
o que manda
nossa vocação.
Cumprir o
propósito é ser
grato.
Quando nos
casamos com
alguém que
amamos, somos
felizes. Mas não
basta agradecer
a Deus, ou à
pessoa que
aceitou “o
desafio”. Viver
em comunhão,
respeito e
atenção plena é
uma demonstração
de gratidão.
Quando
arranjamos o
emprego dos
sonhos, nossa
gratidão deve
ser expressa nas
atitudes
corretas e no
dever cumprido
com seriedade.
Não adianta
agradecer ao
patrão e prestar
um serviço
ruim.
Diante da
doença, surge a
cura. Não
bastará
agradecer ao
médico. A
gratidão engloba
mudanças de
hábito e uso
ético do corpo
saudável.
Viver a gratidão
é viver a vida.
É viver em ampla
consciência. É
realizar coisas
boas, é
alimentar a
compaixão, a
benevolência, a
indulgência, o
perdão, é
sorrir,
conhecer,
amar...
Agradecer à vida
é abrir-se a ela
plenamente, como
as árvores ao
darem frutos, as
flores ao
exalarem
perfumes, as
crianças rindo
nas brincadeiras
e descobertas...
Bibliografia:
KARDEC, Allan.
O Livro dos
Espíritos.
Item 937.