21. Efeito da
prece - A
diferença do ambiente
dentro e fora da Casa
espírita era notória. A
atmosfera interior
impregnava-se de
elementos balsâmicos,
regeneradores. Fora, o
ar pesava, o oxigênio
parecia tocado de
magnetismo menos
agradável. André Luiz
compreendeu uma vez mais
a sublimidade da oração
e do serviço da
Espiritualidade
superior, na intimidade
das criaturas. A prece,
a meditação elevada, o
pensamento edificante
refundem a atmosfera,
purificando-a. O
pensamento elevado
santifica a atmosfera em
torno e possui
propriedades elétricas
que o homem comum longe
está de imaginar. A rua,
entretanto, é
repositório de vibrações
antagônicas, em meio de
sombrios materiais
psíquicos e perigosas
bactérias de variada
procedência, em vista de
a maioria dos
transeuntes lançar em
circulação, sem cessar,
colônias imensas de
micróbios diversos e de
maus pensamentos de toda
ordem. Muitos
agrupamentos de
entidades infelizes e
inquietas postavam-se
nas cercanias do Centro.
Eram os companheiros dos
participantes da reunião
que terminara pouco
antes. Nas reuniões
públicas eles podem
comparecer, mas nas
privativas, não, porque
era preciso socorrer ali
os amigos, para que o
vampirismo de que são
vítimas fosse atenuado
em seus efeitos
prejudiciais. (Cap. 5,
págs. 46 e 47)
22. Nos braços das
entidades -
André Luiz observou como
diversas pessoas, ao
saírem da reunião
espírita, voltavam
instintivamente aos
braços das entidades
ignorantes que as
exploram. Nas conversas,
muitas promessas e votos
de serviço. Ao primeiro
embate com as
necessidades reais do
trabalho, reduzido
número permanece fiel à
própria consciência. Nas
horas calmas, grandes
louvores. Nos momentos
difíceis, disfarçadas
deserções, a pretexto da
incompreensão alheia.
Prometem excessivamente
com as palavras;
todavia, operam pouco no
campo dos sentimentos,
de modo que, comumente,
voltam cada semana ao
núcleo de preces nas
mesmas condições da
semana anterior,
requisitando conforto e
auxílio externo. Cada
hábito menos digno,
adquirido pela alma no
curso incessante dos
séculos, funciona qual
entidade viva, no
universo de sentimentos
de cada um,
compelindo-nos às
regiões perturbadas e
oferecendo elementos de
ligação com os infelizes
que se encontram em
nível inferior. André
descreve então pequeno
grupo – mãe e dois
filhos – que volta ao
lar, finda a reunião
mediúnica. Três
entidades de sombrio
aspecto acercaram-se do
trio em causa. Uma delas
encostou-se à senhora e
de pronto sua fronte se
tornou opaca,
estranhamente obscura.
Era seu ex-esposo,
bastante perturbado, que
continuava vinculado ao
ambiente doméstico. O
discurso da mulher mudou
radicalmente; começaram
as queixas e as
lamúrias. Nesse momento,
as duas outras entidades
agarraram-se comodamente
aos braços do rapaz,
embaciando-se-lhe a
claridade mental. (Cap.
5, págs. 47 a 51)
23. O auxílio de
Alexandre - O
rapaz relata ser vítima
dos maus pensamentos.
Apesar de casado há
menos de oito meses, tem
o coração repleto, por
vezes, de tentações
descabidas. Sua irmã
sugere que ele deve
estar sob a influência
de entidades menos
esclarecidas e ele,
concordando com o que
ela disse, explica que é
por isso que vem
tentando o
desenvolvimento da
mediunidade, para
localizar a causa de
semelhante situação.
Alexandre, com o intuito
de ajudá-los, colocou a
destra na fronte da
menina, mantendo-a sob
vigoroso influxo
magnético e
transmitindo-lhe suas
idéias generosas. A mão
do instrutor expedia
luminosas chispas
somente perceptíveis
para André Luiz. E, sob
sua influência, a jovem
disse que nesse caso o
desenvolvimento
mediúnico deveria ser a
última solução, porque
antes de enfrentar os
inimigos, filhos da
ignorância, devemos
armar o coração com a
luz do amor e da
sabedoria. É preciso
primeiramente procurar a
elevação de nossas
idéias e sentimentos.
Mãe e filho ficaram
contrariados com
semelhantes idéias,
porque elas os
desconcertavam. A mãe
chegou a desautorizar a
menina, dizendo que ela
não tinha bastante idade
para opinar nesse
assunto e que, quando
passasse pelos problemas
que eles enfrentavam,
veria então como é
difícil manter a paz e a
luz no coração.
Alexandre, referindo-se
ao rapaz, explicou nesse
momento que o rapaz, de
leviandade em
leviandade, criou fortes
laços com certas
entidades ainda atoladas
no pântano de sensações
do meretrício, das quais
se destacavam as duas
criaturas que naquele
instante a ele se
agarravam, quase que
integralmente
sintonizadas com o seu
campo de magnetismo
pessoal. (Cap. 5, págs.
51 a 54)
24. Como
libertar-se do
vampirismo - O
instrutor Alexandre
explica que, para
libertar-se dessas
influências, quem deverá
romper as algemas são
eles mesmos, os
enfermos. Embora
procurem atualmente os
elementos de libertação,
mãe e filho, e
respectivos comparsas,
ainda se alimentam uns
aos outros, no terreno
das sensações sutis,
imponderáveis para quem
não lhes possa sondar o
mecanismo íntimo. Se de
fato eles cultivassem a
resolução positiva,
transformariam suas
forças pessoais,
tornando-as
determinantes no domínio
da ação regeneradora.
Esperam, porém, por
milagres inadmissíveis e
renunciam às energias
próprias, únicas
alavancas da realização.
Mesmo que os vampiros
inconscientes fossem
retirados à força, os
interessados forçariam,
por sua vez, a volta
deles. Certa vez,
beneficiados de modo
indireto, aquela irmã
declarou-se
demasiadamente saudosa
do companheiro
desencarnado que a
explora e o rapaz
afirmou, intimamente,
sentir-se menos homem,
levando a humildade à
conta de covardia e
tomando o desapego aos
impulsos inferiores por
tédio destruidor. Tanto
expediram reclamações
mentais que as suas
atividades interiores
constituíram verdadeiras
evocações e, de novo,
agregaram-se-lhes os
companheiros infelizes.
Satisfazendo-se
mutuamente na permuta
contínua das emoções e
impressões mais íntimas,
vivem quase sempre
imantados uns aos
outros. Verifica-se,
portanto, que a solução
exige tempo e tolerância
fraternal. Se ainda não
avançaram, todos eles,
no terreno da
espiritualização
elevada, isto só se dá
em virtude da fraqueza e
da ignorância a que
vivem escravizados
voluntariamente. Colhem
o que semeiam. (Cap. 5,
págs. 54 e 55)
25. Espiritismo:
escola de preparação
- Como as lamentações de
mãe e filho continuavam,
Alexandre colocou
novamente a destra sobre
a fronte da jovem, que
lhe traduziu o
pensamento dizendo aos
demais concordar que o
Espiritismo é nosso
manancial de consolo,
mas é também bendita
escola de preparação. Se
permanecermos arraigados
às exigências de
conforto, talvez
venhamos a olvidar as
obrigações do trabalho.
Os instrutores da
verdade espiritual
desejam, antes de tudo,
a nossa renovação
íntima, para a vida
superior. Se apenas
buscarmos consolação,
sem adquirirmos
fortaleza, não
passaremos de crianças
espirituais.
Naturalmente, os
benfeitores do Além não
nos querem como eternos
necessitados da casa de
Deus, mas, sim, como
companheiros dos
gloriosos serviços do
bem, tão generosos,
fortes, sábios e felizes
quanto eles já o são.
Não se pode compreender
Cristianismo sem a nossa
integração prática nos
exemplos do Cristo. Como
André Luiz estivesse
surpreso com a
facilidade da jovem em
captar as idéias do
instrutor, Alexandre
explicou-lhe que ali
ocorria um trabalho
simples de transmissão
mental. Desencarnados e
encarnados, em todos os
setores da atividade
terrestre, vivem na mais
ampla permuta de idéias.
Cada mente é um mundo de
emissão e recepção e
cada qual atrai os que
se lhe assemelham. Os
tristes agradam aos
tristes, os ignorantes
se reúnem, os criminosos
comungam na mesma
esfera, os bons
estabelecem laços
recíprocos de trabalho e
realizações. Tratava-se,
pois, de um fenômeno
intuitivo, que, com
maior ou menor
intensidade, é comum a
todas as criaturas.
Aquela jovem, nos seus
dezesseis anos de idade,
conservava ainda o seu
vaso orgânico na mesma
pureza com que o recebeu
dos benfeitores que lhe
prepararam a presente
reencarnação. Não tendo
sido conduzida ainda ao
plano de emoções mais
fortes, suas
possibilidades de
recepção, no domínio
intuitivo,
conservavam-se claras e
maleáveis. (Cap. 5,
págs. 56 a 58)
26. Intercâmbio
geral - Após
explicar as razões da
capacidade intuitiva da
jovem, Alexandre
esclareceu que é
perfeitamente possível
às criaturas
prepararem-se para
receberem a
influenciação espiritual
superior. Todas as almas
retas, disse o
instrutor, podem
comungar perfeitamente
com os mensageiros
divinos e receber-lhes
os programas de trabalho
e iluminação,
independentemente da
técnica do mediunismo
que presentemente se
desenvolve no mundo. Não
existem privilegiados na
Criação. Há, sim, os
trabalhadores fiéis,
compensados com justiça,
seja onde for. (Cap. 5,
págs. 58 e 59)
27. Impotência da
medicina humana
- Diante do enfermo
jugulado pelas duas
formas escuras, André
Luiz destacou a
impotência dos métodos
terapêuticos
convencionais na cura
daquele rapaz. Sua
diagnose era diferente;
escapava ao seu
conhecimento dos
sintomas e aos seus
antigos métodos de
curar. No entanto,
aquele era um paciente
em condições muito
graves. Viam-se-lhe os
parasitos escuros e a
desesperação íntima em
face do assédio
incessante. Alexandre
explicou-lhe então que
as manifestações do
vampirismo não se
circunscrevem ao
ambiente dos encarnados.
Quase que a totalidade
dos sofrimentos nas
zonas inferiores deve a
ele sua dolorosa origem.
Criaturas desviadas da
verdade e do bem, nos
longos caminhos
evolutivos, reúnem-se
umas às outras, para a
continuidade das
permutas magnéticas de
baixa classe. Criminosos
diversos, fracos de
vontade, aleijados do
caráter, doentes
voluntários, teimosos e
recalcitrantes integram
comunidades de
sofredores e penitentes
do mesmo padrão,
arrastando-se
pesadamente nas regiões
invisíveis ao olhar
humano. Todos eles
segregam forças
detestáveis e criam
formas horripilantes,
porque toda matéria
mental está revestida de
força plasmadora e
exteriorizante. Em face
disso, compreendendo a
extensão dos ascendentes
morais em todos os
acontecimentos da vida,
percebe-se que o campo
médico é muito maior
depois da morte do
corpo. Há, assim,
diversos processos
saneadores e curativos
de natureza exterior,
utilizados no combate ao
vampirismo; mas,
examinando o assunto na
essência, somos
compelidos a entender
que cada filho de Deus
deve ser o médico de si
mesmo e, até à plena
aceitação dessa verdade,
a criatura estará
sujeita a incessantes
desequilíbrios. (Cap. 6,
págs. 60 a 63)
28. O antídoto
mais poderoso -
Quando o rapaz chegou à
sua casa, André observou
que as entidades
infelizes mostravam-se
contrafeitas. Alguma
coisa as impedia de
penetrar no recinto do
lar. Este estava
protegido por fronteiras
vibratórias criadas pela
prece. Era Cecília,
esposa do jovem
atormentado, quem
cultivava o hábito da
oração fervorosa e reta.
O lar – explicou-lhe
Alexandre – não é
somente moradia de
corpos, mas sobretudo a
residência das almas. O
santuário doméstico que
encontre criaturas
amantes da oração e dos
sentimentos elevados,
converte-se em campo
sublime das mais belas
florações e colheitas
espirituais. De fato, a
tranqüilidade interior
era grande e
confortadora. Em cada
ângulo das paredes e em
cada objeto isolado
havia vibrações de paz
inalterável. Quando o
jovem penetrou seu
quarto para recolher-se,
Alexandre bateu à porta,
de leve, como se
estivesse ante um
santuário que não
deveria ser devassado
sem religioso respeito.
Uma senhora muito jovem,
desligada do corpo
físico, em momento de
sono, veio atender e
saudou o instrutor
afetuosamente,
agradecendo a sua
presença. O leito
conjugal rodeava-se de
intensa luminosidade.
Cecília, desligada do
corpo, sentou-se à
cabeceira e, no mesmo
instante, o rapaz
descansou a cabeça em
seu regaço espiritual.
Acariciando-lhe os
cabelos, a esposa elevou
os olhos ao Alto e fez
fervorosa prece. Luzes
sublimes cercavam-na
toda. Seu coração se
transformara num foco
ardente de luz, do qual
saíam inúmeras
partículas
resplandecentes,
projetando-se sobre o
corpo e sobre a alma do
esposo, com a velocidade
de minúsculos raios. Os
corpúsculos radiosos
penetravam-lhe o seu
organismo em todas as
direções e,
particularmente, na zona
do sexo, destruindo as
pequenas formas escuras
e horripilantes do
vampirismo devorador. Os
elementos mortíferos,
porém, não ficaram
inativos. Lutavam,
desesperados, com os
agentes da luz. O rapaz,
finda a prece, parecia
estar num oásis de paz.
(Cap. 6, págs. 63 a 66).
(Continua no próximo
número.)