GERSON SIMÕES
MONTEIRO
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
A cura veio
do perdão
“Perdão foi
feito p’ra gente
pedir”, cantava
o inesquecível
Ataulfo Alves, e
eu
acrescentaria:
perdão foi feito
para ser dado
também. Foi o
que aconteceu
com os tenores
espanhóis
Plácido Domingo
e José Carreras,
que se tornaram
inimigos por
questões
políticas, em
1984.
Em 1987, porém,
José Carreras
descobriu que
tinha leucemia.
Submetendo-se a
tratamentos
sofisticados,
viajava
mensalmente aos
Estados Unidos.
Sem poder
trabalhar, com o
alto custo das
viagens e do
tratamento, logo
sua razoável
fortuna acabou.
Sem condições
financeiras para
prosseguir o
tratamento,
Carreras tomou
conhecimento de
uma clínica em
Madrid,
denominada
Fundación
Hermosa,
criada com a
finalidade única
de apoiar a
recuperação de
leucêmicos.
Graças ao apoio
dessa clínica,
ele venceu o
câncer. Voltando
a cantar e a
receber altos
cachês, José
Carreras tratou
logo de se
associar à
aludida
Fundação
para ajudá-la
financeiramente.
Foi então que,
lendo o estatuto
da Fundación
Hermosa,
descobriu que
seu fundador,
maior
colaborador e
presidente era
Plácido Domingo.
Mais do que
isso, Carreras
descobriu que a
clínica fora
criada, em
princípio, para
atender
exclusivamente a
ele mesmo.
Plácido se
mantinha no
anonimato para
não
constrangê-lo a
aceitar o
auxílio de seu
inimigo.
Momento muito
comovente
aconteceu
durante uma
apresentação de
Plácido, em
Madrid. De forma
imprevista,
Carreras
interrompeu o
evento e se
ajoelhou a seus
pés. Pediu
desculpas a
Plácido
publicamente,
agradecendo o
benefício de seu
restabelecimento.
Mais tarde, uma
repórter
perguntou numa
entrevista a
Plácido Domingo
por que ele
criara a
Fundación
Hermosa;
afinal, além de
beneficiar um
inimigo, ele
concedera a
oportunidade de
reviver Carreras,
um dos poucos
artistas que
poderiam lhe
fazer alguma
concorrência.
Sua resposta foi
simplesmente a
seguinte:
“Porque uma voz
como a dele não
se podia
perder”.
Diante desses
gestos de
grandeza moral
de Plácido e
Carreras,
afirmamos sem
dúvida que os
dois, de fato,
exemplificaram o
perdão e a
humildade
ensinados por
Jesus.
GERSON SIMÕES
MONTEIRO é
presidente da
Fundação
Cristã-Espírita
Paulo de Tarso,
do Rio de
Janeiro, RJ, e
diretor da Rádio
Rio de Janeiro.