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Jóias da poesia contemporânea
Ano 1 - N° 28 - 26 de Outubro de 2007
 

Depois da morte

Antero de Quental

 

Apenas dor no mundo inteiro eu via,

E tanto a vi, amarga e inconsolável,

Que num véu de tristeza impenetrável

Multiplicava as dores que eu sofria.

 

Se vislumbrava o riso da alegria,

Fora dessa amargura inalterável,

Esse prazer só era decifrável

Sob a ilusão da eterna fantasia.

 

Ao meu olhar de triste e de descrente,

Olhar de pensador amargurado,

Só existia a dor, ela somente.

 

O gozo era a mentira dum momento,

Os prazeres, o engano imaginado

Para aumentar a mágoa e o sofrimento.

 

 

Antero de Quental, poeta português, nascido em 1842, e desencarnado por suicídio em 1891, nos fala de seus sofrimentos, por meio da psicografia de Francisco Cândido Xavier, na monumental obra Parnaso de Além Túmulo.  


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