Auto-aceitação
O
nosso aprimoramento, de espíritos
eternos, no longo processo da
evolução espiritual, precisa
contar com a nossa auto-aceitação,
através do possível conhecimento
que tenhamos de nós mesmos. Não
é fácil.
A
religião procura nos ajudar, as
ciências do comportamento trazem,
hoje, suas importantes contribuições.
Para podermos nos ajudar,
precisamos, cada vez mais,
conhecer e, sobretudo,
aceitar-nos.
Essa
compreensão é tão necessária
que Allan Kardec indagou aos
Mentores Espirituais:
-
Qual o meio prático mais eficaz
que tem o homem de se melhorar
nesta vida e resistir à atração
do mal?
-
Um sábio da antiguidade vo-lo
disse: "Conhece-te a ti
mesmo". (Questão nº 919 de
O Livro dos Espíritos.)
Sob
o ponto de vista religioso, Kardec
debruça-se sobre o Evangelho de
Mateus e nos lembra: "Amai os
vossos inimigos, fazei o bem aos
que vos odeiam e orai pelos que
vos perseguem e caluniam. Porque,
se somente amardes os que vos
amam, que recompensa tereis disso?
Não fazem assim também os
publicanos? - Se unicamente
saudardes os vossos irmãos, que
fazeis com isso mais do que
outros? Não fazem o mesmo os pagãos?
- Sede, pois, vós outros
perfeitos, como perfeito é o
vosso Pai celestial".
(Mateus, cap. V.vv.44, 46 a 48.)
A
seguir ele analisa o comportamento
do homem de bem e comenta:
"Nunca se compraz em rebuscar
os defeitos alheios, nem, ainda,
em evidenciá-los. Se a isso se vê
obrigado, procura sempre o bem que
possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições
e trabalha incessantemente em
combatê-las. Todos os esforços
emprega para poder dizer, no dia
seguinte, que alguma coisa traz em
si de melhor do que na véspera."
(O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. XVII, item 3,
parágrafos 12 e 13.)
Em
nosso aprimoramento existe a
necessidade da auto-aceitação,
pela qual possamos reconhecer as
nossas possibilidades e limitações
e, sobretudo, não sermos
dependentes absolutos da aceitação
ou desaprovação dos outros.
Precisamos ter a vontade de ver,
de entender, de saber e sermos
conscientes, cada vez mais, de nós
mesmos.
Quando
percebemos o que pensamos,
sentimos e somos, teremos condições
de mudanças no aprimoramento da
nossa personalidade ou espírito.
Se
nos olharmos em um espelho,
poderemos observar certas partes
do nosso corpo de que nós não
gostamos, sob o ponto de vista estético,
e teremos o impulso de não olhar
mais para aquela parte, por
exemplo: sejam os olhos, a boca ou
o nariz.
No
entanto, temos que aceitar aquelas
partes, quando não haja recurso
financeiro ou condições técnicas
para a cirurgia plástica.
Há
pessoas que sentem e dizem: -
"Ah, eu não gosto de ver tal
parte do meu corpo".
Consideremos que gostar é
diferente de aceitar. A pessoa
pode não gostar, mas ela precisa
aceitar aquela parte do seu corpo
para psicologicamente estar bem.
Precisamos
aceitar o que somos para podermos
melhorar e chegarmos àquilo que
queremos ser.
Desta
maneira, aproveitemos alguns
minutos para
"visualizar" um
sentimento ou uma emoção que não
conseguimos enfrentar com
facilidade: dor, medo, insegurança,
tristeza, humilhação, inveja,
raiva. Depois de focalizar este
estado mental ou emocional,
procuremos senti-lo sem oferecer
resistência, aceitando-o como ele
é.
Exemplifiquemos
com uma situação em que
deveremos falar a um público e
temos medo de falar a um grupo de
pessoas.
Deveremos
aceitar o medo. Saber que esse
medo é natural para a maioria das
pessoas. Procuremos controlar a
situação. Após a aceitação do
medo e das reações que ele
provoca: aumento do batimento cardíaco,
respiração mais rápida, pode
haver até aumento de transpiração,
desenvolver procedimentos que nos
ajudem a enfrentar a situação e
não fugirmos dela. Inspirar e
expirar profundamente, aceitar a
alteração orgânica como
natural, pensarmos que é um
estado mental e emocional
passageiro, enfrentarmos a situação
desconfortante e falarmos o que
tem que ser dito.
Com
o passar do tempo assumiremos o
controle orgânico e as idéias
fluirão com mais facilidade.
Finalmente sentiremos grande alívio
e bem-estar por termos exercitado
a auto-aceitação, enfrentado o
medo e nesse estado intelectual e
emocional de auto-aceitação
termos vencido o problema.
Essa
técnica de auto-aceitação
preconizada por muitos psicólogos
vem nos ajudar no processo psicológico
e espiritual do auto-aprimoramento,
se pudermos aplicá-la sempre que
tivermos desafios pela frente.
Ao
lado do "conhece-te a ti
mesmo ", usemos, também, o
"aceita-te a ti mesmo".