Numerosas
observações e fatos irrecusáveis
conduziram-nos à conclusão de que
há no homem três coisas: 1a,
a alma ou espírito, princípio
inteligente no qual reside o senso
moral; 2a, o
corpo, invólucro grosseiro,
material, que o reveste
temporariamente para que possa
desempenhar certos encargos
providenciais; 3a,
o perispírito, invólucro fluídico,
semimaterial, que serve de ligação
entre a alma e o corpo. A morte é a
destruição, ou melhor, a
desagregação do invólucro
grosseiro, que a alma abandona. O
outro se liberta e segue a alma,
que, desta forma, percebe ter sempre
um invólucro: o perispírito. (L.M.,
item 54)
17.
Que é o perispírito?
O
perispírito é o invólucro
material, fluídico, do espírito,
que serve de ligação entre este e
o corpo durante a encarnação. Para
os espíritos desencarnados é o
agente pelo qual eles se comunicam
com os homens e constitui para eles
uma espécie de corpo sutil que tem
a forma de sua última encarnação.
(Item 51)
18.
Qual a função do perispírito?
O
perispírito é o intermediário de
todas as sensações que o espírito
percebe, e pelo qual ele transmite
sua vontade ao exterior e age sobre
os órgãos. Para servir-nos de uma
comparação material, é o fio
elétrico condutor que serve para a
recepção e para a transmissão do
pensamento. (Item 54)
19.
Qual a forma do perispírito?
A
forma do perispírito é a forma
humana, e quando nos aparece é
geralmente aquela sob a qual
conhecíamos o espírito no tempo de
sua última encarnação, embora
este possa dar-lhe a aparência que
desejar. (Item 56)
20.
O perispírito pode se expandir?
A
matéria sutil do perispírito não
tem a resistência nem a rigidez da
matéria compacta do corpo; é
flexível e expansível e submete-se
à vontade do espírito, que pode
dar-lhe tal ou qual aparência a seu
gosto. Uma vez desembaraçado do
corpo físico, que o comprimia, o
perispírito se estende ou se
contrai, transforma-se, numa
palavra: presta-se a todas as
metamorfoses, segundo a vontade que
age sobre ele.
É
graças a esta propriedade do
perispírito que o espírito pode,
quando se quer fazer reconhecer,
tomar a exata aparência que tinha
quando encarnado e, na verdade, até
mesmo a dos defeitos corporais que
podem ser sinais de reconhecimento.
(Item 56)
21.
Qual a natureza do perispírito?
Também
chamado fluido nervoso, o
perispírito se eteriza à medida
que o espírito se purifica e se
eleva na hierarquia espiritual.
Constituído do fluido peculiar à
atmosfera do globo a que esteja
vinculado, está no conhecimento
desse invólucro a chave de uma
porção de problemas até agora
inexplicados. Sua natureza é
fluídica, mas é também uma
espécie de matéria, fato
comprovado pelas aparições
tangíveis de espíritos. Viram-se
com efeito, sob a influência de
certos médiuns, aparecer mãos
tendo todas as propriedades das
mãos vivas, que têm calor, que
podem ser apalpadas, que oferecem a
resistência de um corpo sólido,
que nos seguram e que, de repente,
se desfazem como uma sombra. A
ação inteligente dessas mãos, que
obedecem evidentemente a uma vontade
ao executarem certos movimentos,
até a tocar árias num instrumento,
prova que são a parte visível
de um ser inteligente invisível.
Sua tangibilidade, sua temperatura,
a impressão que causam aos sentidos
provam que são de uma matéria
qualquer. Seu desaparecimento
instantâneo prova, por outro lado,
que essa matéria é eminentemente
sutil e se comporta como certas
substâncias que podem,
alternadamente, passar do estado
sólido ao estado fluídico e
reciprocamente. (Item 57)
22.
Como pode o espírito, que é
imaterial, agir sobre a matéria?
A
ação do espírito sobre a matéria
se concebe facilmente quando se
conhece a existência do
perispírito. O espírito se vale de
seu invólucro sutil, que é também
de natureza material, como o homem
se vale de seu corpo. O instrumento
direto da ação do espírito é,
portanto, o seu perispírito. Ele
tem, ainda, por agente
intermediário, o fluido universal,
espécie de veículo sobre o qual
age como nós agimos sobre o ar para
produzir alguns efeitos com a ajuda
da dilatação, da compressão, da
propulsão ou das vibrações. Os
efeitos dessa ação, que antes
pareciam sobrenaturais, entram na
ordem dos fatos naturais, cuja causa
reside inteiramente nas propriedades
semimateriais do perispírito. (Item
58)
23.
Como é o fenômeno designado pelo
nome de "mesas girantes"?
Dá-se
o nome de manifestações físicas
àquelas que se traduzem por efeitos
sensíveis, tais como os barulhos, o
movimento e o deslocamento dos
corpos sólidos. Alguns são
espontâneos, isto é, independentes
da vontade dos homens; outros são
provocados. O efeito mais simples e
um dos primeiros que foram
observados consiste no movimento
circular imprimido a uma mesa. Este
efeito se produz igualmente com
qualquer objeto, mas sendo a mesa
aquele sobre o qual foi mais
exercido, porque era o mais cômodo,
o nome de mesas girantes
prevaleceu para a designação desta
espécie de fenômenos. É preciso
explicar, contudo, que tal fenômeno
já se produzira antes do advento do
Espiritismo. Tertuliano fala em
termos explícitos das mesas
girantes e falantes, o que demonstra
a antiguidade do fato. (Item 60)
(Continua
no próximo número.)