Afinal,
nunca se viu tanta incompreensão,
ódio, egoísmo e prepotência
quanto no cenário atual, levando
alguns a afirmarem que o futuro do
planeta se encontra ao alcance de um
dedo – numa alusão ao fato de
que, com tantas armas nucleares
disponíveis, o primeiro dirigente
mundial que ordenar a detonação de
uma bomba irá desencadear uma
hecatombe (grande catástrofe,
genocídio) de proporções
mundiais, podendo dizimar a
Humanidade inteira.
Esta
circunstância, enquanto perspectiva
hipotética, com fundamento de
validade e probabilidade de
ocorrência, realmente, dá o que
pensar. Primeiro, porque coloca o
ser humano – espírito encarnado
– como refém de si mesmo, haja
vista que a produção e estocagem
de armas bélicas – cuja
justificação ordinária é a da
proteção e segurança –
significa, sempre, a iminência de
sua utilização, sob motivações
distintas. Ainda há pouco
recordamos da ofensiva
norte-americana, respaldada por
outras nações influentes e
poderosas, mesmo combatida (mas não
rechaçada) pelas Nações Unidas
(ONU), contra o Iraque, por motivos
que apregoavam a existência de
perigoso arsenal de armas químicas,
em esconderijos e reservatórios
pertencentes ao governo árabe. É
sabido que, com a invasão e tomada
do poder pelas forças estrangeiras
naquele país, a diagnose final foi
a da inexistência de potencial
ofensivo.
Por
isso, ainda que vibremos em sentido
contrário, é possível que os
homens que respondem pelas nações
no contexto mundial, em dadas
situações, tal qual se verificou
no Século XX, com as duas Guerras
Mundiais, se utilizem do poderio
bélico-armamentista para atingir
seus objetivos funestos e, com isso,
comprometam o presente e o futuro do
planeta, proporcionalmente aos meios
escolhidos para tal mister. Ou seja,
é imperioso considerar a hipótese
de destruição (parcial ou total)
da ambiência terrena, não por
causas naturais, mas
humano-artificiais.
Muitos
espíritas, inclusive, em
exposições doutrinárias ou
artigos exalam certo ufanismo quando
perpassam a questão da destruição
planetária em conseqüência de uma
nova guerra (com armas químicas ou
nucleares), afirmando que o Plano
Espiritual (ou, em última análise,
Deus) não permitiria que tal
ocorresse, uma vez que não faria
sentido que fosse franqueada, ao
livre-arbítrio humano, a
deterioração completa da
"Sua" obra.
Temos
afirmado, ao contrário, tanto em
artigos ou palestras acerca da
belicosidade humana, quanto em sede
de preocupação com a preservação
ambiental, que as Leis Divinas,
universais, perfeitas e imutáveis,
estendem sua aplicabilidade a todas
as circunstâncias, por meio de uma absoluta
e automática
instrumentalização, não
necessitando de qualquer
"supervisionamento" ou
controle dos Espíritos Superiores,
na sua execução. Em outros termos,
o mecanismo de aplicação das leis
universais (ação e reação, causa
e efeito), conforme a dicção do
Jovem de Nazaré, em sua oportuna
leitura, dá "a cada um segundo
suas obras", e, portanto,
devolve incondicionalmente ao(s)
homem(ns) a competência de gestão
de sua(s) vida(s), consoante os
ditames e os contornos da lei.
Assim,
se optamos por "usar" o
planeta sem cuidado ou parcimônia,
acreditando serem eternos e
inextinguíveis os recursos naturais
(que aprendi, em escola fundamental,
serem, em sua maioria, não-renováveis),
ou, se decidir, a qualquer momento,
envolver-se em contendas (locais ou
planetárias) com seus desafetos ou
oponentes, por meio de estratégias
e instrumentos materiais,
poderosíssimos por sinal, na
atualidade, o homem (e/ou a
Humanidade) ficará sujeito ao
extermínio, à dizimação e à
destruição completa. Nenhum
Espírito Elevado poderá,
utilizando-se de "dons ou
poderes espirituais"
interromper ou bloquear a ação
(voluntária e deliberada) do homem,
já que, isto, se fosse possível,
constituiria a própria negação
(absoluta) da liberdade de ação
espiritual, importando em
desrespeito à ordem natural das
coisas, o próprio curso evolutivo e
suas decorrências.
Vê-se,
outrossim, que a aparente pouca
iluminação espiritual dos
indivíduos (alguns, até, líderes
políticos mundiais) ou dos povos se
contrapõe aos esforços pessoais e
institucionais daqueles que, por
exemplo, defendem, pregam e atuam na
prática em projetos de
desarmamento, conscientização
ecológica, pacifismo e
preservação ou recuperação
ambiental.
Muitos
destes, inclusive, aproveitam a
oportunidade reencarnatória para a
aplicação de seus conhecimentos
(inteligência e moralidade) a
serviço da Humanidade, em provas ou
expiações relevantes e
meritórias, procurando, a seu
turno, evitar que as
"escolhas" humanas possam
desembocar nos quadros antes
apresentados.
Por
fim, a posição de Kardec soa
oportuna e real, sobretudo em nossos
dias, de visível
"tempestade", com tanta
iniqüidade, desamor e brutalidade,
como um legítimo convite às almas
pacificadoras e bondosas para que,
juntas e atualmente, se
conscientizem quanto à
"necessidade do bem e das
reformas".