ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Reencarnação
Gabriel Delanne
(Conclusão)
Concluímos nesta edição
o estudo do clássico
A Reencarnação, de
Gabriel Delanne, de
acordo com a tradução
feita por Carlos
Imbassahy publicada pela
Federação Espírita
Brasileira. No final do
texto abaixo
apresentamos algumas
notas biográficas a
respeito do autor da
obra cujo estudo hoje se
encerra.
Questões preliminares
A. Sem a explicação dada
pela Palingenesia, como
explicar fenômenos como
o de Hennecke, que aos 2
anos sabia três línguas
e com 2 anos e meio,
mamando ainda, pôde
prestar um exame de
História?
R.: Não existe outra
explicação para o fato,
senão a hipótese da
palingenesia, segundo a
qual o Espírito traz de
suas existências
passadas o conhecimento
manifestado nesta, que
ele adquiriu graças a
seus esforços e não a um
privilégio inadmissível
concedido a ele pelo
Criador. (A
Reencarnação, cap. XIII,
págs. 292 e 293.)
B. Se a reencarnação
realmente existe, por
que nos esquecemos das
vidas passadas?
R.: O esquecimento de
nosso passado se explica
com facilidade: se a
renovação do passado
fosse geral, ela
perpetuaria as
dissensões e os ódios
que foram a causa das
faltas anteriores, e se
oporia ao progresso. É
por isso que Deus
permitiu que
esquecêssemos
temporariamente o que
fizemos nas existências
passadas, favorecendo
assim a harmonia nas
relações sociais e
familiares. (Obra
citada, cap. XIV, págs.
300 a 302.)
C. Todos os incidentes
infelizes da vida são
expiações de faltas
passadas?
R.: Não. Esses
incidentes não são,
necessariamente,
expiações de faltas
anteriores. Constituem,
muitas vezes, provas
indispensáveis a que
vençamos nosso egoísmo e
desenvolvamos as
faculdades e virtudes
que nos fazem falta.
(Obra citada, cap. XIV,
págs. 302 e 303.)
D. Qual é, afinal, o
objetivo da
reencarnação?
R.: As vidas sucessivas
têm por objetivo o
desenvolvimento da
inteligência, do
caráter, das faculdades,
dos bons instintos, e a
supressão dos maus.
Partimos todos do mesmo
ponto, para chegarmos ao
mesmo fim, e essa
comunhão de origem
mostra-nos claramente
que a fraternidade não é
uma palavra vã. (Obra
citada, cap. XIV, págs.
304 a 306.)
Texto para leitura
172. Como explicar de
outra forma o caso
inverossímil, mas bem
real, de Hennecke, que
aos 2 anos sabia três
línguas e com 2 anos e
meio, mamando ainda,
pôde prestar um exame de
História e Geografia?
(PÁG. 292)
173. Embora se saiba que
a lembrança do passado,
que se manifesta de
maneira tão brilhante
nas crianças prodígios,
não é geralmente
conservada, é possível,
por vezes, que o
Espírito encarnado
recupere,
momentaneamente, parte
de suas lembranças
anteriores, quando se
veja em lugares antes
habitados por ele.
(PÁG. 293)
174. Quanto à origem da
alma, as opiniões dos
teólogos reduzem-se a
duas hipóteses: uns
admitem que todas as
almas estavam contidas
na de Adão e que se
transmitem pela geração
– tal a opinião de S.
Jerônimo, Lutero e
Tertuliano, que não foi
admitida universalmente.
Outros entendem que é
preciso um ato da
vontade divina para que
se crie uma alma a cada
nascimento, o que é
inconciliável com a
bondade e justiça de
Deus. (PÁG. 298)
175. O estudo das
comunicações espíritas
provou que a situação da
alma, depois da morte,
é regida por uma lei de
justiça infalível,
segundo a qual os seres
se encontram em
condições de existência
rigorosamente
determinadas por seu
grau evolutivo e pelos
esforços que faz para
melhorar-se. (PÁG. 299)
176. Admitindo-se que o
nascimento atual é
precedido de uma série
de existências
anteriores, tudo se
esclarece e se explica
com facilidade: os
homens trazem, ao
nascer, a intuição do
que já adquiriram e são
mais ou menos
adiantados, segundo o
número de existências
percorridas. (PÁG. 300)
177. O esquecimento de
nosso passado se explica
também com facilidade:
se a renovação do
passado fosse geral, ela
perpetuaria as
dissensões e os ódios
que foram a causa das
faltas anteriores, e se
oporia ao progresso.
(PÁG. 302)
178. É preciso observar
que os incidentes
infelizes da vida não
são, necessariamente,
expiações de faltas
anteriores. As provas
são condições
indispensáveis para
obrigar-nos a vencer
nosso egoísmo e
desenvolver as
faculdades e virtudes
que nos fazem falta.
(PÁG. 302)
179. O mal não é uma
fatalidade inelutável de
que não nos podemos
libertar: é um aguilhão,
uma necessidade
destinada a compelir o
homem para a estrada do
progresso. (PÁG. 303)
180. Apesar dos sofismas
dos retóricos, o
progresso não é uma
utopia. Do ponto de
vista material, o
progresso salta aos
olhos, embora, do ponto
de vista moral, seja ele
mais lento. Quem pode
comparar o proletariado
atual com a escravidão
antiga? (PÁG. 304)
181. As vidas sucessivas
têm, pois, por objeto o
desenvolvimento da
inteligência, do
caráter, das faculdades,
dos bons instintos, e a
supressão dos maus.
(PÁG. 305)
182. Sendo contínua a
evolução e perpétua a
criação, cada um de nós,
no correr das
existências, é feitura
de si mesmo. (PÁG. 305)
183. Partimos todos do
mesmo ponto, para chegar
ao mesmo fim, e essa
comunhão de origem
mostra-nos claramente
que a fraternidade não é
uma palavra vã. (PÁG.
305)
184. O egoísmo é, ao
mesmo tempo, um vício e
um mau cálculo, porque a
melhoria geral só pode
resultar do progresso
individual de cada um
dos membros que
constituem a sociedade.
(PÁGS. 305 e 306)
185. Quando estas
grandes verdades forem
bem compreendidas,
encontrar-se-á menos
dureza entre os que
possuem, e menos ódio e
inveja nas classes
inferiores. (PÁG. 306)
186. Se os que detêm a
riqueza ficassem
persuadidos de que, na
próxima encarnação,
poderão surgir nas
classes indigentes,
teriam evidente
interesse em melhorar as
condições sociais dos
trabalhadores, e estes,
reciprocamente,
aceitariam com
resignação a sua
situação momentânea,
sabendo que, mais tarde,
poderão estar, por sua
vez, entre os
privilegiados. (PÁG.
306)
187. A Palingenesia é,
pois, uma doutrina
essencialmente
renovadora, é um fator
de energia, visto que
estimula em nós a
vontade, sem a qual
nenhum progresso
individual ou geral pode
realizar-se. (PÁG. 306)
188. Podemos, então,
dizer com Maeterlinck:
"Reconheçamos, de
passagem, que é
lamentável não sejam
peremptórios os
argumentos dos teósofos
e dos neo-espiritistas;
porque não houve nunca
uma crença mais bela,
mais justa, mais pura,
mais moral, mais
fecunda, mais
consoladora, e até certo
ponto verossímil que a
deles". "Tão só com a
sua doutrina das
expiações e das
purificações sucessivas,
ela explica todas as
desigualdades sociais,
todas as injustiças
abomináveis do
destino." (PÁGS. 306 e
307)
Apêndice
1. Nascido em Paris a 23
de março de 1857, no
mesmo ano em que veio a
lume a primeira edição
de “O Livro dos
Espíritos”, Gabriel
Delanne faz parte, ao
lado de Léon Denis,
Camille Flammarion e
Ernesto Bozzano, da
elite de escritores
espíritas cujas obras o
estudioso do Espiritismo
não pode desconhecer.
Sua desencarnação
ocorreu em 15 de
fevereiro de 1926, pouco
antes de completar 69
anos de idade.
2. As obras de Gabriel
Delanne constantes do
catálogo da Federação
Espírita Brasileira
são: “O Fenômeno
Espírita”, de 1893; “A
Alma é Imortal”, de
1895; “A Evolução
Anímica”, de 1895; “O
Espiritismo perante a
Ciência” e “A
Reencarnação”.
3. Seu pai, Alexandre
Delanne, e sua mãe foram
amigos e íntimos
companheiros de Kardec
durante todo o tempo em
que o Codificador
realizou em Paris seu
trabalho de estruturação
da doutrina espírita.
Quando Kardec
desencarnou, Alexandre
Delanne foi a primeira
pessoa a dirigir-se à
casa do Codificador,
atendendo com presteza a
um chamado feito pela
Sra. Amélie Boudet.
4. Ao ver o corpo de
Kardec inanimado,
Delanne friccionou-o,
magnetizou-o, mas em
vão. Tudo estava
acabado. Conta o Sr. E.
Müller em carta dirigida
ao Sr. Finet,
referindo-se à visita
que fez naquele mesmo
dia à casa do
Codificador: “Penetrando
a casa, com móveis e
utensílios diversos
atravancando a entrada,
pude ver, pela porta
aberta da grande sala de
sessões, a desordem que
acompanha os
preparativos para uma
mudança de domicílio;
introduzido numa pequena
sala de visitas, que
conheceis bem, com seu
tapete encarnado, e seus
móveis antigos,
encontrei a Sra. Kardec
assentada no canapé, de
face para a lareira; ao
seu lado, o Sr. Delanne;
diante deles, sobre dois
colchões colocados no
chão, junto à porta da
pequena sala de jantar,
jazia o corpo, restos
inanimados daquele que
todos amamos. Sua
cabeça, envolta em parte
por um lenço branco
atado sob o queixo,
deixava ver toda a
face, que parecia
repousar docemente e
experimentar a suave e
serena satisfação do
dever cumprido.”
5. Um fato curioso
ocorrido com Gabriel
Delanne, quando ele
contava 8 anos, é
relatado por Kardec na
Revista Espírita
de 1865, às
págs. 312 a 314.
Trata-se de uma
experiência de
tiptologia que Gabriel,
auxiliado por três
crianças de sete, cinco
e quatro anos, realizou
a pedido de uma senhora.
O menino, após a
evocação, pediu a ela
que perguntasse quem
respondia. A mulher
interrogou e a mesa
soletrou duas palavras:
Teu pai. Na
seqüência, a pedido
dela, o Espírito deu
três provas de que era
mesmo seu pai quem ali
se manifestava.
6. Comentando o caso,
Kardec informa que não
era a primeira vez que a
mediunidade se revelava
em crianças e o que
ocorreu fora já
anunciado numa célebre
profecia: Vossos
filhos e vossas filhas
profetizarão, a que
se reporta o livro Atos
dos Apóstolos, 2:17.