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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 30 - 9 de Novembro de 2007

CRISTIAN MACEDO
cristianmacedo@potencial.net
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)

Um sonho sobre a raiva e
o perdão
 

Os anjos aparecem em sonhos. Nossos avós já diziam isso.

Esta noite um anjo me veio falar sobre a raiva e o perdão.

Tudo bem... Nada me garante que tenha sido realmente um anjo. Era uma linda mulher. Uma mulher angelical.

Vou tentar transmitir o que, tão singelamente, aquele anjo feminino me falou.

Quando um espinho rasga nossa carne e se aloja nela, dói muito. Imagine um espinho embaixo do pé. Se tentarmos caminhar com ele, dói demais e certamente a ferida irá piorar.

Podemos chamar o espinho de raiva.

Uma pessoa inteligente procura retirar o espinho e trata o ferimento até que cicatrize. Toma todos os cuidados necessários para não sentir dor.

A pessoa inteligente não espera o espinho gerar inflamações, gerar problemas graves.

Alguém verdadeiramente sábio não deixa a emoção da raiva tornar-se sentimento de ódio.

A raiva é retirada com todo o cuidado, com todo o zelo. Através de um “diálogo”... É uma partida suave. Ela vai embora, pois um belo instrumento cirúrgico é usado: a razão.

A razão diz: “não mantenha esse espinho aí. Ele só irá piorar a situação. Só irá machucar mais, irá perturbar mais, podendo até gerar um câncer”.

A mente pouco sábia (nada sábia, aliás) vai caminhar com o espinho, vai tentar até fazer de conta que ele não está ali, agravando mais e mais a situação.

A sabedoria está em retirar o espinho.

E o perdão?

O perdão consiste em retirar o espinho. Livrar-se da raiva é perdoar. Perdoar a situação. Perdoar quem nos magoou. Perdoar a nós mesmos. Perdoar aos objetos (tem gente que não perdoa o martelo que bateu em seu dedo, digo, o martelo que a própria pessoa usou para agredir o próprio dedo).

A sabedoria faz com que o perdão venha mais rápido. Não vamos esquecer o ocorrido. Toda a experiência é aprendizado, mas vamos retirar o espinho, a raiva. Vamos abrir mão do rancor.

Quando abrimos mão da raiva a cicatrização é mais rápida. O perdão controla os anticorpos que apressam a regeneração.

Infelizmente somos pouco sábios.

Normalmente, quando se trata de sentimentos, preferimos sofrer. Não deixamos feridas cicatrizarem. Estamos sempre dando um jeito de deixar a ferida aberta, mal curada, dolorida.

É o ego que fala mais alto. Não a sabedoria. O orgulho inibe a inteligência. Preferimos sofrer a perdoar o outro. Mas apenas o perdão faz cessar o sofrimento. Enquanto vamos alimentando ódio e desejo de vingança a nossa vida vai se tornando um inferno.

Algumas pessoas acham que, se perdoarem, estarão beneficiando o criminoso. O perdão não é contra a justiça. Ele é contrário à vingança que confundimos quase sempre com justiça. 

Outros acreditam que ao perdoar estarão atestando burrice. E logo alguém irá abusar novamente. A sabedoria deve ser usada para o perdão e também para a autopreservação. Perdoar não é dizer: faça novamente. Ou dar ao agressor o mesmo tratamento que se dá aos que nunca aproveitaram mal a nossa confiança.

Dizem que os inteligentes não perdoam. Vale a pena pensar no que a alma angelical me transmitiu no sonho.

Não sei quem explicaria melhor esse sonho, se Freud ou Allan Kardec, apenas sei que nunca vou esquecer que tolo é quem tenta caminhar um longo percurso com um espinho no pé.   

“O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza.”

O Evangelho segundo o Espiritismo. capítulo X, item 4.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita