DENIS GLEYCE
denis.gleyce@bol.com.br
Belém, Pará (Brasil)
Parasitose espiritual
Quando Jesus voltou para
casa, seus discípulos
lhe perguntaram, em
particular: Por que não
pudemos nós expulsar
esse demônio?
−Ele
respondeu: Os demônios
desta espécie não podem
ser expulsos senão pela
prece e pelo jejum.
(S. Marcos, cap. IX,
vers.13-28)
A mente é um santuário,
fonte de forças do ser
humano. É o berço de
nossas realizações e o
túmulo onde jaz, em vida
e post mortem,
nossos desvios da Lei.
Em sua infância
espiritual, o homem é
negligente com as
potências mentais, que
estão diretamente
associadas à conduta
moral cotidiana.
Aproveitando-se desse
desleixo capital, as
legiões da sombra
atacam, sem piedade, os
incautos desidiosos.
Por isso, hoje é
consenso entre os
estudiosos da Doutrina
Espírita que estamos
diante de uma verdadeira
e grave pandemia de
parasitose espiritual,
que se convencionou
chamar de processo
obsessivo.
Trata-se, destarte, de
vinculação enfermiça e
prejudicial que se dá
entre um Espírito e uma
pessoa encarnada, embora
possa ocorrer apenas
entre encarnados e entre
desencarnados,
eventualmente.
Allan Kardec extraiu de
seus estudos espíritas
três tipos de obsessão:
a obsessão simples; a
subjugação ou possessão
e a fascinação.
A obsessão simples é, de
regra, um vínculo
sazonal com o plano
espiritual inferior,
estabelecido, sobretudo,
quando o ser humano
atravessa fases
especialmente difíceis,
que baixam a guarda de
sua cidadela moral e
emocional, tornando-o
vulnerável aos ataques
obsessivos. Todos, por
isso, podemos ser
vítimas reincidentes
deste tipo de obsessão.
A subjugação ou
possessão já é um
processo obsessivo bem
mais nefasto, que pode
ser ou não o agravamento
da obsessão simples, não
combatida a contento.
Trata-se de verdadeira
promiscuidade
espiritual, onde
Espíritos doentes e
trevosos se associam e
interferem,
contundentemente, na
vida e saúde orgânica e
psíquica de suas
vítimas, para saciar,
quase sempre, a sede de
vingança e os mais vis
instintos animais, que
resvalam nos vícios, na
queda moral, arrastando
suas vítimas ao pântano
do submundo humano. Nas
variações múltiplas
desse tipo de obsessão,
destaca-se o vampirismo,
pelo qual Espíritos
gravemente doentes e
desequilibrados se
acoplam no perispírito
do obsidiado para deles
se nutrir de forças
vitais e aplacar seus
vícios mais brutos, em
pleno prejuízo da saúde
física, emocional e
psíquica do hospedeiro,
que – se não cuidar da
causa espiritual –,
será, inevitavelmente,
tomado das mais
complexas enfermidades
até somatizar a falência
física e a perda da
sanidade mental, ao
preço de muito
sofrimento.
Foi essa escória
espiritual das trevas
que enfrentou, com
desassombro, os
discípulos do Cristo.
Por isso Jesus explicou:
“(...) os demônios desta
espécie não podem ser
expulsos senão pela
prece e pelo jejum.”
A fascinação, de sua
vez, é a mais difícil de
tratar e a menos
perceptível, porque os
Espíritos da retaguarda
obsessiva são
maliciosos, velhacos,
ladinos. Trata-se de
obsessão que ilude o
hospedeiro, fazendo-o
acreditar, piamente, ser
dotado de maior
inteligência, autoridade
moral, direitos e
capacidade que os
outros. Conduz o
indivíduo à egolatria, à
prepotência, à
intolerância, ao
preconceito, a opressões
de todos os matizes,
deixando rastro de
humilhados, oprimidos e
injustiçados. Neste
caso, a estratégia do
Espírito parasita é
excitar o orgulho e o
egoísmo, já existentes
no hospedeiro, causas
primeiras deste tipo
funesto de obsessão, que
tem como maior
característica a negação
da vítima de que está
obsidiado e a
justificação
estapafúrdia para seus
atos.
O orgulho e a vaidade
são as portas largas que
dão entrada aos mais
astutos inimigos
invisíveis.
Características da
obsessão. Tratamento.
Diz o adágio popular:
Dize-me com quem andas e
te direi quem és. Os
Espíritos revelam que é
a inversão da afirmação
que se aplica à lei de
afinidade que rege a
relação entre “vivos” e
“mortos”: dize-me
quem és que te direi com
quem andas.
Quando o Espírito impuro
sai do homem, perambula
por lugares áridos,
procurando repouso, mas
não o encontra. Então
diz: Voltarei para a
minha casa, de onde saí.
E voltando, encontra-a
desocupada, varrida e
arrumada.
Então vai e toma consigo
outros sete espíritos
piores do que ele, e ali
entram e habitam, e a
condição posterior desse
homem torna-se pior que
a anterior. Assim
acontecerá também a esta
geração perversa.
(Lucas, vers. 11: 24-26,
Mateus, vers. 12: 43-45)
Mulher encurvada (cap.
7); Cura dos possessos
de Gerasa (cap. 5 – item
5.15)
Atendamos ao sábio
conselho de Paulo, o
grande convertido,
quando adverte aos
cristãos da Igreja de
Filipos: Tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é
honesto, tudo o que é
nobre, tudo o que é
puro, tudo o que é
santo, seja, em cada
hora da vida, a luz dos
vossos pensamentos.
Sem dúvida, é o
paradigma materialista o
maior obstáculo à
identificação e
tratamento da parasitose
espiritual, não raro
confundida pelas massas,
desconhecida da medicina
e negada pelo
hospedeiro.
Por isso é que todos os
dias milhares de pessoas
chegam aos Centros
Espíritas totalmente
alquebradas e
desequilibradas por
graves e complicados
processos obsessivos.
Normalmente já
transitaram pelos
cuidados de muitos
médicos de diversas
especialidades e por
diferentes religiões e
seitas, sem encontrar a
cura para suas mazelas e
tampouco paz para seu
Espírito.
Submetidos a tratamento
espiritual específico,
são libertos após dias,
semanas ou meses –
conforme sigam as
orientações rigorosa e
corretamente – e voltam
a sentir o valor da paz
de espírito.
Infelizmente, após
libertos do cativeiro
espiritual, voltam a se
entregar a
comportamentos de riscos
e voltam a sucumbir em
processo cada vez mais
grave, às investidas das
trevas.