Entrevista:
Américo Luís
Sucena de
Almeida
O uso de imagens
em palestras e a
experiência na
conversação
com os
desencarnados
Engenheiro,
nascido e
residente em São
Paulo (SP),
espírita desde
1965,
vice-presidente
da ADE-SP –
Associação dos
Divulgadores do
Espiritismo de
São Paulo,
fundador e atual
diretor
doutrinário da
Sociedade
Espírita Mãos
Unidas, na
capital
paulista,
Américo Luís
Sucena de
Almeida
aproximou-se do
Espiritismo por
orientação de um
amigo de
colégio, Luciano
Infante Vieira.
Admirador da
lucidez das
considerações
filosóficas de
Allan Kardec, do
cuidado
científico de
Ernesto Bozzano
e da experiência
mediúnica
relatada nos
livros de Yvonne
Pereira, nosso
entrevistado é
também iniciador
do Projeto Imagem e nos últimos anos dedica-se com
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afinco à
apresentação do
seminário
“Conversando com
os Espíritos”,
fruto de sua
experiência e
aprendizado nas
reuniões
mediúnicas,
assunto que ele
examina na
entrevista
seguinte.
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– Como surgiu a
idéia do Projeto
Imagem, que
sucedeu ao
Projeto Slide?
O Projeto nasceu
de uma
frustração,
quando, no
início dos anos
70, iniciativa
semelhante
realizada por
Aldrovando Góes
Ribeiro e Mizael
Garbin produziu
pela SELMA
(Sociedade
Espírita
Leopoldo
Machado), de
Santo Antônio da
Platina (PR), a
primeiras
imagens
espíritas em
diapositivos
(slides). Quando
tentamos comprar
as histórias já
produzidas, o
projeto já tinha
“fechado suas
portas”, imagino
que por
dificuldades
financeiras.
Nascia ali (em
1974) a idéia de
um dia fazer
desenho espírita
para continuar
aquele ideal.
– Quando nasceu
o Projeto
Imagem?
Nasceu vinte
anos depois de
idealizado, pois
tivemos que
aguardar a
descoberta de
desenhistas que
fossem
espíritas. Em
1994, Rodival
Matias fazia a
primeira
história. A ele
se juntaram
outros três
desenhistas:
Diva Vargas,
Rogério Sud e
Mozart Couto.
– O que é
exatamente o
Projeto Imagem?
Enquanto a SELMA
produzia imagens
para temas
espíritas e para
a educação
espírita
infantil, o
Projeto Slide
tinha a
finalidade
inicial de
retratar as
obras de André
Luiz, Emmanuel e
Yvonne Pereira,
para levar às
palestras
públicas uma
alternativa de
apresentação:
passar as
imagens e contar
a história do
livro. Mas a
idéia não é
contar o livro
todo, e sim
despertar o
público para a
leitura ou
releitura.
Inicialmente
chamado de
Projeto Slide,
mudamos seu nome
para Projeto
Imagem, porque
durante algum
tempo passamos a
fornecer três
alternativas de
mídia: slide,
transparência e
imagem digital.
Agora, com a
dificuldade de
custo e
aquisição do
filme para
slides (em
extinção) só
estamos
fornecendo
transparência e
imagem digital.
Esta última é
fornecida com a
advertência de
que não devem
ser colocadas na
internet. Caso
isso venha a
ocorrer, o
trabalho não se
sustenta
financeiramente
e seremos
obrigados (como
a SELMA) a
“fechar as
portas”, com
prejuízo
imediato da
divulgação a que
o projeto se
propõe.
– Como nasce uma
história do
projeto?
Escolhemos um
livro para ler
pormenorizadamente.
Voltamos a ler
em seguida
registrando os
tópicos que
resumem os
capítulos. Entre
os registros,
escolhemos
aqueles que
precisam de uma
imagem para
ficar mais
claro.
Descrevemos a
cenas com os
detalhes
possíveis. Por
exemplo: se é
dia ou noite, se
há nuvens ou
não, luar,
pessoas
encarnadas,
Espíritos,
efeitos
especiais
(auras, luzes,
etc.) e
remetemos ao
desenhista o
resumo e a
descrição de
cada uma das
cenas. Com base
no que foi
fornecido, o
desenhista
elabora um
esboço a lápis
para examinarmos
se o desenho
atende à
concepção que
foi imaginada.
Feitas as
possíveis e
necessárias
correções, o
desenho é
liberado para
coloração. É um
trabalho que
chega a demorar
quase um ano,
entre a leitura
e a entrega das
cenas.
– Qual é o custo
desse trabalho?
Quando começamos
os trabalhos, os
desenhos
custavam R$
100,00 cada,
hoje custam R$
250,00 cada um.
Assim uma
história que
está em
elaboração (Os
Mensageiros, de
André Luiz), com
previsão de 50
cenas, vai
custar ao todo
R$ 12.000,00
(doze mil
reais). Não há
como suportar
estes custos sem
a venda das
histórias.
– Como a editora
dos livros
encara este
trabalho?
Este trabalho,
com as obras
acima referidas,
precisa ter e
tem a
autorização da
Federação
Espírita
Brasileira, que
detém os
direitos
autorais da
maioria de
nossos
trabalhos. A FEB,
além de examinar
cuidadosamente
os desenhos,
também avaliza
os textos-resumo
que acompanham
as imagens e
ainda autoriza a
comercialização
por tempo
determinado, que
pode ser
ampliado se
necessário.
– Quantas
palestras estão
disponíveis
atualmente?
De Emmanuel
número de cenas
HÁ 2000
ANOS...
37
50 ANOS
DEPOIS
38
PAULO E ESTEVÃO
- PARTE
1 32
PAULO E ESTEVÃO
- PARTE
2 38
De André Luiz
NOSSO
LAR
34
OBREIROS DA VIDA
ETERNA
36
NOS DOMÍNIOS DA
MEDIUNIDADE
47
ENTRE A TERRA E
O
CÉU
38
SEXO E
DESTINO
38
Os trabalhos
sobre a obra de
André Luiz a
seguir não foram
autorizados pela
FEB, até porque
não foram
levados para
aprovação, visto
que apresentam,
segundo nossa
própria
interpretação,
alguns “erros”
de desenho –
desenhos muito
escuros,
desenhos que não
distinguem o que
é Espírito
encarnado de
desencarnado,
etc.
Estes trabalhos
devem ser
refeitos no
futuro, são os
três citados
logo abaixo:
LIBERTAÇÃO
24
REENCARNAÇÃO DE
SEGISMUNDO
38
E A VIDA
CONTINUA...
38
De Yvonne
Pereira
MEMÓRIAS DE
UM
SUICIDA
34
De Frederico
Figner
VOLTEI
34
De Humberto de
Campos
DÍVIDA E
RESGATE
11
Outros autores
NOS BASTIDORES
DE UMA REUNIÃO
27
HISTÓRIA DE
UM
ESPÍRITO
38
O GRÃO DE
MOSTARDA
11
Histórias
infanto-juvenis
O CASAL DE
PASSARINHOS
12
BALÃO É FOGO
1
14
FIL & TEO - O
REENCONTRO
18
–
Você tem
relacionado
quantas cidades
já adquiriram as
histórias? Elas
já chegaram ao
exterior?
Sim, temos os
registros de
todos os
compradores. No
Brasil as
histórias estão
em 70 cidades de
norte a sul do
país. No
exterior há
trabalhos do
Projeto Imagem
em Le
Plessis-Robinson
(França), Leiria
(Portugal),
Londres
(Inglaterra),
Madri (Espanha)
e Montreal
(Canadá).
– Qual o retorno
que tem recebido
da apresentação
de palestras com
desenhos em
slides
coloridos? Há
algum relato
especial?
Nem todas as
pessoas que
compram tais
trabalhos falam
acerca dos
resultados, mas
os que o fazem
comentam a
qualidade dos
desenhos e como
eles (os
desenhos) ajudam
a entender as
descrições dos
livros. Um
companheiro
nosso que ajuda
na divulgação do
Projeto fazendo
palestras e
comprando todas
as histórias
produzidas nos
contou certa
feita que uma
pessoa lhe
agradeceu por
tê-lo levado a
passear em Nosso
Lar, antes dele
chegar por lá.
Uma outra pessoa
se dirigiu a mim
para dizer:
“Agora eu
entendi como é
que o Espírito
faz para
comunicar” logo
após assistir a
“Nos Domínios da
Mediunidade”.
– E o seminário
Conversando com
os Espíritos,
como surgiu?
O Seminário
nasceu de uma
experiência de
quase 40 anos
fazendo o
trabalho de
tratamento
espiritual no
esclarecimento
de Espíritos
sofredores e
perseguidores.
Dois livros de
André Luiz nos
ajudaram a
entender melhor
essa tarefa. São
eles “Nos
Domínios da
Mediunidade” e
“Desobsessão”.
No final dos
anos 90,
tínhamos uma
preocupação com
o treinamento de
esclarecedores e
para isso
escrevi parte de
minha própria
experiência com
esse trabalho.
Livro pronto,
surgiu a
oportunidade de
testar as idéias
ali contidas em
um primeiro
Seminário,
exatamente no
ano 2000 na
cidade de São
José dos Campos
(SP). Depois
disso não
paramos mais de
fazer o
Seminário. O
livro ainda não
saiu (deve sair
em 2008) e está
todo modificado
pela troca de
experiências que
estes encontros
proporcionaram.
– O que você tem
sentido em
termos de
receptividade
das casas e
dirigentes na
abordagem do
tema
Conversando com
os Espíritos?
Alguns dizem que
não há abordagem
semelhante no
movimento. Mas
este trabalho só
foi feito na
cidade e no
estado de São
Paulo e por isso
não posso
confirmar tal
entendimento. Em
geral todos têm
gostado da forma
como ele é
apresentado.
Sempre com
projeção de
imagens, texto
enxuto, técnicas
sugeridas, casos
vividos,
histórias
emocionantes,
personagens
especialmente
criados para o
Seminário e
doses
necessárias de
bom humor.
– Sendo a
apresentação do
tema resultado
de suas
experiências
pessoais como
esclarecedor nas
reuniões
mediúnicas, qual
a experiência
mais marcante
que você viveu?
Foram várias,
mas para
ficarmos numa
única, posso
citar o caso de
um homem maduro
e “baladeiro”
que, sem maiores
compromissos,
acabou por
misturar
remédios de
“potência” e
álcool e assim
desencarnou.
Enquanto
conversávamos,
nos falava que
tinha cochilado
e achava
esquisito estar
“naquele” lugar.
Perguntou que
lugar era aquele
e eu disse que
era uma espécie
de anexo do
lugar onde ele
estava. Ele quis
saber mais e foi
necessário dizer
que ele teve uma
crise e fomos
chamados a
intervir. Para
encurtar a
descrição, ele
acabou por
“descobrir” por
ele mesmo o que
tinha
acontecido. Mas
ao final da
reunião, no
tempo reservado
às observações
que mais
marcaram a
reunião, a
médium que
serviu de
intermediária
disse que ele
gostou muito de
falar comigo. Eu
perguntei: Por
quê? A médium
disse porque eu
não o acusei de
nada, de nenhum
abuso, de nenhum
excesso, apenas
o acolheu na sua
nova
necessidade.
Para mim, essa
informação mudou
a maneira de
atender os
Espíritos.
– E a construção
dos personagens
representativos
dos
participantes de
uma reunião
mediúnica, como
vai sendo
elaborada?
Uma das tarefas
mais difíceis
dos responsáveis
por reuniões
mediúnicas é
administrar os
inconvenientes
de comportamento
dos
esclarecedores,
dos médiuns
falantes e dos
colaboradores
fluídicos, além
do dirigente é
claro, depois
que estão
instalados.
Levantando essas
ocorrências,
chegamos até o
momento a 75
inconveniências.
Como falar das
inconveniências
sem ferir ou
melindrar? Bem,
para não
melindrar é
preciso que
essas
inconveniências
sejam
estudadas.
Por que são
inconvenientes?
Que desconforto
produzem?
Fazer isso,
depois que a
pessoa já está
localizada no
grupo
definitivo, é
muito difícil.
Todo o dirigente
sabe disso.
A saída é
melhorar o
treinamento dos
futuros
candidatos e
reciclar nos
estudos os
grupos já
formados. Mas
fazer isso
citando o que as
pessoas fazem é
complicado.
Nasceram então
personagens
fictícios em que
o nome e o
sobrenome
combinados
revelam o que as
pessoas fazem em
serviço, e que
são adequadas ou
inadequadas.
Os primeiros
personagens
nasceram de
coisas
inadequadas que
eu mesmo fazia.
Para citar duas
delas, temos a
Dona Carlota
Garela e o Sr.
Hermeto Amano.
Durante muitos
anos eu falava
mais que o
Espírito (pouco
me interessava
saber qual era a
sua necessidade,
eu tinha que
doutriná-lo) e
também tinha uma
facilidade muito
grande em me
irritar com
Espíritos
perseguidores, a
ponto de querer
“meter a mão na
orelha” do
comunicante.
Como isso não
era possível,
nunca cheguei às
vias de fato.
Muitos
personagens
nasceram da
observação do
inconveniente
que
esclarecedores,
médiuns falantes
e doadores de
fluido
provocavam,
enquanto outros
personagens
foram sugeridos
nos seminários
que realizamos.
Os outros 73
personagens? Só
fazendo o
Seminário
Falando com os
Espíritos.
E podem surgir
mais
personagens...
– A experiência,
através dos
anos, como
esclarecedor,
traz-lhe que
conclusão nos
dias atuais?
Concluí que os
mentores
espirituais
podem muito bem
fazer esse
serviço sem
depender dos
encarnados, como
o fizeram ao
longo dos tempos
que antecederam
a Doutrina dos
Espíritos.
Mas...
resolveram abrir
a possibilidade
de conhecermos
melhor as
necessidades do
outro lado da
vida,
mostrando-nos
realidades das
quais não
tínhamos
conhecimento. E
conhecer essas
realidades mudou
muito minha
forma de
viver...
acredito que
para melhor.
Contatos com o
entrevistado:
americosucena@uol.com.br
ou pelo telefone
(11) 6952-1582.
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