MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
Missionários da Luz
André Luiz
(6a
Parte)
Continuamos nesta edição
o estudo da obra
Missionários da Luz,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e publicada pela editora
da Federação Espírita
Brasileira, a qual
integra a série
iniciada com o livro
Nosso Lar.
Questões preliminares
A. Que previsão fez
Alexandre quanto à
estrutura dos templos
cristãos no porvir da
Humanidade?
R.: Segundo Alexandre,
no futuro da Humanidade
os templos materiais do
Cristianismo estarão
transformados em
igrejas-escolas,
igrejas-orfanatos,
igrejas-hospitais, onde
não somente se veicule a
palavra de
interpretação, mas onde
a criança encontre
arrimo e esclarecimento,
o jovem a preparação
necessária para as
realizações dignas do
caráter e do sentimento,
o doente o remédio
salutar, o ignorante a
luz, o velho o amparo e
a esperança.
(Missionários da Luz,
cap. 8, págs. 83 a 85.)
B. Se muitos são os
chamados, que é preciso
fazer para sermos
escolhidos?
R.: A escolha, em
qualquer trabalho
construtivo, não exclui
a qualidade. Se o homem
não oferece qualidade
superior para o serviço
divino, em hipótese
nenhuma deve esperar a
distinção da escolha.
Deus chama a todos, mas
somente os devotados,
persistentes, operosos e
fiéis constroem
qualidades eternas que
os tornam dignos de
grandes tarefas. Assim,
a escolha divina começa
pelo esforço de cada um,
sempre. (Obra citada,
cap. 8, págs. 85 a 87.)
C. Que ensinamento
podemos extrair dos
casos Vieira e
Marcondes?
R.: A invigilância de
ambos mostra que nem
todos conseguem manter o
coração e a mente nos
caminhos retos e que o
homem, invariavelmente,
escolhe as companhias
que prefere. (Obra
citada, cap. 8, págs. 87
a 93.)
D. Qual o requisito
essencial aos que sonham
com conquistas e
realizações sublimes?
R.: Para alcançar
conquistas gloriosas e
realizações sublimes, é
preciso, primeiro,
corrigir as atitudes
mentais diante da vida
humana. A fé não se
reduz a simples
amontoado de promessas
brilhantes. A edificação
do reino interior com a
luz divina reclama
trabalho persistente e
sereno. Não é apenas ao
preço de palavras que se
erguerão os templos da
fé viva. É
imprescindível a escolha
de material, esforços de
aquisição, planos
previamente deliberados,
aplicação necessária,
experimentação de
solidez, demonstrações
de equilíbrio, firmeza
de linhas, harmonia de
conjunto e primores de
acabamento. Urge, pois,
estimar o trabalho antes
do repouso, aceitar o
dever sem exigências,
desenvolver as tarefas
aparentemente
pequeninas, antes de se
inquietar pelas grandes
obras, e colocar os
desígnios do Senhor
acima de todas as
preocupações
individuais! (Obra
citada, cap. 9, págs. 94
a 97.)
Texto para leitura
36. Curso de
esclarecimento metódico
- Alexandre dirigiria,
naquela noite, pequena
assembléia de
estudiosos, companheiros
que buscavam
aperfeiçoar-se para o
melhor desempenho de
suas tarefas. Explicou a
André que o núcleo de
estudantes terrestres já
possuía certa expressão
numérica, mas lhe
faltavam determinadas
qualidades essenciais
para funcionar com pleno
proveito. Essa foi a
razão de ter Alexandre
estabelecido um curso de
esclarecimento metódico,
ao qual, no entanto,
compareciam apenas 32
companheiros encarnados,
dentre os 300
integrantes da
instituição por ele
atendida. E havia noites
em que mesmo alguns
dentre os 32 quebravam
os compromissos
assumidos, para atender
a seduções comuns,
reduzindo-se ainda mais
a freqüência geral. O
instrutor explicou que,
apesar das limitações do
cérebro físico, os
ensinamentos
transmitidos naquelas
reuniões tinham sempre
inexprimíveis utilidades
práticas. Despertando na
Crosta, os aprendizes
experimentavam alívio,
repouso e esperança, a
par da aquisição de
novos valores
educativos. Seus
pensamentos tornavam-se
mais claros, os
sentimentos mais
elevados e as preces
mais respeitosas e
produtivas,
enriquecendo-se-lhes as
observações e trabalhos
de cada dia, muito
embora não conseguissem
positivar a origem de
tais idéias. André
lamentou o reduzido
número dos que
freqüentavam aqueles
estudos, ao que
Alexandre redargüiu,
dizendo que não podemos
violentar ninguém. Toda
elevação representa uma
subida e toda subida
pede esforço de
ascensão, a que poucos
se sujeitam. (Cap. 8,
págs. 80 a 83)
37. Na Casa
espírita - O
vasto edifício
impressionava pelas
linhas modestas
transbordantes de luz.
Grande número de
entidades desencarnadas
se movimentava diante da
porta de entrada. Era
uma instituição
espiritista, a serviço
dos necessitados, dos
tristes, dos sofredores.
A uma pergunta de André,
Alexandre falou sobre os
primeiros tempos do
Cristianismo, lembrando
que o primeiro núcleo de
serviço cristão foi a
moradia de Pedro, em
Cafarnaum. Disse ainda
que no futuro da
Humanidade os templos
materiais do
Cristianismo estarão
transformados em
igrejas-escolas,
igrejas-orfanatos,
igrejas-hospitais, onde
não somente se veicule a
palavra de
interpretação, mas onde
a criança encontre
arrimo e esclarecimento,
o jovem a preparação
necessária para as
realizações dignas do
caráter e do sentimento,
o doente o remédio
salutar, o ignorante a
luz, o velho o amparo e
a esperança. O
Espiritismo evangélico é
também o grande
restaurador das antigas
igrejas apostólicas, e
seus intérpretes fiéis
serão auxiliares
preciosos na
transformação dos
parlamentos teológicos
em academias de
espiritualidade, das
catedrais de pedra em
lares acolhedores de
Jesus. (Cap. 8, págs. 83
a 85)
38. Muitos os
chamados, poucos os
escolhidos -
Faltavam cinco minutos
para duas horas da
madrugada e o recinto da
palestra estava tomado
por entidades
desencarnadas e pelo
habitual grupo de
encarnados. Faltavam,
porém, dois
companheiros: Vieira e
Marcondes, cuja ausência
foi comunicada a
Alexandre. Os trabalhos
não podiam, contudo,
esperar, visto que a
tarefa deveria estar
concluída às quatro
horas no máximo.
Sertório foi incumbido
pelo instrutor de ver o
que estava acontecendo,
juntamente com André
Luiz, convidado a
participar da expedição.
No caminho, os dois
conversaram sobre as
atividades programadas,
quando Sertório lembrou
que poucas pessoas na
Crosta têm consciência
dos serviços realizados
durante o sono físico.
Infelizmente, a maioria
se vale,
inconscientemente, do
repouso noturno para
sair à caça de emoções
frívolas ou menos
dignas. Relaxam-se as
defesas próprias e
certos impulsos,
sopitados durante a
vigília, extravasam em
todas as direções, por
falta de educação
espiritual, realmente
sentida e vivida. André
perguntou se alunos de
um instrutor do porte de
Alexandre poderiam
também ser vítimas
desses enganos. –
Como não?, tornou
Sertório. Quantos
pregam a Verdade, sem
aderirem intimamente a
ela? quantos repetem
fórmulas de esperança e
paz, desesperando e
perseguindo? Há sempre
muitos "chamados" em
todos os setores de
construção e
aprimoramento do mundo!
os escolhidos, contudo,
são sempre poucos. E
ele lembrou que a
escolha, em qualquer
trabalho construtivo,
não exclui a qualidade.
Ora, se o homem não
oferece qualidade
superior para o serviço
divino, em hipótese
nenhuma deve esperar a
distinção da escolha.
Deus chama a todos, mas
somente os devotados,
persistentes, operosos e
fiéis constroem
qualidades eternas que
os tornam dignos de
grandes tarefas. Assim,
a escolha divina começa
pelo esforço de cada um,
sempre. (Cap. 8, págs.
85 a 87)
39. O caso Vieira
- Em instantes, André e
Sertório estavam em casa
de Vieira. Entraram. No
quarto confortável
dormia um homem idoso,
fazendo ruído singular.
Via-se-lhe perfeitamente
o corpo perispiritual
unido à forma física,
embora parcialmente
desligados entre si. A
seu lado, estava uma
entidade singular, com
vestes negras. Vieira
padecia de um pesadelo
cruel. Sertório
conversou com a entidade
que atormentava com sua
presença o companheiro
encarnado. Era Barbosa,
velho conhecido de
Vieira, cuja presença
ali se deu porque
naquela noite Vieira o
atraíra ao seu lar com
reiteradas lembranças em
que, conversando
levianamente com a
família, o acusara de
faltas que não cometera.
Isso, naturalmente, o
desgostara, motivo pelo
qual ele se pôs a
explicar a Vieira a
situação do passado,
informando-o quanto aos
verdadeiros móveis de
suas iniciativas e
resoluções na vida
carnal, para que não
prosseguisse
caluniando-lhe o nome.
Vieira estava, contudo,
apavorado com a presença
de Barbosa. Sertório
pediu a este
compreensão, mas não lhe
cabia retirar
violentamente a visita,
cuja presença fora
propiciada por Vieira. O
socorro ao companheiro
viria de outra forma:
fazendo-o despertar. E,
sem pestanejar, sacudiu
o adormecido,
energicamente,
gritando-lhe o nome com
força. Vieira despertou
confuso, sob enorme
fadiga, exclamando,
palidíssimo: – Graças
a Deus, acordei! que
pesadelo terrível!...
Será crível que eu tenha
lutado com o fantasma do
velho Barbosa? Não! não
posso acreditar!...
(Cap. 8, págs. 87 a 90)
40. O caso
Marcondes - Daí
a dois minutos André e
Sertório penetravam o
apartamento de
Marcondes; todavia, o
quadro agora era muito
mais triste e
constrangedor. Marcondes
estava ali, parcialmente
desligado do corpo
físico, que descansava
sob as colchas rendadas.
Não se via nele qualquer
impressão de pavor, como
ocorreu com Vieira, mas
se revelava ali a
posição de relaxamento,
característica dos
viciados do ópio, e ao
seu lado três entidades
femininas de galhofeira
expressão permaneciam em
atitude menos
edificante. Quando viu
Sertório, Marcondes teve
uma enorme surpresa;
levantou-se,
envergonhado, e ensaiou
algumas explicações com
dificuldade: – Meu
amigo, já sei que vem
procurar-me... não sei
como esclarecer o que
ocorre... Mas não
pôde prosseguir e
mergulhou a cabeça nas
mãos, como se desejasse
esconder-se de si mesmo.
A cena era
constrangedora. As
entidades femininas que
o assediavam eram da
pior espécie e,
irritadas talvez com o
companheiro que se
revelava triste e
humilhado, prorromperam
em grande algazarra,
acercando-se dos dois
visitantes, sem o mínimo
respeito. Diziam que
ninguém lhes tiraria
Marcondes; afinal, fora
ele mesmo quem as chamou
para aquele encontro...
Sertório estava sereno e
evidenciava íntima
compaixão diante daquele
quadro muito triste. Foi
quando uma das
entidades,
aproximando-se com
terrível expressão de
sarcasmo, falou: – Os
senhores não passam de
intrusos. Marcondes é
fraco, deixando-se
impressionar pela
presença de ambos. Nós,
todavia, faremos a
reação. Não conseguirão
arrancar-nos o
predileto. Também temos
um curso de prazer...
Se não respondeu à
provocação e, sem
espírito de censura,
perguntou a Marcondes
que contas daria dele
naquela noite. Lacrimoso
e humilhado, o
interpelado respondeu: –
O' Sertório, como é
difícil manter o coração
nos caminhos retos!
Perdoe-me... Não sei
como isto aconteceu...
Não posso explicar-me!
Sertório, interessado em
aproveitar o tempo,
interrompeu-o: – Sim,
Marcondes. Cada qual
escolhe as companhias
que prefere. Futuramente
você compreenderá que
somos seus amigos leais
e que lhe desejamos todo
o bem. Em seguida,
ele e André deixaram a
casa e regressaram à
Casa espírita, onde
Alexandre os aguardava.
Por que ele não agiu
como na casa de Vieira,
acordando Marcondes? A
essa pergunta de André,
Sertório respondeu
dizendo que não podia
agir do mesmo modo; as
situações eram
diferentes. Marcondes
deveria demorar-se em
tal situação, para que
no dia seguinte a
lembrança desagradável
fosse mais duradoura,
fortificando-lhe a
repugnância pelo mal.
(Cap. 8, págs. 90 a 93)
41. No salão de
palestras - Era
considerável o número de
amigos encarnados,
provisoriamente libertos
do corpo físico através
do sono, que se
congregavam no salão,
para ouvir Alexandre.
Junto da mesa diretora,
onde o orador assumiu a
chefia, instalaram-se os
alunos diretos e
permanentes do sábio
instrutor. Os demais
foram distribuídos em
turmas sucessivas, de
segundo plano. Era pouco
mais de cem pessoas o
número de encarnados
presentes; os
desencarnados
compareciam em número
bem maior. Vários grupos
socorristas, como o do
Irmão Francisco, ali
estavam presentes. André
notou, desde logo, uma
particularidade: somente
os aprendizes
comprometidos com
Alexandre poderiam
relacionar suas dúvidas,
pedidos e indagações,
não em sentido verbal,
mas através de consultas
previamente transmitidas
a ele, antes do início
da dissertação. Sertório
explicou que há muitas
escolas desse gênero
para os encarnados que
se disponham a
aproveitar os momentos
do sono físico. É
natural, pois, que
somente aos discípulos
permanentes desse ou
daquele setor caiba o
direito de perguntar. É
apenas uma questão de
ordem. (Cap. 9, págs. 94
e 95)
42. A
palestra de Alexandre
- Irradiando a luz que
lhe era própria,
Alexandre dominava a
assembléia não pelo
magnetismo absorvente
dos oradores
apaixonados, mas pela
bondade simples e pela
superioridade sem
afetação. Começou sua
explanação com uma prece
na qual suplicava ao
Senhor o dom de
compreender o auditório
e de ser por ele
compreendido. O
instrutor falou sobre
mediunidade e fenômeno,
destacando inúmeros
pontos fundamentais ao
desenvolvimento e à
educação dos médiuns,
adiante resumidos.
Muitos trabalhadores
sonham com conquistas
gloriosas e realizações
sublimes, mas é preciso,
primeiro, corrigir as
atitudes mentais diante
da vida humana. Como
intentar construções sem
bases legítimas? atingir
os fins sem atender aos
princípios? A fé não se
reduz a simples
amontoado de promessas
brilhantes. A edificação
do reino interior com a
luz divina reclama
trabalho persistente e
sereno. Não é apenas ao
preço de palavras que se
erguerão os templos da
fé viva. É
imprescindível a escolha
de material, esforços de
aquisição, planos
previamente deliberados,
aplicação necessária,
experimentação de
solidez, demonstrações
de equilíbrio, firmeza
de linhas, harmonia de
conjunto e primores de
acabamento. Muitos
irmãos que pretendem
desenvolver as
percepções mediúnicas
supõem erradamente que
as forças espirituais
permanecem circunscritas
a puro mecanismo de
forças cegas e fatais,
sem qualquer ascendente
de preparação,
disciplina e
construtividade.
Requerem a
clarividência, a
clariaudiência, o
serviço completo de
intercâmbio com os
planos mais elevados; no
entanto, terão aprendido
a ver, a ouvir, e
sobretudo a servir, na
esfera do trabalho
cotidiano? Terão
dominado todos os
impulsos inferiores,
para se colocarem no
rumo das regiões
superiores? Urge, pois,
estimar o trabalho antes
do repouso, aceitar o
dever sem exigências,
desenvolver as tarefas
aparentemente
pequeninas, antes de se
inquietar pelas grandes
obras, e colocar os
desígnios do Senhor
acima de todas as
preocupações
individuais! (Cap. 9,
págs. 95 a 97)
(Continua no próximo
número.)
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