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Editorial
Ano 1 - N° 36 - 23 de Dezembro de 2007
 

O Natal do Senhor

 

Segundo o calendário oficial, Jesus nasceu há 2007 anos. Mas, perguntamos, Jesus nasceu quando para nós? E que significa seu nascimento na intimidade de nossas vidas?

Jesus disse que nos amássemos como ele nos amou. E disse que esse era seu jugo e também o seu fardo. Jugo suave, porque amor; fardo leve, porque caridade. Caridade significa amor de irmão, o que implica olharmos para nosso lado e enxergar irmãos nos companheiros do caminho – tornar-nos o próximo daqueles que se aproximam de nós.

O que o amor opera em nossos corações é a chave que pode abrir os grilhões que nos prendem às coisas materiais, à materialidade do mundo. Quando Jesus enunciou a palavra amor, exemplificando-a no trato conosco, o mundo sofreu um abalo. E seu nascimento significa o abalo em nossas convicções que faz com que procuremos realmente nos modificar para melhor.

Se Jesus já nasceu em nossos corações, então podemos saber que demos o primeiro passo para a salvação – passo esse de que só nossa consciência é testemunha e que só diz respeito a nós e a Deus. Mas o que significa salvar-se?

Quando Jesus iniciou suas pregações, ele repetiu, docemente, as palavras do Batista: “arrependam-se, façam penitência, e convertam-se, porque o Reino dos Céus está próximo de vocês”, o que implica dizer que o Reino de Deus, onde a lei de justiça, amor e caridade é plenamente exercida, está a um passo de nós, porque, se nos arrependermos, se repararmos o mal que fizemos e se convertermos nossa face para o Criador, então o Reino será edificado nos nossos corações e nos libertaremos.

Jesus, ao proferir a palavra amor, iniciou uma revolução. Mas ele não foi nem é um revolucionário vulgar, como muitos o vêem. Nem sequer é um revolucionário, porque não veio destruir a lei. Ele foi o exemplo puro da lei de Deus, o agente de transformação de nossos corações para melhor.

Jesus desperta em nós o que temos de melhor. E, apesar de nossos erros, todos temos o que a humanidade tem de melhor – o amor, em uns latente, em outros quase sufocado entre os espinhos do egoísmo, em outros ainda desabrochando em atos humanitários, em pequena ou larga escala segundo a estatura de cada um. E Jesus é o êmulo do que temos de melhor e conhece cada uma de suas ovelhas nominalmente.

Ele nos conhece a todos nós por nossos predicados e quer que cada um de nós desperte a semente adormecida do amor em nossos corações.

A cada Natal, quando as atenções das pessoas se voltam inteiramente para Papai Noel, geralmente esquecemos o verdadeiro aniversariante.

Não esquecemos as compras (se podemos comprar), tampouco a ceia (se podemos cear), mas invariavelmente esquecemos Jesus ou, o que é pior, se nos lembramos dele, nem sempre agimos de acordo com o que seu nome faz lembrar, que é a observância da lei do amor.

Quantas vezes a reunião familiar, mesmo nas festas de Natal, é permeada de azedume, de hipocrisia, de malquerença? Quantas vezes, em um momento que deveria ser a celebração do amor, somos arrastados pelos excessos e pelos prazeres menos dignos?

Jesus fez seu primeiro “milagre” numa festa de casamento. Usamos aqui o vocábulo milagre por mera concessão aos cristãos não-espíritas, porque milagres – ensina o Espiritismo – não existem.

Pelo relato dos evangelistas, parecia que o Mestre gostava de ambientes festivos, porque alegres, mas revestidos de uma alegria pura, sem a mácula dos interesses mundanos. Acreditamos, por isso, que Jesus quer que festejemos, sim, e parece que não quer ser tão-somente lembrado mas que lembremos  sua exortação final aos discípulos amados: “amem-se como eu os amei”.

Recordemos suas lições neste mês em que se celebra mais um Natal e mostremos aos nossos filhos e aos nossos netos que o aniversariante a ser reverenciado não é o velhinho simpático, de vestes vermelhas, que encanta as criancinhas, mas sim o Amigo de todas as horas que recebeu do Pai a missão de conduzir a humanidade terrena ao porto da paz e da felicidade.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita