Rejane de Santa
Helena
Spiegelberg
Planer:
“Sem o fenômeno
mediúnico, as
questões éticas
e morais da
filosofia
espírita e a
vivência do
Evangelho,
não há
Espiritismo”
“Trazer a
doutrina
para o
dia-a-dia é
o grande
desafio.”
Esta é uma
das frases
ditas por
Rejane de
Santa Helena
Spiegelberg
Planer na
entrevista
que se
segue.
Gaúcha,
Rejane vive
em Viena,
Áustria, há
alguns anos.
Para ela,
espírita e
colaboradora
ativa das
atividades
do movimento
espírita há
muitos anos,
promover a
discussão de
assuntos
atuais como
o aborto, o
uso de
drogas, o
tabagismo,
alcoolismo,
por meio de
uma
abordagem
sem
preconceitos
ou
fanatismos,
mas
esclarecedora,
mostrando
suas
conseqüências
em termos
espirituais
com base na
Doutrina
Espírita,
são alguns
|
|
fatores que
podem ajudar
na
conscientização
da
necessidade
de mudança
interior e
de
comportamento
das pessoas.
|
“O estudo do
Evangelho, de
temas como a
necessidade do
exercício do
perdão,
começando por
esquecer a mágoa
e o
ressentimento,
ajuda na
transformação do
indivíduo e da
sociedade. E
assim, vamos
cooperando na
mudança deste
mundo terreno de
expiações para
um mundo de
regeneração,
onde o amor
fraternal e a
amizade
predominarão. A
mudança, no
entanto, é
trabalho
individual e
intransferível”,
diz ela.
Confira a
entrevista na
íntegra:
O Consolador:
Onde você
nasceu?
Rejane:
Nasci em Porto
Alegre (RS).
O Consolador:
Que motivo a
levou a residir
em Viena?
Rejane:
Vim para Viena,
Áustria, em
1989, para
trabalhar num
dos órgãos da
Organização das
Nações Unidas, a
Agência
Internacional de
Energia Atômica.
O Consolador:
Qual sua
formação?
Rejane:
Fiz o curso de
engenharia
elétrica na
Universidade
Federal do Rio
Grande do Sul,
em Porto Alegre;
o curso de
mestrado em
engenharia
nuclear no
Instituto
Militar de
Engenharia no
Rio de Janeiro,
a minha segunda
“cidade natal”.
Considero-me, no
entanto, uma
engenheira
nuclear, pois
foi para esta
modalidade que
me preparei já
durante a
graduação e onde
atuo
profissionalmente
há quase 30
anos.
O Consolador:
Que funções você
tem exercido no
movimento
espírita?
Rejane:
Minha atuação
ativa no
movimento
espírita começou
aos poucos e
continua muito
modesta. Desde
que moro em
Viena, freqüento
a Sociedade de
Estudos
Espíritas Allan
Kardec. Quando a
sociedade foi
oficialmente
estabelecida
como sociedade
beneficente, em
2000, fui
convidada para o
cargo de
vice-presidente,
e desde então
procuro
colaborar com a
instituição.
Cooperar na
direção desta
pequena casa
espírita é antes
de tudo uma
oportunidade de
aprendizado que
também nos dá o
ensejo de
cooperar na
disseminação do
Espiritismo na
região. Na nossa
casa dei minha
primeira e
tímida palestra
espírita, para
um pequeno grupo
de pessoas – um
momento de
singela beleza
para mim, quando
me senti
abraçando um
novo caminho e
assumindo a
responsabilidade
de viver o
Espiritismo de
uma forma mais
consciente. Aos
poucos,
lentamente, fui
assumindo mais
responsabilidades,
estudando cada
vez mais a bela
Doutrina em
pontos em que eu
mesma precisava
aprofundar o
conhecimento, e
então foram
surgindo os
artigos
publicados em
algumas revistas
espíritas
brasileiras
(Presença
Espírita,
Revista
Internacional do
Espiritismo,
Momento
Espírita, o
Consolador,
etc.). Desde
1990 participo
das discussões
do Grupo de
Estudos
Espíritas
Avançado (GEAE),
um grupo que foi
ativo e inovador
na década de
1990, abrindo as
discussões via
internet, que
naquele tempo se
resumia ao
e-mail. Também
participo da
Liga de
Historiadores
Espíritas,
praticamente
desde a sua
fundação.
O Consolador:
Quando você teve
contato com o
Espiritismo?
Rejane:
Cresci numa
família espírita
e católica. Meus
avós paternos e
meu pai eram
espíritas
ativos, enquanto
a família de
minha mãe era
católica, mas
com influência
espírita. Minha
avó materna,
minhas tias e
minha mãe foram
médiuns, mas meu
avô era católico
fervoroso e
praticante.
Nessa orquestra
típica da
sociedade
brasileira,
cresci
acompanhando
minha avó ao
centro espírita
e minha mãe à
igreja católica.
Muito cedo me
rebelei quanto
aos dogmas
católicos, e
creio que deixei
a Igreja já no
momento em que
fiz a primeira
comunhão,
naquele tempo
mais um fato
social do que
religioso. Aos
10 anos já não
conseguia
entender a
confissão, os
santos, e muita
coisa mais. Na
minha juventude,
minha mãe já
abraçava o
Espiritismo e
colaborava nos
trabalhos
mediúnicos da
sociedade
espírita perto
de nossa casa,
mas eu estava
ainda muito
ocupada com meus
estudos e não
participei
ativamente do
Espiritismo, até
mesmo acho que o
repudiei um
pouco. Foi
somente quando
compareci a uma
palestra de
Divaldo Franco
em Viena, em
1990, que
realmente o
Espiritismo
entrou na minha
vida.
Naquele dia de
verão europeu,
assistimos à
palestra sobre
reencarnação e
um filme sobre
curas
mediúnicas. Foi
como uma luz no
túnel da minha
vida ou uma
porta aberta
convidando-me a
entrar. Eu não
vacilei e
aceitei o
convite.
O Consolador:
Qual foi a
reação de sua
família ante
essa mudança de
postura com
relação à
Doutrina
Espírita?
Rejane:
Foi uma surpresa
para todos, pois
eu sempre fui
meio do contra,
muito racional,
muito
questionadora,
colocando a
ciência acima de
tudo. Devido a
este
temperamento
inquisitivo, fui
sempre estudiosa
das religiões,
busquei
respostas às
minhas
indagações em
várias delas.
Encontrei
pessoas
admiráveis em
várias, mas
continuei sem
compromisso com
nenhuma das
religiões
institucionalizadas.
Deste modo,
acredito que foi
uma surpresa
positiva, que
abriu caminhos
para conversas
estimuladoras
com todos e
ofertou-me mais
amigos dentro e
fora da família
que nasci.
O Consolador:
Dos três
aspectos do
Espiritismo –
científico,
filosófico e
religioso – qual
é o que mais a
atrai?
Rejane:
Difícil
responder, pois
o Espiritismo só
existe como
Doutrina dos
Espíritos em
seus três
aspectos. É como
separar
hidrogênio e
oxigênio da
molécula da água
não teríamos
mais água.
Separando os
aspectos
filosófico,
religioso e
científico não
temos mais
Espiritismo.
Portanto, é
preciso entender
o que são os
três aspectos
para não sermos
tentados a
enfatizar um em
detrimento dos
demais. O
caráter
científico é
essencial para o
conhecimento dos
fenômenos, e
ajuda-nos a
livrar-nos das
superstições e
misticismos
milenares
oriundos do
desconhecimento
e da ignorância.
O caráter
filosófico traz
resposta às
questões também
milenares –
quais sejam, o
significado da
vida, de onde
viemos, para
onde vamos. O
caráter
religioso está
na
interiorização
da religião, na
crença em Deus,
na fé lógica, na
conversa
interior com
Jesus, na prece
sentida que vem
do fundo da alma
e não nas
palavras
decoradas. Por
exemplo, para
entendermos que
somos Espíritos
eternos criados
por Deus e
sujeitos a
múltiplas
reencarnações, e
em diversos
mundos de acordo
com nossa
evolução
espiritual,
precisamos
evocar os três
aspectos do
Espiritismo. A
visão científica
auxilia o
entendimento da
sobrevivência do
Espírito à morte
do corpo, e de
que este
reencarna
novamente para
novas
experiências de
aprendizado e
crescimento. O
estudo do
fenômeno
mediúnico prova
a existência da
alma. Temos a
resposta às
maiores questões
filosóficas da
humanidade: quem
somos; de onde
viemos e para
onde vamos, que
foram discutidas
por Léon Denis,
o filósofo do
Espiritismo, no
livro “O
Problema do Ser,
do Destino e da
Dor”, leitura
recomendada a
todo espírita.
Mas é somente o
caráter
religioso que
nos permite,
através da fé
raciocinada e
lógica, da
vivência
interior, da
prece e da
vivência dos
ensinamentos
morais de
Cristo,
prosseguir na
caminhada
evolutiva,
consciente e
ativamente.
O Consolador:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
Rejane:
É preciso antes
de tudo conhecer
e aprender a
Doutrina. Assim,
Kardec é livro
de cabeceira.
Quanto mais se
lê, melhor
entendemos e
trazemos o
Espiritismo à
nossa vida
diária. No
entanto, Joanna
de Ângelis é a
autora que
aprecio e
procuro em
minhas reflexões
diárias sobre a
psicologia
humana. Ela
invariavelmente
esclarece e
auxilia-me no
processo de
autoconhecimento.
Gosto também de
ler sobre as
passagens da
vida de Jesus
nos livros do
Espírito Amélia
Rodrigues,
psicografados
por Divaldo
Franco, que
conseguem nos
transportar
àquele tempo
através da
descrições das
paisagens e dos
belos diálogos
do Mestre. E
ainda gosto de
André Luiz,
cujos livros são
sempre motivos
de estudo, e de
Manoel Philomeno
de Miranda, que
aborda a
mediunidade e a
obsessão de
forma primorosa.
O Consolador:
Que livros
espíritas você
considera de
leitura
indispensável
aos confrades
iniciantes?
Rejane:
Sem dúvida, ler
e reler o Livro
dos Espíritos e
a leitura diária
de um trecho do
Evangelho
segundo o
Espiritismo. O
primeiro
esclarece a
Doutrina, o
segundo
ensina-nos a
viver. E ainda
recomendaria os
livros de Joanna
de Ângelis, como
“Conflitos
Existenciais”,
que ajuda a
meditar e
livrar-nos de
problemas comuns
e que dificultam
os
relacionamentos
sociais, como
ressentimentos,
angústias, medos
etc. Sem
esquecer,
obviamente, a
série de livros
de André Luiz
(psicografia de
Chico Xavier) e
de Manoel
Philomeno de
Miranda
(psicografia de
Divaldo Franco),
que são leituras
complementares
essenciais ao
estudo da
mediunidade.
O Consolador: Se
você fosse
passar alguns
anos num lugar
remoto, com
acesso restrito
às atividades e
trabalhos
espíritas, que
livros espíritas
levaria?
Rejane:
Depende de
quantos quilos
posso levar
nessa mala! Eu
adoro a boa
leitura e os
livros. Não
consegui ainda
me desapegar dos
meus livros – e
faço
conscientemente
um exercício de
desapego
semanal,
oferecendo aos
amigos as obras
da minha pequena
biblioteca. Eu
levaria as cinco
obras básicas –
somente com elas
já poderia
passar anos
meditando.
Algumas obras de
Joanna de
Ângelis, da sua
coleção
psicológica –
ajudam no
crescimento
interior, na
solução dos
problemas
diários de
relacionamentos,
tão comuns em
todo o ser
humano. A
coleção de André
Luiz, ou pelo
menos
“Missionários da
Luz”, se não
pudesse levar
todos, e alguns
livros para
refrescar a alma
e assim mesmo
pensar – como
“Estesia”, de
Rabindranah
Tagore,
psicografado por
Divaldo Franco.
O Consolador: As
divergências
doutrinárias em
nosso meio
reduzem-se a
poucos assuntos.
Um deles diz
respeito ao
chamado
Espiritismo
laico. Para
você, o
Espiritismo é
uma religião?
Rejane:
Não na forma
popularmente
usada da palavra
religião, como
religião
institucionalizada.
Kardec esclarece
no Livro dos
Espíritos que o
Espiritismo não
tem
nacionalidade
nem faz parte de
nenhum culto
existente,
explicando assim
o caráter
universal do
Espiritismo,
muito diverso
das religiões
institucionalizadas
pela nossa
sociedade que
instituíram
dogmas difíceis
de serem
seguidos pelo
pensamento
racional e
perderam-se nos
cargos
funcionais, na
hierarquia,
esquecendo
muitas vezes o
seu verdadeiro
papel de levar a
mensagem de amor
e de caridade ao
mundo. Em toda a
sua obra Kardec
recomenda-nos
cuidado para que
não deixemos
cristalizar o
Espiritismo, um
problema comum
das religiões
institucionalizadas.
No entanto,
entendendo
religião como a
crença na
existência de
uma força
criadora do
Universo (Deus)
e que engloba um
pensamento
filosófico,
ético e
metafísico que
direciona a vida
do ser humano,
então eu diria
que o
Espiritismo é
uma religião.
Uma religião não
institucionalizada,
sem cultos
externos, sem
representantes,
a religião da
alma que se
dirige a Deus.
O Consolador: Um
outro tema em
que a prática
espírita às
vezes diverge
são os chamados
passes
padronizados,
propostos na
obra de Edgard
Armond. Embora
saibamos que no
geral a opção já
definida pela
maioria dos
espíritas seja
tão-somente a
imposição das
mãos, tal como
recomenda J.
Herculano Pires,
qual é sua
opinião a
respeito?
Rejane:
A ciência começa
a explicar e a
abrir os
horizontes para
a medicina
vibracional, que
inclui diversas
técnicas de
transmissão da
bioenergia. No
entanto, dentro
do senso prático
e do objetivo da
casa espírita, é
a simplicidade
de gestos que
deve prevalecer,
unida à boa
vontade e
compaixão dos
passistas, o que
os unem aos
mensageiros de
Jesus.
Aprendemos a
técnica do passe
com Divaldo
Franco e
adotamos a forma
simples de
dispersar os
fluidos com a
imposição das
mãos.
O Consolador:
Como você vê a
discussão em
torno do aborto?
Rejane:
Nos dez
mandamentos, já
teríamos a
resposta: não
matarás. O feto
é um ser vivo,
um Espírito
prestes a
experimentar a
vida, e como tal
tem direito à
vida. O problema
para muitos é
determinar o
momento em que o
Espírito liga-se
ao corpo em
formação. Neste
sentido o livro
de André Luiz
“Missionários da
Luz” é bastante
esclarecedor ao
analisar a
encarnação do
Espírito de
Segismundo,
mostrando que o
Espírito já está
presente no
momento da
concepção.
Portanto, há
vida nas
primeiras horas
após a
fecundação. Na
carta de
princípios
estabelecida no
V Congresso
Médico-Espírita
em 2005, a
comunidade
médico-espírita
manifesta-se
contra “qualquer
método que
interrompa a
vida em algum
ponto do
continuum
zigoto-velho,
inclusive a
pílula do dia
seguinte, e
favoravelmente
ao planejamento
familiar,
através de
métodos
não-abortivos”.
Eu concordo
plenamente com
esta posição.
Como mulher e
mãe, como
espírita e
cristã, não
posso concordar
com qualquer
atentado à vida.
O Consolador: A
eutanásia, como
sabemos, é uma
prática que não
tem o apoio da
Doutrina
Espírita. Kardec
e outros
autores, como
Joanna de
Ângelis, já se
posicionaram
sobre esse tema.
Surgiu, no
entanto,
ultimamente a
idéia de
ortotanásia,
defendida até
mesmo por
médicos
espíritas. Qual
a sua opinião a
respeito?
Rejane:
Entendo que a
eutanásia é o
processo de
abreviar o
sofrimento de
doentes
terminais,
antecipando-lhe
a morte, às
vezes uma ajuda
ao suicídio. A
ortotanásia é o
não-prolongamento
da vida por
meios
artificiais,
retirando do
doente terminal
os aparelhos que
auxiliam as
funções vitais,
como a
respiração
artificial e a
alimentação.
Entendemos que o
problema da
medicina atual é
determinar o
instante da
morte do corpo
físico, quando
as funções
vitais param e
as células
degeneram e
morrem. Como a
medicina procura
a cura do corpo
físico, quando
não há
possibilidades
de recuperar a
saúde, pode o
médico entender
que deve
abreviar o
sofrimento, ou
não mais
cooperar para o
seu
prolongamento. O
problema é que a
determinação da
irreversibilidade
de um quadro
clínico pode ser
falha, pois é de
conhecimento
geral que há
vários casos de
recuperação de
pacientes após
anos em estado
de coma. Um dos
conhecidos casos
é o de Patricia
White Bull, uma
norte-americana
de origem
indígena, que
entrou em coma
durante o parto
de seu quarto
filho e acordou
16 anos depois,
no ano 2000, e
poderíamos citar
outros
similares, ou
ainda aqueles
que recuperam a
lucidez antes do
enterro do
corpo, portanto
com a morte
clínica atestada
pelos médicos. A
ciência ainda
tem suas
limitações. A
visão espírita é
diversa. Para o
Espiritismo o
sofrimento é
experiência
iluminativa de
crescimento para
o Espírito. É
também
possibilidade de
recolhimento e
meditação que
muitas vezes
leva ao
arrependimento
ou ao perdão.
Presenciei os
momentos finais
(as vezes meses)
de doentes
terminais devido
a doença
irrecuperável ou
a morte por
velhice e, em
ambos os casos,
vi muita
dignidade no
sofrimento
destas pessoas
queridas.
Presenciei
momentos de
carinho, de
afeto, quando as
pessoas da
família puderam
doar-se em amor
e receber amor.
Só pude observar
aspectos
positivos e
oportunidade de
crescimento em
todos –
pacientes,
amigos e
familiares. Para
o Espírito, a
morte natural –
aquela que se dá
no tempo certo -
é uma bênção.
O Consolador: O
movimento
espírita
brasileiro lhe
agrada ou falta
algo nele que
favoreça uma
melhor
divulgação da
Doutrina?
Rejane:
Morando e
vivendo o
Espiritismo fora
do Brasil há 18
anos, não creio
que poderia
expressar
opinião sobre a
forma de
divulgação da
Doutrina no
Brasil.
Acompanhando
pela internet os
congressos e
palestras de
ilustres
espíritas, como
Divaldo Franco,
que reúne
milhares de
pessoas em suas
palestras e
seminários,
creio que o
Espiritismo está
bem divulgado,
pois Divaldo
Franco fala de
Kardec e respira
o Evangelho de
Jesus em sua
vida.
O Consolador:
Como você vê o
nível da
criminalidade e
da violência que
parece aumentar
em todo o mundo
e como nós,
espíritas,
podemos cooperar
para que essa
situação seja
revertida?
Rejane:
Mudar a situação
da sociedade em
que vivemos é um
compromisso com
a iluminação
pessoal, com a
busca do
autoconhecimento
e conseqüente
reforma
interior. Mude o
mundo, mudando a
si mesmo.
Portanto a
solução é cada
um de nós
vivermos mais de
acordo com o
Evangelho de
Jesus, numa
busca constante
de aprimoramento
moral e de
vivência Cristã.
Kardec deixa-nos
no Evangelho
segundo o
Espiritismo,
capítulo XVII,
as diretrizes
que regem o
Homem de Bem. Se
nós, espíritas,
conseguíssemos
segui-las e
vivê-las,
mudaríamos o
mundo. E vamos
mudar, pois a
mudança se faz
imperiosa.
O Consolador: A
preparação do
advento do mundo
de regeneração
em nosso planeta
já deu, como
sabemos, seus
primeiros
passos. Daqui a
quantos anos
você acredita
que a Terra
deixará de ser
um mundo de
provas e
expiações,
passando
plenamente à
condição de um
mundo de
regeneração, em
que, segundo
Santo Agostinho,
a palavra “amor”
estará escrita
em todas as
frontes e uma
equidade
perfeita
regulará as
relações
sociais?
Rejane:
Espíritos
encarnam e
desencarnam
conforme suas
afinidades em
mundos que lhes
são afins, ou
encarnam como
missionários do
bem para ajudar
na evolução dos
globos. Os
Espíritos vêm
afirmando, por
meio de vários
médiuns, que
Espíritos
evoluídos estão
reencarnando na
Terra ou se
preparam para
reencarnar,
ajudando a
população
terrestre a
modificar-se.
Como o tempo é
relativo, apesar
de estarmos hoje
presos à noção
de tempo
terrestre, não
importa quanto
tempo ainda
falta; vamos
procurar
colaborar com a
mudança, mudando
nossos padrões
de
comportamento,
procurando amar
mais, sermos
mais pacientes,
menos
rancorosos,
menos ciumentos,
menos egoístas,
etc.
O Consolador: Em
face dos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando,
qual deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita no
Brasil e no
mundo?
Rejane:
A nossa
sociedade é
extremamente
egoísta e
competitiva.
Como diz Joanna
de Ângelis, “o
excesso de
tecnologia gerou
ausência de
solidariedade
humana, que
provoca uma
avalanche de
receios”. A
sociedade atual
promete muito ao
indivíduo, mas
na realidade não
lhe oferece nada
mais que
ilusões, compele
o indivíduo a
querer ter cada
vez mais, a
adquirir bens
materiais,
esquecendo-se
dos bens
verdadeiros – os
bens morais e
éticos.
Entendendo que a
pergunta se
refere aos
atuais
dirigentes das
casas espíritas
no Brasil e no
resto do mundo,
e não a
dirigentes do
movimento
espírita, pois a
Doutrina nunca
os
institucionalizou,
penso que a
direção da casa
espírita deve
ter como
objetivo
promover o
estudo da
Doutrina em seus
três aspectos e
o bom
entendimento de
seus conceitos e
de como eles se
aplicam na nossa
vida diária.
Deve buscar
atender às
necessidades e
aos anseios da
comunidade onde
se localiza,
promovendo o seu
desenvolvimento,
esclarecendo,
abrindo novos
horizontes para
o ser humano. |