As religiões
orientais de um
modo geral
admitem que
Jesus foi um
grande profeta.
Os judeus
julgavam, à sua
época, fosse ele
a ressurreição
de João Batista,
Elias, Jeremias,
ou algum dos
profetas,
conforme
registrou Mateus
no capítulo 16
de suas
anotações.
Ramatis, por
meio do médium
Hercílio Maes,
classifica-o,
numa de suas
obras, como o
médium do
Cristo, fazendo
distinção entre
uma e outra
pessoa. Waldo
Vieira não o
inclui entre os
vultos mais
eminentes da
humanidade.
|
|
Jesus e a
santíssima
Trindade
– A Igreja
católica,
apostólica,
romana, desde o
Concílio de
Nicéia, em 325,
considera Jesus
um dos
integrantes da
Santíssima
Trindade,
conferindo-lhe
assim status
de Deus. A
sentença do
Concílio de
Nicéia diz o
seguinte: "A
Igreja de Deus,
católica e
apostólica,
anatematiza os
que dizem que
houve um tempo
em que o Filho
não existia, ou
que não existia
antes de haver
sido gerado".
Colhida numa
lenda hindu, a
idéia da
Trindade foi
inserida na
teologia
católica a
partir do século
IV. Diz-nos Léon
Denis
("Cristianismo e
Espiritismo",
pág. 73) que
essa concepção
trinitária, tão
obscura, tão
incompreensível,
oferecia grande
vantagem às
pretensões da
Igreja.
Permitia-lhe
fazer de Jesus
Cristo um Deus,
conferindo ao
poderoso
Espírito, a que
ela chama seu
fundador, um
prestígio, uma
autoridade, cujo
esplendor sobre
ela recaía e
assegurava o seu
poder.
As discussões e
perturbações que
suscitou essa
questão agitaram
os espíritos
durante três
séculos e só
vieram a cessar
com a proscrição
dos bispos
arianos,
ordenada pelo
imperador
Constantino, e o
banimento do
papa Líbero, que
não quis
sancionar a
decisão do
Concílio.
A divindade de
Jesus fora
anteriormente
rejeitada por
três concílios,
o mais
importante dos
quais foi
realizado em
Antioquia, no
ano de 269.
O que Jesus
dizia de si
mesmo
– A Declaração
de Nicéia está,
no entanto, em
contradição
formal com as
opiniões dos
apóstolos e com
as próprias
palavras de
Jesus. Enquanto
todos
acreditavam no
Filho criado
pelo Pai, os
bispos
proclamavam o
Filho igual ao
Pai, "eterno
como ele, gerado
e não criado",
ao contrário do
que o próprio
Jesus dizia de
si mesmo:
"Se me amásseis,
certamente
havíeis de
folgar que eu vá
para o Pai,
porque o Pai
é maior do que
eu" (João,
14:28);
"A mim, a quem o
Pai santificou e
enviou ao mundo,
por que dizeis
vós "Tu
blasfemas", por
eu ter dito que
sou Filho de
Deus?"
(João, 10:36);
"Por esse
motivo, os
Judeus
perseguiam a
Jesus e queriam
matá-lo, isto é,
porque fizera
tais coisas em
dia de sábado. -
Mas Jesus lhes
disse: Meu
Pai trabalha até
ao presente
e eu também
trabalho" (João,
5:16);
"Eu não posso de
mim mesmo fazer
coisa alguma.
Não busco a
minha vontade,
mas a vontade
d' Aquele que me
enviou"
(João, 5:30);
"Se Deus fosse
vosso Pai, vós
me amaríeis,
porque foi de
Deus que saí e
foi de sua parte
que vim;
pois não vim de
mim mesmo, foi
Ele que me
enviou" (João,
8:42);
"Aquele que me
confessar e me
reconhecer
diante dos
homens, eu
também o
reconhecerei e
confessarei
diante de meu
Pai que está nos
céus; - aquele
que me renunciar
diante dos
homens, também
eu mesmo o
renunciarei
diante de meu
Pai que está nos
céus"
(Mateus, 10:32 e
33);
"O céu e a terra
passarão, mas as
minhas palavras
não passarão.
Pelo que
respeita ao dia
e à hora,
ninguém o sabe,
nem os anjos que
estão no céu,
nem mesmo o
Filho, mas
somente o Pai"
(Marcos, 13:31);
"Jesus então
lhes disse:
Ainda estou
convosco por um
pouco de tempo e
vou em
seguida para
aquele que me
enviou"
(João, 7:33);
"Havendo Jesus
dito estas
coisas, elevou
os olhos ao céu
e disse: Meu
Pai, a hora é
vinda; glorifica
a teu Filho,
a fim de que teu
Filho te
glorifique"
(João, 17:1);
"Então, soltando
grande brado,
Jesus disse:
Meu Pai, às tuas
mãos entrego o
meu espírito.
E, tendo
pronunciado
essas palavras,
expirou" (Lucas,
23:46);
"(Após a
ressurreição)
Ele diz a
Madalena: Vai a
meus irmãos e
dize-lhes que
eu vou para meu
Pai e vosso Pai,
para meu Deus e
vosso Deus"
(João, 20:17).
A Declaração de
Nicéia contradiz
não somente o
que Jesus dizia
de si mesmo, mas
de igual modo o
que os apóstolos
e os
evangelistas
disseram sobre o
Mestre de
Nazaré:
"Ao mesmo tempo,
apareceu uma
nuvem que os
cobriu e dessa
nuvem saiu uma
voz que fez se
ouvissem estas
palavras:
Este é meu filho
bem-amado;
escutai-o"
(Transfiguração
no monte Tabor.
Marcos, 9:7);
"Respondendo-lhe,
Simão Pedro
disse: Tu és
o Cristo, filho
de Deus vivo.
Jesus então lhe
disse:
Bem-aventurado
és, Simão, filho
de Jonas, porque
não foi a carne
nem o sangue
quem to revelou,
mas sim, meu
Pai, que está
nos céus"
(Mateus, 16: 13
a 17);
"Varões
israelitas -
falou Pedro -,
ouvi minhas
palavras.
Jesus Nazareno
foi um varão,
aprovado por
Deus entre vós,
com virtudes e
prodígios e
sinais que Deus
obrou por ele no
meio de vós"
(Atos, 2:22);
"Jesus de
Nazaré foi um
profeta,
poderoso em
obras e palavras
diante de Deus e
de todo o povo"
(Lucas, 24:19);
"Só há um Deus -
diz S. Paulo - e
um só mediador
entre Deus e os
homens, que é
Jesus-Cristo,
homem" (I
Epístola a
Timóteo, 2:5).
Jesus segundo
Roustaing
– Vê-se assim
que jamais o
Cristo ou os
apóstolos lhe
atribuíram a
condição de
divindade. Ele
seria, portanto,
um homem?
Para os
rustenistas,
seguidores da
obra de J. B.
Roustaing, que
publicou em 1866
o livro "Os
Quatro
Evangelhos",
Jesus não é Deus
nem homem.
Ensina a
doutrina contida
no livro
publicado por
Roustaing que o
Nazareno não
possuiu um corpo
como o nosso,
pois que tinha
tão-somente um
corpo fluídico.
Teria sido,
portanto, um
agênere, um
Espírito
materializado, o
que ajudaria a
explicar uma
série de
fenômenos e o
seu
desaparecimento
da face da Terra
dos 12 aos 30
anos.
Kardec repeliu,
porém, tal
idéia, mostrando
que a doutrina
veiculada por
Roustaing
transformaria em
um engodo, em
uma simulação, o
nascimento de
Jesus, a
gravidez de
Maria e os
sofrimentos do
Senhor ante o
Calvário.
Diz Kardec em "A
Gênese", cap.
15, item 66: "Se
tudo nele fosse
aparente, todos
os atos de sua
vida, a
reiterada
predição de sua
morte, a cena
dolorosa do
jardim das
Oliveiras, sua
prece a Deus
para que lhe
afastasse dos
lábios o cálice
das amarguras,
sua paixão, sua
agonia, tudo,
até ao último
brado, no
momento de
entregar o
Espírito, não
teria passado de
vão simulacro..."
E o Codificador
do Espiritismo,
repelindo
enfaticamente a
idéia de que
Jesus foi um
agênere,
conclui: "Tais
as conseqüências
lógicas desse
sistema,
conseqüências
inadmissíveis,
porque o
rebaixariam
moralmente, em
vez de o
elevarem.
Jesus, pois,
teve como todo
homem um corpo
carnal e um
corpo fluídico,
o que é atestado
pelos fenômenos
materiais e
pelos fenômenos
psíquicos que
lhe assinalaram
a existência".
Jesus não é
Deus, mas um
messias
divino
– Para J.
Herculano Pires,
a Bíblia é a
codificação da
primeira
revelação
cristã, o
Espiritismo, a
codificação da
terceira
revelação, e o
Evangelho
representa a
segunda, "a
que brilha no
centro da tríade
dessas
revelações",
tendo na figura
do Cristo o sol
que ilumina as
duas outras, uma
como que "intervenção
direta do Alto
para a
reorientação do
pensamento
terreno"
(Introdução ao
Livro dos
Espíritos, LAKE,
3a
edição, abril de
1966, págs. 11 e
12).
Léon Denis diz
que Jesus
"ascendeu à
eminência final
da evolução" e o
conceitua como
"governador
espiritual deste
planeta"
("Cristianismo e
Espiritismo",
pág. 79), bem
antes de
Emmanuel
descrever-lhe o
papel como
co-criador e
orientador do
planeta em que
vivemos, em sua
obra "A Caminho
da Luz", cap. 1,
psicografada por
Francisco
Cândido Xavier e
publicada pela
FEB em 1939.
Ensina Emmanuel
(“A Caminho da
Luz”, cap. 1):
“Rezam as
tradições do
mundo espiritual
que na direção
de todos os
fenômenos, do
nosso sistema,
existe uma
Comunidade de
Espíritos Puros
e Eleitos pelo
Senhor Supremo
do Universo, em
cujas mãos se
conservam as
rédeas diretoras
da vida de todas
as coletividades
planetárias.
Essa Comunidade
de seres
angélicos e
perfeitos, da
qual é Jesus um
dos membros
divinos, ao que
nos foi dado
saber, apenas já
se reuniu, nas
proximidades da
Terra, para a
solução de
problemas
decisivos da
organização e da
direção do nosso
planeta, por
duas vezes no
curso dos
milênios
conhecidos. A
primeira
verificou-se
quando o orbe
terrestre se
desprendia da
nebulosa solar,
a fim de que se
lançassem, no
Tempo e no
Espaço, as
balizas do nosso
sistema
cosmogônico e os
pródromos da
vida na matéria
em ignição, do
planeta, e a
segunda, quando
se decidiu a
vinda do Senhor
à face da Terra,
trazendo à
família humana a
lição imortal do
seu Evangelho de
amor e
redenção”.
Allan Kardec,
comentando a
resposta dada à
pergunta 625 d'
O Livro dos
Espíritos ("Qual
o tipo mais
perfeito que
Deus ofereceu ao
homem, para lhe
servir de guia e
de modelo? R.:
Vede Jesus"),
escreveu: "Jesus
é para o homem o
tipo da
perfeição moral
a que pode
aspirar a
humanidade na
Terra. Deus no-lo
oferece como o
mais perfeito
modelo, e a
doutrina que ele
ensinou é a mais
pura expressão
de sua lei,
porque ele
estava animado
do espírito
divino e foi o
ser mais puro
que já apareceu
sobre a Terra".
Jesus foi um
enviado do Pai à
Terra
– Em "O
Evangelho
segundo o
Espiritismo"
(cap. 1, item
4), Kardec
esclarece que o
papel de Jesus "não
foi simplesmente
o de um
legislador
moralista sem
outra autoridade
além da palavra".
"Ele veio
cumprir as
profecias que
haviam anunciado
a sua vinda, e a
sua autoridade
provinha da
natureza
excepcional do
seu Espírito e
da sua missão
divina".
O mesmo ensino
se lê em "Obras
Póstumas", págs.
136 e seguintes:
"Jesus era um
messias divino
pelo duplo
motivo de que de
Deus é que tinha
a sua missão e
de que suas
perfeições o
punham em
relação direta
com Deus" (...).
"Para que Jesus
fosse igual a
Deus, fora
preciso que ele
existisse, como
Deus, de toda a
eternidade, isto
é, que fosse
incriado" (...).
"Digamos que
Jesus é filho de
Deus, como todas
as criaturas,
que ele chama a
Deus Pai, como
nós aprendemos a
tratá-lo de
nosso Pai. É o
filho bem-amado
de Deus, porque,
tendo alcançado
a perfeição, que
aproxima de Deus
a criatura,
possui toda a
confiança e toda
a afeição de
Deus".
Em "A Gênese"
(cap. 15:2), o
Codificador
ensina que, como
homem, "Jesus
tinha a
organização dos
seres carnais;
porém, como
Espírito puro,
desprendido da
matéria, havia
de viver mais da
vida espiritual
do que da vida
corporal, de
cujas fraquezas
não era passível".
No mesmo passo,
o Codificador
esclarece que,
pelos imensos
resultados que
produziu, "a
sua encarnação
neste mundo
forçosamente há
de ter sido uma
dessas missões
que a Divindade
somente a seus
mensageiros
diretos confia,
para cumprimento
de seus
desígnios".
Não há nada
melhor que a
moral de Jesus
– A moral
evangélica
recebeu com a
Doutrina
Espírita não
apenas a sanção,
a confirmação,
mas a certeza de
sua expansão em
todo o mundo,
para
concretização da
profecia
proferida por
Jesus no
conhecido sermão
profético:
"Levantar-se-ão
muitos falsos
profetas que
seduzirão a
muitas pessoas;
- e porque
abundará a
iniqüidade, a
caridade de
muitos esfriará;
- mas aquele que
perseverar até
ao fim será
salvo. -
E este Evangelho
do reino será
pregado em toda
a Terra, para
servir de
testemunho a
todas as nações.
É então que o
fim chegará"
(Mateus, 24:11 a
14).
Com efeito,
Kardec escreveu
na primeira de
suas obras: "A
moral dos
Espíritos
superiores se
resume, como a
do Cristo, nesta
máxima
evangélica:
Fazer aos outros
o que
quereríamos que
os outros nos
fizessem, ou
seja, fazer o
bem e não fazer
o mal" ("O
Livro dos
Espíritos",
Introdução, item
VI). Mais tarde,
ele explicaria o
porquê dessa
assertiva: "A
moral que os
Espíritos
ensinam é a do
Cristo, pela
razão de que não
há outra melhor"
("A Gênese",
cap. 1, item
56).
Em seguida, no
mesmo trecho, o
Codificador
esclarece: "O
que o ensino dos
Espíritos
acrescenta à
moral do Cristo
é o conhecimento
dos princípios
que regem as
relações entre
os mortos e o
vivos,
princípios que
completam as
noções vagas que
se tinham da
alma, de seu
passado e seu
futuro, dando
por sanção à
doutrina cristã
as próprias leis
da natureza".
Na verdade, o
que ele entrevê,
com relação ao
vínculo entre o
Espiritismo e a
doutrina
evangélica, é
exatamente a
confirmação do
que Jesus havia
predito, na
curiosa promessa
sobre o
Consolador: "Se
me amais,
guardai o meus
mandamentos, e
eu pedirei a meu
Pai e ele vos
enviará outro
Consolador, a
fim de que fique
eternamente
convosco: - o
Espírito de
Verdade que o
mundo não pode
receber, porque
não o vê; vós,
porém, o
conhecereis,
porque
permanecerá
convosco e
estará em vós.
Mas, o
Consolador, que
meu Pai enviará
em meu nome, vos
ensinará todas
as coisas e fará
vos lembreis de
tudo o que vos
tenho dito"
(João, 14:15 a
26 e 16:7 a 14).
De fato, já na
obra fundamental
da Doutrina,
afirmam os
Espíritos
superiores: "Estamos
encarregados de
preparar o Reino
de Deus
anunciado por
Jesus, e por
isso é
necessário que
ninguém possa
interpretar a
lei de Deus ao
sabor das suas
paixões, nem
falsear o
sentido de uma
lei que é toda
amor e caridade"
(L.E., item
627).
|
|