LEONARDO MACHADO
leo@leonardomachado.com.br e www.leonardomachado.com.br
Recife, Pernambuco (Brasil)
“A arte de curar
pelo Espírito”:
a verdadeira
medicina
(1)
O mundo moderno,
principalmente a
parte ocidental,
por motivos
inúmeros, foi
condicionado a
vislumbrar, tão
só, a vida
momentânea, o
aspecto físico
da existência.
De tal forma,
que a medicina,
naturalmente,
sofreu
influência forte
dessa visão
materialista da
vida,
tornando-se,
igualmente,
tecnicista.
Entretanto,
apesar dessa
visão pretender
ser a
verdadeira, há
tempos, talvez,
desde que o
mundo é mundo,
pensadores de
grande estirpe
moral vêm
alertando a
humanidade ao
real sentido da
vida e à real
essência da
existência.
Basta lembrar
que os maiores
baluartes da
filosofia,
Sócrates e seu
discípulo mais
conhecido
Platão, falavam
que “o Homem é
uma alma
encarnada”,
assim, “a
preocupação
constante do
filósofo é a de
tomar maior
cuidado com a
alma, uma vez
que se ela é
imortal, não
será prudente
viver visando à
eternidade?”.
Tal visão é
corroborada,
também, pelo
eminente
Aristóteles que
dizia ser “a
substância,
fundamental, do
homem a
enteléquia
(alma)” e que “o
corpo orgânico é
a substância
sensível-corruptível;
a alma é
sensível não
corruptível; e o
espírito,
afinal, não é
sensível, nem
corruptível”.
Essa visão de “O
Problema do Ser,
do Destino e da
Dor”, como
falava, em seu
livro de mesmo
nome, o filósofo
e pensador
francês
espírita, Léon
Denis, é comum
na maioria das
grandes
civilizações do
passado,
especialmente na
egípcia, na
grega e na
hindu. E com ela
o homem muda
completamente a
sua posição
perante a vida.
E, dessa forma,
a medicina,
também, muda
completamente o
seu caráter.
Fora por isso,
ou seja, por
comungar dessa
dimensão da
vida, que um
eminente
americano, de
nome Joel S.
Goldsmith,
depois de mais
ou menos 13 anos
de intensa
busca, logrou,
em Honolulu, na
ilha de Havaí,
escrever um
livro de nome
A arte de curar
pelo espírito,
no qual explica,
minuciosamente,
o processo da
autocura,
explicando o
segredo dessa
terapia
espiritual. Ele
viveu, por mais
de 30 anos, em
viagens por todo
o mundo,
realizando essa
cura real, essa
cura pelo
Espírito, sem,
nunca, porém,
cobrar nada pelo
que fazia.
Explica ele,
então, que a
quintessência
desse processo
terapêutico
espiritual
consiste numa
concentração
máxima da
conscientização
da presença de
Deus no homem.
Fora por esse
motivo,
igualmente, que
o grande
filósofo
brasileiro,
criador da
Filosofia
Univérsica,
Huberto Rohden,
em seu livro
Einstein – o
enigma do
universo,
semelhantemente
a Joel, veio,
também, dar uma
visão cósmica à
medicina,
dizendo que “por
medicina não se
deve entender,
apenas, a
repressão de
sintomas da
superfície do
Verso-Ego”, ou
seja, do corpo
carnal, como faz
a medicina
ocidental comum,
“mas se deve
entender a cura
pela raiz do
Uno-Eu”, ou
seja, do “eu”
Espírito.
Felizmente,
depois de muito
tempo empolgada
pelas conquistas
que pareciam
infinitas, a
ciência vem
retomando o
caminho da
verdadeira
medicina. As
descobertas que
a princípio
pareciam
distanciá-la de
tal visão
cósmica, vão, em
verdade,
aproximando-a de
tal realidade.
Depois de
descobertas como
as de Sir
William Crookes,
Alfred Russel
Wallace, Albert
Einstein ou
Heisenberg, a
ciência vem,
cada vez mais,
aproximando-se
da realidade
transcendental
do ser, ou seja,
da realidade do
Espírito. E,
nesse mesmo
viés, a medicina
vem seguindo.
Nesse contexto,
surge na
medicina
moderna,
especialmente na
ocidental, um
fenômeno a que
se deu o nome de
humanização da
medicina.
Desgastada da
sua própria
prática médica,
e, também,
atentando aos
resultados
obtidos com a
medicina
oriental, que é
muito mais
transcendental,
os médicos, e a
própria
comunidade
científica,
vislumbraram a
necessidade de
se reverem os
conceitos,
muitas vezes
desumanos,
arraigados em
seu bojo.
Percebeu-se que
era preciso
cuidar do doente
e não da doença.
Assim, embalados
pela bioética,
desdobrada da
ética que foi
impulsionada
pelo livro de
mesmo nome do
grande Spinoza,
os médicos
começaram tal
movimento que se
tem espalhado
com a pretensão
de ser o grande
futuro da
medicina.
Em seu cerne,
então, o
movimento
humanista tem os
princípios da
bioética, tais
como a não
maleficência
e a
beneficência,
como norte de
sua consciência.
Grande avanço,
já que a antiga
medicina
ocidental tinha
como roteiro
fechado a antiga
deontologia, que
a levava a agir,
mas sem nortear
o seu “eu”
consciente, já
que não a levava
a refletir sobre
importantes
questões da vida
e da morte.
Entretanto, se a
bioética
ultrapassou a
deontologia, o
amor,
igualmente,
ultrapassará a
bioética, já que
este, em
verdade, é,
apenas, uma
visão parcial
daquele.
Palavras estas
que são
corroboradas
pelo já citado
Huberto Rohden.
Em diversas
palestras e em
vários livros, o
filósofo mostra
que Spinoza com
sua ética, que
gerou a bioética,
apenas, tratou
de um aspecto,
dentro de vários
tratados pelo
embaixador do
amor no Planeta
Terra, Jesus de
Nazaré. Na sua
mais linda
frase, que, por
sinal, é a lei
máxima que nós
já tivemos a
oportunidade de
escutar, já que
“resume todas as
leis e os
profetas”, Jesus
asseverou “Amar
a Deus acima de
todas as coisas,
e ao próximo
como a si
mesmo”. Nessa
humilde
sentença, o
Mestre dos
mestres, resumiu
tudo. Deve-se,
pois, amar a
Deus, ao próximo
e a si mesmo. E
Rohden nos fala
que a ética só
vem tratar do
amor que devemos
ter para com o
próximo. Afinal,
o que são os
princípios da
bioética, se não
uma conseqüência
parcial de tal
Lei? E o próprio
Spinoza tinha
consciência
disso, já que
assevera ter a
certeza da
existência de um
Deus que é a
“alma do
universo”.
Desse modo,
sendo a medicina
humanista
baseada,
principalmente,
nessa bioética,
ela, igualmente,
como transpassou
a medicina
tecnicista, será
englobada pela
medicina
espiritual
anunciada por
Sócrates, por
Platão, por
Goldsmith, por
Rohden e por
diversos
pensadores que
chegaram a
“cosmo-consciência”,
e,
principalmente,
pelo maior de
todos, o Mestre
Galileu, que, na
verdade, foi o
maior médico que
já existiu,
porque cuidava
da alma.
Se a medicina
humanista é um
grande avanço,
ela não é o fim,
mas um meio que
levará a
humanidade à
medicina
espiritual,
transcendental.
Inúmeros
problemas,
ainda, a
medicina
humanista não
pode resolver,
esbarrando nela
mesmo. E uma
dessas questões
contraditórias
que ela vem
trazer é a
morte, a
eutanásia e a
distanásia.
Apesar de tentar
ver o paciente
de forma mais
abrangente, ela
tem uma visão,
ainda, por
demais,
limitada, posto
que tenta
ignorar a
realidade
espiritual do
ser e da vida,
já anunciada por
diversos
filósofos e
líderes, como o
antigo príncipe
Gautama
Siddartha,
conhecido como
Buda, e Krishna,
na antiga Índia;
Lao-Tse, na
antiga China;
Francisco de
Assis, na Idade
Média; ou, mais
modernamente,
Allan Kardec, na
França, e
Francisco
Cândido Xavier,
no Brasil.
Dessa forma, ela
não foi capaz,
ainda, de saber
lidar de forma
satisfatória com
a morte. De tal
sorte, que a
eutanásia ganha
cada vez mais
força, parecendo
revigorar suas
energias, na
medida direta,
que a medicina
humanista vem
crescendo. Mesmo
que para tanto,
esses médicos
humanistas se
digam, de forma
eufêmica, contra
a eutanásia e
contra a
distanásia, mas
a favor da
ortotanásia.
Em verdade,
chega-se no
mesmo lugar
comum. Através
de um sofisma,
chama-se a luta
pela vida,
pejorativamente,
de distanásia,
como se fosse
exagerado
preservar a
vida, não
brincar de Deus,
em nome de um
abreviamento
ilusório da dor,
quando na
verdade, ao se
fazer a
eutanásia se
aumenta mais o
sofrimento
daquele ser
espiritual.
E, igualmente,
através de outro
jogo de palavras
e de
raciocínios,
diz-se contra a
eutanásia, mas a
favor da
ortotanásia, que
seria o ato de
retirar
equipamentos ou
medicações que
servissem para
prolongar a vida
de um doente
terminal, e,
desse modo,
esperar que a
natureza se
encarregue da
morte.
São esses e
outros problemas
que a atual
medicina
humanista
encontra. Isso
tudo porque
ignora a
ascendência
espiritual do
ser e, assim,
cai-se no medo
de encarar a
morte, sendo
mais fácil vê-la
como o fim de
tudo.
É natural que
ela veja a
“ortotanásia”
como a solução,
e a morte e a
“distanásia”
como problemas.
Lógico, a
medicina dita
humanista só
vislumbra uma
realidade
parcial do ser.
Mas como
combinar tal
tipo de
homicídio com o
princípio da não
maleficência,
ou,
principalmente,
o da
beneficência?
Entretanto,
quando a era do
Espírito chegar
(por sinal vem
despontando cada
vez mais),
somente Deus
terá o direito
de saber quando
tirar a vida
humana, em uma
reencarnação.
Nem a eutanásia,
nem a
ortotanásia
serão
eufemismos, mas
constituirão
assassínio
comum, como,
aliás, já indica
a Constituição
Federal do
Brasil, no
artigo 5º. Nem a
preservação da
vida será vista
como algo
exagerado e
cruel, como
indica o nome
distanásia,
porque se estará
cuidando do ser
integral que é o
“eu” Espírito
imortal, e não
só do ser
parcial, uma vez
que, como diz
Huberto Rohden,
no seu livro
“Porque
Sofremos”, “o
sofrimento
atinge o nosso
ego humano, e
não nosso Eu
divino, e só
quem confunde o
seu ego
periférico com o
seu Eu central,
não tolera o
sofrimento”. E a
morte, assim,
será vista como
uma passagem
natural, mudança
transitória, e
não com temor,
como, aliás,
inúmeros
médicos, na
atualidade, vêm
dando-se conta,
a saber, o Dr.
Brian Weiss e o
Dr. Raymond
Moody Jr.
Isso porque,
como falou um
médico antigo,
chamado
Paracelso,
“todas as
doenças podem
ter sua origem
no domínio da
matéria, na
esfera da alma,
ou no reino do
espírito. Se o
corpo, a alma e
a mente estão em
perfeita
harmonia, uns
com os outros,
não existe
nenhuma
discordância;
mas se se
origina uma
causa de
discordância em
um destes três
planos, isto se
comunica aos
demais". Assim,
como dizia
Sócrates, e
sabemos através
de Platão, “se
os médicos são
malsucedidos,
tratando da
maior parte das
moléstias, é que
tratam do corpo,
sem tratarem da
alma. Ora, não
se achando o
todo em bom
estado,
impossível é que
uma parte dele
passe bem”.
“A arte de curar
pelo Espírito” –
eis a verdadeira
medicina, a
medicina
espiritual, que
visa o ser
integral, e que
se baseia no
Mestre Jesus,
posto que dizia
“levanta-te e
anda, a tua fé
te curou”, e já
que Ele
recomendou
“amai-vos uns
aos outros como
eu vos amei”,
“amai a Deus a
cima de todas as
coisas, e ao
próximo como a
si mesmo”, pois
assim “podereis
fazer as mesmas
obras que faço,
e as fareis
maior”, uma vez
que “nada é
impossível
aquele que tem
fé”.
(1) Este artigo
foi apresentado
pelo autor em
uma prova no
curso de
Medicina da
Faculdade de
Ciências Médicas
da Universidade
de Pernambuco,
em Recife (PE).