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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 37 - 6 de Janeiro de 2008

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br

Matão, São Paulo (Brasil)
         

Datas importantes em 2008

Pelo menos três datas comemorativas, expressivas, ocorrem no ano de 2008, entre outras, na história da Doutrina Espírita. Todas elas incentivadoras do estudo e da divulgação espírita. 

Foi em janeiro de 1858 que Kardec fez surgir o primeiro número da Revista Espírita, extraordinária publicação que o Codificador transformou num verdadeiro laboratório e onde seus relatos e experiências têm muito a ensinar. Publicada sob sua responsabilidade direta até sua desencarnação, e ainda em circulação, a Revue ainda é desconhecida da maioria dos espíritas que não imaginam o tesouro que se encontra à disposição para seus estudos e reflexões. Trata-se de coleção (de 1858 a 1869) para permanentes pesquisas e que foi publicada no Brasil, primeiramente pela Edicel, posteriormente pelo IDE-Araras (SP) e recentemente também a Federação Espírita Brasileira a publicou em primorosa encadernação.  

Outra data a ser lembrada foi o surgimento do primeiro Centro Espírita do planeta, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, no dia 1º de abril de 1858, que desempenhou importante papel na marcha do Espiritismo. A instituição, alvo de lutas e dificuldades internas, transformou-se também, assim como a Revue, num importante foco de experiências para amadurecimento das idéias e no intercâmbio entre os espíritas.  

Mas, também em 2008, comemoram-se em janeiro, os 70 anos da desencarnação de Cairbar Schutel, ocorrida em 30 de janeiro de 1938, que foi chamado o Bandeirante do Espiritismo pelo pioneirismo na divulgação espírita. A história do Espírita nº. 1 do Brasil é muito conhecida: seus exemplos humanitários, sua dedicação à causa do Espiritismo e seu amor ao próximo fizeram-no respeitado cidadão e figura exponencial na história da Doutrina Espírita, no país e no planeta.  

As três citações históricas incentivam o estudo e o conhecimento espírita, mas também o nosso envolvimento com mais comprometimento e dedicação à divulgação e à vivência do Espiritismo. Os 150 anos da Revista Espírita e da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, coincidentemente com os 70 anos da desencarnação de Cairbar Schutel, o exemplar homem de bem divulgador, traduzem motivo de mais empenho do movimento espírita, face aos exemplos de perseverança e dedicação desses dois ícones na história da Doutrina Espírita: Allan Kardec e Cairbar Schutel.  

Mais interessante, porém, é consultar Obras Póstumas (1), livro que reúne anotações e estudos de Allan Kardec e publicado após sua desencarnação, nos textos específicos sobre a Revue e sobre a fundação da Sociedade Espírita de Paris.  Fica inviável transcrever aqui, na íntegra, tais anotações. Todavia, destacamos da segunda parte da obra:  

a) A Revista Espírita – 15 de novembro de 1857: (...) Apressei-me em redigir o primeiro número, e fi-lo aparecer em janeiro de 1858, sem disso nada ter dito a ninguém. Não tinha um único assistente e nenhum sócio capitalista. Fi-lo, pois, inteiramente aos meus riscos e perigos, e não ocorreu de me arrepender disso, porque o sucesso excedeu a minha expectativa. A partir de 1º de janeiro, os números se sucederam sem interrupção, e, como o Espírito previra, esse jornal se me tornou um poderoso auxiliar. Reconheci mais tarde que estava feliz por não ter um sócio capitalista, porque estava mais livre, ao passo que um estranho teria podido querer me impor suas idéias e sua vontade, e entravar a minha caminhada; só, não tinha que dar contas a ninguém, por pesada que fosse a minha tarefa como trabalho.  

b) Fundação da Sociedade Espírita de Paris – 1º de abril de 1858: (...) Em torno de seis meses, tinha em minha casa, rua dos Martyrs, uma reunião de alguns adeptos, todas as terças-feiras. O principal médium era a Srta. Dufaux. Se bem que o local não pudesse conter senão 15 a 20 pessoas, às vezes nele se encontravam até 30. Essas reuniões ofereciam um grande interesse pelo seu caráter sério, e a alta importância das questões que ali eram tratadas; freqüentemente, viam-se ali príncipes estrangeiros e outras personagens de distinção. (...) A Sociedade, formada, no princípio, de elementos pouco homogêneos e de pessoas de boa vontade que eram aceitas com relativa facilidade, teve que sofrer numerosas vicissitudes, que não foram um dos menos penosos embaraços de minha tarefa.  

E de Cairbar, todavia, vale destacar a célebre frase de sua autoria:

Vivi, vivo e viverei porque sou imortal.  

Um destaque expressivo para um dos princípios do Espiritismo: a imortalidade da alma, razão maior de todas essas cogitações.  

Nota do Autor:

(1) As transcrições foram extraídas da 1.ª edição IDE, de 1993, do IDE - Instituto de Difusão Espírita, de Araras-SP. 
 


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