ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
Os acessórios da inutilidade
“Cada um terá
que dar contas
da inutilidade
voluntária da
sua existência,
inutilidade
sempre fatal à
felicidade
futura.”
(O Livro dos
Espíritos,
Pergunta 988)
Conta-se que uma
jovem ricamente
ajaezada
empreendeu longa
e sacrificial
travessia em
escaldante
deserto e na
medida em que,
penosamente,
avançava por
aquelas regiões
áridas e
agrestes, ia se
desfazendo dos
adereços inúteis
que lhe
queimavam a pele
em virtude do
implacável calor
ambiente.
Assim, ao longo
de suas pegadas
iam ficando para
trás as jóias,
colares, anéis e
toda uma
parafernália de
inutilidade...
A história é
significativa se
atentarmos para
o símbolo.
Nós, os
viajantes da
Eternidade,
também temos que
ir alijando do
Espírito toda
carga inútil que
amealhamos no
carreiro
evolutivo pelos
milênios a fora,
quais sejam: os
vícios, costumes
malsãos,
ignorância,
egoísmo,
orgulho, vaidade
e tudo que é
contrário ao
bem.
Há que centrar a
meta em atingir
a perfeição e a
felicidade a que
estamos
destinados por
decisão de
Deus. Para
alcançarmos tal
desiderato,
fazem-se
necessários
continuados
esforços, sem
maiores perdas
de precioso
tempo. Árdua é
a caminhada,
quase ínvios são
os caminhos, no
entanto,
indescritível e
compensador é o
galardão da
vitória sobre
nós mesmos.
Afirmam os
Espíritos Amigos
(1):
“Sabei que o
Espírito não
pode adquirir
conhecimento e
elevar-se senão
exercendo a sua
atividade. Se
adormece na
indolência, não
se adianta.
Assemelha-se a
um que precisa
trabalhar e vai
passear ou
deitar-se, com a
intenção de nada
fazer.”
Realçando o tom
de equilíbrio
que a Doutrina
Espírita ensina,
complementa
Thereza de Brito
(2):
“(...) Não há
necessidade de a
criatura
neurotizar-se
numa perpétua
motricidade.
Apenas
evitar-se-á as
horas vazias,
preservando-se
da neurotizante
inutilidade
daqueles que,
por estarem
ocupados em não
fazer nada,
deixam de
servir,
desvalorizando
os minutos.”
Carneiro de
Campos (Marquês
de Caravelas),
deputado da
província do Rio
de Janeiro, uma
das mais
eminentes
figuras
políticas do
Primeiro
Reinado, e que
foi um dos
vexilários da
liberdade
religiosa no
Brasil,
defendendo-a na
Constituinte de
1823, traz-nos a
seguinte
informação pela
via mediúnica
oferecida por
Divaldo P.
Franco (3):
“(...) Deixando
à margem, por
desnecessários,
os acessórios da
inutilidade,
impulsiona-se o
homem na
conquista das
potencialidades
psíquicas e
paranormais,
mediante as
quais frui
harmonia e
espiritualiza-se.
O sofrimento já
não o agrilhoa,
deprimindo-o,
pois nele
encontra o
estímulo para a
alforria e as
suas passam a
ser as dores dos
ignorantes e
infelizes,
entendendo-os na
limitação em que
se debatem ainda
na infância
emocional por
onde transitam.
São esses os
homens que
constroem
civilizações,
que levantam e
mantêm os ideais
da arte, da
cultura, da
ciência e,
sobretudo, da
fé,
excetuando-se os
que se erijam na
violência e por
ela perecem, os
que se
galvanizam nas
paixões
inferiores e por
elas sucumbem,
os mártires e os
missionários,
que impulsionam
o progresso no
mundo, passaram
pela caserna da
disciplina
mental e do
discernimento
dos desejos.
Viver no mundo
sem depender dos
impositivos do
mundo,
antecipando as
horas da
realidade maior
– a espiritual -
é a meta de quem
se consagra ao
ideal de
acelerar o
movimento humano
e antecipar o
momento da
recristianização
da Terra.
Labor feliz, o
da renovação
íntima para a
realização
superior, conta
com o interesse
e apoio
irrestrito dos
mentores da
Humanidade, os
idealizadores da
felicidade geral
em nome de
Jesus.
Nenhuma fadiga
ou desânimo em
tal
cometimento.
Soa a hora da
avaliação de
todas as
coisas.
Esboroam-se as
edificações sem
base e
desaparecem as
filosofias
chãs.”
O Cristo chama e
os imortais
estimulam os que
sintonizam com o
apelo
evangélico,
intercambiando
ativamente,
trabalhando com
afinco, com
entusiasmo e
disciplina,
fazendo que se
descortinem
desde já os
tempos da
intuição,
véspera da
angelitude que
todos
alcançaremos.
Bibliografia:
(2) Thereza de
Brito/Teixeira,
J.R. Vereda
Familiar,
Capítulo 3.