O
alcoolismo é
considerado pela
Organização
Mundial de
Saúde uma doença incurável, mas pode ser tratado
com sucesso com
o apoio da
terapia
espírita
O alcoolismo e a
Medicina
–
Esteve em agosto
de 1999 no Rio
de Janeiro, para
participar do 13o
Congresso
Brasileiro de
Alcoolismo, o
psiquiatra
americano George
Vaillant
(foto), autor
do livro A
História Natural
do Alcoolismo
Revisitada,
fruto da maior
pesquisa feita
até hoje sobre o
alcoolismo, em
que
pesquisadores da
Universidade de
Harvard
acompanharam a
vida de 600
homens. |
|
Em sua obra e na
entrevista que
concedeu a uma
publicação
brasileira, dr.
Vaillant afirma
que, ao
contrário do que
muitos pensam,
não existe o
gene do
alcoolismo, mas
sim um conjunto
de genes que
tornam o
indivíduo
vulnerável à
dependência do
álcool. O
alcoolismo é, na
verdade, uma
doença provocada
por múltiplos
fatores e
condições
sociais e que,
segundo a
Organização
Mundial de
Saúde, é
incurável,
progressiva e
quase sempre
fatal.
Eis, de forma
sintética, as
principais
informações e
esclarecimentos
dados por George
Vaillant:
1. O alcoolismo
é um problema de
dimensões
trágicas ainda
subdimensionadas
e seu maior dano
é a destruição
de famílias
inteiras.
2. Metade de
todas as
crianças
atendidas nos
serviços
psiquiátricos
vem de famílias
de alcoólatras e
boa parte dos
abusos cometidos
contra crianças
tem raiz no
alcoolismo.
3. Sem qualquer
sombra de
dúvida, o
alcoolismo é uma
doença. É o
resultado de um
cérebro que
perdeu a
capacidade de
decidir quando
começar a beber
e quando parar.
4. Não é
possível
detectar numa
criança ou num
pré-adolescente
traço algum que
permita antever
que eles se
tornarão
alcoólatras.
“Alcoolismo cria
distúrbios da
personalidade,
mas distúrbios
da personalidade
não levam
necessariamente
ao alcoolismo.”
5. A
principal
diferença entre
alcoolismo e
outras
dependências diz
respeito ao tipo
de droga.
Opiáceos são
tranqüilizantes,
mas o álcool é
um mau
tranqüilizante,
tende a fazer as
pessoas
infelizes
ficarem mais
infelizes e
piora a
depressão. A
pequena euforia
que o álcool
proporciona é
sintoma do
início da
depressão do
sistema nervoso
central.
6. Do ponto de
vista da
sociedade, o
álcool é um
problema muito
grave. O
alcoólatra
provoca não
somente
acidentes de
trânsito, mas
problemas graves
à sua volta, a
começar por sua
família.
7. As únicas
pessoas que
estão sob o
risco de
alcoolismo são
as que bebem
regularmente,
mas, se nunca
passar de dois
drinques por
dia, o indivíduo
pode usufruir
socialmente da
bebida em
festas,
casamentos,
carnaval, e não
se tornar
alcoólatra.
8. Há pouco a
fazer para
ajudar um
alcoólatra, mas
uma coisa é
essencial: não
se deve tentar
proteger alguém
de seu vício. Se
uma mulher
encontra seu
marido caído no
chão, desmaiado
sobre seu
próprio vômito,
não deve dar
banho e levá-lo
para a cama. O
único caminho
para sair do
alcoolismo é
descobrir que o
álcool é seu
inimigo.
Proteger uma
pessoa nessa
situação não
ajuda.
9. Não é papel
da família
tentar convencer
o alcoólatra de
que o álcool é
um mal para ele.
Na verdade, em
tal situação, a
família precisa
de ajuda, como a
oferecida pelo
Al-Anon, a
divisão dos
Alcoólicos
Anônimos voltada
ao apoio a
famílias de
alcoólatras.
10. A
abstinência é
fundamental no
tratamento do
alcoolismo. Um
alcoólatra até
pode beber
socialmente, da
mesma forma que
um carro pode
andar sem
estepe, ou seja,
é uma situação
precária e um
acidente é
questão de
tempo.
11. Num
horizonte de
seis meses,
muitos
alcoólatras
conseguem manter
seu consumo de
álcool dentro de
padrões
socialmente
aceitos, mas, se
observarmos um
intervalo maior
de tempo, vamos
verificar que a
tendência é ir
aumentando
gradualmente o
consumo, até
voltar ao padrão
antigo. Em
períodos mais
longos,
normalmente, só
quem pára de
beber não
sucumbe ao
vício.
12. Em 1995, uma
substância, a
naltrexona, foi
saudada como a
pílula
antialcoolismo,
vendida no
Brasil com o
nome de Revia.
Mas, em linhas
gerais, drogas
podem funcionar
como apoio por,
no máximo, um
ano, visto que é
muito difícil
tirar algo de
alguém sem
oferecer
alternativas de
comportamento.
Usar essas
drogas equivale
a tirar o
brinquedo de uma
criança e não
dar nada no
lugar.
13. A
terapia
oferecida pelos
Alcoólicos
Anônimos é
parecida com as
terapias
behavioristas,
que pretendem
obter uma
determinada
mudança de
comportamento.
Mas, além de ser
um tratamento
barato e que
dura para
sempre, a
terapia dos A.A.
tem um
componente
espiritual
importante.
Terapias ajudam
a não beber, mas
os Alcoólicos
Anônimos dão ao
indivíduo um
círculo de
amigos sóbrios,
dão-lhe
significados,
amigos,
espiritualidade.
“É o melhor
tratamento que
temos.”
14. Embora as
estatísticas
nesse campo não
sejam precisas,
sabe-se que
cerca de 40% das
abstinências
estáveis são
intermediadas
pelos Alcoólicos
Anônimos.
Conseqüências do
alcoolismo
–
Os efeitos do
alcoolismo
atingem não
apenas a saúde
do alcoólatra,
mas igualmente a
comunidade em
que ele vive e,
especialmente,
sua família.
1.) Seus efeitos
na saúde:
Físicos –
afecções como a
cirrose hepática
e cânceres
diversos.
Mentais –
perda da
concentração e
da memória.
Neurológicos –
prejuízos na
coordenação
motora e o
caminhar
cambaleante.
Psicológicos –
apatia, tédio,
depressão.
2.) Seus efeitos
sociais:
Crimes –
o número de
homicídios
detonados pelo
álcool é
surpreendente.
Acidentes
de
trânsito –
pelo menos 30%
de todos os
acidentes com
vítimas que
ocorrem no
Brasil são
motivados pelo
álcool.
Má
produtividade
no
trabalho –
além dos danos
produzidos à
empresa que paga
o salário ao
alcoólatra, o
fato geralmente
redunda na
demissão e
muitos não
conseguem um
novo emprego
devido a isso.
Perda
do
senso do
dever e dos
bons costumes –
falta ao
trabalho,
desemprego.
3.)
Seus efeitos na
família:
Comprometimento
dos
filhos – 80%
dos filhos
aprendem a beber
em casa, diz a
psicóloga Denise
de Micheli.
Desestruturação
do lar
– o
desemprego gera
as dificuldades
financeiras e as
discussões
inevitáveis.
As
separações
conjugais –
a mulher não
agüenta as
conhecidas fases
da euforia: a
momice, a
valentia e a
indolência,
popularmente
simbolizadas na
figura do
macaco, do leão
e do porco.
A
violência
doméstica –
dois terços
(2/3) dos casos
de violência
contra a criança
ocorrem quando o
agressor está
alcoolizado.
O alcoolismo na
visão espírita
–
A exemplo de
André Luiz
(Espírito), que
nos mostra em
seu livro
Sexo e Destino,
capítulo VI,
págs. 51 a 55,
como os
Espíritos
conseguem levar
um indivíduo a
beber e, ao
mesmo tempo,
usufruir das
emanações
alcoólicas, José
Herculano Pires
também associa
alcoolismo e
obsessão.
No capítulo de
abertura do
livro Diálogo
dos Vivos,
obra publicada
dez anos após o
referido livro
de André Luiz,
Herculano
assevera, depois
de transcrever a
visão do
Espírito de
Cornélio Pires
sobre o uso do
álcool: “A
obsessão mundial
pelo álcool, no
plano humano,
corresponde a um
quadro
apavorante de
vampirismo no
plano
espiritual. A
medicina atual
ainda reluta – e
infelizmente nos
seus setores
mais ligados ao
assunto, que são
os da
psicoterapia –
em aceitar a
tese espírita da
obsessão. Mas as
pesquisas
parapsicológicas
já revelaram,
nos maiores
centros
culturais do
mundo, a
realidade da
obsessão. De
Rhine, Wickland,
Pratt, nos
Estados Unidos,
a Soal,
Carrington,
Price, na
Inglaterra, até
a outros
parapsicólogos
materialistas, a
descoberta do
vampirismo se
processou em
cadeia. Todos os
parapsicólogos
verdadeiros, de
renome
científico e não
marcados pela
obsessão do
sectarismo
religioso,
proclamam hoje a
realidade das
influências
mentais entre as
criaturas
humanas, e entre
estas e as
mentes
desencarnadas”.
A dependência do
álcool prossegue
além-túmulo e,
como o Espírito
não pode obtê-lo
no local em que
agora reside, no
chamado plano
extrafísico, ele
só consegue
satisfazer a sua
compulsão pela
bebida
associando-se a
um encarnado que
beba.
Um caso de
enxertia
fluídica
–
Eis como André
Luiz relata, em
sua obra citada,
o caso Cláudio
Nogueira:
Estando Cláudio
sentado na sala
de seu
apartamento,
aconteceu de
repente o
imprevisto. Os
desencarnados
vistos à entrada
do apartamento
penetraram a
sala e, agindo
sem-cerimônia,
abordaram o
chefe da casa.
"Beber, meu
caro, quero
beber!",
gritou um deles,
tateando-lhe um
dos ombros.
Cláudio
mantinha-se
atento à leitura
de um jornal e
nada ouviu.
Contudo, se não
possuía
tímpanos físicos
para registrar a
petição, trazia
na cabeça a
caixa acústica
da mente
sintonizada com
o apelante. O
Espírito
repetiu, pois,
a solicitação,
algumas vezes,
na atitude do
hipnotizador que
insufla o
próprio desejo,
reafirmando uma
ordem. O
resultado não
demorou. Viu-se
o paciente
desviar-se do
jornal e
deixar-se
envolver pelo
desejo de beber
um trago de
uísque, convicto
de que buscava a
bebida
exclusivamente
por si.
Abrigando a
sugestão, o
pensamento de
Cláudio
transmudou-se,
rápido.
"Beber,
beber!..." e
a sede de
aguardente se
lhe articulou na
idéia, ganhando
forma. A mucosa
pituitária se
lhe aguçou, como
que mais
fortemente
impregnada do
cheiro acre que
vagueava no ar.
O Espírito
malicioso
coçou-lhe
brandamente os
gorgomilos, e
indefinível
secura lhe veio
à garganta. O
Espírito, sagaz,
percebeu-lhe,
então, a adesão
tácita e
colou-se a ele.
De começo, a
carícia leve;
depois da
carícia, o
abraço
envolvente; e
depois do
abraço, a
associação
recíproca.
Integraram-se
ambos em exótico
sucesso de
enxertia
fluídica.
Produziu-se ali
– refere André
Luiz - algo
semelhante ao
encaixe
perfeito.
Cláudio-homem
absorvia o
desencarnado, à
guisa de sapato
que se ajusta ao
pé. Fundiram-se
os dois, como se
morassem num só
corpo. Altura
idêntica. Volume
igual.
Movimentos
sincrônicos.
Identificação
positiva.
Levantaram-se a
um tempo e
giraram
integralmente
incorporados um
ao outro, na
área estreita,
arrebatando o
frasco de
uísque. Não se
podia dizer a
quem atribuir o
impulso inicial
de semelhante
gesto, se a
Cláudio que
admitia a
instigação, ou
se ao obsessor
que a propunha.
A talagada rolou
através da
garganta, que se
exprimia por
dualidade
singular: ambos
os dipsômanos
estalaram a
língua de
prazer, em ação
simultânea.
Desmanchou-se
então a parelha
e Cláudio se
dispunha a
sentar, quando o
outro Espírito
investiu sobre
ele e protestou:
"eu também,
eu também
quero!",
reavivando-se no
encarnado a
sugestão que
esmorecia.
Absolutamente
passivo diante
da sugestão,
Cláudio
reconstituiu,
mecanicamente,
a impressão de
insaciedade.
Bastou isso e o
vampiro,
sorridente,
apossou-se dele,
repetindo-se o
fenômeno visto
anteriormente.
André
aproximou-se
então de
Cláudio, para
avaliar até que
ponto ele sofria
mentalmente
aquele processo
de fusão. Mas
ele continuava
livre, no
íntimo, e não
experimentava
qualquer espécie
de tortura, a
fim de
render-se.
Hospedava o
outro
simplesmente,
aceitava-lhe a
direção,
entregava-se por
deliberação
própria.
Nenhuma simbiose
em que fosse a
vítima. A
associação era
implícita, a
mistura era
natural.
Efetuava-se a
ocorrência na
base da
percussão. Apelo
e resposta. Eram
cordas afinadas
no mesmo tom.
Após novo trago,
o dono da casa
estirou-se no
divã e retomou a
leitura,
enquanto os
Espíritos
voltaram ao
corredor de
acesso,
chasqueando,
sarcásticos...
Tratamento do
alcoolismo
–
Embora o
alcoolismo tenha
sido definido
pela Organização
Mundial de Saúde
como uma doença
incurável,
progressiva e
quase sempre
fatal, o
dependente do
álcool pode ser
tratado e obter
expressiva
vitória nessa
luta, que jamais
será fácil e
ligeira.
Sintetizando
aqui os passos
recomendados
pelos
especialistas na
matéria e as
recomendações
específicas do
Espiritismo a
respeito da
obsessão, nove
são os pontos do
tratamento
daquele que
deseja, no
âmbito espírita,
livrar-se dessa
dependência:
1.
Conscientização
de que é
portador de uma
doença e vontade
firme de
tratar-se.
2. Mudança de
hábitos para
assim evitar os
ambientes e os
amigos que com
ele bebiam
anteriormente.
3. Abstinência
de qualquer
bebida
alcoólica,
convicto de que
não bebendo o
primeiro gole
não haverá o
segundo nem os
demais.
4. Buscar apoio
indefinidamente
num grupo de
natureza
idêntica à dos
Alcoólicos
Anônimos, que
proporcionam,
segundo o dr.
George Vaillant,
o melhor
tratamento que
se conhece.
5. Cultivar a
oração e a
vigilância
contínua, como
elementos de
apoio à decisão
de manter a
abstinência.
6. Utilizar os
recursos
oferecidos pela
fluidoterapia, a
exemplo dos
passes
magnéticos, da
água
fluidificada e
das radiações.
7. Leitura de
páginas
espíritas,
mensagens ou
livros de
conteúdo
elevado, que
possibilitem a
assimilação de
idéias
superiores e a
renovação dos
pensamentos.
8. A
ação no bem,
adotando a
laborterapia
como recurso
precioso à saúde
da alma.
9. Realizar pelo
menos uma vez na
semana, na
intimidade do
lar, o estudo do
Evangelho,
prática que é
conhecida no
Espiritismo pelo
nome de culto
cristão no lar.
A família que lê
o Evangelho e
ora em conjunto
beneficia a si e
a todos os que a
rodeiam.
O recado de
Cornélio Pires
–
No capítulo 1 do
livro Diálogo
dos Vivos,
José Herculano
Pires transcreve
a resposta em
versos que
Cornélio Pires
(Espírito)
enviou a um
amigo que o
interpelou,
através de Chico
Xavier, sobre o
problema do
alcoolismo na
visão dos
Espíritos.
Intitulada
Informações do
Além, a
mensagem diz o
seguinte:
“Recebi o seu
bilhete,
Meu amigo João
da Graça,
|
|
|
Notícias sobre a
cachaça.
O assunto não é
difícil.
Cachaça, meu
caro João,
Recorda simples
tomada
Que liga na
obsessão.
Você sabe. Aí na
Terra,
Nas mais
diversas
estradas,
Todos temos
inimigos
Das existências
passadas.
Muitos deles se
aproximam
E usando a idéia
sem voz
Propõem cousas
malucas
Escarnecendo de
nós.
Nas tentações
manejamos
Nossa fé por luz
acesa,
Mas se tomamos
cachaça
Lá se vai nossa
firmeza.
Olhe o caso de
Antoninha.
Não queria
desertar,
Encafuou-se na
pinga,
Hoje é mulher
sem lar.
Titino, homem
honesto,
Servidor de
tempo curto,
Passou a viver
no copo,
Agora vive de
furto.
Rapaz de brio e
saúde
Era Juca de João
Dório,
Enveredou na
garrafa,
Passou para o
sanatório.
Era amigo dos
mais sérios
Silorico da Água
Rasa,
Começou de pinga
em pinga,
Acabou largando
a casa.
Companheiro
certo e bom
Era Neco de Tião,
Afundou-se na
garrafa,
Aleijou o
próprio irmão.
Cachaça será
remédio,
É o que tanta
gente ensina...
Mas álcool, para
ajudar,
É cousa de
Medicina.
Eis no Além o
que se vê.
Seja a pinga
como for,
Enfeitada ou
caipira,
É laço de
obsessor.
Nas velhas
perturbações,
Das que vejo e
que já vi,
Fuja sempre da
cachaça,
Que cachaça é
isso aí.” |
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