Obra em
análise:
No
Limiar
do
Abismo
Autor
espiritual:
Inácio
Ferreira
Autor
encarnado:
Carlos
A.
Baccelli
Sumário:
A obra
procura
descrever
a
situação
da
consciência
culpada
para
além da
morte do
corpo.
Seu
objetivo
é
contribuir
para que
o leitor
tenha
uma
ampla
compreensão
da vida
e maior
lucidez
espiritual.
A
denominação
"trevas
exteriores",
utilizada
no
livro,
dá a
entender
que toda
sombra
em
derredor
do
indivíduo
significa
ausência
de luz
no âmago
do ser.
|
|
|
Esta é a nona obra
atribuída ao Espírito
Dr. Inácio Ferreira,
escrita através do
médium Carlos A.
Baccelli.
Quem leu as anteriores
vai ter uma surpresa,
por quase não encontrar
mais aquela linguagem
rude, contundente,
agressiva,
orgulhosamente
apresentada por ele, e
justificada pelo seu
médium como sendo marca
característica da sua
maneira de ser quando
encarnado.
É estranho que um
Espírito que teria
conservado, durante
dezoito anos depois de
desencarnado, a mesma
maneira rude de se
expressar, tenha mudado
de um ano para outro...
Conforme fizemos nas
análises precedentes,
transcreveremos em
negrito os trechos
que nos chamaram a
atenção na obra em
estudo, e faremos nossos
comentários em tipo
normal. As transcrições
de outros livros serão
feitas em negrito
e itálico:
Raciocinando nestes
termos, eu não podia
deixar de me comover
ante o empenho dos
médiuns, principalmente
daqueles que, quase em
completo anonimato,
continuavam se
superando, em todos os
sentidos, para conservar
desfraldada a bandeira
da fé raciocinada (...).
Eu convivera,
diariamente, com dezenas
de sensitivos e
digo-lhes: só mesmo uma
força de ordem
superior, provinda do
Inconcebível, para
dar-lhes sustentação, em
meio a tantos obstáculos
que se interpunham entre
eles e o Ideal. Os
médiuns eram e continuam
como seres humanos, com
necessidades idênticas
às de qualquer um! Como
é que conseguiam, e
conseguem, conciliar
interesses tão opostos,
quantos do espírito
imortal e os da vida
material, pela qual se
sentiam subjugados? A
muitos, inclusive, eu
tivera oportunidade de
socorrer com dinheiro,
para que não passassem
privações com a família;
alguns, pela sua simples
condição de espírita,
eram rotulados
desajustados e tinham a
sua sanidade mental
questionada, o que, não
raro, fazia com que
perdessem o emprego ou
não tivessem seus
serviços profissionais
contratados. Eu não sei,
mas alguma coisa
que não posso definir
existe nos médiuns que
perseveram, além de
somente mediunidade;
alguma coisa
transcende a teoria e a
prática mediúnica em si;
alguma coisa que
possui à semelhança dos
primitivos cristãos, que
enfrentavam o martírio e
a morte nos circos
romanos, como se seus
olhos estivessem vendo o
que mais ninguém
conseguia enxergar...
(13 – 14)
Como poderemos conciliar
o discurso acima, de
louvor aos médiuns, com
o que esse Espírito
escreveu no livro “Do
Outro Lado do Espelho”?
Vejamos o que ele
responde ao ser
convidado a participar
de uma reunião mediúnica
no Sanatório de Uberaba,
onde, quando encarnado,
fora diretor:
– Para quê? Só se for
para xingá-los... (Por
favor sr. Médium e sr.
Revisor, não me queiram
tolher a liberdade de
dizer o que penso, da
maneira que penso.)
Aliás, para que saibam
que sou eu, basta mesmo
que eu abra a boca ou...
que acenda um cigarro.
Vou dizer a vocês o que
penso: Os meus gatos,
que ainda sobrevivem no
Sanatório, apesar da
vontade de alguns de
expurgá-los, serão
melhores intérpretes
meus do que os médiuns
que andam por lá...
(...) Os médiuns não
querem estudar, não
querem disciplina...
Ficam parados ao redor
da mesa feito uns robôs;
nem pensar eles pensam;
esvaziam a mente de
idéias, esperando que os
espíritos façam tudo...
Isto não é mediunidade,
se o pobre do morto
pudesse fazer tudo
sozinho, os médiuns
seriam meras figuras
decorativas. E, depois,
mentem: dizem que são
inconscientes, que não
se lembram de nada.
(158 / 159)
E continua seus ataques
aos médiuns do grupo que
dirigiu, no Sanatório:
– O médium me acolhe, me
agasalha, abre a boca e
só deixa passar o que
não conflita com os seus
pensamentos. Sendo
assim, o que vou fazer
lá? Passar raiva? Passar
raiva, eu passava na
condição de doutrinador,
de dirigente dos
trabalhos mediúnicos do
Sanatório, que fui por
mais de cinqüenta
anos...
(159 / 160)
Se o grupo mediúnico era
tão ruim, como pôde
tolerá-lo durante
cinqüenta anos? Note-se
que ele ainda não
retornara àquele grupo
depois de desencarnado,
logo essas impressões
ele já as tinha antes de
desencarnar:
–
Nós, os considerados
mortos, em matéria de
mediunidade temos que
nos contentar com
percentagem: 30% nossos,
70% do médium... Quando,
pelo menos, são 50% para
cada lado, vá lá... Raro
o médium que nos permite
o empate. Isso sem
falarmos nos médiuns que
vivem colocando palavras
inteiramente suas em
nossos lábios: é um tal
de termos dito, sem
termos dito nada...
(...) Os médiuns hoje
querem improvisar...
Quanta mistificação!...
(160)
Mas a crítica aos
médiuns não se restringe
apenas àquele grupo. É
generalizada:
– O cenário vocês já
conhecem, de uma reunião
mediúnica: médiuns
chegando em cima da
hora, com justificativas
vazias: “estava com
visita em casa”, “choveu
na hora de sair”,
“desarranjo intestinal”,
“o telefone tocou...
– Apenas dois espíritos,
dos muitos que estavam
no recinto, lograram dar
o ar da graça naquela
noite, através da
medianeira anônima: um
que havia cometido o
suicídio, e eu, que, se
pudesse, estrangularia
alguém.
(161)
(...) Pretensão à
infalibilidade,
elitismo, personalismo;
isso tudo, sem
mencionarmos o que se
vem fazendo através da
mediunidade – o canal
que, na maioria dos
medianeiros, é ocupado
por entidades contrárias
ao movimento de
libertação de
consciências que o
Espiritismo propõe.
Imperceptivelmente, os
médiuns vêm sendo
hipnotizados por
espíritos que os dominam
e que lhes inoculam
n´alma o vírus da
ambição desmedida.
Difícil nos depararmos
com quem não esteja a
serviço de si mesmo na
Causa que abraçamos!...
(180)
Será que o Dr. Inácio
percebeu que suas
críticas não foram bem
acolhidas pelos médiuns,
decidindo-se a mudar sua
opinião?
O que posso fazer para
me defender daqueles que
têm rotulado as minhas
obras de
anti-doutrinárias?
(15)
Não há precedente, em
toda a literatura
mediúnica séria, de um
Espírito tão preocupado
com as repercussões de
suas obras. Essa postura
é coerente com o que ele
relata no livro
“Fundação Emmanuel”,
quando se refere a um
“jornal”, intitulado
“Resenha”, encarregado
de fazer circular,
naquela instituição, as
notícias da Terra,
inclusive os comentários
sobre obras mediúnicas.
Aqui, com a permissão do
médium de quem me sirvo,
amigo que aprendi a
estimar em longos anos
de convivência no mundo,
abro pequeno parêntese,
para que nossos
companheiros encarnados
entendam parte das
dificuldades que,
juntos, enfrentamos no
serviço do intercâmbio
mediúnico. Tendo
levantado de madrugada,
ele e eu, para o
compromisso que
assumimos, minutos
atrás, como é
compreensível, tive
necessidade de
interromper a minha
narrativa, quebrando, de
certa forma, a seqüência
das idéias.”
(15 – 16)
Essa quebra de
seqüência das idéias
mostra o grau de
informalidade da
mensagem que estava
sendo transmitida. Ao
contrário do que se
imagina num trabalho
sério, em que um
Espírito que escreve
algo a ser publicado
como livro espírita,
deve ser o resultado de
estudos maduramente
avaliados no Mundo
Espiritual e não algo
improvisado, como se
fosse uma conversa
banal, entre
desocupados.
Além do mais, causa
estranheza o fato de um
Espírito tecer elogios
ao seu médium. Era assim
que Emmanuel, André Luiz
e outros Espíritos agiam
em relação ao Chico?
— É grave, mas é real.
Nós, os espíritas,
Inácio, necessitamos de
retomar a vivência dos
postulados que
abraçamos: Menos
vaidade, menos disputas,
menos ambição...
— ...menos
mediunidade...
— ...e mais caridade!
— Tornou-se uma virtude
piegas... Os espíritas
se intelectualizaram
muito: falam diversos
idiomas, desfrutam de
certo status
social, viajam com
freqüência ao
Exterior...
(43)
O ataque aos espíritas é
uma constante em suas
obras. É interessante
notar-se que quem fala
em menos mediunidade tem
escrito quase dois
livros por ano, além
daqueles que o seu
médium psicografou de
outros Espíritos, numa
verdadeira corrida
editorial, sem
precedentes.
Quanto à caridade,
entendemos que denota
falta dessa virtude
aquele que lança
acusações anônimas. Será
“pecado” aprender outras
línguas? Será erro
viajar para o Exterior,
levando a mensagem
espírita? Dupla
condenação que
receberia, do Dr.
Inácio, o Apóstolo dos
Gentios, cuja missão foi
a de propagar o
Evangelho fora dos
arraiais judaicos, para
o que necessitava do
conhecimento de outros
idiomas...
Os médiuns brasileiros
que têm viajado para o
Exterior são bem
conhecidos no meio
espírita. Conquistaram o
respeito geral pela sua
fidelidade aos
postulados doutrinários,
pela sobriedade de suas
obras, e pela nobreza da
linguagem em que são
redigidas. Alem do mais,
impõem-se ao respeito
também da sociedade
não-espírita pelo seu
inquestionável exercício
da caridade.
— O Espiritismo vem
enfrentando uma
dificuldade para a qual
os nossos companheiros
ainda não atinaram.
— Qual seria, Odilon?
— A de fazer novos
adeptos.
— É um péssimo sinal...
(43 – 44)
É estranho que o Dr.
Inácio, tão informado a
respeito da repercussão
de suas obras aqui na
Terra, não saiba que o
Espiritismo está
conquistando adeptos em
número até preocupante.
É só ver as reuniões
públicas. Entretanto, os
verdadeiros espíritas
nunca se preocupam com o
proselitismo...
— Interessante, Odilon:
Chico Xavier desencarnou
ainda há pouco, cumpriu
75 anos de legítimo
mandato mediúnico, e –
não sei se estou
exagerando – percebo já
um certo esquecimento de
sua obra, que,
principalmente para a
nova geração, é
inédita... Há um
trabalho das trevas
nesse sentido?
O Benfeitor, após
ligeira pausa no diálogo
que encetáramos,
considerou:
— Até onde sei, Inácio,
posso confirmar,
elucidou o companheiro,
procurando ser
cauteloso.
— Quer dizer...
— ... que faz parte de
um plano das trevas
sufocar a qualidade pela
quantidade.
(45 – 46)
É interessante notar que
o próprio Dr. Inácio
publicou dez obras em
seis anos... Será que a
qualidade das obras do
Chico não estará
sofrendo concorrência
com a quantidade das do
Dr. Inácio? Isso sem
contar as obras de
outros autores, pelo
mesmo médium, que há
pouco festejava o
lançamento do seu 100º
livro. Entretanto, essa
tentativa de sufocar a
verdadeira literatura
espírita não é privativa
nem desse médium, nem
desse Espírito...
— Não duvide, Inácio. Ao
que estou informado, os
espíritos interessados
na estagnação das idéias
espíritas montaram uma
espécie de central do
livro...
— Central do livro?... —
perguntei, quase sem
acreditar.
— Sim.
— Central do livro
espírita? ... — insisti.
— Do livro mais ou menos
espírita, que difunde,
nas entrelinhas, teorias
contraditórias.
(48)
Será um mea culpa?
É impressionante que,
depois de se referirem a
Chico Xavier, tenham
coragem de continuar
escrevendo isso que
chamam de livro
espírita. É fazer pouco
da lucidez dos
espíritas.
— Talvez, meu filho —
ponderou Odilon —, você
e o espírito que escreve
por seu intermédio ainda
estejam naquela fase de
estabelecer entre ambos
uma melhor sintonia...
(54)
O diálogo acima teria
ocorrido no Plano
Espiritual, e esse que
conversa com o Dr.
Odilon seria o “médium”
de um outro espírito,
que se diz ser um antigo
habitante da
Atlântida...
Ultimamente, falanges de
monges beneditinos
desencarnados estavam, e
estão, se movimentando
para estabelecer
confusão no Movimento;
muitos deles fazendo-se
passar por espíritos
comprometidos com a
Doutrina, dominam
médiuns – alguns,
inclusive, de renome –,
mudam de identidade e,
escrevendo ou falando,
têm procurado estender
sua negativa influência,
de maneira sutil, com o
propósito de desfigurar
o Ideal que abraçamos.
(60)
Esse trecho parece um
auto-retrato. Quais
seriam os médiuns de
renome aqui referidos?
(...) mas o Movimento,
que se elitiza e –
pasmem – conta com
medianeiros oficiais,
quais modernos
hierofantes que se
entronizam e estimam ser
incensados está já
comprometido e exige
rápida revisão, sob pena
de se esfacelar de
maneira irremediável.
(62)
Por que o Dr. Inácio não
fala claramente ao invés
de ficar lançando
acusações e provocações,
próprias de Espíritos
interessados em
disseminar confusão?
Quem se propõe a
escrever um livro – seja
encarnado ou
desencarnado – deve ter
a coragem de dizer
diretamente as coisas e
não se esconder atrás de
afirmativas falsamente
fraternas, que soam como
cartas anônimas.
Que os nossos irmãos,
pois, permaneçam atentos
e não se deixem
ludibriar; não há sobre
a Terra, na atualidade,
um único médium
encarnado com suficiente
autoridade para penetrar
nos enigmas pertinentes
às anteriores
experiências
reencarnatórias de quem
quer que seja. O que
revelam, nesse sentido,
não passa de mera
suposição ou
invencionice.
(62)
O responsável pelas
revelações de qualquer
natureza é o Espírito, e
não o médium, que é mero
instrumento...
Entretanto, por esse
mesmo médium que o
serve, na obra “Na
Próxima Dimensão”, o Dr.
Inácio afirmou que André
Luiz foi Carlos Chagas e
que Francisco Cândido
Xavier foi Allan
Kardec...
Entrementes, diante de
nós, Osório deu início a
estranho processo de
transfiguração.
Recomendando-me calma,
Odilon permaneceu em
expectativa, como se já
soubesse o que estava
para acontecer.
O jovem médium,
inclusive do ponto de
vista físico, se
transformara quase por
completo: parecera
ganhar altura e perder
peso, como se outra
pessoa se lhe
sobrepusesse à imagem;
os seus olhos se
mostraram mais
penetrantes e a própria
cor da pele se
alterara...
Com voz um tanto
soturna, a entidade que
se lhe assenhoreara das
faculdades indagou-nos
enigmática:
— O que querem de mim?
Por que me evocaram a
presença?
— Quem é você, meu
irmão? – tomou Odilon a
iniciativa do diálogo,
enquanto eu procurava
emocionalmente me
recompor.
— Lêmur. O meu nome é
Lêmur – respondeu com
certa altivez.
— Em que lugar você vive
atualmente?
— Numa dimensão
desconhecida por
vocês...
— Por que não podemos
vê-lo?
(67 – 68)
Uma comunicação
mediúnica no Mundo
Espiritual, com
transfiguração do
médium, levada a efeito
por um Espírito
habitante de uma região
da Lemúria, que teria
sido recriada pelo grupo
de Espíritos a que
pertencia.
Estranhamente, essa
comunicação causou
perturbação no Dr.
Inácio, que já dialogara
– segundo o livro “Sob
as Cinzas do Tempo” –
com o Espírito
Torquemada. Será que
tinha mais equilíbrio
quando encarnado?
Além do mais, por que
não podiam ver o
Espírito? Tratava-se de
Espírito inferior, que
já estivera reencarnado
à força, e fora monge
beneditino, mas não
aceitava Jesus. Como um
Espírito assim poderia
furtar-se à visão de
dois trabalhadores do
Bem?
Eu nunca entendi muito
essa história de “ego” e
“eu”... Em mim,
coexistem dois Inácios?
Se um só já é demais...
— O “eu’, Inácio, é a
nossa consciência: é o
ouro que se destaca da
ganga, a pérola que se
liberta da concha, o
lírio que desabrocha no
pântano; o “eu” é tudo o
que restará de nós...
— É o “eu” que argumenta
com o “ego”? O que seria
o “ego”?...
— O “ego” é a
imperfeição... O “eu”
contraria o ego”, e o
“ego” contraria o
“eu”...
— Não dá para os dois
entrarem num acordo?...
— Os interesses são
diferentes.
— Meu Deus, quanta
complicação!... Como
saber quando estou
agindo através do eu” ou
através do “ego”?
— O “eu” é amor, o “ego”
é paixão; o “eu” é
altruísmo, o “ego” é
egoísmo; o “eu” é
renúncia, o “ego” é
desejo...
(84)
Aqui vemos um fato
realmente digno de nota:
um psiquiatra que não
conhece nada de
Psicanálise, recebendo
informações de um
dentista desencarnado...
— E a questão do
animismo?
— Animismo é
mediunidade.
— E a mistificação?
— É mediunidade também.
— Tudo, então, é
mediunidade?
— É mediunidade onde
prevalece o “ego” ou o
“eu”, um se sobrepondo
ao outro.
(86)
Um médico psiquiatra,
diretor de um sanatório
espírita por 50 anos,
depois de desencarnado
se esquece de tudo, até
mesmo do que é
mediunidade?
Será que é para testar a
argúcia dos espíritas,
para zombar deles, ou
para produzir livros
que, pela quantidade,
tentem se sobrepor à
obra de Chico Xavier,
como foi dito?
— O espírita,
equivocadamente,
acredita que vai chegar
iluminado às regiões do
Além, guindado à
condição de Espírito
Superior.
(107)
Sempre, o ataque
generalizado aos
espíritas... Afirmativa
vazia, provocadora,
própria de Espíritos
mistificadores.
— (...) Agora, que me dá
uma vontade tremenda de
falar – de falar às
claras sobre os
interesses que, na
atualidade, imperam no
Movimento Espírita,
inclusive “dando nome
aos bois” –, isso me
dá!
— É melhor não, Inácio.
— Eu sei, mas que a
minha língua coça, coça;
e não sei mesmo –
digamos – se, mais
tarde, não venha a ser
este o meu “canto do
cisne”... A gente fica,
vai ficando cansado de
tanta hipocrisia;
aquilo que na Terra
eu tinha – desativado
depois dos 80, mas tinha
– e continuo a ter por
aqui, já estourou....
(108)
Novamente, a mesma
cantilena contra os
espíritas, finalizando
com uma metáfora digna
da mesa de um bar.
— Estou aqui por
indicação de amigos; sei
que o senhor é espírita,
mas não venho procurá-lo
por isto...
(109)
Um Espírito que “marcou
consulta” por indicação
de amigos... Não é esse
o Mundo Espiritual
descrito por André Luiz
e por outros
Benfeitores. Parece mais
uma consulta médica,
marcada como na Terra,
ainda mais com uma
identificação de
religiões jamais vista
em obra alguma, a não
ser nas do Dr. Inácio.
Deixando-me aos
cuidados de Paulino, que
me apoiava a cabeça,
Odilon partiu a pedra
que era oca por dentro (sic)
e represava em seu
interior pequena
quantidade de linfa
cristalina, que ele
tratou rapidamente de
magnetizar e servir-me
aos goles. (192)
O Dr. Inácio estava
passando mal porque
havia comido um pedaço
de churrasco de porco
espinho, oferecido por
uns Espíritos habitantes
do Umbral. E, para
socorrê-lo, o Dr. Odilon
teria quebrado uma pedra
que continha água no seu
interior...
— Preciso ir ao
sanitário – disse-lhes,
tentando me colocar de
pé.
— Sanitário, aqui?!... –
reagiu, Paulino, tão
surpreso quanto
eu.
— Por favor – solicitei,
afrouxando a calça –,
afastem-se...
E, ali mesmo, sem
qualquer escrúpulo,
improvisei uma latrina.
(192)
O que dizer desse
exemplo de literatura
“realista”, de péssimo
gosto? O que pensarão do
Espiritismo aqueles que
dele tomam conhecimento
através de uma obra
dessas? E esse Espírito
toma ares de “revelador”
de novas verdades...
Assim que entramos,
esgueirando,
inicialmente, por
estreitos e lúgubres
corredores, tive a
nítida impressão de que
recuara no tempo: cruzes
e tochas embebidas em
resina, que penumbravam
o ambiente,
psiquicamente me
retinham à época da
chamada Idade das
Trevas, quando o próprio
Sol parecia brilhar de
modo mortiço no
firmamento.
Evitando provocar o
menor ruído, começamos a
escutar um rumor de
vozes que aumentava, à
medida que avançávamos.
(208)
Na obra “Libertação”
(cap. IV, pág. 62), o
Benfeitor Gúbio conduz
André Luiz e Elói à
“Cidade Estranha”, um
local bem semelhante a
esse relatado na obra em
estudo. André Luiz
informa que tiveram de
preparar-se durante
algum tempo, adensando
seus perispíritos, a fim
de serem vistos e
poderem interagir com os
Espíritos que lá
habitavam. Por que o Dr.
Inácio e seus
companheiros de jornada
precisariam se esconder,
se a sua faixa
vibratória era superior
à dos Espíritos que
habitavam aquela
caverna? Por que, na
descrição, o Dr. Inácio,
em vez de fazer
“gracinhas”, não dá ao
leitor esses detalhes
preciosos? Será que se
tivesse existido
realmente essa excursão
– ele que é tão prolixo
– não as detalharia para
esclarecimento do
leitor? É interessante
se observe o volume de
informações contidas na
obra de André Luiz, em
que ele não se detém a
relatar pormenores
escabrosos, limitando-se
a mostrar – de negativo
– apenas o essencial
necessário à transmissão
de informações e
ensinamentos novos. A
obra do Dr. Inácio prima
por ressaltar
aberrações, tanto no
comportamento, quanto
nas formas das
criaturas.
— Todavia, Odilon,
sejamos francos, é raro
que nos deparemos com um
espírita tendo
semelhante grandeza de
alma... Na atualidade
(reafirmo o que tenho
dito nas páginas que
tenho tido oportunidade
de escrever,
transformando-as em
livros), é o império da
desunião, da disputa
velada, dos conflitos de
opinião, de escusos
interesses em jogo...
Muita gente interpreta
que eu esteja a criticar
o Movimento, com o
intuito de demoli-lo, ou
a censurar os confrades,
com o intuito de
desestimulá-los; a
intenção que me move é
completamente diferente,
e lamento os que me
julgam interpretando as
minhas palavras e
colocações de maneira
literal...
(216)
Sempre atacando os
espíritas. Como essa
atitude tem sido
criticada em análises de
suas obras, o Dr. Inácio
nega que tenha procurado
denegrir o Movimento,
mostrando que, embora
desencarnado, sofre de
amnésia, conforme se
constata no trecho
abaixo, do livro “Fala,
Dr. Inácio!”:
– O senhor está fazendo
graça, não é?
– Estou provocando...
(172)
– Provocando a quem?
– Os espíritas
ortodoxos. Adoro fazer
isto...
(172)
– Para quê?
– Para que eles saibam
que não podem me calar,
que não são os donos do
Movimento e nem tampouco
os espíritos
missionários que se
supõem; são, na verdade,
um bando de ingênuos...
Tenho dito, me segurando
para não dizer mais.
(172)
E, na obra “A Escada de
Jacó”, volta à carga:
— O personalismo campeia
entre médiuns e
dirigentes...
— Necessitamos de rever
a proposta de
Unificação; o homem
ainda não sabe ocupar
qualquer condição de
liderança, sem que o
cargo lhe suba à cabeça.
(42)
Será uma interpretação
literal, ou um ataque
real? Qual outra
interpretação que se
poderia dar?
Aquela cobra que, sem
dúvida, seria capaz de
nos devorar em um só
bote, estrangulando-nos,
primeiro, entre as suas
imensas mandíbulas,
ergueu mais a cabeça,
enquanto Odilon, que a
olhava fixamente nos
olhos, se aproximava,
cauteloso.
O meu instinto de
defesa, confesso, fez
com que eu vasculhasse o
terreno a ver se
encontrava uma pedra ou
um porrete qualquer,
caso houvesse
necessidade de lutar
pela sobrevivência... Eu
não estava disposto a
morrer daquele
jeito, nem que fosse
para morrer para cima,
quanto mais para
baixo, que, com
certeza, era o que me
aconteceria em tais
circunstâncias.
(265)
Que preparo espiritual
tinha o Dr. Inácio para
dirigir-se a zonas
inferiores, pensando em
defender-se a pedradas
ou porretadas... Além do
mais, como pensar em
lutar com um animal que
poderia abocanhar um
homem? E o que dizer do
risco de morrer?
— Em meu primeiro livro
escrito depois de
morto, “Sob as
Cinzas do Tempo”, eu me
refiro diversas vezes ao
meu antigo hábito de
fumar; pois bem: segundo
soube, houve alguém que
teve o capricho e a
paciência de contar o
número de vezes que fiz
menção ao tabaco, para
chegar à conclusão de
que não sou um Espírito
Superior...
(217)
Aqui, o Dr. Inácio se
esqueceu de que essa
mesma queixa já fora
feita pelo seu médium,
no livro “Fala, Dr.
Inácio” (80): “—
Outro chegou a contar o
número de vezes que, em
“Sob as Cinzas do
Tempo”, se refere ao
cigarro...”
Em verdade, nunca se viu
na literatura mediúnica,
até o advento das obras
do Dr. Inácio, um
Espírito usar as páginas
de seus livros para
defender-se daquilo que
chama de acusações dos
espíritas. Ele se
preocupa e se insurge
contra aqueles que, no
uso da sua liberdade de
pensar, procuram seguir
o sábio conselho de
Erasto: “Melhor é
repelir dez verdades do
que admitir uma única
falsidade, uma só teoria
errônea.” (O Livro dos
Médiuns, 230)
Ainda há muito o que
comentar, mas para que
não fique excessivamente
longa esta análise,
finalizaremos apontando
algumas das já
costumeiras acusações
contra os espíritas:
— Com raras exceções,
não vejo mais o
espírita interessado em
perdoar – em perdoar ao
companheiro de fé!...
Dentro de certos grupos
espíritas, é uma intriga
só...
(43)
— Na minha opinião, sim;
vejamos que os espíritas
já estão tomando gosto
pelo poder...
(139)
— O espírita, via de
regra, imagina que os
seus privilégios
começarão assim que
botar a ponta do nariz
para fora do túmulo.
(218)
— Essa história de ter
sido médium 40, 50 anos,
de ter feito inúmeras
palestras, de ter
escrito dezenas de
livros ou artigos em
jornais e revistas, de
nunca ter perdido a
pose...
(219)