EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Otimismo -
estratégia
para
uma vida
saudável
Na ambiência da
pedagogia
espírita é
possível abordar
uma questão
complexa e que
não pode ser
negligenciada: o
problema do
saber viver como
Espírito, que é
imortal, pois
grande parte da
dignidade humana
consiste em
educar-se sobre
o sentido da
vida, sendo este
sentido revelado
nos contextos
das nossas
relações e ações
(nossas obras).
Se somos
imortais, somos
antes, durante e
depois dessa
nossa existência
atual. Logo, a
arte de saber
viver como
Espírito não
pode estar
ligada a
atitudes
paliativas ou
irreflexivas de
viver e
conviver.
Saber viver como
Espírito exige
uma espécie de
disciplina (boa
vontade) e uso
da atenção
(insistente,
dinâmica e
contínua) para
que atinjamos
níveis de
ser-fazer que
nos apontem, sem
enganos,
crescimento
íntimo. Nesse
propósito, é
preciso, sem
dúvida, que
confiemos na
coerência do
nosso programa
reencarnatório
para que o
aprendizado e o
treinamento
dessa arte sejam
desenvolvidos
com êxito e
alegria.
Ora, essa
confiança
elementar, por
sua vez, é
exigente de um
recurso
fundamental: o
otimismo. A
favor de todas
as evidências, o
comportamento
otimista, na
graça e no
absurdo,
habilita-se ao
reencontro,
valioso, de
nossa essencial
esperança de
seres humanos.
Em certas
situações, as
interpretações
que podemos
possuir sobre
doença,
injustiça,
sofrimento, não
resistem.
Novamente nossa
questão será a
de nos
questionarmos
sobre o fato de
que habitamos um
planeta no qual
coexistem, ao
mesmo tempo, a
beleza da flor,
do céu e das
terras, da
diversidade da
flora, da fauna,
dos recursos
naturais (pelo
fluxo das leis
naturais) e a
presença da
pobreza,
preconceito,
guerra,
violência,
desamor (pelo
fluxo da ação
humana, calcada
na
ignorância)...
Vem-me então à
lembrança uma
estratégia para
a vida criada
pelo indiano
Swami Sivananda
(1) e que nos
serve como uma
lição a ser
adotada para o
nosso cotidiano
de seres
existentes,
chamados à
felicidade:
Um rei tinha um
companheiro/ministro
de quem gostava
muito, exceto
por uma coisa
que o irritava
demais. O
ministro tinha o
hábito de dizer:
“Tudo o que
acontece é para
o bem” a tudo o
que acontecia à
sua volta, fosse
bom ou ruim.
Então, um dia o
rei cortou o
polegar enquanto
manuseava uma
faca, e o
ministro, que
estava presente,
disse
imediatamente:
“Tudo o que
acontece é para
o bem.” Esse
comentário
deixou o rei
furioso, a ponto
de mandar o
ministro para a
prisão. Para se
consolar, ele
foi caçar
sozinho na
floresta.
Ele deve ter-se
distanciado
muito e
ultrapassado as
fronteiras do
reino, pois
deparou com uma
tribo que o
capturou.
Infelizmente
para ele, essa
era uma tribo
que oferecia
sacrifícios
humanos à sua
divindade.
Assim, o rei foi
levado a um
sacerdote para
ser oferecido em
sacrifício.
Enquanto banhava
o rei, o
sacerdote
percebeu o
polegar ferido;
como uma pessoa
com defeito não
podia ser
oferecida à
divindade, o rei
foi recusado e
em seguida
libertado.
O rei voltou ao
seu palácio
mergulhado em
pensamentos, e
compreendeu que
o ditado do
ministro era
correto. De
fato, o polegar
cortado salvara
a sua vida.
Assim que chegou
ao palácio, ele
libertou o
ministro e lhe
disse: “Você
tinha razão
sobre mim;
afinal, tudo o
que aconteceu
foi para o meu
bem. Mas eu o
joguei no
calabouço pelo
que você me
disse, o que não
parece ter sido
bom para você.
Como explica
isso?”
O ministro
respondeu:
“Grande rei, ao
jogar-me na
prisão salvastes
também a minha
vida. Do
contrário, eu o
teria
acompanhado na
caçada, teria
sido capturado,
e como não tenho
nenhuma
imperfeição,
teria sido
oferecido em
sacrifício.”
Em síntese, um
relacionamento
saudável com a
vida aponta a
necessidade da
internalização
de uma visão
positiva de
tudo. Ao
desenvolver essa
habilidade, os
acontecimentos
rotineiros
poderão ser
interpretados
pelo otimista
como
oportunidades
abençoadas no
seu caminho, que
só se faz ao
caminhar...
Bibliografia:
(1) Apud
GOSWAMI, Amit.
O médico
quântico:
orientações de
um físico
quântico para a
saúde e a cura.
Tradução de
Euclides L.
Calloni, Cleusa
M. Wosgrau. São
Paulo: Cultrix,
2006, pp. 208-9.