A
ORIGEM DA FACULDADE MEDIÚNICA
À
semelhança de Charles Richet que
conceituou a mediunidade como o
"sexto sentido", Allan Kardec
colocou-a em pé de igualdade com
os outros atributos humanos,
reconhecendo nela uma função
orgânica, ordinária, natural,
fisiológica, inerente a todos os
seres humanos, embora em gradações
muito diferentes.
Qual a sua origem? Qual a sua
relação com o processo evolutivo
que atinge a todos os seres do
globo? As opiniões não são
convergentes. Ernesto Bozzano
defendia a tese de que as
faculdades supranormais não são e
não podem ser levadas a cargo da
evolução da espécie, sendo assim
sentidos da personalidade humana
que deverão aflorar após a
desencarnação. Não teriam, então,
uma função definida para a vida
física, já que apenas no ambiente
espiritual elas deveriam emergir.
Pesquisadores materialistas, como
Amadou e Vassiliev, colocam-na à
conta de uma função em extinção.
As faculdades paranormais seriam
resíduos de faculdades atávicas
que se foram atrofiando por obra
da seleção natural, visto se
haverem tornado inúteis à ulterior
evolução biológica da espécie. O
pensamento, todavia, que vem ao
encontro da posição assumida pelo
benfeitor André Luiz foi expresso
por J. B. Rhine. Acreditava o pai
da parapsicologia que as
faculdades paranormais representam
outros tantos germes de sentidos
novos destinados a evoluir nos
séculos, até emergirem e se
fixarem na espécie.
Ao examinar a questão, no livro
"Evolução em Dois Mundos", André
Luiz informa-nos que a faculdade
mediúnica vem sofrendo através dos
milênios paciente desabrochar,
acompanhando o Espírito eterno em
seu processo evolutivo. É,
portanto, uma função do Espírito
que se projeta no corpo a cada
nova existência, sendo
continuamente aprimorada.
A
MEDIUNIDADE E O ORGANISMO
A
base orgânica da mediunidade é
indiscutível: "A faculdade
propriamente dita é orgânica." (O
Livro dos Médiuns, cap. XX.)
Quais seriam as regiões do corpo
responsáveis por esse sentido? Em
que setores da economia biológica
vamos identificá-lo? O quadro
abaixo sintetiza as principais
características biológicas da
mediunidade:
1.
Aptidão ao desdobramento
perispiritual:
Uma maior facilidade ao
desdobramento do corpo
perispiritual é característica
comum em quase todos os tipos de
médiuns. Em relação à evolução do
processo, André Luiz tece
comentários no livro "Mecanismos
da Mediunidade", sintetizados
abaixo:
Em se iniciando a criatura na
produção do pensamento contínuo, o
sono adquiriu para ela uma
importância que a consciência em
processo evolutivo até aí não
conhecera.
Usado instintivamente pelo
elemento espiritual como recurso
reparador das células físicas,
semelhante estado fisiológico
carreou possibilidades novas de
realização.
Amadurecido para pensar e
mentalizar, o homem começou a
exercitar o desprendimento parcial
do corpo sutil durante o sono,
dando os primeiros passos na
conquista do desdobramento do
estado do sono.
Afastava-se do corpo mantendo-se
ligado a ele por finos laços
fluídicos magnéticos, levemente
dilatados nos plexos e bem
consistentes ao ligar-se à fossa
rombóide.
Com o prosseguir evolutivo, as
mentes mais afeitas à meditação e
reflexão e que demonstrassem
capacidades mediúnicas mais
evidentes, pela comunhão menos
estreita entre as células do corpo
físico e do corpo espiritual,
passaram do desdobramento durante
o sono ao desprendimento durante a
vigília, inaugurando no planeta a
mediunidade sonambúlica, que está
na base de quase todos os
fenômenos mediúnicos.
2. Larga desarticulação das forças
anímicas:
Na mediunidade de efeitos físicos
haverá mobilização de elementos
biológicos que André Luiz denomina
de "recursos periféricos do
citoplasma", que ao lado do fluido
vital exteriorizado vai dar origem
ao ectoplasma da terminologia
científica.
André Luiz identifica nos
medianeiros de todas as
modalidades uma "comunhão menos
estreita entre as células do corpo
físico e do corpo espiritual", o
que certamente facilitaria o
desdobramento, que é o passo
inicial na maioria dos fenômenos
mediúnicos.
Sendo menos densos os elos de
ligação entre os implementos
físicos e espirituais, mais
facilmente o medianeiro poderá
exteriorizar para fora de sua
individualidade as energias
necessárias ao intercâmbio.
Em "Nos Domínios da Mediunidade",
André Luiz colabora nessa idéia ao
dizer: "Raios ectoplásmicos são
raios peculiares a todos os seres
vivos e é ainda na base deles que
se efetuam todos os processos de
materialização mediúnica,
porquanto os sensitivos encarnados
que os favorecem libertam essas
energias com mais facilidade."
Na obra kardequiana vamos
encontrar elementos que fortalecem
o pensamento do autor espiritual:
"O Livro dos Médiuns", item 15:
"O Espírito tira dessas pessoas,
como de uma fonte, um fluido
animal de que necessita."
"O Livro dos Médiuns", item 75:
"Em algumas pessoas há uma espécie
de emanação desse fluido, em
conseqüência de condições
especiais de sua organização, e é
disso propriamente falando que
resultam os médiuns de efeitos
físicos."
"O Livro dos Médiuns", item 98:
"As naturezas impressionáveis, as
pessoas cujos nervos vibram à
menor emoção, à mais leve
sensação, são as mais aptas a se
tornarem excelentes médiuns de
efeitos físicos. Com efeito seu
sistema nervoso, quase
inteiramente desprovido do
invólucro refratário que isola
esse sistema na maioria dos
encarnados, torna-os apropriados
ao desenvolvimento desses diversos
fenômenos."
"O fluido vital, apanágio
exclusivo dos encarnados, deve
obrigatoriamente impregnar o
espírito agente."
Em "Mecanismos da Mediunidade",
André Luiz reforça a tese ao
dizer: "Se a
personalidade encarnada acusa
possibilidade de larga
desarticulação das próprias forças
anímicas, encontramos aí a
mediunidade de efeitos físicos."
3. Sistema nervoso:
O
principal sistema responsável pela
faculdade mediúnica é o nervoso,
principalmente o cérebro.
Dr. Nubor Facure, professor
titular de Neurologia na Unicamp,
examinando o papel do cérebro no
fenômeno, esclarece: "O
fenômeno mediúnico se processa no
cérebro do médium e sempre com a
participação deste. É um processo
de automatismo complexo, realizado
através do cérebro sob a atuação
de entidades espirituais que
sintonizam com o médium. Dispomos
no nosso cérebro de centros de
atividades automáticas para as
diversas atividades motoras que
nos permitem, por exemplo, falar
fluentemente, escrever
rapidamente, pintar ou dedilhar um
instrumento musical. Essas áreas
expressam suas atividades com
pouca participação da consciência.
Desde que o médium possa destacar
seu foco de consciência, o
Espírito comunicante pode se
ocupar dos núcleos de atividade
automática do cérebro do médium e
fazer transcorrer por ali
conceitos da sua mensagem."
4. Epífise:
O
papel da epífise ou glândula
pineal passou a ser valorizado com
os estudos do autor André Luiz.
A
epífise é uma glândula de forma
piriforme, com as dimensões de uma
ervilha mediana que repousa sobre
o teto do mesencéfalo.
A
glândula pineal foi bastante
conhecida dos antigos. A Escola de
Alexandria participou ativamente
dos estudos da pineal que se
achavam ligados a questões
religiosas. Os gregos conheciam-na
como conarium, e os latinos como
pinealis, semelhantes a uma pinha.
Esses povos em suas dissertações
localizavam na pineal o centro da
vida.
Mais tarde, os trabalhos sobre a
glândula pineal se enriqueceram
com os estudos de De Graff, Stenon
e Descartes, que em 1677 fez uma
minuciosa descrição da glândula,
atribuindo-lhe papel relevante.
Para ele, "a alma seria o
misterioso hóspede da glândula
pineal".
No início do século XIX,
embriologistas relacionaram a
pineal ao 3º olho de alguns
lacertídeos da Nova Zelândia e
passaram a considerá-la como órgão
vestigial abandonado pela
natureza, o que atrasou em muito
os estudos sobre a pineal.
Em 1954 vários estudiosos
publicaram um livro com o
somatório crítico de toda a
literatura existente sobre a
glândula, chegando a algumas
conclusões:
-
A glândula pineal deixou de ser o órgão sensorial e passou a ser
uma glândula de secreção
endócrina.
-
A glândula pineal teria influência sobre o amadurecimento das
glândulas sexuais (ovários e
testículos); quando atuante, a
pineal inibiria o
desenvolvimento dessas
glândulas; quando inativa (após
os 14 anos mais ou menos),
permitiria o desenvolvimento dos
ovários e testículos, ocorrendo
assim o aflorar da sexualidade.
-
Seu hormônio (melatonina) favoreceria o sono, diminuiria crises
convulsivas, sendo por isso
conhecida como a glândula da
tranqüilidade.
-
Atuaria ainda como reguladora das funções da tireóide, do pâncreas
e das supra-renais.
-
Seria ainda uma reguladora global do sistema nervoso central.
Em "Missionários da Luz", cap. I e
II, André Luiz, estudando um
médium psicógrafo com o instrutor
Alexandre, observa a epífise do
médium a emitir intensa
luminosidade azulada, ao que o
instrutor esclarece:
"No exercício mediúnico de
qualquer modalidade, a pineal
desempenha o papel mais
importante."
André Luiz observa:
"Reconheci que a glândula pineal
do médium expelia luminosidade
cada vez mais intensa... a
glândula minúscula transformara-se
em núcleo radiante e ao redor seus
raios formavam um lótus de pétalas
sublimes. Examinei atentamente os
demais encarnados e observei que
em todos a pineal apresentava
notas de luminosidade, mas em
nenhum brilhava como no médium em
serviço. Alexandre esclarece: é na
pineal que reside o sentido novo
dos homens, entretanto, na grande
maioria, a potência divina dorme
embrionária."
Em "Evolução em Dois Mundos", o
autor explica a evolução da pineal,
que deixou de ser olho exterior,
como era nos lacertídeos na Nova
Zelândia, para fazer parte do
cérebro, relacionada à emoções
mais sutis.
Em "Missionários da Luz", André
Luiz esclarece:
"Não se trata de um órgão morto
segundo as velhas suposições, é a
glândula da vida mental. Ela
acorda no organismo do homem, na
puberdade, as forças criadoras, e
em seguida continua a funcionar
como o mais avançado laboratório
de elementos da criatura
terrestre.
Aos 14 anos aproximadamente, a
glândula reajusta-se ao concerto
orgânico e reabre seus
maravilhosos mundos de sensações e
impressões da esfera emocional.
Entrega-se a criatura à
recapitulação da sexualidade,
examinando o inventário de suas
paixões vividas em outras épocas,
que reaparecem sob fortes
impulsos. Ela preside aos
fenômenos nervosos da emotividade,
como órgão de elevada expressão no
corpo etéreo. Desata de certo modo
os laços divinos da Natureza, os
quais ligam as existências umas às
outras, na seqüência de lutas pelo
aprimoramento da alma e deixa
entrever a grandeza das faculdades
criadoras de que a criatura se
acha investida."
Observamos, então, que a pineal
apresenta particularidades e
funções que transcendem o
posicionamento da ciência oficial.
Ela domina o campo da sexualidade,
estabelece relações com o mundo
espiritual, via mediunidade,
transformando energia mental em
estímulo nervoso e mantém contato
entre o Espírito e o corpo,
através do centro coronário, além
de presidir aos fenômenos da
emotividade.
André Luiz acrescenta:
"Segregando delicadas energias
psíquicas, ela conserva todo o
sistema endócrino. Ligada à mente,
através de princípios
eletromagnéticos do campo vital,
comanda as forças subconscientes
sob a determinação direta da
vontade. As redes nervosas
constituem-lhe fios telegráficos
para ordens imediatas a todos os
departamentos celulares e sob sua
direção efetuam-se os suprimentos
de energia a todos os órgãos."
O
CIRCUITO MEDIÚNICO
Esclarecendo quanto ao mecanismo
íntimo do fenômeno mediúnico,
Kardec reproduz o pensamento de um
de seus guias:
"Nossas comunicações com os
espíritos encarnados se realizam
unicamente pela irradiação do
nosso pensamento."
(O Livro dos Médiuns, cap. XIX.)
A
comunicação mediúnica é, em
síntese, um processo de
transferência de conteúdos mentais
da dimensão espiritual para a
física. A participação direta do
médium e dos assistentes é
indiscutível em todas as
variedades mediúnicas. O
desdobramento do médium quase
sempre precede a captação da onda
mental do Espírito comunicante,
conforme mostra o esquema abaixo:
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