24. Como se dá
o fenômeno das mesas girantes?
Antes de mais
nada, é preciso que haja um ou
mais médiuns dotados da aptidão
especial para produção de
efeitos físicos. As pessoas se
assentam ao redor de uma mesa e
pousam a palma das mãos em cima,
sem pressão e sem tensão
muscular. É preciso que haja
recolhimento, um silêncio
absoluto e paciência se o efeito
demorar a produzir-se. Pode
acontecer que este se dê em
poucos minutos, como pode demorar
meia ou uma hora; isto dependerá
da força mediúnica dos
participantes. Quando o efeito
começa a se manifestar, ouve-se
comumente um estalido na mesa;
sente-se um estremecimento que é
o prelúdio do movimento; a mesa
parece fazer esforços para se
desamarrar; o movimento de
rotação se pronuncia e se
acelera ao ponto de adquirir uma
rapidez tal que o assistentes
experimentam sérias dificuldades
para acompanhá-lo. Uma vez o
movimento estabelecido, pode-se
mesmo se afastar da mesa, que
continua a mover-se em diversos
sentidos e sem contato. Em outras
circunstâncias, a mesa se ergue e
firma ora num pé, ora no outro,
depois volta docemente à sua
posição natural. Outras vezes,
balança-se imitando o movimento
oscilatório de um navio. De
outras vezes, enfim, destaca-se
inteiramente do solo e se mantém
em equilíbrio no espaço, sem
ponto de apoio; depois desce
lentamente, balançando-se como o
faria uma folha de papel, ou bem
cai violentamente e se quebra, o
que prova de um modo patente que
não se é joguete de uma ilusão
de ótica. (Itens 61 a 63)
25. Por que
o fenômeno das mesas girantes
não mais ocorre?
Duas causas
contribuíram para o abandono das
mesas girantes: a moda, para as
pessoas frívolas, que dedicam
raramente duas temporadas ao mesmo
divertimento; todavia, nesse caso
conseguiram dedicar-lhe três ou
quatro! Para as pessoas sérias e
observadoras saiu alguma coisa de
respeitável, que prevaleceu;
desprezaram-se as mesas girantes
porque se passou a ocupar das
conseqüências que resultaram das
manifestações: deixaram o
alfabeto pela ciência. Eis todo o
segredo desse abandono aparente,
do qual fizeram tanto barulho os
zombadores. (Item 60)
26. Quais são
as manifestações espíritas mais
simples?
De todas as
manifestações espíritas, as
mais simples e as mais freqüentes
são os ruídos e as batidas, mas
é preciso compreender que os
ruídos espíritas têm um
caráter particular e apresentam
uma intensidade e timbres muito
variados, que os tornam facilmente
reconhecíveis e não permitem
confundi-los com o ranger da
madeira, o crepitar do fogo ou o
tic-tac monótono de um pêndulo.
São pancadas secas, às vezes
surdas, fracas e leves, outras
vezes claras, distintas, algumas
vezes estrepitosas, que mudam de
lugar e se repetem sem terem uma
regularidade mecânica. De todos
os meios de controle, para
certificação de sua veracidade,
o mais eficaz, aquele que não
pode deixar dúvidas de sua
origem, é a obediência do
fenômeno à vontade. Se as
pancadas se fazem ouvir no lugar
designado, se respondem ao
pensamento por seu número ou sua
intensidade, não se lhes pode
negar uma causa inteligente,
embora a falta de obediência não
constitua sempre uma prova
contrária. É preciso submeter o
fenômeno a uma verificação
minuciosa para se ter a certeza de
que não é ele o resultado de
causas comuns ou mesmo de
brincadeiras de mau gosto. (Item
83)
27. Que
caracteriza uma manifestação
como inteligente?
Para que uma
manifestação seja inteligente,
não é preciso que seja
eloqüente, espiritual ou erudita;
é suficiente que prove um ato
livre e voluntário, que exprima
uma intenção, ou responda a um
pensamento. Vimos a mesa mover-se,
erguer-se, dar pancadas, sob a
influência de um ou de vários
médiuns. O primeiro efeito
inteligente que se observou foi de
ver estes movimentos obedecerem a
uma ordem. Assim, sem mudar de
lugar, a mesa se erguia
alternadamente sobre o pé
designado; depois, caindo, batia
um determinado numero de pancadas,
respondendo a uma pergunta. Outras
vezes, a mesa, sem o contato de
ninguém, passeava sozinha pela
sala, indo para a direita e para a
esquerda, para trás e para
diante, executando diversos
movimentos conforme os assistentes
mandavam. Eis o que dá ao
fenômeno o caráter inteligente a
que se refere a pergunta. (Itens
66 e 67)
28. Essa
inteligência não é devida à
ação do médium?
A princípio,
surgiu um sistema segundo o qual a
inteligência da manifestação
seria proveniente do médium, do
interrogador ou mesmo dos
assistentes. A dificuldade era
explicar como essa inteligência
podia refletir-se na mesa e se
traduzir por pancadas. Ora, como
as pancadas não eram dadas
fisicamente pelo médium, eram
pelo pensamento. Eis aí, então,
um fenômeno ainda mais prodigioso
do que os até então observados:
o pensamento desferindo
pancadas!... A experiência não
tardou em demonstrar o erro dessa
opinião. Com efeito, as respostas
estavam, muito freqüentemente, em
oposição formal ao pensamento
dos assistentes, fora do alcance
intelectual do médium e mesmo em
idiomas ignorados por ele, ou
relatando fatos desconhecidos de
todos. Os exemplos são tão
numerosos, que é quase
impossível que alguém que se
ocupou de comunicações
espíritas não tenha sido
testemunha deles muitas vezes.
(Item 69)
29. Qual é,
então, o papel do médium nesse
tipo de fenômeno espírita?
Médium quer
dizer intermediário. Nesses
fenômenos, o fluido próprio do
médium se combina com o fluido
universal acumulado pelo
Espírito: é necessária a união
desses dois fluidos, isto é, do
fluido animalizado do médium com
o fluido universal, para dar vida
momentânea à mesa ou a qualquer
outro objeto. Esta vida é,
porém, passageira e se extingue
com a ação e, muitas vezes,
antes do fim da ação, logo que a
quantidade de fluido não é
suficiente para animá-la. (Item
74, pergunta 14)
30. O Espírito
pode produzir o fenômeno sem o
concurso de um médium?
Pode agir sem o
médium saber, isto é, muitas
pessoas servem de auxiliares aos
Espíritos para certos fenômenos,
sem o perceberem. O Espírito tira
delas, como de uma fonte, o fluido
animalizado do qual tem
necessidade; é assim que o
concurso de um médium nem sempre
é voluntário, o que se dá
principalmente nas manifestações
espontâneas. A razão disso é
que o fluido vital, indispensável
à produção de todos os
fenômenos mediúnicos, é
apanágio exclusivo do encarnado e
do qual, por conseguinte, o
Espírito operador é obrigado a
se impregnar. (Item 74, parágrafo
15, e item 98)
31. Que é o
chamado fluido universal e qual é
seu estado mais simples?
Criado por
Deus, o fluido universal é o
princípio elementar de todas as
coisas, excetuados os seres
inteligentes da Criação. Para
encontrá-lo em sua simplicidade
absoluta, é preciso remontarmos
até aos Espíritos puros. Na
Terra ele está sempre mais ou
menos modificado para formar a
matéria compacta que nos cerca, e
aqui o estado que mais se aproxima
dessa simplicidade é o do fluido
que, em Espiritismo, chamamos de
fluido magnético animal. (Item
74)