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Estudando a série André Luiz
Ano 1 - N° 44 - 24 de Fevereiro de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

Missionários da Luz
André Luiz
(Parte 20 e final)

Concluímos nesta edição o estudo da obra Missionários da Luz,  de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada pela editora da Federação Espírita Brasileira, a qual integra a série iniciada com o livro Nosso Lar.  

Questões preliminares

A. O que é indispensável ao tarefeiro do passe?

R.: No serviço de passes é preciso revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, ainda que esteja liberto da matéria, não pode satisfazer nesse serviço se ainda não conseguiu manter um padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades radiantes. Grande domínio de si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acentuado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança em Deus, eis os requisitos que se esperam do missionário do auxílio magnético, na Crosta ou na esfera espiritual, cabendo salientar, contudo, que entre os encarnados a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, em virtude da assistência por eles recebida dos benfeitores espirituais especializados. (Missionários da Luz, cap. 19, pp. 320 a 322.)

B. Que cuidados deve observar o médium passista?

R.: Conseguida a qualidade básica, que é a boa vontade real a serviço do próximo, o candidato a médium passista precisa considerar a necessidade de sua elevação urgente, para que suas obras se elevem no mesmo ritmo. Antes de tudo, é necessário equilibrar o campo das emoções. Não é possível fornecer forças construtivas a alguém, se fazemos sistemático desperdício das irradiações vitais. Um sistema nervoso, esgotado, oprimido, é um canal que não responde pelas interrupções havidas. A mágoa excessiva, a paixão desvairada, a inquietude obsidente constituem barreiras que impedem a passagem das energias auxiliadoras. É preciso, por outro lado, examinar também as necessidades fisiológicas, a par dos requisitos de ordem psíquica. O excesso de alimentação produz odores fétidos, através dos poros, bem como das saídas dos pulmões e do estômago, prejudicando as faculdades radiantes, porquanto provoca dejeções anormais e desarmonias de vulto no aparelho gastrointestinal, interessando a intimidade das células. O álcool e outras substâncias tóxicas operam distúrbios nos centros nervosos, modificando certas funções psíquicas e anulando os melhores esforços na transmissão de elementos regeneradores e salutares. (Obra citada, cap. 19, pp. 322 a 324.)

C. A perturbação da mente pode produzir efeitos no corpo físico?

R.: Sim. Assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, o organismo perispiritual pode absorver elementos de degradação que lhe corroem os centros de força, com reflexos sobre as células materiais. Se a mente da criatura encarnada ainda não atingiu a disciplina das emoções, se alimenta paixões que a desarmonizam com a realidade, pode, a qualquer momento, intoxicar-se com as emissões mentais daqueles com quem convive e que se encontrem no mesmo estado de desequilíbrio. Às vezes, semelhantes absorções constituem simples fenômenos sem maior importância; todavia, em muitos casos, são suscetíveis de ocasionar perigosos desastres orgânicos, o que se dá mormente quando os interessados não têm vida de oração, cuja influência benéfica pode anular inúmeros males. Toda perturbação mental é, pois, ascendente de graves processos patológicos. (Obra citada, cap. 19, pp. 325 a 333.)

D. Quando as oportunidades de renovação são repetidamente desprezadas pelo enfermo, que medida é adotada pelos protetores espirituais?

R.: Em casos assim, em vez de curá-lo, os protetores apenas aliviam suas dores, visto que, após dez vezes de socorro completo, é preciso deixá-lo entregue a si mesmo, até que adote nova resolução. As instruções superiores são no sentido de entregá-lo à sua própria obra, para que aprenda consigo mesmo, em face da função educativa da dor. (Obra citada, cap. 19, pp. 333 a 336.) 

Texto para leitura

135. Requisitos para o serviço de passes - Um dos serviços realizados pelo grupo orientado por Alexandre era o de passes magnéticos, ministrados aos freqüentadores da casa. Seis entidades, envoltas em túnicas muito alvas, como enfermeiros vigilantes, atendiam o trabalho. Falavam raramente e operavam com intensidade. Depois de atenderem aos encarnados, ministravam socorro eficiente às entidades desencarnadas, principalmente às que se constituíam em séquito familiar dos encarnados. Os atendentes espirituais eram técnicos em auxílio magnético, uma tarefa que requer muito critério e responsabilidade, além de requisitos especiais. Não lhes basta a boa vontade. No serviço de passes é preciso revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, ainda que esteja liberto da matéria, não pode satisfazer nesse serviço se ainda não conseguiu manter um padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades radiantes. Grande domínio de si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acentuado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança em Deus, eis os requisitos que se esperam do missionário do auxílio magnético, na Crosta ou na esfera espiritual, cabendo salientar, contudo, que entre os encarnados a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, em virtude da assistência por eles recebida dos benfeitores espirituais especializados. André revela que se viam nas reuniões do grupo os médiuns passistas em serviço, acompanhados de perto pelas entidades referidas, ficando claro que todos os encarnados, com maior ou menor intensidade, podem prestar concurso fraterno nesse serviço, porquanto, revelada a disposição fiel de colaborar, as autoridades espirituais designam entidades sábias e benevolentes que orientam, indiretamente, o neófito, utilizando-lhe a boa vontade e enriquecendo-lhe o próprio valor. (Cap. 19, pp. 320 a 322) 

136. Cuidados do passista - Raros são os companheiros que demonstram real vocação de servir espontaneamente. Muitos aguardam a mediunidade curadora, como se fosse um acontecimento miraculoso e não um serviço do bem que pede do candidato o esforço laborioso do começo. Mas, se o indivíduo revela interesse real na tarefa do bem, deve esperar incessante progresso das faculdades radiantes, não só pelo próprio esforço, mas também pelo concurso de Mais Alto, de que se faz merecedor. Conseguida a qualidade básica, que é a boa vontade real a serviço do próximo, o candidato a passista precisa considerar a necessidade de sua elevação urgente, para que suas obras se elevem no mesmo ritmo. Antes de tudo, é necessário equilibrar o campo das emoções. Não é possível fornecer forças construtivas a alguém, se fazemos sistemático desperdício das irradiações vitais. Um sistema nervoso, esgotado, oprimido, é um canal que não responde pelas interrupções havidas. A mágoa excessiva, a paixão desvairada, a inquietude obsidente constituem barreiras que impedem a passagem das energias auxiliadoras. É preciso, por outro lado, examinar também as necessidades fisiológicas, a par dos requisitos de ordem psíquica. O excesso de alimentação produz odores fétidos, através dos poros, bem como das saídas dos pulmões e do estômago, prejudicando as faculdades radiantes, porquanto provoca dejeções anormais e desarmonias de vulto no aparelho gastrointestinal, interessando a intimidade das células. O álcool e outras substâncias tóxicas operam distúrbios nos centros nervosos, modificando certas funções psíquicas e anulando os melhores esforços na transmissão de elementos regeneradores e salutares. Findas tais explicações, Alexandre informou ainda que o incessante contato do passista com os benfeitores desencarnados permite que estes lhe façam sugestões indiretas de aperfeiçoamento, que o erguem a posições mais elevadas, quando aceitas e aplicadas, aditando, porém, que o benefício espiritual é sempre possível de ministrar com relativa eficiência, ainda que o colaborador encarnado não reúna todas as qualidades requeridas. Havendo merecimento nos que sofrem e boa vontade nos que auxiliam, o benefício espiritual ocorrerá. Se a prática do bem estivesse circunscrita aos Espíritos completamente bons, seria impossível a redenção humana. Assim, qualquer cota de boa vontade e espírito de serviço recebe dos benfeitores espirituais a melhor atenção. (Cap. 19, pp. 322 a 324) 

137. O socorro espiritual está em toda a parte - O instrutor Anacleto, que chefiava o serviço dos passes, pediu a André que observasse o coração, principalmente a válvula mitral, de uma senhora postada à mesa. Havia na região indicada uma tenuíssima nuvem negra, que cobria grande parte dela e atingia ainda a válvula aórtica, além de lançar filamentos quase imperceptíveis sobre o nódulo sino-auricular. Explicação de Anacleto: assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, o organismo perispiritual pode absorver elementos de degradação que lhe corroem os centros de força, com reflexos sobre as células materiais. Se a mente da criatura encarnada ainda não atingiu a disciplina das emoções, se alimenta paixões que a desarmonizam com a realidade, pode, a qualquer momento, intoxicar-se com as emissões mentais daqueles com quem convive e que se encontrem no mesmo estado de desequilíbrio. Às vezes, semelhantes absorções constituem simples fenômenos sem maior importância; todavia, em muitos casos, são suscetíveis de ocasionar perigosos desastres orgânicos, o que se dá mormente quando os interessados não têm vida de oração, cuja influência benéfica pode anular inúmeros males. Aquela senhora tivera, na manhã daquele dia, sérios atritos com o esposo, entrando em grave posição de desarmonia íntima. A pequenina nuvem que lhe cercava o órgão vital representava matéria mental fulminatória e sua permanência poderia ocasionar-lhe perigosa enfermidade. Anacleto atuou por imposição de mãos. Sua destra emitia sublimes jatos de luz que se dirigiam ao coração da senhora: os raios de luminosa vitalidade eram impulsionados pela força inteligente e consciente do emissor. Assediada pelos princípios magnéticos, a reduzida porção de matéria negra, que envolvia a válvula mitral, deslocou-se vagarosamente e, como se fora atraída pela vigorosa vontade de Anacleto, veio aos tecidos da superfície, espraiando-se sob a mão irradiante, ao longo da epiderme. Em poucos instantes, o organismo da enferma voltou à normalidade. O instrutor, em seguida, esclareceu que há legiões de trabalhadores especialistas no passe magnético amparando as criaturas nas instituições religiosas de todos os matizes, porquanto o homem que vive mentalmente, visceralmente, a religião que lhe ensina a senda do bem, está em atividade intensa e renovadora, recebendo, por isto mesmo, as mais fortes contribuições de amparo espiritual, porquanto abre a porta viva da alma para o socorro de Mais Alto, através da oração e da posição ativa de confiança em  Deus. Assim, se aquela senhora, porque procurava a verdade, cheia de sincera confiança em Jesus, estivesse orando numa igreja católica romana ou num templo budista, receberia o socorro espiritual, por intermédio desse ou daquele grupo de trabalhadores do Cristo. Naturalmente – acrescentou Anacleto – no seio de uma organização espiritista, indene das sombras do preconceito e do dogmatismo, o concurso fraternal pode ser mais eficiente, mais puro e as possibilidades de aproveitamento mais vastas. Mas, os benfeitores espirituais transitam em toda parte onde existam solicitações da fé sincera. (Cap. 19, pp. 325 a 327) 

138. Reflexos no corpo da perturbação da mente - Anacleto esclareceu também que, ainda que a pessoa não fosse filiada a qualquer escola religiosa, sendo uma criatura de sentimentos retos, receberia em suas meditações naturais o auxílio espiritual, não obstante menor, pela sua incapacidade de recepção mais intensa das energias radiantes emitidas pelos benfeitores espirituais; mas, se estivesse integralmente mergulhada nas sombras da ignorância ou da maldade, permaneceria distante da colaboração de ordem superior e suas forças físicas sofreriam desgastes violentos e inevitáveis, pela continuidade da intoxicação mental. Quem se fecha às idéias regeneradoras, fugindo às leis da cooperação, experimentará as conseqüências legítimas. Em seguida, Anacleto postou-se ao lado de um cavalheiro idoso, que mostrava o fígado profundamente alterado. Uma nuvem muito escura cobria grande parte do órgão, compelindo-o a estranhos desequilíbrios. Toda a vesícula biliar permanecia atingida e via-se, com nitidez, que os reflexos negros daquela pequenina porção de matéria tóxica alcançavam o duodeno e o pâncreas, modificando o processo digestivo. As células hepáticas pareciam presas de perigosas vibrações. A explicação do benfeitor: toda perturbação mental é ascendente de graves processos patológicos. Afligir a mente é alterar as funções do corpo. Por isso, qualquer inquietação íntima chama-se desarmonia e as perturbações orgânicas chamam-se enfermidades. O paciente era portador dum temperamento muito vivo, cheio de valores positivos da personalidade humana. Atravessara já inúmeras experiências em lutas passadas e aprendeu a dominar as coisas e as situações com invejável energia. Agora, porém, ele estava aprendendo a dominar a si mesmo, a conquistar-se para a iluminação interior. Nessa tarefa, porém, experimentava choques de vulto, porquanto era compelido a destruir várias concepções que se lhe figuravam preciosas e sagradas, e, com isso, produzira pensamentos terríveis e destruidores, que segregaram matéria venenosa, imediatamente atraída para o seu ponto orgânico mais frágil, que era o fígado. Com a prece, ele estava facilitando o serviço de socorro, pela emissão de energias benéficas que dela procedem. Na luta titânica em que se empenhava, a vontade firme de acertar era a sua âncora de salvação. Anacleto aplicou-lhe um passe sobre a cabeça, descendo a mão, vagarosamente, até à região do fígado, que ele tocava com a extremidade dos dedos irradiantes, repetindo-se a operação por alguns minutos. A nuvem se fizera opaca e desfez-se pouco a pouco, sob o influxo vigoroso do magnetizador. O fígado voltou à normalidade plena. (Cap. 19, pp. 328 a 330)

139. Atendimento a uma gestante - A próxima pessoa a ser atendida era uma senhora grávida. Profunda anemia invadia-lhe o organismo. Em regime de subalimentação, pelas dificuldades naturais que a rodeavam de longo tempo, a gravidez tornava-se para ela um processo francamente doloroso. O marido era parcamente remunerado e, por isso, a mulher era obrigada a vigílias, noite adentro, para auxiliá-lo na manutenção do lar. Manchas negras cercavam a organização fetal. Viam-se microscópicas nuvens pardacentas, aderindo ao saco de líquido amniótico, vagueando em várias direções, dentro daquele laboratório sublime de forças geradoras. Se as manchas atravessassem o líquido amniótico, provocariam dolorosos processos patológicos em toda a zona do epiblasto e o aborto seria inevitável. A jovem senhora, apesar de dotada da fé, não conseguia furtar-se à tristeza angustiosa que, havia seis dias, a atingira. A explicação: seu marido deveria resgatar um débito vultoso, mas lhe faltavam os recursos. A mulher, além de suportar a carga de pensamentos destruidores que ela mesma produzia, era compelida a absorver as emissões de matéria mental doentia do marido. As vibrações dissolventes acumuladas foram atraídas para a região orgânica em condições anormais, e ameaçavam a saúde da gestante e a vida do feto. Anacleto fez a imposição das mãos sobre a cabeça da enferma. Depois, aplicou passes rotatórios na região uterina. As manchas microscópicas se reuniram, congregando-se numa só, formando pequeno corpo escuro, e sob o influxo magnético do benfeitor espiritual a reduzida bola fluídico-pardacenta transferiu-se para o interior da bexiga urinária, de onde seria alijada pelo excretor natural. Depois, Anacleto retirou de pequenina ânfora certa porção de substância luminosa, projetando-a nas vilosidades uterinas, para enriquecer o sangue materno destinado a fornecer oxigênio ao feto. O instrutor esclareceu que as entidades espirituais não podem abandonar os irmãos encarnados ao sabor das circunstâncias, mormente quando procuram a cooperação espiritual através da prece. A oração, elevando o nível mental da criatura confiante e crente no Divino Poder, favorece o intercâmbio entre as duas esferas e facilita a tarefa de auxílio fraternal. Imensos exércitos de trabalhadores desencarnados se movimentam em toda parte, em nome de Deus. Assim, o homem de bem encontrará, depois da morte corpórea, novos mundos de trabalho que o esperam e onde desenvolverá, infinitamente, o amor e a sabedoria.    (Cap. 19, pp. 330 a 333) 

140. Um caso de "décima vez" - Foi atendido, na seqüência, um cavalheiro, cujos rins pareciam envolvidos em crepe negro, tal a densidade da matéria mental fulminante que os cercava. Anacleto aplicou-lhe passes longitudinais, com carinho, e, depois, observou: Um dia, compreenderá o homem comum a importância do pensamento. Por agora, é muito difícil revelar-lhe o sublime poder da mente. Nesse momento, um dos atendentes espirituais pediu orientação do diretor do serviço num caso de "décima vez". Tratava-se de um cavalheiro idoso, com enorme desequilíbrio no fígado e no baço. O dirigente disse que desta vez poderiam apenas aliviá-lo, porquanto, após dez vezes de socorro completo, era preciso deixá-lo entregue a si mesmo, até que adote nova resolução. Nossa missão é de amparar os que erraram, e não de fortalecer os erros, acrescentou Anacleto. Nosso esforço é também educativo e não podemos desconsiderar a dor que instrui e ajuda a transformar o homem para o bem. Anacleto afirmou então que há pessoas que procuram o sofrimento, a perturbação, o desequilíbrio, e é razoável que sejam  punidas pelas conseqüências de seus próprios atos. Quando encontram enfermos dessa condição, os benfeitores os salvam dos fluidos deletérios que os envolvem, por dez vezes consecutivas, a título de benemerência espiritual. Mas, se as dez oportunidades voam sem proveito para os interessados, as instruções superiores são no sentido de entregá-los à sua própria obra, para que aprendam consigo mesmos. Os Espíritos podem aliviá-los, mas nunca libertá-los. Naquele caso, o enfermo era portador de um temperamento menos simpático, por ser extremamente caprichoso. Ele estimava as rixas freqüentes, as discussões apaixonadas e o império de seus pontos de vista. Não tomava nenhum cuidado contra o ato de encolerizar-se e despertava a mágoa e a cólera dos que lhe desfrutavam a companhia. Tornou-se, assim, o centro de convergência de vibrações destruidoras. Apesar de ajudado, não ouvia as sugestões recebidas, sem perceber a perigosa posição em que se confinava. Em três meses de atendimento, recebera dez operações de socorro magnético integral, serviço esse que seria agora interrompido por algum tempo, para receber mais tarde, de novo, o socorro completo. A sós com a sua experiência forte, aprenderia novas lições e ganharia novos valores. André Luiz comentou:  só depois de rompidos os laços carnais é que compreendemos com mais clareza e intensidade a função da dor no campo da justiça edificante. O Senhor ama sempre, mas não perde a ocasião de aperfeiçoar, polir, educar...(Cap. 19, pp.333/336) 

141. Despedida de Alexandre  - Foi com surpresa que André Luiz ficou sabendo, por intermédio de Lísias, que Alexandre estava de partida para planos mais altos, como acontece periodicamente a outros orientadores da mesma posição hierárquica. Os trabalhos da Crosta já haviam sido confiados a um substituto. Alexandre deveria partir no dia imediato. A tristeza de André com a notícia era notória, mas Lísias o consolou dizendo que Alexandre se ausentaria em serviço e que eles, seus discípulos, deveriam demonstrar aproveitamento prático das lições recebidas. À noitinha, ele e Lísias dirigiram-se à reunião de despedida do querido instrutor. Numerosas constelações brilhavam no firmamento e a Lua, muito maior do que ao ser vista da Crosta, parecia mais acolhedora e tranqüila. O salão estava magnificamente iluminado, sem luxo no interior, mas tinha um lampadário em forma de estrelas, que irradiava uma claridade azul-brilhante, e delicados e simbólicos arabescos de flores naturais a adornar as paredes. Ali compareceram apenas os discípulos de Alexandre com permanência na colônia: eram 68 colegas, inclusive 15 mulheres, todos eles imensamente gratos a Alexandre, um amigo que sabia fazer-se amar. Superior sem afetação, humilde sem servilismo, orientador sempre disposto, não somente a ensinar, mas também a aprender, ele atendia aos elevados encargos que lhe eram atribuídos, sem qualquer desvario do "eu", profundamente interessado em cumprir os desígnios do Pai e em aceitar nossa cooperação singela, aproveitando-a. Por isso, seu afastamento, embora temporário, doía na intimidade de seus discípulos. (Cap. 20, pp. 337 a 340) 

142O adeus do amigo espiritual - Alexandre saudou a cada um dos presentes e depois dirigiu à pequena assembléia suas palavras de despedida, em que explicou as razões de sua partida para novos trabalhos e estudos. Nossa estrada de aperfeiçoamento, bem como a senda de progresso da Humanidade terrestre, em geral, têm sido tortuoso caminho no qual pisamos sobre os ídolos quebrados – asseverou o benfeitor. Sucedem-se nossas reencarnações e as civilizações repetem o curso em longas espirais de recapitulação, porque temos sido invigilantes quanto aos caminhos retos, acrescentou o amigo espiritual, que continuou tecendo considerações sobre os intrincados problemas humanos, ensinando mais uma vez, mesmo no momento da despedida: Na procura do conforto individual, em face de problemas graves de nossa vida, raramente encontramos a solução e, sim, a fuga, da qual nos valemos com todas as forças de que somos capazes, para adiar indefinidamente a ação imprescindível da corrigenda ou do resgate. Virá, porém, o dia da restauração da verdade, o momento de nosso testemunho pessoal. Alexandre conclamou a todos que fugissem ao condenável sistema de adoração recíproca e à idolatria, lembrando-lhes que, sendo todos depositários de grandes lições da vida superior, é preciso pô-las em prática, estendendo mãos amigas aos nossos semelhantes, porque esse é o objetivo fundamental de todos. A Terra reclama filhos esclarecidos que colaborem na divina tarefa de redenção planetária. Há multidões, por toda parte, escravas do bem-estar e da miséria, da alegria e do sofrimento, estranhas ao caráter temporário das condições em que se agitam. O campo de trabalho é vastíssimo. Experimentem nele o que aprenderam, despertando as consciências que dormem ao longo do caminho. O aprendizado fornece-nos conhecimento. A vida oferece-nos a prática. Unamos a sabedoria com o amor, na atividade de cada dia, e descobriremos a divindade que palpita dentro de nós..., aduziu o sábio instrutor espiritual, cujas palavras calavam fundo na mente e no coração de seus discípulos. A reunião foi encerrada com uma prece feita por Alexandre, após a saudação que o discípulo Epaminondas fez em nome do grupo. "Devemos ao Cristo-Jesus todas as graças! Ele é o Divino Intermediário entre o Pai e nós outros", asseverou Alexandre momentos antes da prece final, que ele dirigiu ao Governador Espiritual da Terra. Sua fronte venerável emitia sublimes irradiações de luz. De pé, cercado de intensa luz safirino-brilhante, de olhos erguidos para o alto, Alexandre estendeu os braços e orou com infinita beleza: "Semearemos o bem onde surjam espinhos do mal; acenderemos tua luz onde a treva demore; verteremos o bálsamo do teu amor onde corra o pranto do sofrimento; proclamaremos tua bênção onde haja condenações; desfraldaremos tua bandeira de paz junto às guerras do ódio!..." A prece comovedora foi a última nota do maravilhoso adeus.  (Cap. 20, pp. 340 a 347)
 

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita