Aconteceu
no
túmulo
de
Allan Kardec
Gostaria de narrar a
vocês dois fatos muito
interessantes, que
aconteceram comigo e que
se interconectam a
respeito do túmulo de
Allan Kardec. O primeiro
deles se deu há mais de
dez anos, quando ainda
não morávamos na Europa.
Eu sempre tive
curiosidade e vontade de
visitar o túmulo de
Allan Kardec no
cemitério de
Père-Lachaise. Este
cemitério se encontra
numa cidade
extraodinária, Paris,
onde até um cemitério é
ponto turístico e está
entre seus dez pontos
mais visitados. Ali
estão depositados os
restos mortais de
artistas, políticos,
escritores, cientistas e
poetas. Podemos visitar,
por exemplo, os túmulos
do pianista Chopin, do
escritor de fábulas
infantis La Fontaine, do
pai da Homeopatia –
Hannemann –... Dentre
outros.
Na ocasião, convidei um
amigo brasileiro, que
morava em Paris, para
que fosse comigo ao
cemitério, já que não
falo francês. Ele gostou
muito da idéia, pois era
um simpatizante do
Espiritismo.
Quando chegamos à porta
de cemitério, procurei a
entrada administrativa,
onde perguntamos à
atendente como nós
poderíamos localizar o
túmulo de uma pessoa que
morreu no século passado
(esta visita se deu em
1994), tendo como nome
Hippolyte Léon Denizard
Rivail.
A
atendente, com um largo
sorriso, nos respondeu:
– Vocês, então,
querem visitar o túmulo
de Allan Kardec? Ele é
um dos cinco mais
visitados do cemitério e
também o túmulo que tem
mais flores, não há como
errar! Vejam a
fotografia dele ali na
parede.
Olhei para o lado e vi a
fotografia que ela
mencionara. Realmente
mostrava o dólmen com o
busto de Allan Kardec
com flores em profusão.
Neste momento, descobri
um fato interessante...
Esta fotografia era um
cartão postal, vendido
nas lojas locais.
Bom, adentramos o
cemitério e localizamos
o túmulo de Kardec com
facilidade, já que era
realmente o mais florido
e visitado.
Ao chegarmos, me
aproximei com respeito e
carinho, pois lá estava
o que restava do corpo
físico de nosso querido
codificador. Entrei num
momento de profunda
oração e meditação...
Quando me dei conta,
estava ao meu lado uma
senhora com uma jovem,
de mais ou menos 15 anos
de idade, que andava com
certa dificuldade, às
vezes fazendo uso de uma
muleta. A jovem segurava
um buquê de flores
belíssimas e ambas se
encontravam emocionadas.
Elas se ajoelharam,
depositaram as flores e
ficaram algum tempo em
oração. Tipicamente eram
católicas, pois seus
atos se assemelhavam ao
que ocorre no dia de
finados no Brasil.
Após suas orações,
quando elas acariciavam
o busto de Kardec,
solicitei ao meu amigo
que perguntasse o motivo
das flores; se elas eram
espíritas; se sabiam
quem estava ali
enterrado... A senhora
então respondeu:
– A minha filha
estava com uma doença
muito séria nos ossos e
os médicos já haviam me
informado que não
poderiam fazer mais nada
por ela, que ela ficaria
em cadeiras de rodas, a
degeneração óssea seria
contínua e ela não
viveria mais do que dois
anos. Eu não podia
aceitar esta tragédia.
Como sou católica,
procurei o padre da
Igreja de Sacré Coeur e,
chorando muito, me
desabafei com ele. No
meu desespero, pedi que
ele intercedesse junto a
Maria para que curasse
minha filha. Ele me
disse:
... "Vou sim rezar a
Maria e ela vai te
atender dentro do
merecimento de sua
filha. Os caminhos que
Deus usa para realizar
estes milagres são ainda
desconhecidos por nós.
Mas já ouvi de alguns
fiéis que há um túmulo
em Père-Lachaise, que
Deus está utilizando
para que alguns milagres
ocorram. É o túmulo de
Allan Kardec, inventor
da seita do Espiritismo
no século passado. Eu
mesmo já fui visitá-lo.
Senti ali uma paz
diferente, que me
reconfortou a alma, mas,
também, me senti
estranho, pois fiquei
pensando por que Deus
utilizaria alguém não
católico para fazer
estes milagres? Ao mesmo
tempo, eu mesmo
respondi: os desígnios
de Deus são
insondáveis... Então,
minha filha, vá a este
túmulo, leve algumas
flores e peça a Maria
que use aquele servo
para que sua filha seja
curada".
– Vim imediatamente
aqui com minha filha,
pedi a Maria para que
fizesse este milagre e
curasse minha filha.
Isto ocorreu há quase
dois anos atrás... Vejam
vocês agora como minha
filha está quase
totalmente curada,
quando, de acordo com a
medicina, ela já deveria
estar morta ou
totalmente atrofiada
numa cadeira de rodas.
Quando ela começou a
melhorar, fui com ela
aos médicos, que ficaram
totalmente surpresos e
me disseram que eles
nunca tinham presenciado
nada igual. Para mim,
foi um milagre de Maria,
que utilizou Allan
Kardec para salvar minha
filha. Eu não sou
espírita, mas reconheço
que esta alma está ao
lado de Jesus e para mim
é um de seus santos.
Todo mês, eu e minha
filha vimos aqui para
depositar estas flores,
agradecer e pedir a ele
que ajude outras mães em
desespero.
Agradecemos o relato e
ficamos observando mãe e
filha fazerem o sinal da
cruz e se retirarem.
Fiquei um pouco naquele
local e verifiquei que
muitos transeuntes,
caminhando pela rua
principal que passa ao
lado do dólmen, paravam,
olhavam o túmulo cheio
de flores, liam o que
estava escrito no
dólmen, depositavam
também algumas flores e
seguiam adiante.
E, naquele dia, fiquei
pensando com meus
botões... Como são
diversos os caminhos que
a Espiritualidade
Superior utiliza para
que o Espiritismo seja
redescoberto na França.
Será que alguns daqueles
transeuntes que
depositaram as flores
ali ao acaso não
voltariam um dia para
uma oração mais demorada
e, quiçá, se interessar
pela Doutrina Espírita?
E como duvidar do relato
daquela mãe?
Gostaria de ressaltar
aqui que a minha posição
é de respeito à fé de
qualquer pessoa; não
posso fazer apologia e
dizer que o túmulo de
Allan Kardec faz
milagres. Seria
ilógico. Porém, posso
assentir que há algo
especial naquele lugar.
Eu mesmo senti um
reconforto muito grande,
uma sensação de
aconchego e paz todas as
vezes que lá estive...
Poderia ser impressão?
Talvez sim...