Mal secreto
Raimundo Corrêa
Se a cólera que espuma,
a dor que mora
Nalma e destrói cada
ilusão que nasce;
Tudo o que punge, tudo
o que devora
O coração, no rosto se
estampasse;
Se se pudesse o espírito
que chora
Ver através da máscara
da face,
Quanta gente, talvez,
que inveja agora
Nos causa, então piedade
nos causasse!
Quanta gente que ri,
talvez, consigo
Guarda um atroz,
recôndito inimigo,
Como invencível chaga
cancerosa!
Quanta gente que ri,
talvez existe
Cuja ventura única
consiste
Em parecer aos outros
venturosa!
Raimundo Corrêa, poeta
maranhense, nasceu a
bordo do navio São Luiz,
na Baía de Mangunça,
litoral do Maranhão em
13 de maio de 1859.
Morreu em 13 de setembro
de 1911.