LEONARDO MARMO
MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São José dos
Campos,
São Paulo
(Brasil)
O Carnaval à luz
da Doutrina
Espírita
Salomão em
Eclesiastes
(Velho
Testamento)
afirma que “Não
há nada de novo
debaixo do sol”.
Essa afirmativa,
que é perfeita à
luz da Doutrina
Espírita, deixa
claro que a Lei
de Deus é sempre
a mesma e o que
muda é a nossa
compreensão
dessa Lei
através da
evolução
espiritual da
criatura,
abrangendo tanto
os avanços
morais como os
avanços
intelectuais.
Obviamente, essa
análise ganha um
significado
muito mais
profundo quando
compreendemos
que as
oportunidades
reencarnatórias
vão permitindo
aos mesmos
Espíritos do
passado
reaprender
velhos conceitos
e renovar
propostas
existenciais com
novos
aprendizados.
Se, portanto,
sabemos que as
Leis Universais
sempre foram as
mesmas, as
palavras de
Jesus quando
afirma que “O
sábado foi
criado para o
homem e não o
homem para o
sábado” ganham
um sentido ainda
mais abrangente,
pois muito antes
de existir um
dia terráqueo
chamado “sábado”
(que é um dia da
semana de uma
definição
temporal que só
serve para o
planeta Terra, e
não para as
“Outras Moradas
da Casa do
Pai”), já
existiam o
homem, Deus, e
suas leis. Dito
isso, as
chamadas datas
comemorativas e
até mesmo os
conhecidos “Dias
Santos” não
apresentam em
sua essência um
significado mais
profundo já que
todos os dias
são santos em
vista de sempre
sermos
convidados pela
Lei de Amor a
realizar a nossa
parte na Obra da
Criação. Esta
participação na
Obra de Deus é
um dos
principais
objetivos da
reencarnação
como está
registrado em
O Livro dos
Espíritos,
nas questões 132
e 133. Aliás,
definir um dia
ou um local como
sagrado não
deixa de ser uma
arrogância do
homem, pois Deus
construiu toda
uma Obra de Amor
que é inteira
sagrada.
A presente
análise pode
chocar alguns,
mas é algo
perfeitamente
lógico. O
próprio
“Sábado”, a que
Jesus se refere,
foi trocado pela
Igreja Católica
para homenagear
o dia da
ressurreição do
Mestre que teria
sido em um
Domingo. Ora, os
“Dez
Mandamentos” não
são taxativos
quanto ao
Sábado?! É uma
boa oportunidade
para lembrar-se
do Apóstolo
Paulo que
asseverava que
“A letra mata e
o espírito
vivifica”.
Infere-se daí
que se eu quiser
“guardar” a
Quinta-feira,
tudo bem. E se
eu quiser
guardar 1 hora
em cada dia da
semana?! Tudo
certo. Enfim, o
ideal seria que
mantivéssemos o
“Vigiai e Orai”
continuamente,
mesmo durante as
atividades mais
relacionadas à
vida material,
que é o
verdadeiro
sentido do
famigerado
“Guardar o
Sábado”.
Neste contexto,
o Espiritismo
como grande
libertador das
consciências
obnubiladas por
séculos e
séculos de
lavagem cerebral
no campo
religioso vem
desmitificar e
desmistificar
lendas,
convencionalismos,
tradicionalismos,
condicionamentos,
rituais, magias
e mistérios que
não apresentem
uma
justificativa
racional para
existir. Assim
sendo, “O
Consolador
Prometido por
Jesus”, nos
propondo uma
visão racional e
profunda dos
verdadeiros
significados da
Vida e do Tempo,
nos desperta a
responsabilidade
perante todas as
oportunidades
com que o Pai
nos favorece
sempre.
Portanto, se não
podemos nos
isentar dessa
análise crítica
quanto aos
chamados “Dias
Santos”, o que
diremos de
feriados
dedicados ao
culto de vícios
e orgias de
todos os teores
que infelizmente
são considerados
por instituições
ditas
religiosas, como
datas
“importantes” no
calendário
cristão?!
Indiscutivelmente,
o chamado
“Carnaval” de
longe é a maior
aberração em
matéria de datas
“religiosas”.
Aliás,
“Carnaval”
significa “Festa
da Carne”, o que
é uma expressão
deveras
contundente, uma
vez que o
próprio Jesus,
advertindo os
apóstolos no
Getsêmani,
dissera: “O
espírito está
pronto, mas a
carne é fraca”.
Realmente, essa
festa se
constitui em
quatro dias das
mais devassas
manifestações,
seguida pela
chamada
“Quaresma”, que,
a princípio,
seriam 40 dias
de sofrimento,
jejum, oração e
choradeira para
lembrar os 40
dias em que
Jesus,
supostamente,
houvera passado
no deserto,
sendo
achincalhado
pelo Diabo. Essa
interpretação
literal dos
textos bíblicos,
em pleno século
XXI, chega a ser
ridícula. Para
começo de
conversa, Jesus
não teria
descambado na
bagunça quatro
dias, para ficar
choramingando 40
sob a companhia
do Demônio.
Primeiro, porque
Jesus, sendo “o
Espírito mais
perfeito que
Deus nos
ofereceu para
servir de modelo
e guia”,
conforme questão
625 de O
Livro dos
Espíritos,
não iria nem
cair na bagunça
quatro dias nem
entrar em
depressão, sendo
obsidiado por
mais quarenta
dias. Segundo,
porque o Demônio
não existe, e
mesmo que
existisse não
teria condições
de se aproximar
de Jesus para
“tentá-lo”, pois
nós só somos
influenciados
através das
tendências que
já trazemos em
gérmen dentro de
nós, ou seja, “a
nossa própria
concupiscência”
nas palavras do
Apóstolo Paulo.
O próprio Jesus
disse: “O Reino
dos Céus está
dentro de vós” e
vários autores
espíritas
costumam
completar “... e
o inferno
também!”, já que
o inferno é um
estado
consciencial,
como fica
evidente na
questão 621 de
O Livro dos
Espíritos,
que afirma que
“A Lei de Deus
está escrita na
consciência” de
cada criatura.
Ademais, toda a
obra O Céu e
o Inferno,
de Allan Kardec,
consiste em um
extraordinário
compêndio para
abordar essa
questão do
inferno interno
dos Espíritos
perturbados.
Assim sendo,
todas as
criaturas são
responsáveis
pelos seus atos
independentemente
das influências
a que estavam
submetidas (“A
cada um segundo
suas obras” e
“Reconhece-se a
árvore pelos
frutos” – são
aforismos
atribuídos a
Jesus).
Logo, a conduta
espírita deve
contemplar uma
perfeita
harmonia entre
equilíbrio,
moral e alegria.
“A virtude está
no meio termo” é
um ensino comum
tanto a
Aristóteles como
a Sidharta
Gautama, o Buda.
Na excelente
obra Nas
Fronteiras da
Loucura, de
Manoel Philomeno
de Miranda, pela
psicografia do
admirável médium
Divaldo Pereira
Franco, a
falência
espiritual
especialmente
atingida durante
o Carnaval é
discutida em
detalhes,
através do
trabalho do
Venerando
Espírito Dr.
Bezerra de
Menezes,
relatado com
muita eloqüência
pelo referido
autor
espiritual. De
fato, fica
evidente através
desta obra que o
Carnaval se
constitui em um
verdadeiro
processo de
Obsessão
Coletiva,
afetando
profundamente o
estado
espiritual dos
incautos.
Divaldo Franco
costuma dizer de
forma muito
inspirada que
“Aquele que se
respeita não faz
a sós o que não
tem coragem de
fazer em
público,
justamente
porque se
respeita”. O
cidadão espírita
é responsável
pelos seus atos,
assim como
acontece com
todas as demais
criaturas, em
todos os
momentos da
Vida, mas possui
um conhecimento
profundo que
esses irmãos
estão longe de
possuir. Não
seria coerente
que
demonstrássemos
a excelência da
Doutrina que
esposamos pelo
menos com
pequenas
atitudes de
equilíbrio,
serenidade e
espiritualidade?!
O vulgo costuma
dizer
equivocadamente:
“A ocasião faz o
ladrão”, mas, de
nossa parte, à
luz da Doutrina
Espírita,
diríamos: “O
ladrão faz a
ocasião”, porque
quem já adquiriu
valores éticos
sólidos não vai
se deixar levar
por qualquer
tipo de obsessão
coletiva, já que
não será
“tentado” por
álcool, drogas,
bagunça e orgias
sexuais, pois
está em outro
patamar de
ideais e
propostas
existenciais.
Vale lembrar os
famosos
critérios
socráticos:
bondade,
utilidade e
verdade. Se
nossas atitudes
não são
aprovadas por
tais crivos,
nossa
consciência
espírita não
respaldará tais
ações,
porquanto,
submeter-se
docilmente a
este tipo de
subjugação é
escolha nossa,
pois o
livre-arbítrio é
alicerce da Lei
de Deus.
O Apóstolo Paulo
asseverava:
“Porque
manifesto é que
cada um dará
conta de si
mesmo a Deus”.
Portanto, eu não
preciso saber se
tal dia é santo
para avaliar se
devo seguir ou
não o Evangelho,
porque Ele, O
Evangelho, é
“Guia de Vidas”
para todos os
dias, locais e
circunstâncias.
Além disso, a
Lei de Causa e
Efeito também
engloba e Lei de
Probabilidades
e, em uma
sociedade
violenta como a
que vivemos, é
um perigo
totalmente
desnecessário se
submeter a esse
ambiente
carnavalesco,
correndo o risco
de sofrer
conseqüências
drásticas, para
dizer o mínimo.
Logo, aproveitar
o Carnaval, do
ponto de vista
espírita, é
ocupar esses
quatro dias de
uma forma
prazerosa, mas
também útil e
espiritualizada,
que não deixa de
ser um exercício
para que
busquemos
superar “a
predominância da
natureza animal
sobre a
espiritual e a
satisfação das
paixões”,
conforme nos
ensina a questão
742 de O
Livro dos
Espíritos.
Ler um livro
espírita,
estudar,
trabalhar,
ajudar alguém e
até mesmo
descansar com a
família para
recomeçar os
trabalhos na
chamada
“Quarta-feira de
Cinzas” são
atividades muito
mais coerentes
para quem já se
sensibilizou
pela mensagem do
Mestre.