A dor é uma lei de
equilíbrio e educação
1. Tudo o que vive neste
mundo – a natureza, os
animais e os homens –
sofre e, todavia, o amor
é a lei do Universo e
foi por amor que Deus
formou os seres. Esse
fato estabelece uma
contradição,
aparentemente horrível,
que já perturbou muitos
pensadores e os levou à
dúvida e ao pessimismo.
2. O animal está sujeito
à luta ardente pela
vida. Entre as ervas do
prado, as folhas e a
ramaria dos bosques, nos
ares, no seio das águas,
por toda a parte
desenrolam-se dramas
ignorados.
3. Quanto à Humanidade,
sua história não é mais
que um longo
martirológio. Através
dos tempos, por cima dos
séculos, rola a triste
melopéia dos sofrimentos
humanos. A dor segue-nos
os passos, espreita-nos
em todas as voltas do
caminho, e, diante desta
esfinge que o fita com
seu olhar estranho, o
homem faz a eterna
pergunta: Por que existe
a dor?
4. Fundamentalmente
considerada, ensina Léon
Denis, “a dor é uma lei
de equilíbrio e
educação”. Neste
sentido, os flagelos
destruidores são
permitidos por Deus para
que a Humanidade possa
“progredir mais
depressa”. A palavra
“flagelo” tem sido,
aliás, interpretada
geralmente como algo
prejudicial, quando, na
realidade, representa o
meio pelo qual as
transformações
necessárias ao progresso
humano se realizam mais
rapidamente.
A Lei do Carma atinge
pessoas e coletividades
5. Evidentemente,
existem outros processos
menos rigorosos para
levar os homens ao
progresso, e Deus os
emprega todos os dias,
visto que deu a cada um
os meios de progredir
pelo conhecimento do bem
e do mal. O homem,
porém, não aproveita
esses meios, o que torna
necessário seja
castigado no seu orgulho
e levado a sentir sua
própria fraqueza.
6. Com o abatimento do
orgulho, a Humanidade se
transforma, como já se
transformou noutras
épocas, e cada
transformação é
assinalada por uma
crise, que é para o
gênero humano o que são,
para as pessoas, as
crises de crescimento.
Essas crises tornam-se
muitas vezes penosas,
dolorosas, mas são
sempre seguidas de uma
fase de grande progresso
material e moral.
7. Quando os flagelos
naturais – os
cataclismos, as
enchentes, a fome
generalizada, as
epidemias, as pragas que
assolam as plantações, a
seca, os terremotos, os
ciclones, os maremotos e
as erupções vulcânicas –
se abatem sobre a
Humanidade, muitos se
revoltam contra Deus e
perdem, desse modo,
oportunidades valiosas
de compreensão do
significado de tais
acontecimentos.
8. Ignora o homem que a
Lei do Carma ou de Causa
e Efeito exerce sua
influência inelutável
sobre as pessoas,
individualmente
consideradas, e sobre os
grupos sociais. Assim,
quando uma família, uma
nação ou determinada
raça busca algo que lhe
traga maiores
satisfações, esforça-se
por melhorar suas
condições de vida ou
adota medidas que visem
a acelerar seu
desenvolvimento, sem
prejudicar ou fazer mal
a outrem, estará
contribuindo para a
evolução da Humanidade,
e isto é bom. Ela
receberá, então, novas e
mais amplas
oportunidades de
trabalho e progresso,
que conduzem os
elementos que a
constituem a níveis cada
vez mais elevados.
Muitos flagelos são
fruto apenas da
imprevidência do homem
9. Se, porém, procede ao
contrário, sofrerá, mais
cedo ou mais tarde, a
perda de tudo o que
adquiriu injustamente,
em circunstâncias mais
ou menos trágicas e
aflitivas, conforme o
grau de malícia e
crueldade que tenha
caracterizado as suas
ações. É assim que, mais
tarde, em outras
existências planetárias,
são chamadas a expiações
coletivas ou
individuais, sob a forma
de flagelos
destruidores.
10. Cabe assinalar
também que muitos
flagelos resultam
tão-somente da
imprevidência do homem,
que os vai conjurando à
medida que adquire
conhecimento e
experiência. Há, no
entanto, entre os males
que afligem a Humanidade
alguns de caráter geral,
previstos nos decretos
da Providência, dos
quais cada pessoa
recebe, mais ou menos, o
contragolpe. A esses
nada pode o homem opor,
a não ser sua submissão
à vontade de Deus.
11. Na primeira linha
dos flagelos
destruidores, naturais e
independentes do homem,
devem ser colocadas a
peste, a fome, as
inundações e as
intempéries fatais à
produção agrícola.
Enfrentando tais
flagelos, o homem é
impulsionado pela
necessidade a buscar
soluções para
libertar-se do mal que o
ataca. É por isso que a
dor se torna um
processo, um meio de
equilíbrio e educação,
como vimos
anteriormente.
12. Até mesmo as
guerras, que nada mais
representam do que a
“predominância da
natureza animal sobre a
natureza espiritual”,
acabam gerando a
liberdade e o progresso
da Humanidade. Essa é,
aliás, a causa pela qual
Deus permite que haja
guerras e todas as suas
funestas conseqüências,
porque o homem, ao
contato com a dor, se
liberta, por um lado, do
seu passado de erros e,
por outro, burila as
tendências más que ainda
o fazem manter-se
moralmente atrasado.
Parece que um mundo
diferente nasce sobre os
escombros causados pela
violência dos conflitos.
Respostas às questões
propostas