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Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
Programa III: As Leis Morais 

Ano 1 - N° 46 - 9 de Março de 2008

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br

Curitiba, Paraná (Brasil)  

Os flagelos destruidores
e as guerras

Apresentamos nesta edição o tema no 46 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.

Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue. Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final da lição.

Questões para debate

1. Fundamentalmente considerada, que é a dor?

2. A lei do carma, ou lei de causa e efeito, atinge somente os indivíduos?

3. Como podemos explicar, ante a bondade de Deus, a existência dos flagelos naturais?

4. Podem ocorrer flagelos aos quais o homem nada pode opor, senão a sua submissão?

5. Por que Deus permite que ocorram as guerras? 

Texto para leitura

A dor é uma lei de equilíbrio e educação

1. Tudo o que vive neste mundo  – a natureza, os animais e os homens –  sofre e, todavia, o amor é a lei do Universo e foi por amor que Deus formou os seres. Esse fato estabelece uma contradição, aparentemente horrível, que já perturbou muitos pensadores e os levou à dúvida e ao pessimismo.

2. O animal está sujeito à luta ardente pela vida. Entre as ervas do prado, as folhas e a ramaria dos bosques, nos ares, no seio das águas, por toda a parte desenrolam-se dramas ignorados.

3. Quanto à Humanidade, sua história não é mais que um longo martirológio. Através dos tempos, por cima dos séculos, rola a triste melopéia dos sofrimentos humanos. A dor segue-nos os passos, espreita-nos em todas as voltas do caminho, e, diante desta esfinge que o fita com seu olhar estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por que existe a dor?

4. Fundamentalmente considerada, ensina Léon Denis, “a dor é uma lei de equilíbrio e educação”. Neste sentido, os flagelos destruidores são permitidos por Deus para que a Humanidade possa “progredir mais depressa”. A palavra “flagelo” tem sido, aliás, interpretada geralmente como algo prejudicial, quando, na realidade, representa o meio pelo qual as transformações necessárias ao progresso humano se realizam mais rapidamente.

A Lei do Carma atinge pessoas e coletividades

5. Evidentemente, existem outros processos menos rigorosos para levar os homens ao progresso, e Deus os emprega todos os dias, visto que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não aproveita esses meios, o que torna necessário seja castigado no seu orgulho e levado a sentir sua própria fraqueza.

6. Com o abatimento do orgulho, a Humanidade se transforma, como já se transformou noutras épocas, e cada transformação é assinalada por uma crise, que é para o gênero humano o que são, para as pessoas, as crises de crescimento. Essas crises tornam-se muitas vezes penosas, dolorosas, mas são sempre seguidas de uma fase de grande progresso material e moral.

7. Quando os flagelos naturais – os cataclismos, as enchentes, a fome generalizada, as epidemias, as pragas que assolam as plantações, a seca, os terremotos, os ciclones, os maremotos e as erupções vulcânicas – se abatem sobre a Humanidade, muitos se revoltam contra Deus e perdem, desse modo, oportunidades valiosas de compreensão do significado de tais acontecimentos.

8. Ignora o homem que a Lei do Carma ou de Causa e Efeito exerce sua influência inelutável sobre as pessoas, individualmente consideradas, e sobre os grupos sociais. Assim, quando uma família, uma nação ou determinada raça busca algo que lhe traga maiores satisfações, esforça-se por melhorar suas condições de vida ou adota medidas que visem a acelerar seu desenvolvimento, sem prejudicar ou fazer mal a outrem, estará contribuindo para a evolução da Humanidade, e isto é bom. Ela receberá, então, novas e mais amplas oportunidades de trabalho e progresso, que conduzem os elementos que a constituem a níveis cada vez mais elevados.

Muitos flagelos são fruto apenas da imprevidência do homem

9. Se, porém, procede ao contrário, sofrerá, mais cedo ou mais tarde, a perda de tudo o que adquiriu injustamente, em circunstâncias mais ou menos trágicas e aflitivas, conforme o grau de malícia e crueldade que tenha caracterizado as suas ações. É assim que, mais tarde, em outras existências planetárias, são chamadas a expiações coletivas ou individuais, sob a forma de flagelos destruidores.

10. Cabe assinalar também que muitos flagelos resultam tão-somente da imprevidência do homem, que os vai conjurando à medida que adquire conhecimento e experiência. Há, no entanto, entre os males que afligem a Humanidade alguns de caráter geral, previstos nos decretos da Providência, dos quais cada pessoa recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus.

11. Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocadas a peste, a fome, as inundações e as intempéries fatais à produção agrícola. Enfrentando tais flagelos, o homem é impulsionado pela necessidade a buscar soluções para libertar-se do mal que o ataca. É por isso que a dor se torna um processo, um meio de equilíbrio e educação, como vimos anteriormente.

12. Até mesmo as guerras, que nada mais representam do que a “predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual”, acabam gerando a liberdade e o progresso da Humanidade. Essa é, aliás, a causa pela qual Deus permite que haja guerras e todas as suas funestas conseqüências, porque o homem, ao contato com a dor, se liberta, por um lado, do seu passado de erros e, por outro, burila as tendências más que ainda o fazem manter-se moralmente atrasado. Parece que um mundo diferente nasce sobre os escombros causados pela violência dos conflitos.

Respostas às questões propostas

1. Fundamentalmente considerada, que é a dor? R.: Diz Léon Denis que “a dor é uma lei de equilíbrio e educação”. Os flagelos, as doenças e tudo isso que provoca sofrimento no mundo em que vivemos representam meios pelos quais as transformações necessárias ao progresso humano se realizam mais rapidamente.

2. A lei do carma, ou lei de causa e efeito, atinge somente os indivíduos? R.: Não. A lei de causa e efeito atinge também os grupos sociais e as coletividades.

3. Como podemos explicar, ante a bondade de Deus, a existência dos flagelos naturais? R.: Muitos flagelos resultam tão-somente da imprevidência do homem, que os vai conjurando à medida que adquire conhecimento e experiência. Mas existem, entre os males que afligem a Humanidade, alguns de caráter geral, previstos nos decretos da Providência, dos quais cada pessoa recebe, mais ou menos, o contragolpe, visto que sua ocorrência é um processo, um meio de equilíbrio e educação, uma necessidade do desenvolvimento espiritual.

4. Podem ocorrer flagelos aos quais o homem nada pode opor, senão a sua submissão? R.: Sim. Há flagelos que a ciência é capaz apenas de prever mas não pode evitar, diante dos quais o habitante da Terra é absolutamente impotente.

5. Por que Deus permite que ocorram as guerras? R.: Muito embora as guerras nada mais representem do que a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual, Deus permite que ocorram visto que o homem, ao contato com a dor e suas funestas conseqüências, liberta-se do seu passado de erros e burila as tendências más que ainda o fazem manter-se moralmente atrasado. O fato concreto é que um mundo diferente parece nascer sobre os escombros causados pelos conflitos.

Bibliografia:

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 737 a 744.

A Gênese, de Allan Kardec, cap. XVIII, item 9.

O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis, págs. 371 e 372.

Páginas de Espiritismo Cristão, de Rodolfo Calligaris, págs. 47 a 50.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita