Aqui
no Paraná já faz mais de
trinta anos que a orientação
emanada dos órgãos de
unificação ligados à
Federação, a respeito do
passe, tem sido no sentido
de aplicá-lo da forma
mais singela possível,
tal como se fazia nos
tempos apostólicos: a
simples imposição de mãos.
Ensina-nos
um dos textos que formam a
apostila do Centro de
Orientação e Educação
Mediúnica (COEM),
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obra elaborada sob a
supervisão do Dr.
Alexandre Sech (11a
Sessão de Exercício Prático,
Centro Espírita Luz
Eterna, edição de 1978):
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"A
imposição de mãos, como
o fez Jesus, é o exemplo
correto de transmitir o
passe.
"Os movimentos que gradativamente foram sendo
incorporados à forma de
aplicação do passe
criaram verdadeiro
folclore quanto a esta prática
espírita, desfigurando a
verdadeira técnica.
"Os
passistas passaram a se
preocupar mais com os
movimentos que deveriam
realizar do que com o
dirigir seus pensamentos
para movimentar os
fluidos."
Temos
ministrado nos últimos
anos diversos seminários
a respeito desse tema e
notamos que, felizmente, o
ensinamento acima
transcrito não tem
causado mais nenhuma
surpresa, aqui ou noutros
Estados, excetuados os
casos especialíssimos das
Casas Espíritas que, por
uma questão regimental,
adotam as lições do
comandante Edgard Armond,
conhecido divulgador, no
meio espírita, dos
chamados passes
padronizados.
O
passe espírita origina-se
das práticas de
cura do Cristianismo
Primitivo
Alguém,
contudo, pergunta-nos qual
é a fundamentação
kardequiana para a postura
acima referida, adotada
pelo Centro Espírita Luz
Eterna e pelos
formuladores do programa
do COEM, dentre os quais
se incluem, além do Dr.
Alexandre Sech, os nossos
caríssimos amigos Dr. Célio
Trujillo Costa e o
professor Ney Paulo de
Meira Albach.
Poderíamos
responder à pergunta
mencionando um único
autor: José Herculano
Pires (foto), que foi, no dizer
de Chico Xavier, "o
metro que melhor mediu Kardec".
Eis
o que ele, a respeito do
tema, escreveu ("Obsessão,
o passe, a doutrinação",
editora Paidéia, págs.
35 a
37):
"O
passe espírita é
simplesmente a imposição
das mãos, usada
e ensinada
por Jesus,
como se vê nos
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Evangelhos. Origina-se
das práticas de cura
do Cristianismo
Primitivo. Sua fonte
humana e divina são as
mãos de Jesus.
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"O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações
em que hoje o envolveram
alguns teóricos
improvisados, geralmente
ligados a antigas
correntes espiritualistas
de origem mágica ou
feiticista.
"Todo
o poder e toda a eficácia
do passe espírita
dependem do espírito e
não da matéria, da
assistência espiritual do
médium passista e não
dele mesmo. Os passes
padronizados e
classificados derivam de
teorias e práticas mesméricas,
magnéticas e hipnóticas
de um passado há muito
superado. Os Espíritos
realmente elevados não
aprovam nem ensinam
essas coisas, mas apenas a
prece e a imposição das
mãos.
"Toda
a beleza espiritual do
passe espírita, que provém
da fé racional no poder
espiritual, desaparece
ante as ginásticas
pretensiosas e ridículas
gesticulações."
Não
são as mãos do passista
que dirigem o fluido,
mas o Espírito que vem em
seu auxílio
Mas, considerando seja isso insuficiente, lembremos algumas passagens
extraídas da obra de Kardec, que sempre
utilizou a expressão médium
curador em lugar de médium
passista e que, quando
trata do assunto, se
refere tão-somente à
imposição de mãos:
1)
Em "O Livro dos Médiuns",
capítulo XIV, item 176, o
Codificador do Espiritismo
consigna a seguinte instrução
dada pelos Espíritos:
"Se você magnetiza
com o fito de curar, por
exemplo, e invoca um bom
Espírito que se
interessa por você e pelo
doente, ele aumenta sua
força e sua vontade, dirige
seu fluido e lhe dá
as qualidades necessárias"
(o grifo é nosso).
Está
dito aí, com a maior
clareza possível, que não
são as mãos do médium
passista que dirigem o
fluido, mas sim o Espírito
que vem em seu auxílio, o
qual sabe melhor do que o
encarnado qual a
necessidade específica do
enfermo beneficiado pela
imposição de mãos.
2)
Em "Obras Póstumas"
(Manifestações dos Espíritos,
itens 52 e 53), Kardec diz
que "a faculdade de
curar pela imposição das mãos deriva evidentemente de uma força
excepcional de expansão,
mas diversas causas
concorrem para aumentá-la,
entre as quais são de
colocar-se, na primeira
linha: a pureza dos
sentimentos, o
desinteresse, a benevolência,
o desejo ardente de
proporcionar alívio, a
prece fervorosa e a
confiança em Deus; numa
palavra, todas as
qualidades morais" (o
grifo é nosso). E acrescenta:
"A ação fluídica,
ao demais, é
poderosamente secundada
pela confiança do doente,
e Deus quase sempre lhe
recompensa a fé, concedendo-lhe
o bom êxito".
3)
No número de janeiro de
1864 da "Revista Espírita"
(Edicel, ano de 1864, pág.
7), Kardec inseriu uma
mensagem de Mesmer (Espírito),
recebida na Sociedade Espírita
de Paris em 18-12-1863, em
que o aludido Espírito
analisa a questão das
curas através do
magnetismo animal e do
magnetismo espiritual. Mesmer diz ali que Deus
sempre recompensa o
humilde sincero que pede a
ajuda espiritual,
enviando-lhe o socorro
para que ele possa
auxiliar o enfermo.
"Esse socorro que
envia são os bons Espíritos
que vêm penetrar o médium
de seu fluido benéfico,
que é transmitido ao
doente", afirma
Mesmer. E acrescenta:
"Também é por isto
que o magnetismo empregado
pelos médiuns curadores
é tão potente e produz
essas curas qualificadas
de miraculosas, e que são
devidas simplesmente à
natureza do fluido
derramado sobre o médium;
ao passo que o
magnetizador ordinário se
esgota, por vezes
em vão, a
fazer passes, o
médium curador infiltra
um fluido regenerador pela
simples imposição das mãos, graças ao concurso dos bons
Espíritos" (o grifo
é nosso).
Apenas
a ignorância é que nos
faz crer na influência
desta ou daquela fórmula
4)
No número de setembro de
1865 da "Revista Espírita"
(Edicel, ano 1865, pág.
254), o Codificador
ensina: "Se a
mediunidade curadora pura
é privilégio das almas
de escol, a possibilidade
de suavizar certos
sofrimentos, mesmo de os
curar, ainda que não
instantaneamente, umas
tantas moléstias, a todos
é dada, sem que haja
necessidade de ser
magnetizador. O
conhecimento dos processos
magnéticos é útil em
casos complicados, mas não indispensável. Como a todos é dado apelar aos bons
Espíritos, orar e querer
o bem, muitas vezes basta impor as mãos sobre a dor para a acalmar; é o que
pode fazer qualquer um, se
trouxer a fé, o fervor, a
vontade e a confiança em
Deus. É de notar que a
maior parte dos médiuns
curadores inconscientes,
os que não se dão conta
de sua faculdade, e que
por vezes são encontrados
nas mais humildes posições
e em gente privada de
qualquer instrução,
recomendam a prece e se entreajudam orando. Apenas
sua ignorância
lhes faz crer
na influência desta
ou daquela fórmula"
(o grifo é nosso).