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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo
Ano 1 - N° 46 - 9 de Março de 2008

 

A bola colorida
 

Brincando no quintal, Susana, de seis anos, viu seu amigo Érico do outro lado da cerca.

Feliz por ver o vizinho, ela o chamou:

– Érico, venha brincar comigo! Acabo de ganhar uma linda bola colorida!

Com os olhos brilhantes de animação, o pequeno pulou a cerca baixa, indo ao encontro da amiguinha.

Susana segurava a bola com as mãos e o menino ficou encantado.

Era realmente uma bola de plástico de belo colorido, que chamaria a atenção de qualquer criança.

Puseram-se a brincar no gramado.
 

Érico tinha um cão. Um vira-lata caramelo e branco, vivo e inteligente, que gostava de brincar e de passear com eles.
   

De repente Bob, cachorro de Érico viu os dois brincando e não teve dúvida. Passou por um buraco na cerca e, latindo alegremente, avançou, querendo participar da brincadeira. Em disparada, pulou sobre a bola e suas garras afiadas a alcançaram no ar. Para espanto das crianças e do próprio cão, que não sabia o que estava acontecendo, a linda bola colorida caiu na grama, murcha, vazia, rasgada, enquanto o cachorro gania, frustrado.

Susana, surpresa, não queria acreditar no que estava vendo. Num momento, a bola estava no ar, cheia e linda; no momento seguinte, era um trapo qualquer, vazio e sem graça.

Revoltada por ter perdido o brinquedo novo, começou a chorar, acusando Érico pelo acidente:

– Buááá!... Está vendo o que você fez?

– Não tive culpa, Susana. Desculpe-me. Foi o Bob que quis brincar conosco. Coitado! Ele também não teve intenção de estragar sua bola. Veja como está triste!

– Não interessa. O cachorro é seu e, portanto, a culpa é sua. Quem mandou deixá-lo entrar no meu quintal? A partir de agora você não é mais meu amigo. Vá embora!

O menino e o cachorro estavam desolados. Érico tentou explicar, mas Susana não o deixou falar. Apesar das lágrimas do garoto e dos uivos do cão, a menina não reconsiderou sua atitude.

Virou-lhe as costas e entrou em casa muito zangada, enquanto Érico e o cachorro ficavam parados, tristes.

Susana, cheia de indignação, contou para a mãe o que tinha acontecido, pedindo-lhe que tomasse uma atitude contra o vizinho.

A senhora, serena, considerou:

– Minha filha, entendo que você esteja lamentando a perda da sua bola. Contudo, é só um brinquedo, e, pelo que entendi, a culpa não foi de ninguém. Seu pai lhe comprará outra, fique tranqüila.

– Não quero! Quero aquela bola! Nunca mais falo com Érico. Nunca mais quero vê-lo!

A mãezinha calou-se, compreendendo que não adiantaria falar mais nada naquela hora.

Os dias se passaram. Susana, da janela da cozinha, via Érico encostado na cerca, tristinho de fazer dó. Porém não amolecia o coração.

Certo dia, uma semana depois, a mãe lhe disse:

– Minha filha, vejo que você anda meio chateada, não brinca mais...

– Não tenho vontade, mamãe. Sozinha não tem graça.

– Chame o Érico. Ele está lá do outro lado da cerca – sugeriu.

– Não. Não quero.

– Ele não é seu melhor amigo? Vocês sempre se deram tão bem!

Era! Agora não é mais.

A mãe pensou um pouco, chamou a filha, sentou-a no colo com carinho, e considerou:

– Minha filha, amizade é um tesouro de valor incalculável. E você está perdendo esse tesouro por uma colorida bola de plástico, frágil, que estragou na primeira brincadeira? Pense bem! Bola igual àquela você encontra em qualquer loja, mas uma amizade valiosa, não.

Susana ficou pensativa por alguns instantes. Depois, decidiu-se.

Abriu a porta e voou para o quintal. Aproximou-se da cerca, convidando:

– Vamos brincar?

O garoto, meio sem jeito, perguntou:

– Não está mais zangada comigo? Afinal, por minha culpa perdeu sua bola nova. Mas, não se preocupe. Falei com minha mãe e ela vai lhe comprar outra.

Susana sorriu, já esquecida do incidente:

– Isso não tem importância. Sua amizade vale muito mais!

                                                                   Tia Célia 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita