Brincando no
quintal, Susana,
de seis anos,
viu seu amigo
Érico do outro
lado da cerca.
Feliz por ver o
vizinho, ela o
chamou:
– Érico, venha
brincar comigo!
Acabo de ganhar
uma linda bola
colorida!
Com os olhos
brilhantes de
animação, o
pequeno pulou a
cerca baixa,
indo ao encontro
da amiguinha.
Susana segurava
a bola com as
mãos e o menino
ficou encantado.
Era realmente
uma bola de
plástico de belo
colorido, que
chamaria a
atenção de
qualquer
criança.
Puseram-se a
brincar no
gramado.
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Érico tinha
um cão. Um
vira-lata
caramelo e
branco, vivo
e
inteligente,
que gostava
de brincar e
de passear
com eles.
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De repente Bob,
cachorro de
Érico viu os
dois brincando e
não teve dúvida.
Passou por um
buraco na cerca
e, latindo
alegremente,
avançou,
querendo
participar da
brincadeira. Em
disparada, pulou
sobre a bola e
suas garras
afiadas a
alcançaram no
ar. Para espanto
das crianças e
do próprio cão,
que não sabia o
que estava
acontecendo, a
linda bola
colorida caiu na
grama, murcha,
vazia, rasgada,
enquanto o
cachorro gania,
frustrado. |
Susana,
surpresa, não
queria acreditar
no que estava
vendo. Num
momento, a bola
estava no ar,
cheia e linda;
no momento
seguinte, era um
trapo qualquer,
vazio e sem
graça.
Revoltada por
ter perdido o
brinquedo novo,
começou a
chorar, acusando
Érico pelo
acidente:
– Buááá!... Está
vendo o que você
fez?
– Não tive
culpa, Susana.
Desculpe-me. Foi
o Bob que quis
brincar conosco.
Coitado! Ele
também não teve
intenção de
estragar sua
bola. Veja como
está triste!
– Não interessa.
O cachorro é seu
e, portanto, a
culpa é sua.
Quem mandou
deixá-lo entrar
no meu
quintal? A
partir de agora
você não é mais
meu amigo. Vá
embora!
O menino e o
cachorro estavam
desolados. Érico
tentou explicar,
mas Susana não o
deixou falar.
Apesar das
lágrimas do
garoto e dos
uivos do cão, a
menina não
reconsiderou sua
atitude.
Virou-lhe as
costas e entrou
em casa muito
zangada,
enquanto Érico e
o cachorro
ficavam parados,
tristes.
Susana, cheia de
indignação,
contou para a
mãe o que tinha
acontecido,
pedindo-lhe que
tomasse uma
atitude contra o
vizinho.
A senhora,
serena,
considerou:
– Minha filha,
entendo que você
esteja
lamentando a
perda da sua
bola. Contudo, é
só um brinquedo,
e, pelo que
entendi, a culpa
não foi de
ninguém. Seu pai
lhe comprará
outra, fique
tranqüila.
– Não quero!
Quero aquela
bola! Nunca mais
falo com Érico.
Nunca mais quero
vê-lo!
A mãezinha
calou-se,
compreendendo
que não
adiantaria falar
mais nada
naquela hora.
Os dias se
passaram.
Susana, da
janela da
cozinha, via
Érico encostado
na cerca,
tristinho de
fazer dó. Porém
não amolecia o
coração.
Certo dia, uma
semana depois, a
mãe lhe disse:
– Minha filha,
vejo que você
anda meio
chateada, não
brinca mais...
– Não tenho
vontade, mamãe.
Sozinha não tem
graça.
– Chame o Érico.
Ele está lá do
outro lado da
cerca – sugeriu.
– Não. Não
quero.
– Ele não é seu
melhor amigo?
Vocês sempre se
deram tão bem!
– Era!
Agora não é
mais.
A mãe pensou um
pouco, chamou a
filha, sentou-a
no colo com
carinho, e
considerou:
– Minha filha,
amizade é um
tesouro de valor
incalculável. E
você está
perdendo esse
tesouro por uma
colorida bola de
plástico,
frágil, que
estragou na
primeira
brincadeira?
Pense bem! Bola
igual àquela
você encontra em
qualquer loja,
mas uma amizade
valiosa, não.
Susana ficou
pensativa por
alguns
instantes.
Depois,
decidiu-se.
Abriu a porta e
voou para o
quintal.
Aproximou-se da
cerca,
convidando:
– Vamos brincar?
O garoto, meio
sem jeito,
perguntou:
– Não está mais
zangada comigo?
Afinal, por
minha culpa
perdeu sua bola
nova. Mas, não
se preocupe.
Falei com minha
mãe e ela vai
lhe comprar
outra.
Susana sorriu,
já esquecida do
incidente:
– Isso não tem
importância. Sua
amizade vale
muito mais!
Tia Célia