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Estudando a série André Luiz
Ano 1 - N° 46 - 9 de Março de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

Obreiros da Vida Eterna
André Luiz
(2a Parte)

Damos continuidade ao estudo da obra Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1946 pela editora da Federação Espírita Brasileira, a qual integra a série iniciada com o livro Nosso Lar.  

Questões preliminares

A. Que advertência foi feita pelo instrutor Cornélio a respeito do valor da palavra?

R.: Ele disse, entre outras coisas, que a conversação cria o ambiente e coopera em definitivo para o êxito ou para a negação, sendo indispensável sanar os velhos desequilíbrios das intromissões verbais desnecessárias e, muitas vezes, perturbadoras e dissolventes. O verbo cria imagens vivas, que se desenvolvem no terreno mental a que são projetadas, produzindo conseqüências boas ou más. A ausência de qualquer palavra menos digna e a presença contínua de fatores verbais edificantes facilitam a elaboração de forças sutis, nas quais os orientadores de grande elevação encontram acessórios para se adaptarem, de algum modo, às necessidades dos seus pupilos na edificação comum. (Obreiros da Vida Eterna, cap. 2, pp. 26 a 28.)

B. Que é que, segundo o assistente Barcelos, falta à doutrina de Freud?

R.: Barcelos, que foi na Terra discípulo de Freud, disse que somente no plano espiritual pôde reconhecer os elos que lhe faltaram ao sistema de positivação das origens de psicoses e desequilíbrios diversos. Os "complexos de inferioridade", o "recalque", a "libido", as "emersões do subconsciente" não constituem fatores adquiridos no curto espaço de uma existência terrestre, mas, sim, característicos da personalidade egressa das experiências passadas. A subconsciência é, de fato, o porão dilatado de nossas lembranças, o repositório das emoções e desejos, impulsos e tendências que não se projetaram na tela das realizações imediatas, mas se estende muito além da zona limitada de tempo de uma existência terrestre. Representa a estratificação de todas as lutas com as aquisições mentais e emotivas que lhes foram conseqüentes, após a utilização de vários corpos. Faltam, pois, às teorias de Freud e de seus continuadores a noção dos princípios reencarnacionistas e o conhecimento da verdadeira localização dos distúrbios nervosos, cujo início se verifica, quase que invariavelmente, no corpo perispiritual, portador de sérias perturbações congênitas, em virtude das deficiências de natureza moral, cultivadas com desvairado apego em existências passadas. (Obra citada, cap. 2, pp. 29 a 33.)

C. De que forma o assistente Barcelos pretendia atuar para ajudar, de modo efetivo, os candidatos à perturbação da mente?

R.: Ele revelou que, ultimamente, seu esforço maior era junto à região inspiracional dos médicos humanitários, para que os candidatos involuntários à perturbação sejam auxiliados a tempo, visto que antes do desequilíbrio completo há enorme período em que o socorro do psiquiatra pode ser providencial e eficiente. Por isso o seu trabalho no campo preventivo, inspirando diretamente os médicos bem intencionados, para que eles auxiliem o provável alienado, enquanto houver tempo, empregando a palavra confortadora e o carinho restaurador. (Obra citada, cap. 2, pp. 33 a 35.)

D. De onde provêm os antagonismos domésticos e os temperamentos aparentemente irreconciliáveis que se verificam na intimidade dos lares?

R.: Os antagonismos domésticos e os temperamentos aparentemente irreconciliáveis entre pais e filhos, esposos e esposas, parentes e irmãos, resultam dos choques sucessivos da subconsciência, conduzida a recapitulações retificadoras do pretérito distante. Congregados de novo na luta expiatória ou reparadora, os personagens dos dramas passam a sentir e ver, na tela mental, dentro de si mesmas, situações complicadas e escabrosas de outra época, carregando consigo fardos pesados de incompreensão, atualmente definidos por "complexos de inferioridade". (Obra citada, cap. 2, pp. 35 a 37.) 

Texto para leitura

9. A palavra cria imagens vivas - Cornélio lembrou, em sua conversa com os companheiros, a importância da palavra, esclarecendo que a conversação cria o ambiente e coopera em definitivo para o êxito ou para a negação, sendo indispensável sanar os velhos desequilíbrios das intromissões verbais desnecessárias e, muitas vezes, perturbadoras e dissolventes. "A palavra dita a seu tempo é maçã de ouro em cesto de prata", asseverou ele, reportando-se a um profeta do passado. Se estamos, pois, interessados na elevação, é inalienável dever o conhecimento exato do valor "tempo", estimando-lhe a preciosidade e definindo cada coisa e situação em lugar próprio, para que o verbo, potência divina, seja em nossas ações o colaborador do Pai. Disse Cornélio que é lamentável se dê na Crosta tão escassa atenção ao poder do verbo e referiu que nas mais respeitáveis instituições do mundo carnal, segundo informes fidedignos das autoridades espirituais, a metade do tempo é despendida inutilmente, através de conversações ociosas e inoportunas. Não entendem os homens que o verbo cria imagens vivas, que se desenvolvem no terreno mental a que são projetadas, produzindo conseqüências boas ou más, segundo sua origem. Essas formas naturalmente vivem e proliferam e, dada a inferioridade dos desejos e das aspirações humanas, não se destinam senão a serviços destruidores, através de atritos formidáveis, embora invisíveis. Declarou, por fim, que, ao assumir a direção daquela casa, trouxe instruções do Mais Alto para suprimir todos os comentários tendentes à criação de elementos adversos aos júbilos da Bênção Divina. Eis aí a razão de mentores de Mais Alto poderem fazer-se sentir no Santuário, visto que a ausência de qualquer palavra menos digna e a presença contínua de fatores verbais edificantes facilitam a elaboração de forças sutis, nas quais os orientadores de grande elevação encontram acessórios para se adaptarem, de algum modo, às necessidades dos seus pupilos na edificação comum. As reações contra isso foram, contudo, apreciáveis, porquanto muitos buscavam o Santuário sem qualquer preparação íntima. Desde o primeiro dia, porém, ele golpeara fundo o velho hábito e durante alguns dias dedicou o tempo ensinando a todos a reverência devida ao Senhor, a necessidade da limpeza interna do pensamento e a abolição do feio costume de tentar o suborno da Divindade com falaciosas promessas. Depois, registros vibratórios foram instalados, assinalando a natureza das palavras em movimento, passando a ser muito fácil identificar os infratores e barrar-lhes a entrada na Câmara de Iluminação, onde as preces são feitas... (Cap. 2, pp. 26 a 28)

10. Problemas de obsessão e loucura - Enquanto esperavam o horário marcado para a visita dum mensageiro de alta expressão hierárquica, que iria dirigir sua palavra a todos os trabalhadores presentes, André e os demais puderam estabelecer uma proveitosa conversação sobre as atividades de auxílio espiritual. Interessante notar a observação feita por Cornélio a respeito do horário: "Considerando o preito de amor que devemos aos que nos orientam do Plano Superior, não convém emitir a nossa invocação de bênçãos, nem antes, nem depois do horário estabelecido". André pôde conversar então com o Assistente Barcelos, pertencente à equipe que se destinava à assistência aos loucos. Barcelos fora dedicado professor na Crosta e interessava-se carinhosamente pela Psiquiatria sob novo prisma. O assunto versou sobre o problema da loucura: "Inegavelmente, disse o Assistente, a loucura é um campo doloroso da redenção humana. Tenho motivos particulares para consagrar-me a esse setor da medicina espiritual e asseguro-lhe que dificilmente encontraríamos noutra parte tantos dramas angustiosos e problemas tão complexos". Depois, ele revelou que vinha arquivando muitas informações atinentes ao assunto, havendo concluído que, com exceção de raríssimos casos, todas as anomalias de ordem mental se derivam dos desequilíbrios da alma. Mencionou também que a quantidade de doentes, nesse particular, é tão grande, que não sobra outro recurso além da resignação, pois o número de servidores capazes de socorrê-los eficazmente é muito reduzido. Nos casos de perseguição sistemática das entidades vingativas e cruéis – as obsessões pertinazes – temos, invariavelmente, uma tragédia humana iniciada no presente com a imprevidência dos interessados, ou que vem do passado próximo ou remoto, através de pesados compromissos. "Se os psiquiatras modernos – disse ele – penetrassem o segredo de semelhantes fatos, iniciariam a aplicação de nova terapêutica à base dos sentimentos cristãos, antes de qualquer recurso à hormonioterapia e à eletricidade". (Cap. 2, pp. 29 a 31)

11. O que falta à doutrina de Freud - Barcelos, continuando a falar sobre os processos obsessivos, disse que os cúmplices e personagens desses dramas silenciosos, muita vez ignorados por outros homens, antecedendo os comparsas no caminho da morte, tornam, amedrontados, ao convívio dos seus, em face das sinistras conseqüências com que se defrontam além-túmulo. Agarram-se instintivamente à organização magnética dos companheiros encarnados ainda na Crosta, viciando-lhes os centros de força, relaxando-lhes os nervos e abreviando o processo de extinção do tônus vital, porque têm sede das mesmas companhias junto às quais se lançaram em pleno abismo. Barcelos, que foi na Terra discípulo de Freud, disse depois que somente no plano espiritual pôde reconhecer os elos que lhe faltaram ao sistema de positivação das origens de psicoses e desequilíbrios diversos. Os "complexos de inferioridade", o "recalque", a "libido", as "emersões do subconsciente" não constituem fatores adquiridos no curto espaço de uma existência terrestre, mas, sim, característicos da personalidade egressa das experiências passadas. A subconsciência é, de fato, o porão dilatado de nossas lembranças, o repositório das emoções e desejos, impulsos e tendências que não se projetaram na tela das realizações imediatas, mas se estende muito além da zona limitada de tempo de uma existência terrestre. Representa a estratificação de todas as lutas com as aquisições mentais e emotivas que lhes foram conseqüentes, após a utilização de vários corpos. Faltam, pois, às teorias de Freud e de seus continuadores a noção dos princípios reencarnacionistas e o conhecimento da verdadeira localização dos distúrbios nervosos [1], cujo início se verifica, quase que invariavelmente, no corpo perispiritual, portador de sérias perturbações congênitas, em virtude das deficiências de natureza moral, cultivadas com desvairado apego em existências passadas.   (Cap. 2, pp. 31 a 33)

12. As psicoses e a reencarnação - O Assistente Barcelos revelou que, ultimamente, seu esforço maior era junto à região inspiracional dos médicos humanitários, para que os candidatos involuntários à perturbação sejam auxiliados a tempo. A razão é simples. Depois de verificada a loucura propriamente dita, na maioria dos casos terminou o processo de desarmonia psíquica e torna-se muito difícil conduzir a restauração perfeita aos alienados, embora seja incessante a luta pelo restabelecimento integral da percentagem possível de enfermos. Antes do desequilíbrio completo, há enorme período em que o socorro do psiquiatra pode ser providencial e eficiente. Por isso o seu trabalho no campo preventivo, inspirando diretamente os médicos bem intencionados, para que eles auxiliem o provável alienado, a tempo, empregando a palavra confortadora e o carinho restaurador. Embora as psicoses sejam, de acordo com os tratadistas, divididas em cinco classes: as de natureza paranóica, perversa, mitomaníaca, ciclotímica e hiper-emotiva, englobando, respectivamente, a mania de perseguição e o delírio de grandeza, os desequilíbrios e fraquezas de ordem moral, a histeria e a mitomania, os ataques melancólicos e as fobias e crises de angústia, não se pode ignorar, no caso, o conceito moralizador da personalidade congênita, em processo de melhoria gradativa, que devemos divulgar no mundo, espalhando enunciados novos que atravessem a zona de raciocínios falíveis do homem e lhe penetrem o coração, restaurando-lhe a esperança no eterno futuro e revigorando o ser em suas bases essenciais, esclareceu Barcelos. As noções reencarnacionistas renovarão a paisagem da vida na Crosta da Terra, conferindo à criatura não somente as armas com que deve guerrear os estados inferiores de si própria, mas lhe fornecendo o remédio eficiente e salutar.  Faz muitos séculos, Plotino afirmou que toda a Antigüidade aceitava como certa a doutrina de que, se a alma comete faltas, é compelida a expiá-las, padecendo em regiões tenebrosas, regressando, em seguida, a outros corpos, a fim de reiniciar suas provas. Falta, desse modo, lamentavelmente, aos nossos companheiros de Humanidade – acrescentou Barcelos – o conhecimento da transitoriedade do corpo físico e o da eternidade da vida, do débito contraído e do resgate necessário, em experiências e recapitulações diversas.  (Cap. 2, pp. 33 a 35)

13. Conflitos familiares e enfermidade - O Assistente referiu-se, em seguida, às necessidades de esclarecimento dos homens, perante os seus próprios companheiros de plano evolutivo. No círculo das recordações imprecisas, a se traduzirem por simpatia e antipatia, vemos a paisagem das obsessões transferida ao campo carnal, onde, em obediência às lembranças vagas e inatas, os homens e as mulheres, jungidos uns aos outros pelos laços de consangüinidade ou dos compromissos morais, se transformam em perseguidores e verdugos inconscientes entre si. Os antagonismos domésticos, os temperamentos aparentemente irreconciliáveis entre pais e filhos, esposos e esposas, parentes e irmãos, resultam dos choques sucessivos da subconsciência, conduzida a recapitulações retificadoras do pretérito distante. Congregados de novo na luta expiatória ou reparadora, as personagens dos dramas, que se foram, passam a sentir e ver, na tela mental, dentro de si mesmas, situações complicadas e escabrosas de outra época, carregando consigo fardos pesados de incompreensão, atualmente definidos por "complexos de inferioridade". Identificando em si questões e situações íntimas, inapreensíveis aos demais, o Espírito reencarnado que adquire recordações, não obstante menos precisas, do próprio passado, candidata-se inelutavelmente à loucura. Eis onde se encontra uma percentagem cada vez maior de possíveis alienados, a requererem o concurso de psiquiatras e neurologistas, que, todavia, se conservam em posição oposta à verdade, presos à conceituação acadêmica e às rígidas convenções dos preceitos oficiais. Esses são os pacientes que interessavam de perto os estudos de Barcelos: as vítimas anônimas da ignorância do mundo, os infortunados desentendidos que, de loucos incipientes, prosseguem, pouco a pouco, a caminho do hospício ou do leito de enfermidades ignoradas, tão somente porque lhes faltam a água viva da compreensão e a luz mental que lhes revelem a estrada da paciência e da tolerância, em favor da redenção própria. (Cap. 2, pp. 35 a 37)

14. Projeção de forças mentais - A atmosfera no Santuário da Bênção permanecia embalsamada de suave perfume. Cornélio recomendou a todos a oração fervorosa e o pensamento puro e, depois, estacou à frente de reduzida câmara estruturada em substância análoga ao vidro puro e transparente. Era um gabinete cristalino, em cujo interior poderiam abrigar-se, à vontade, duas a três pessoas. Cornélio, após longo intervalo destinado à preparação mental dos visitantes, propôs-lhes que projetassem suas forças mentais sobre a tela cristalina: o quadro a ser formado constaria de paisagem simbólica, em que águas mansas, personificando a paz, alimentassem vigorosa árvore, a representar a vida. Ele assumiria a responsabilidade da criação mental do tronco, enquanto os chefes das missões criariam o lago tranqüilo e os demais colaboradores deveriam formar a veste da árvore, a vegetação de contorno do lago e o firmamento da paisagem mental. O quadro formado seria oferecido ao ilustre visitante que chegaria dentro em breve. Depois do tempo combinado de concentração profunda, André contemplou os resultados da experiência: o gabinete estava fundamente transformado; águas de indefinível beleza e muito azuis refletiam uma nesga de firmamento, banhando as raízes de venerável árvore, cujo tronco dizia da própria grandiosidade; miniaturas de cúmulos e nimbos estacionavam no céu, mas as bordas do lago figuravam-se quase nuas e os galhos do tronco apresentavam-se vestidos escassamente... O Instrutor Cornélio dirigiu-se aos companheiros com firmeza, dizendo que sua obrigação não fora integralmente cumprida. E concedeu-lhes mais quinze minutos para conclusão da obra. A pequena assembléia pôs-se de novo à concentração e à projeção mental. Quando soou o sinal, André chorou ao ver o resultado: o desenho vivo da gramínea que sua esposa e seus filhos tanto haviam estimado, em sua casa terrestre, adornava as margens, com um verde maravilhoso, e as mimosas flores azuis, assemelhando-se a miosótis silvestres, surgiam abundantes... A árvore cobrira-se de folhagem farta, e vegetação de singular formosura completava o quadro, que lhe pareceu digno de primoroso artista da Terra. (Cap. 3, pp. 38 a 41)

15. A visita do venerável Asclépios - Cornélio sorriu, evidenciando grande satisfação com a obra concluída, e determinou que dois auxiliares conservassem a destra unida ao gabinete, como haviam feito desde o início da projeção mental. De repente, como se uma operação magnética desconhecida tivesse sido posta em ação, a pintura começou a dar sinais de vitalidade temporária. Algo de leve, como um caricioso sopro da Natureza, agitou brandamente a árvore respeitável, balouçando os arbustos e a erva e encrespando as águas azuis do lago. A visão da gramínea que recordava seu lar produziu em André um pensamento de angustiosa saudade de seu antigo lar, ameaçando, de súbito, seu coração ainda frágil. Vigorosas reminiscências absorveram-lhe o ser, oprimindo inesperadamente a sua alma e transmitindo-lhe o anseio de arrebatar seus filhos, compulsoriamente, da Crosta, para reuni-los ao seu lado, em novo ninho, sem mais separação... As lágrimas resultantes desse sentimento estavam prestes a cair. Bastou, no entanto, um olhar de Jerônimo para que André se reajustasse. Nesse momento, Cornélio dirigia-se em prece ao Pai da Criação Infinita, a quem rogou bênçãos para os companheiros que deveriam, no dia imediato, partir a caminho dos círculos inferiores, semeando o bem. Finda a prece, notou-se que a paisagem, formada de substância mental, começou a iluminar-se em seus mínimos contornos. Parecia que pequeno sol surgiria à vista de todos, no quadro singular. Raios fulgurantes penetravam o fundo esmeraldino e vinham refletir-se nas águas. Cornélio exclamou, então, de mãos erguidas para o alto: - Bem-vindo seja o portador de Nosso Pai Amantíssimo! Foi quando alguém apareceu no gabinete, entre a vegetação e o céu. Semelhava-se a um sacerdote de culto desconhecido, trajando túnica lirial. Fisionomia simpática de ancião, apresentava-se nimbado de luz indescritível e seu olhar mantinha a todos extasiados e presos, num misto de veneração e encantamento. Via-se, contudo, apenas seu busto cheio, parecendo que os membros inferiores se ocultavam na folhagem abundante. Os braços e mãos, contudo, revelavam-se com todas as minúcias anatômicas, porquanto com a destra ele abençoava a todos num gesto amplo, mantendo na outra mão pequeno rolo de pergaminhos brilhantes, deixando perceber dourado cordão atado à cinta. Era Asclépios, o emissário do Cristo, que falaria à assembléia atenta. (Cap. 3, pp. 41 a 44)  (Continua no próximo número.)

 

[1] Segundo a concepção freudiana, quase todas as perturbações psíquicas se radicam no sexo desviado, pensamento esse que foi modificado por al­guns discípulos do grande médico austríaco. Freud centralizou seu ensino no impulso sexual, a que conferiu caráter absoluto, enquanto duas correntes de psicologistas, inicialmente filiadas a ele, se diferenciaram na interpretação. A primeira delas estuda o anseio congênito da criatura no que se refere ao relevo pessoal, enquanto a segunda proclama que, além da satisfação do sexo e da importância individualista, existe o im­pulso da vida superior que tortura o homem terrestre mais feliz. An­gústia sexual, aquisição de poder e idéia de superioridade, eis as três vertentes, que têm, todas elas, certa dose de razão, embora lhes falte o conhecimento básico do reen­carnacionismo. "Não podemos afirmar que tudo, nos círculos carnais, constitua sexo, desejo de importância e aspiração superior; no entanto, chegados à compreensão de agora, po­demos assegurar que tudo, na vida, é impulso criador”, asseverou um dos Instrutores espirituais mencionados por André Luiz em seu livro No Mundo Maior, cap. 11, pp. 164 e 165, o qual acrescentou que mais da metade dos milhões de Espíritos encarnados na Terra, de mente fixa na região dos movimentos instintivos, concentram suas faculdades no sexo, do qual se derivam naturalmente os mais vastos e freqüentes distúrbios nervosos.
 

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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita