A
Revue Spirite de 1859
(2a Parte)
Allan
Kardec
Damos
continuidade ao estudo da Revue
Spirite correspondente ao
ano de 1859. O texto condensado do
volume citado será aqui
apresentado em 10 partes, com base
na tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões
preliminares
A.
Para que fim existe a
mediunidade?
A
mediunidade é uma faculdade dada
para o bem e os bons Espíritos se
afastam de quem quer que pretenda
transformá-la em escada para
outros fins que não correspondam
aos desígnios da Providência. (Revue
Spirite, p. 65.)
B.
O poder magnético do magnetizador
depende de quê?
Depende
de sua constituição física e
muito do seu caráter. É por isso
que as qualidades mais essenciais
para o magnetizador são o coração,
as boas intenções sempre firmes
e o desinteresse. (Obra citada,
p. 80.)
C.
Os Espíritos podem ver na
obscuridade?
Sim.
Eles vêem sem auxílio de nossa
luz e ouvem sem necessidade das
vibrações do ar; eis por que
para eles não há obscuridade. Além
disso, eles têm a faculdade de
suspender as percepções e sensações
que desejam, podendo deixar de
ver, de ouvir, de sentir tais ou
quais coisas, conforme a sua
vontade mas na razão de sua
superioridade, porque há coisas
que os Espíritos inferiores não
podem evitar. (Obra citada, pp.
93 e 94.)
D.
Morreu, descansou. Esta idéia
corresponde à realidade?
Não.
É um erro pensar que a vida espírita
seja uma vida ociosa; ela é, ao
contrário, essencialmente ativa e
todos têm ali ocupações.
(Obra citada, p. 97.)
Texto
para leitura
26.
Todos, diz Kardec, são mais ou
menos médiuns, mas
convencionou-se dar esse nome aos
que apresentam manifestações
patentes e, por assim dizer,
facultativas. (P. 61)
27.
De todos os gêneros de
mediunidade, a mais comum e a mais
fácil de se adquirir pelo exercício
é a psicografia. (P. 61)
28.
O papel do médium intuitivo é o
mesmo de um intérprete entre nós
e o Espírito, e a dificuldade está
em se distinguir os pensamentos do
médium daqueles que lhe são
sugeridos. (P. 62)
29.
Longe de nós, assevera São Luís,
desprezar os médiuns de efeitos
físicos. Têm eles a sua razão
de ser e prestam incontestáveis
serviços à Ciência Espírita;
mas quando um médium possui uma
faculdade que o põe em contato
com seres superiores, não
compreendemos que dela abdique, ou
que deseje outras, a não ser por
ignorância. (P. 64)
30.
A mediunidade é uma faculdade
dada para o bem e os bons Espíritos
se afastam de quem quer que
pretenda transformá-la em escada
para outros fins que não
correspondam aos desígnios da
Providência. (P. 65)
31.
Em Saint-Etienne uma moça
conseguia tomar os traços, a voz
e os gestos de parentes mortos que
nem chegou a conhecer. Evocado, São
Luís explica que, na transfiguração,
o corpo nunca muda, mas reveste
aparências diversas e sofre uma
espécie de oclusão, encoberto
pelo perispírito. (P. 68)
32.
O homem, diz Kardec, se avilta
pela inveja, pelo ódio, pelo ciúme
e por todas as paixões
mesquinhas, mas se eleva pelo
esquecimento das ofensas; eis a
moral espírita. (P. 72)
33.
O Espírito de Paul Gaimard, ex-médico
da Marinha, fala da importância
dos esforços morais que o homem
faça em sua vida. (P. 73)
34.
Diz ele que na erraticidade o Espírito
é mais senhor de si, tem mais
consciência de sua força; a
carne pesa, obscurece e entrava.
(P. 74)
35.
Todos os Espíritos, lembra Kardec,
dizem que no estado de
erraticidade pesquisam, estudam,
observam, a fim de fazer a
escolha. (P. 75)
36.
O Espírito da Sra. Reynaud, que
fora notável sonâmbula lúcida,
diz que sua lucidez não tinha a
prontidão e a justeza que possui
agora. (P. 77)
37.
A cadeia das existências, diz
ela, é formada de anéis seguidos
e contínuos, e nenhuma interrupção
lhe suspende o curso: a vida
terrena é a continuação da vida
celeste precedente e o prelúdio
da próxima. (P. 77)
38.
A Sra. Reynaud diz ainda que é
possível ser bom sonâmbulo sem
possuir um Espírito de ordem
elevada. (P. 78)
39.
Dizendo que é o Espírito quem vê,
a Sra. Reynaud informa que agora vê
melhor do que quando em estado
sonambúlico, pois pode ver o
homem por dentro, inclusive na
obscuridade. (P. 79)
40.
O fluido magnético, diz o mesmo
Espírito, emana do sistema
nervoso, mas o sistema nervoso o
tira da atmosfera, sua fonte
principal. O poder magnético do
magnetizador depende não só de
sua constituição física, mas
muito do seu caráter. (P. 80)
41.
Por isso, as qualidades mais
essenciais para o magnetizador são
o coração, as boas intenções
sempre firmes, o desinteresse. (P.
80)
42.
A Revue transcreve o famoso caso
do espectro de Atenas, que
apareceu para o filósofo
Atenodoro, narrado por Plínio, o
Moço. (P. 87)
43.
Evocado por Kardec, Plínio diz
que o desinteresse aqui é coisa
rara: "Em cada duzentos
homens encontrareis apenas um ou
dois realmente
desinteressados". Kardec
concordou. (P. 90)
44.
Costuma-se dizer que ninguém dos
que morreram voltou para nos dar
informações. Kardec diz que isso
é um erro, e a missão do
Espiritismo é precisamente
esclarecer-nos sobre esse futuro,
fazendo-nos tocá-lo e vê-lo, não
mais pelo raciocínio, mas pelos
fatos. (P. 92)
45.
O Espírito vê sem auxílio de
nossa luz e ouve sem necessidade
das vibrações do ar; eis por que
para ele não há obscuridade. (P.
93)
46.
As sensações permanentes e
indefinidas, por mais agradáveis
que sejam, se tornariam com o
tempo fatigantes, se não lhe
fosse possível subtrair-se a
elas; por isso tem ele a faculdade
de as suspender. (P. 94)
47.
O Espírito pode, pois, deixar de
ver, de ouvir, de sentir tais ou
quais coisas, conforme a sua
vontade, mas na razão de sua
superioridade, porque há coisas
que os Espíritos inferiores não
podem evitar. (P. 94)
48.
Como os Espíritos não necessitam
de vibrações sonoras para lhes
ferir os ouvidos, compreendem-se
pela simples transmissão do
pensamento, assim como por vezes
nos entendemos pelo simples olhar.
(PP. 94 e 95)
49.
Ao entrar em sua nova vida o Espírito
precisa de algum tempo para se
reconhecer, porque tudo ali lhe
parece estranho e desconhecido.
(P. 95)
50.
É um erro pensar que a vida espírita
seja uma vida ociosa; ao contrário,
ela é essencialmente ativa e
todos têm ali ocupações. (P.
97)
51.
Uma coisa notável é que, mesmo
entre os Espíritos mais comuns,
de um modo geral os sentimentos são
mais puros como Espíritos do que
como homens. A vida espírita os
esclarece quanto aos seus defeitos
e, salvo poucas exceções,
lamentam eles amargamente o mal
que fizeram. (P. 99)
52.
Há, porém, o que se pode chamar
de escória do mundo espírita,
constituída dos Espíritos
impuros, cuja preocupação única
é o mal. (P. 100)
53.
Para prevenir a fraude nas reuniões
espíritas é preciso observar
atentamente as circunstâncias e,
sobretudo, levar em consideração
o caráter e a condição das
pessoas, seus objetivos e
interesses. (P. 102) (Continua
no próximo número.)